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Breve opinião sobre o sentido ocidental de leitura em mangás

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Deu no XIL uma notícia acerca de um crítico japonês que defendeu a mudança do sentido de leitura nos mangás. Ao invés de lermos da direita para a esquerda, como é o sentido oriental, faríamos ao contrário, como é o sentido ocidental. O principal argumento é que isso facilitaria a leitura por parte do público que consome todos os outros materiais num sentido diferente dos mangás, tais como chineses, americanos, franceses, etc.

Vale lembrar aqui que não estamos falando em apenas espelhar as páginas, mas sim construir os mangás do zero já no sentido ocidental. Isso implicaria em inúmeras modificações estéticas e narrativas que os grandes mangakás japoneses demoraram anos de sua vida se dedicando a domina, tal qual comentou o Fábio Sakuda em seu post.

Porém, além do fator do profissional por trás da obra, tem o fator do público. Não digo nem por mim, mas num âmbito geral, o público entende o sentido oriental de leitura como algo característico do mangá. Alguns chegam a dizer que se fosse no sentido ocidental, não teria graça. Enquanto eu ache isso um tanto exagerado, é uma constatação de uma opinião presente entre os fãs leitores.

Muitas vezes deixamos de pensar no lado de quem vai consumir aqueles materiais. Será que eles querem isso? Pelo que eu pude perceber frente as discussões que se originaram no twitter ou até mesmo na fanpage do Anikenkai, parece que não.

Agora que nos acostumamos com a ideia de “ler ao contrário”, pra que mudar. Acabou que esse “ler ao contrário” virou um charme a mais e um atrativo para quem quer ler algo diferente. Pode parecer superficial, mas sim, deu pra observar claramente isso, mesmo em meu universo limitado. Ninguém defendeu o sentido ocidental de leitura para mangás. Ninguém.

Se isso possibilitaria uma maior quantidade de novos leitores serem apresentados ao mangá, é possível, ao mesmo tempo que pode não fazer diferença nenhuma. Mas será que por mais novos leitores estrangeiros que cheguem, valerá a pena sacrificar um número grande de leitores japoneses que lê no sentido oriental desde que nasceu?

A crítica é polêmica e gera inúmeras perguntas que poderiam e provavelmente já foram desenvolvidas em prolixas discussões de bar. O que fica disso tudo é aquele velho lema: “não se mexe em time que está ganhando”. Boa tentativa, Kentaro Takekuma, agora vá e não olhe pra trás.

Deu no XIL uma notícia acerca de um crítico japonês […]

BAKUMAN FINALE – Um Review do Anime

ATENÇÃO! Este post poderá conter spoilers do final do anime de BAKUMAN.

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Após três temporadas, com um total de 75 episódio, o anime de BAKUMAN chega ao seu fim, deixando muitos fãs com saudades, mas com um final bem melhor desenvolvido que no mangá.

A série começou a ser exibida em 2010 quando o mangá ainda era publicado e o estúdio escolhido, JC Staff, trouxe muita desconfiança. No entanto, ainda na primeira temporada o anime já se mostrou bem fiel à obra original com poucas modificações e nada que comprometesse a série como um todo. Começava de novo a saga de um dos meus mangás favoritos, mas agora em anime.

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Desde o começo, BAKUMAN era uma série de romance. Uma história de amor entre Moritaka Mashiro e Azuki Miho. Um romance diferente, recheado de excelentes personagens e ambientado no universo editorial da maior revista de mangás do Japão, a Shonen Jump (ou Shonen Jack, como o anime teve que adaptar). O final da série não poderia chegar sem amarrar esse romance entrelaçando com todas as histórias de todos os personagens tão agradavelmente desenvolvidos no decorrer de sua trama.

Mashiro era o típico adolescente que não sabia o que queria da vida. Iria seguir a maré e se tornar um funcionário qualquer numa empresa qualquer ter uma família qualquer e seguir uma vida qualquer. Uma realidade bem diferente da que sonhava em sua infância ao lado de seu tio, Nobuhiro, conhecido por seu pseudônimo de mangaká, Kawaguchi Tarou. Foi com o suposto suicídio do tio que Mashiro abandonou seus sonhos.

Isso até aparecer Akito Takagi, um garoto muito inteligente que queria justamente o oposto de Mashiro, uma vida não-convencional. Ele queria fazer mangá e insistiu tanto que Mashiro teve que embarcar junto dele em seu sonho. Tal ação fez Mashiro perceber que ainda havia espaço para sonhar. Descobriu também que seu tio não se suicidou, mas sim morreu por trabalhar tanto tentando fazer um novo sucesso.

Mas não foi só Takagi que motivou Mashiro. Azuki Miho teve um papel fundamental em dar o empurrãozinho que faltava para Mashiro seguir seu sonho. Ela revelou à dupla que seu sonho era se tornar uma dubladora de anime. Foi naquele momento que Mashiro viu que sonhos ainda eram possíveis. Se seu tio proveu toda a base/infraestrutura para isso acontecer, Miho foi o motor que fez tudo isso andar. Mashiro então revela seu amor pela menina, que corresponde, mas ambos fazem um acordo. Só ficarão juntos quando seus sonhos se tornarem realidade. Ele virar um mangaká de sucesso, e ela uma dubladora de sucesso. Quando um anime baseado num trabalho dele fosse feito, Miho seria a heroína e eles então poderiam se juntar.

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Tinha início então uma história de amor cujo plot central não era o desenvolvimento da relação entre os dois (apesar dessa ser tocada em vários momentos, como quando Mashiro estava no hospital), mas sim os sonhos de cada um, principalmente de Mashiro.

Minha quase declaração de amor à BAKUMAN foi feita na época do fim do mangá, lá estão todas as minhas impressões sobre a série e sua história. Nesse post, gostaria de dedicar mais texto para falar do anime e como ele tratou essa história de que gosto tanto.

No decorrer dos 75 episódios que compõe as três temporadas dessa séire, pudemos ver uma adaptação bem fiel do material original e que oferecia não só isso, mas um algo a mais para os fãs: um destaque ainda maior dos elementos metalinguísticos da série. Se lendo o mangá ficamos com uma vontade descontrolada de ler todas aquelas maravilhosas ideias que eram apresentadas nos mais diversos mangás fictícios, com o anime essa vontade é potencializada ao extremo. Temos segmentos inteiros dedicados a elas desde os primeiros segundos do primeiro episódio!

O anime me surpreendeu. Muito. Toda a desconfiança que eu tinha para com o estúdio não existem mais. E o final, nossa… foi lindo. Sim, lindo. O tempo que o anime teve para se preparar para ele o transformou em uma experiência muito mais bem trabalhada do que no mangá. Os eventos se entrelaçaram de forma mais suave e tiveram um impacto bem maior.

O momento em que Mashiro agradece a Kaya, esposa de Takagi, por tudo que ela fez pela dupla, desde a criação do pseudônimo deles até aquele momento foi recheada de carga emocional. Eu sempre achei ela a personagem que mais evoluiu no decorrer da série e uma das mais importantes para a carreira da dupla Ashirogi Muto. Ver o reconhecimento a ela ser prestado de tal maneira, me emocionou.

Outra decisão da produção do anime foi colocar um breve diálogo imaginário entre Mashiro e seu tio, Kawaguchi Tarou, pra amarrar esse lado da história e para mostrar que a missão ainda não acabou. Que o sonho que seu tio tinha e que foi realizado por ele está apenas começando. Poucos minutos que, novamente, me emocionaram e fecharam um plot de maneira satisfatória.

O pequeno momento de flashback de Mashiro e Takagi quanto a sua jornada também deu o tom ideal para o que estava por vir, que era a exibição do anime do mangá Reversi, que teria Miho no papel da heroína e que seria o avatar da realização do sonho de ambos.

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E mais uma vez o anime nos surpreende dando vida àquele meta-anime de forma sensacional. Nos deixando com aquela vontade de que Reversi fosse de fato feito no mundo real, mesmo que esteja clara a relação de Reversi com Death Note (mangá real de Ohba Tsugumi e Takeshi Obata, autores de BAKUMAN). Ou vocês acham que o mangá de Reversi ter terminado com aproximadamente o mesmo número de capítulos de quando acontece aquela fatídica morte em Death Note (quem leu sabe do que eu estou falando) foi mera coincidência?

Acontece que essa breve exibição do anime de Reversi para nós, espectadores, criou uma grande expectativa para a participação da Miho, e quando acontece, nós ficamos muito felizes, tal qual os personagens ficaram. O ambiente para a cena que todos esperavam estava criado, de maneria excepcional.

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E nesse ponto entra outro ponto de destaque do anime, seu elenco de dubladores. O trabalho feito por eles foi incrível. Eles deram muito mais personalidade para a cena do esperado encontro entre Mashiro e Miho. Algo que no mangá pareceu impessoal e um tanto sem graça, no anime ganhou tensão e expressão. O momento do beijo, somado à trilha sonora, ganhou o destaque que merecia. Fechando com chave de ouro essa incrível série.

Mas o anime não para por aí. O mangá cometeu a falha de encerrar com o beijo, fazendo o leitor sentir que faltava algo. Faltava amarrar as pontas dos outros personagens! E foi isso que o anime fez. Revisitou o plot de cada um dos coadjuvantes e deu um fim a eles. Seja o Eiji, o Nakai, o Fukuda, a Iwase, e até os mais secundários como Shiratori e Takahama, mas o destaque principal foi para o casamento de Hiramaru e Aoki. O casal ganhou a graça dos fãs e teve o final merecido, com direito a Miho pegando o buquê. Até a dupla Ashirogi Muto teve seu momento final, onde entregaram o projeto de seu próximo trabalho para o editor Hattori.

O anime termina da maneira que o mangá deveria, com uma menção ao casamento entre Mashiro e Miho. Fizeram uma piada e dedicaram o último segundo do episódio para mostrar uma imagem remetendo ao tema.

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E, de fato, o anime chegou ao final. Não teremos mais nada relacionado a BAKUMAN saindo. Nossa… esse final me deixou com saudades. Muitas. E me deixou com MUITA vontade de mais! Parabéns a toda a produção do anime. Fizeram um trabalho excepcional com a série e, principalmente com esse final. Posso dizer com todas as palavras que o final do anime foi melhor que o do mangá em todos os aspectos.

Diretor, Kenichi Kasai, estarei esperando seu próximo trabalho. Roteirista, Reiko Yoshida, muito obrigado por seu trabalho em BAKUMAN, estarei esperando por seu próximo trabalho também. No mais, um agradecimento meu também à toda a equipe do J.C. Staff que trabalhou nessa adaptação. Vocês fizeram um excelente trabalho que vai ficar na minha memória e na memória de muitos.

Vale lembrar que BAKUMAN está sendo publicado pela Editora JBC aqui no Brasil e se encerrará agora em Abril no volume 20!

O que podemos fazer é aguardar o próximo trabalho de Tsugumi Ohba e Takshi Obata, que não deve estar longe.

Não deixem de postar nos comentários o que vocês acharam do anime de BAKUMAN!

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Tudo passa, tudo sempre passará… até editoras!

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Aqui no Anikenkai não tem dia da mentira… mas no mundo editorial já teve muita editora enganando muita gente. Apareciam e desapareciam num  piscar de olhos deixando seus consumidores com vontade de “quero mais”. Conheça um pouco mais sobre como era o passado dos mangás no Brasil nessa nova Coluna do Fred.

JBC, Conrad, Panini… Todo mundo conhece essas editoras. Já estão no mercado faz um bom tempo, se consolidaram, decaíram  tiveram seus percalços e suas vitórias, sua época e até mesmo sua queda, no caso da Conrad, mas no fim, elas continuam aí, ainda que com vários problemas e aos trancos e barrancos. Algumas ainda estão por aí, mas não publicam títulos de apelo incontestável e preferem se focar no underground ou títulos menores, como Newpop (que atualmente até conseguiu um título de peso com K-on), Abril e editoras especializadas em livros, como a L&PM, Zarabatana, Novatec, etc.

Mas e as editoras que vieram, passaram e se foram? Tivemos vários casos, alguns bem emblemáticos, outros que não foram mais que um estalinho. O cemitério de editoras de mangá não é tão vasto, mas tem alguns moradores bem ilustres.

Editora PNC

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Essa aqui é um caso exemplar de editora que veio, lançou alguma coisa e sumiu. A editora PNC lançou em 2003 dois mangás sem nenhum alarde e com títulos que não tinham nada a ver com os originais. Combat era Pineapple Army e Bombshell era o mangá hentai Secret Plot (uma das alegrias dos fãs de hentai no começo da internet).

A edição era feita com papel off-set, leitura ocidental, onomatopeias traduzidas e tinha um tamanho grande de altura, maior que a dos mangás da época e um pouco maior que os atuais. Tinham menos de 100 páginas cada uma.

A editora PNC surgiu numa época onde a internet ainda não era tão consolidada e por isso não se tem muita notícia do que ela foi. Eu lembro que comprei Combat na banca, bastante animado pelo fato de ter sido o primeiro mangá do Naoki Urasawa lançado no Brasil, e ainda por ser algo tão desconhecido. Só muito tempo depois que veio Monster pela Conrad… Já Bombshell só comprei em um evento, só pra me decepcionar pelo fato de ser apenas uma edição em papel de Secret Plot, que era um mangá que eu nunca curti muito. Se ao menos tivessem lançado Slut Girl, que ainda era curtinho, heim…

No geral, eram bons mangás e por suas histórias serem fechadas, não tiveram problemas pelo fato de que nunca houve outra edição lançada pela PNC. Assim como ela surgiu, ela sumiu. Hoje em dia deve ser difícil achar e não vale a pena mesmo, mas naquele momento, foi um sopro de novidade, em meio a um mercado extremamente povoado por cartas marcadas.

Opera Graphica

manga-jam-as-justiceiras-aventura-comp-ed-opera-graphica_MLB-O-79356763_9387Gunnm (Editora Opera Graphica)

A Opera Graphica foi um caso diferente. Ela era uma editora que publicava alguns quadrinhos específicos, coisas mais relacionadas a gibis europeus, clássicos e underground, e, do nada, publicou dois mangás: Gunm e Jam, as justiceiras. Assim como no caso da PNC, somente uma edição foi publicada de ambas as séries e nada mais foi comentado sobre isso. Gunm, por ser um material de qualidade inquestionável, deixou muitos fãs ansiosos pela continuação… Que viria pelas mãos da JBC. Depois disso, foi descoberto que as edições da Opera foram licenciadas de forma pirata, fruto de uma figura que já foi muito famosa no meio: José Roberto Pereira, o JRP.

Isso justifica tudo, já que tanto Gunm quanto Jam eram bem baratos e tinham um formato pouco usado na época, com muitas páginas ao invés do meio tanko que dominava o mercado. Ambas as edições eram feitas com papel jornal e tamanho normal. Gunm eram as primeiras 260 páginas da série, enquanto Jam eram edições avulsas. Eu gostava muito de Jam, mas só vim a ler Gunm pela JBC mesmo, para minha sorte, que não tive que esperar (além do normal) para ter a conclusão da saga.

Depois dessa empreitada, a Opera voltou ao seu nicho e nunca mais se atreveu a tocar no ramo dos mangás. Já o JRP foi para…

Editora Escala

Mangá - Ozanari Dungeon

Até mesmo a escala, famosa por revistas de corte e costura, entrou no mundo dos mangás por algum momento. Ozanari Dungeon foi o único mangá lançado por eles, também com o selo  JRP Productions. Foram lançadas 4 edições da série e depois disso ela foi esquecida, assim como qualquer idéia de lançar um mangá pela editora. O mais inusitado era a propaganda “A série que deu origem ao vídeo e ao game”, sendo que os ovas da série nunca passaram aqui e nunca foram sequer famosos entre a comunidade fansubber em momento algum (e eu nem sei se já teve algum game da série, nunca nem ouvi falar).

A edição, ao contrário das da Opera, era em meio tanko. A capa tinha um papel muito frágil e o papel era jornal também, mas tinha uma boa impressão e não era caro, infelizmente a série era muito ruim e não valia sequer o preço.

A Escala também nunca mais tentou, agora, dizem que o JRP fez um serviço para…

Editora Mythos

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A Mythos é outra que sempre teve seu nicho. Publicava várias hqs da Marvel e DC que eram deixadas de lado pela Panini, assim como gibis italianos, os fumetti. No fins dos anos 90 isso a levou a publicar duas séries em mangá, Homem Aranha e X-men. Homem aranha era uma série muito interessante, já que em razão da Marvel temer que o público japonês não viesse a curtir o estilo americano de fazer quadrinhos, eles contrataram mangakás japoneses para difundir a marca no fim dos anos 70. Inclusive tinha desenhos do Ryoichi Ikegami em início de carreira. Eu, quando moleque, lembro que gostei demais. X-men era só uma versão mangá do desenho dos anos 90 e não tinha diferença alguma. No fim, nenhum desses mangás durou mais que duas edições. Só muitos anos depois a Mythos viria a publicar de novo séries japonesas com Superalmanaque mangá.

Assim como grande parte dos citados, Superalmanaque mangá se destacava no mercado pelo seu formato de coletânea. Foi o primeiro a usar aqui e até hoje não é muito comum. Assim como toda coletânea, tinha seus altos e baixos. A edição era papel jornal e formato usual… E se você está se perguntando, também só teve uma edição e sumiu. Dizem que o JRP teve envolvimento com essa edição, mas nada é concreto.

Tempos depois a Mythos lançou Dark Angel de Kya Asamiya. A edição foi um verdadeiro samba do crioulo doido, com mudança de formatos e preços constantes e demoras longas entre edições. No fim, aos trancos e barrancos, a série se completou e depois fizeram um encadernado contendo todas as edições como forma de reduzir o encalhe.

Dark Angel tinha capas muito legais, mas a impressão era péssima e o preço na época era bem caro, ainda mais pra um mangá com 60 a 70 páginas. A série em si é boa, mas termina sem fim, já que o Kya largou no meio e nunca voltou.

Por fim, a Mythos se envolveu em mais um mangá, a versão do Kya Asamiya de Batman. Lançaram duas mini-séries (que, assim como tudo da editora, depois foi encadernado em um pacotão pra reduzir o encalhe). Honestamente, não era a melhor história do homem-morcego, mas até valia a pena pra ver algo um pouco diferente das histórias de detetive, com algo focando mais na ficção científica e, o principal, com arte do Kya. Apesar de acho que ele não casou bem com o Batman não… A edição era em formato americano e papel jornal.

Depois disso, a Mythos também não se envolveu mais com mangás e o JRP, tendo relação ou não com algo aqui, nunca mais publicou nada relacionado a mangá.

Editora Savana

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A Savana é um caso diferente. Pra começar, enquanto grande parte dos casos acima ocorreram pra primeira parte dos anos 2000, a Savana entrou no mercado recentemente, com edições de alta qualidade, sobrecapa, papel off-set e boa impressão… A tradução não era das melhores, mas nada que não podia ser melhorado. A editora tinha até SAC para resolver problemas, infelizmente, foi mais uma editora que surgiu e não vingou. Os mangás lançados eram em edição única ou bem curtos, mas no fim, só uma edição de cada um foi lançada.

Pela Savana tivemos Toy Box (edição única), Aflame Inferno (manwha, seis edições) e unordinary life (2 edições). Eu só cheguei a ler Aflame, que era divertido e Unordinary, que era um dos piores mangás que já tive o desprazer de ler.

A Savana foi um caso triste, porque eu realmente gostava do método como eles lançaram e queria que tivessem sucesso para mostrar que sobrecapa e papel bom podiam ser padrão nos mangás lançados aqui. Infelizmente não era pra ser, sabe-se lá porquê.

Animangá

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Ok, esse deve ser o caso mais emblemático e famoso de todos merecia o fim do post. Um dos pilares iniciais do mercado de mangás, a Animangá lançou Ranma no fim dos anos 90 até o começo dos anos 2000. Hoje em dia, tem gente que nem sabe o que foi a Animangá, mas ela teve o momento onde se você pensava em mangá no Brasil, você pensava em Animangá.

Antes de ser editora, a Animangá era uma loja. Uma das maiores de São Paulo relacionada a mangás na época. Como não tinha internet, toda a informação sobre as séries vinham de revistas específicas como Animax e Anime-do, que tinham várias propagandas da Animangá, tanto para as bugigangas que vendiam quanto pelos mangás originais que tinham. Em meio a febre de Yuyu Hakusho e DBZ, eu mesmo fiz umas compras lá (era bem caro pra época). Com o crescimento da loja, eles decidiram tentar um filão pouco explorado no país no momento, que era lançar um mangá em português.

É importante lembrar que até esse momento, os únicos mangás que haviam sido lançados por essas bandas eram seinens como Lobo Solitário, Mai e Crying Freeman no começo dos anos 90. Era um investimento arriscado em um mercado onde não haviam jogadores, por outro lado, a Animangá também teria os fãs de anime só para ela.

E assim Ranma foi lançado. Lembro que eu sequer conhecia Ranma, mas comprei só pela experiência de ler um mangá em português e terminei gostando bastante e acompanhando. Era realmente algo novo na época, ao menos pra mim, que não tinha idade pra pegar os mangás lançados antes, mas que havia crescido com CDZ e outros animes. A edição era em formato de hq americano, com dois capítulos por edição, papel off-set, leitura ocidental e onomatopeias traduzidas, além de ser mensal. A qualidade do papel e a periodicidade variaram muito com a publicação, enquanto o resto continuou igual até o fim.

Ranma fez tanto sucesso que a editora até colocou uma enquete sobre que mangá eles deviam lançar em seguida (com exemplares de peso como Samurai X, Fushigi Yugi e outros). Realmente as coisas estavam indo bem, mas a entrada da Conrad com um formato mais acessível, periodicidade mensal e um planejamento mínimo demonstrou as deficiências que a Animangá tinha.

Por mais que a Animangá fizesse sucesso com Ranma, ela ainda era uma loja e não uma editora com uma infraestrutura suficiente pra competir com as editoras que viriam. Com o tempo, Ranma passou a fazer feio em meio a mangás quinzenais que a JBC e a Conrad lançavam e a periodicidade só ficava mais inconstante. Edições demoravam muitos meses pra sair e quando você tinha 200 páginas por mês, se contentar com cinquenta páginas a cada seis meses era risível. Por algum tempo isso continuou, até que Ranma parou de sair. A loja continuou por mais uns anos, mas fechou também e hoje não existe mais Animangá em nenhum tipo de forma.

A Animangá foi a primeira em apostar em um mangá shonen em um mercado ávido pelo produto, infelizmente, a falta de infraestrutura e poder econômico terminou por sucumbir o que antes fora uma ótima ideia  Hoje em dia, mesmo as editoras menores tem um aspecto melhor que a Animangá, que sobreviveu muito tempo editando um gibi quase que caseiro, com erros bizarros de português, propagandas estranhas e que saía quando saía.

Por um lado, a queda da editora foi boa, porque eles seguiam um modelo insustentável, por outro, eu fico triste como tudo ocorreu, porque se notava que a Animangá fazia o melhor produto possível mesmo tendo tantos percalços no caminho. De qualquer forma, o povo falou e ela caiu e não voltará mais, ainda assim, o ímpeto deles gerou um tiro que até hoje é sentido quando sai um mangá novo nas bancas.

Aqui no Anikenkai não tem dia da mentira… mas no […]

Toriko na Panini – Capa, Preço e Periodicidade Divulgados

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São da Panini os grandes sucessos da Shonen Jump (One Piece, Naruto e Bleach), era questão de tempo até outros títulos de peso da revista aparecerem por lá, como aconteceu com Beelzebub e agora acontece com Toriko! Foi divulgada a capa do volume 1 que deve sair aqui em abril.

Fiquei bem satisfeito com o resultado. Seguiu a capa japonesa, assim como a americana o fez. Tem tudo pra ser um grande sucesso por aqui. Eu tenho as edições japonesas do mangá, mas vou comprar para conferir como ficou o trabalho, sendo um título que gosto bastante.

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Toriko, do autor Mitsutoshi Shimabukuro, estreou nas páginas da Shonen Jump em 2008 e hoje é considerado como um dos grandes da revista com 28 volumes encadernados. Em 2010 chegou aos EUA pela Viz e em 2013 aportará em terras brasileiras.

O mangá também já foi adaptado para anime, ainda estando em exibição, caminhando para mais de 100 episódios, dois OVAs e um filme, sendo que já tem um outro filme programado para estrear esse ano.

O mundo de Toriko se encontra na “Era dos Gourmets”, onde a busca por ingredientes exóticos e únicos motiva milhares de caçadores a enfrentarem as mais remotas partes do planeta em grandiosas aventuras. Toriko é um deles, um brutamontes super-forte, no estilo shonen anos 80, que junto do chef de cozinha Komatsu, partem em busca da refeição perfeita.

Mais informações sobre o título ainda serão divulgadas.

>> @dudunaweb

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Novas informações saíram sobre o novo título da Panini. O preço praticado será R$10,90 e o formato será o padrão da editora (o mesmo de One Piece, Bleach e Naruto, por exemplo) e terá periodicidade bimestral. Percebe-se aí que a editora está um tanto apreensiva quanto ao lançamento do título, mas sendo sincero, acho a periodicidade bimestral bem boa, principalmente vendo quantos mangás temos em banca para podermos acompanhar. Vale lembrar que nos EUA, por exemplo, a maioria dos mangás sai trimestralmente. 

São da Panini os grandes sucessos da Shonen Jump (One […]

Analisando “Another” (JBC)

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Há exatos um ano o anime de Another estreou no Japão e logo chegou ao resto do mundo conquistando um enorme número de fãs. O gênero de suspense estava um tanto quanto esquecido e Another, apesar de ter desandado um pouco em seu desenvolvimento, veio a saciar tal ausência. O mangá chegar ao Brasil, visto o sucesso do anime por entre os fãs daqui não é nenhuma surpresa. Resta saber, no entanto, se vale a pena.

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Há exatos um ano o anime de Another estreou no […]

Eu queria que fizessem um anime/mangá sobre otakus ocidentais…

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“Otakus são o orgulho da cultura Japonesa!”

Uma das temáticas que mais me chama a atenção nos animes/mangás/etc é a de retratar o próprio universo de fãs de cultura pop japonesa. Me chama a atenção ver como os japoneses enxergam a si mesmos nesse contexto. Meu mangá favorito, Genshiken, trata muito bem esse assunto dando uma pegada menos fantasiosa e mais verossímil. Há muito tempo vem crescendo uma vontade de poder assistir a alguma obra que tratasse sobre esse universo, mas fora do Japão. Algum anime/mangá que botasse o foco nos otakus ocidentais.

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Mirai Nikki – Vol. 01 pela JBC (Diário do Futuro)

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Mirai Nikki teve um anime que fez bastante sucesso nos últimos tempos e, como é de costume nesses casos (assim como Another que virá em breve também) o mangá é lançado por aqui. Eu nunca cheguei a ver o anime, então pra mim é uma experiência totalmente nova, mas será que pra quem já conhece a estória vale a pena colecionar? Até porque 14 reais não é nenhum troco do pão…

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As caras dos Mangakás! – Conheça os mais famosos autores de mangá!

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Em mais uma das minhas andanças pela internet, me deparei com um post de 2010 em um blog em italiano que continha fotos de dezenas de mangakás ao lado de suas obras mais características. Fotos de mangakás são raras de se achar. Tê-las reunidas em um único post assim foi um achado!

Claro que por se tratar de um post de 2010, e que pelo que pude observar, na época já estava um tanto desatualizado, vocês provavelmente vão achar coisas como Takehiko Inoue ao lado de Slam Dunk e não de Vagabond ou REAL, Takeshi Obata ao lado de Hikaru no Go e Death Note, ao invés de Bakuman, dentre outras. Além disso temos algumas fotos BEM antigas, algumas por estarem desatualizadas mesmo e outras por serem os únicos registros fotográficos dos mangakás disponíveis.

Independente de qualquer coisa, era algo que eu precisava compartilhar com vocês. Espero que vocês gostem assim como eu gostei!

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Mercado Nacional de Mangás: Qual o saldo de 2012? (Parte 1 de 2)

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Já passou o Natal e 2013 já tá dobrando a esquina. Nesse período de fim de ano, nada mais comum do que olharmos para o ano que passou e fazermos um balanço das coisas que vivenciamos. Para nós, é sempre bom olhar como o nosso mercado de mangás foi tratado em 2012. Será que tivemos melhoras? Pioras? Promessas cumpridas? Promessas não cumpridas? Vamos fazer uma pequena retrospectiva e ver se o saldo de 2012 para os mangás no Brasil foi positivo ou negativo.

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Coluna do Fred: Nova sampa não tão nova assim

Quando a editora Nova Sampa anunciou que ia lançar algumas séries (em sua maioria desconhecidas) muita gente foi pega de surpresa. Uma editora que sobrevivia lançando revistas de corte e costura entre outras atividades lançando mangás? Loucura! Mesmo os mais velhos que já conheciam a Nova Sampa de outras pradarias (foi a primeira editora de revista herói e lançou Lobo Solitário e Crying Freeman no início dos anos 90 por aqui) ficaram atônitos perante essa empreitada, de tão aleatório que foi… Sob a batuta de Marcelo Del Greco, recém saído da JBC, a editora anunciou vários títulos, quase todos um tanto underground, mais focados para fãs, à exceção de Ikkitousen, e prometendo que iam chegar às bancas ainda esse ano.

Bem, os primeiros lançamentos já saíram para todos nós vermos afinal, qual é a da nova Sampa hoje em dia e se o produto deles realmente está no mesmo (baixo) nível da concorrência.

Hitman – Matador por acaso (Kyo Kara Hitman) – Hitman conta a história de Tokichi Inaba, um vendedor dedicado no seu trabalho e que acabou de se casar, que acaba envolvido em um acidente estranho e entra em contato com um assassino chamado Magnum Duplo, que é considerado o melhor em seu ramo, Magnum está  mortalmente ferido, mas antes de morrer, ele fecha um contrato com uma empresa mafiosa de que se Inaba não resolver o caso em seis horas e salvar sua namorada, ele e sua esposa serão mortos, o que deixa Inaba sem saída. A partir disso, vemos a história de Inaba cada vez mais entrando nesse mundo de assassinos e mafiosos, tendo que conviver com sua vida normal de salaryman.

O material em si é legal. Desenhos razoáveis, mas não há muita diferenciação entre os personagens. Os homens e as meninas são bonitinhas, mas a Chinatsu é vendida como uma femme fatale super gostosona na série, sendo que nos desenhos ela pareça só uma menina normal e até sem atributos (e olha que o mangá usa e abusa de cenas com ela com os peitos, ou mordidas de mosquito, de fora) o que causa uma situação muito estranha com a ideia que a própria história quer passar. As cenas de luta também são um tanto anticlimáticas e meio malfeitas, mas considerando que se trata de lutas entre assassinos, que deveriam ser rápidas e secas mesmo, nós relevamos. De resto, nada que ressalte muito aqui.

A história é bem mais interessante, com os conflitos internos entre o personagem principal e a vida dupla que leva, entre viver uma vida intensa ou o cotidiano de sempre, isso é o foco principal, além do fato do cara ser um bananão que sobrevive aos confrontos mortais (e como ele faz isso) gerando sempre capítulos interessantes, nem que seja só pra ver como ele vai sair dessa enrascada. O Inaba é um personagem que eu considero muito fraco psicologicamente, mas ele é uma boa personificação de um japonês inseguro em uma situação insana, então acho que o autor conseguiu passar bem a idéia que ele queria para o personagem. Os outros personagens não são tão importantes, mas até que servem como pano de fundo para mais histórias interessantes. A Chinatsu eu já achei meio sem sal e estranha, sem motivações, mas ela tem uma boa química com o Inaba, ainda que pareça que ela tem segundas intenções nessa história toda.

Eu pretendo continuar acompanhando Hitman, não é a melhor série do mundo, mas é interessante. Quero ver até onde o autor vai levar e o que ele pretende, espero que não entre no lugar comum e fique no mesmo pique da primeira edição eternamente.

Yakuza Girl – Ok, esse é tenso. Vamos à história: Um jovem chamado Sengu se transfere para uma escola, lá ele descobre que todos são yakuzas e que as notas são dadas a partir de batalhar entre gangues internas até a morte (!!!!). Sengu que arranjar uma noiva e ao encontrar com Akari (a menina da capa) ele imediatamente a pede em casamento (…), Akari é da sua gangue e foi encarregada de proteger Sengu não importa o que aconteça, mas ela só tem sentimentos pela general da sua gangue, blábláblá…

Yakuza Girl poderia ser resumido melhor em uma palavra: Peitos. Muitos. Tudo é desculpa pra aparecer sacanagem. O autor em seu posfácio assume que ele normalmente é escritor de jogos hentais e isso se percebe claramente na história, onde temos mulheres tirando escudos da vagina, outras curando a partir do leite dos seios e etc…

A história é confusa pra cacete (mesmo sendo simples, me lembra Saber J to X) e os desenhos não ajudam, porque se resumem em uma poluição visual do começo ao fim. As batalhas são incompreensíveis, desisti de tentar entender ainda na primeira… O autor disse que queria fazer um gibi que retratasse a visão que os estrangeiros possuem sobre o Japão, mas olha, acho que loiras peitudas que tiram escudos da vagina é uma coisa que ninguém imagina que rola no Japão, heim…

Bem, se você quiser ler um mangá de sacanagem e nenhuma história, taí. E são só duas edições! Até eu devo completar, nem que seja pra ver aonde vai esse samba do crioulo doido que chamam de história…

Enfim, em relação às edições, temos problemas. Erros de português, impressão muito escura (as primeiras páginas de Hitman são terríveis nesse aspecto)… Parece até que o Del Greco levou os problemas comuns da JBC com ele… Mas também temos coisas legais. Gosto dessa formatação com capas completamente diferentes de cada lado e o preço é mais barato que os da JBC (estão 11,90, enquanto os da Sampa estão no padrão de 10,90).

Ainda que não seja o melhor dos produtos, são mangás bem inusitados de ver nas bancas. Mesmo que o passar do tempo nos tenha feito sair das cartas marcadas de sempre, ver um mangá como Hitman é uma grata surpresa (Yakuza Girl eu já acho que poderia muito bem ter saído pela JBC, lol). Se vale a pena comprar? Talvez. Se você já compra produtos normais da JBC, dê uma chance, porque em relação à qualidade material, não é muito diferente, e são séries que podem melhorar (novamente, isso em relação à Hitman, no caso de Yakuza eu não espero nada, haha). Agora, se você estava esperando algo que fosse muito bom, tanto em relação da qualidade do mangá quanto da sua edição, vá comprar 20th century boys, que é o mangá que você vai ver alguém lançando por aqui em muito tempo.

Quando a editora Nova Sampa anunciou que ia lançar algumas […]