Yo!

Hoje é a vez de comentar sobre Uchuu Kyodai, um dos animes mais populares do ano. Ele está disponível para assistir online, legalmente, no Crunchyroll. Então, nem pergunte onde tem a versão “bagunça”.

É engraçado como uma história tão comum e aparentemente sem graça pode transbordar simpatia. Uchuu Kyodai (traduzido na versão americana como Space Brothers, mas eu sugiro aqui no Brasil um bom “Space Manos”) é um bom anime sobre ser adulto.

A trama gira em torno de Mutta Nanba, irmão do astronauta Hibito Nanba. Os dois dividiam o mesmo sonho, de ser um astronauta um dia. Porém, alguma coisa na vida dos dois mudou e Hibito continuou a seguir o que queria enquanto Mutta seguiu sua vida comum. Se tornou engenheiro em uma empresa automobilística, mas no fundo, sentia remorso por não ter seguido seu sonho. Até o dia em que ele decide engolir seu orgulho e aceitar seguir o caminho que almejava quando criança, seguindo os passos de seu irmão mais novo.

O melhor em Uchuu Kyodai é o clima leve da trama, trazendo algo de shonen, um ar de mangá juvenil para uma trama que os adultos se identificam. É como se Hunter x Hunter fosse colocado num ambiente realista. Afinal, ser Hunter e ser astronauta são objetivos inalcançáveis para a maioria e que exige qualidades especiais de cada um que deseja se tornar. A trama explora isso e de quebra, cria personagens carismáticos e fortes, com motivações, razões para serem o que são, pessoas comuns explorando uma possibilidade fantástica, o mais perto de um sonho do cosmo. O mais longe que sua mão alcança em direção à imensidão do espaço.

O anime traduz as páginas do mangá, um grande sucesso que vem arrebatando prêmios e elogios rasgados da crítica e do público. Criado por Chuya Koyama (detalhe: Chu, do nome dele, é o mesmo kanji de Uchuu, Espaço) e serializado na mesma Morning de Vagabond desde 2008, tem 19 volumes até agora. A história virou filme também, com Mutta sendo interpretado por um fã da série, Shun Oguri.

Eu senti a mesma coisa que senti assistindo Beck com esse anime de Uchuu Kyodai. Existe algo em comum na sensação, como se o cotidiano pudesse ser algo tão fantástico quanto pilotar um robô ou soltar golpes na velocidade da luz. É algo que talvez eu sinta ao ver com meus olhos de mais de trinta anos, porque é a chama daquele sonho de criança que todos tínhamos até certo ponto da vida e desistimos quando chegou a primeira conta para pagar. Mas talvez tenha um sabor interessante para os mais jovens, algo que dá esperança para seguir esse sonho mesmo quando tudo complicar daqui a alguns anos.