Coluna do Fred: Nova sampa não tão nova assim

Quando a editora Nova Sampa anunciou que ia lançar algumas séries (em sua maioria desconhecidas) muita gente foi pega de surpresa. Uma editora que sobrevivia lançando revistas de corte e costura entre outras atividades lançando mangás? Loucura! Mesmo os mais velhos que já conheciam a Nova Sampa de outras pradarias (foi a primeira editora de revista herói e lançou Lobo Solitário e Crying Freeman no início dos anos 90 por aqui) ficaram atônitos perante essa empreitada, de tão aleatório que foi… Sob a batuta de Marcelo Del Greco, recém saído da JBC, a editora anunciou vários títulos, quase todos um tanto underground, mais focados para fãs, à exceção de Ikkitousen, e prometendo que iam chegar às bancas ainda esse ano.

Bem, os primeiros lançamentos já saíram para todos nós vermos afinal, qual é a da nova Sampa hoje em dia e se o produto deles realmente está no mesmo (baixo) nível da concorrência.

Hitman – Matador por acaso (Kyo Kara Hitman) – Hitman conta a história de Tokichi Inaba, um vendedor dedicado no seu trabalho e que acabou de se casar, que acaba envolvido em um acidente estranho e entra em contato com um assassino chamado Magnum Duplo, que é considerado o melhor em seu ramo, Magnum está  mortalmente ferido, mas antes de morrer, ele fecha um contrato com uma empresa mafiosa de que se Inaba não resolver o caso em seis horas e salvar sua namorada, ele e sua esposa serão mortos, o que deixa Inaba sem saída. A partir disso, vemos a história de Inaba cada vez mais entrando nesse mundo de assassinos e mafiosos, tendo que conviver com sua vida normal de salaryman.

O material em si é legal. Desenhos razoáveis, mas não há muita diferenciação entre os personagens. Os homens e as meninas são bonitinhas, mas a Chinatsu é vendida como uma femme fatale super gostosona na série, sendo que nos desenhos ela pareça só uma menina normal e até sem atributos (e olha que o mangá usa e abusa de cenas com ela com os peitos, ou mordidas de mosquito, de fora) o que causa uma situação muito estranha com a ideia que a própria história quer passar. As cenas de luta também são um tanto anticlimáticas e meio malfeitas, mas considerando que se trata de lutas entre assassinos, que deveriam ser rápidas e secas mesmo, nós relevamos. De resto, nada que ressalte muito aqui.

A história é bem mais interessante, com os conflitos internos entre o personagem principal e a vida dupla que leva, entre viver uma vida intensa ou o cotidiano de sempre, isso é o foco principal, além do fato do cara ser um bananão que sobrevive aos confrontos mortais (e como ele faz isso) gerando sempre capítulos interessantes, nem que seja só pra ver como ele vai sair dessa enrascada. O Inaba é um personagem que eu considero muito fraco psicologicamente, mas ele é uma boa personificação de um japonês inseguro em uma situação insana, então acho que o autor conseguiu passar bem a idéia que ele queria para o personagem. Os outros personagens não são tão importantes, mas até que servem como pano de fundo para mais histórias interessantes. A Chinatsu eu já achei meio sem sal e estranha, sem motivações, mas ela tem uma boa química com o Inaba, ainda que pareça que ela tem segundas intenções nessa história toda.

Eu pretendo continuar acompanhando Hitman, não é a melhor série do mundo, mas é interessante. Quero ver até onde o autor vai levar e o que ele pretende, espero que não entre no lugar comum e fique no mesmo pique da primeira edição eternamente.

Yakuza Girl – Ok, esse é tenso. Vamos à história: Um jovem chamado Sengu se transfere para uma escola, lá ele descobre que todos são yakuzas e que as notas são dadas a partir de batalhar entre gangues internas até a morte (!!!!). Sengu que arranjar uma noiva e ao encontrar com Akari (a menina da capa) ele imediatamente a pede em casamento (…), Akari é da sua gangue e foi encarregada de proteger Sengu não importa o que aconteça, mas ela só tem sentimentos pela general da sua gangue, blábláblá…

Yakuza Girl poderia ser resumido melhor em uma palavra: Peitos. Muitos. Tudo é desculpa pra aparecer sacanagem. O autor em seu posfácio assume que ele normalmente é escritor de jogos hentais e isso se percebe claramente na história, onde temos mulheres tirando escudos da vagina, outras curando a partir do leite dos seios e etc…

A história é confusa pra cacete (mesmo sendo simples, me lembra Saber J to X) e os desenhos não ajudam, porque se resumem em uma poluição visual do começo ao fim. As batalhas são incompreensíveis, desisti de tentar entender ainda na primeira… O autor disse que queria fazer um gibi que retratasse a visão que os estrangeiros possuem sobre o Japão, mas olha, acho que loiras peitudas que tiram escudos da vagina é uma coisa que ninguém imagina que rola no Japão, heim…

Bem, se você quiser ler um mangá de sacanagem e nenhuma história, taí. E são só duas edições! Até eu devo completar, nem que seja pra ver aonde vai esse samba do crioulo doido que chamam de história…

Enfim, em relação às edições, temos problemas. Erros de português, impressão muito escura (as primeiras páginas de Hitman são terríveis nesse aspecto)… Parece até que o Del Greco levou os problemas comuns da JBC com ele… Mas também temos coisas legais. Gosto dessa formatação com capas completamente diferentes de cada lado e o preço é mais barato que os da JBC (estão 11,90, enquanto os da Sampa estão no padrão de 10,90).

Ainda que não seja o melhor dos produtos, são mangás bem inusitados de ver nas bancas. Mesmo que o passar do tempo nos tenha feito sair das cartas marcadas de sempre, ver um mangá como Hitman é uma grata surpresa (Yakuza Girl eu já acho que poderia muito bem ter saído pela JBC, lol). Se vale a pena comprar? Talvez. Se você já compra produtos normais da JBC, dê uma chance, porque em relação à qualidade material, não é muito diferente, e são séries que podem melhorar (novamente, isso em relação à Hitman, no caso de Yakuza eu não espero nada, haha). Agora, se você estava esperando algo que fosse muito bom, tanto em relação da qualidade do mangá quanto da sua edição, vá comprar 20th century boys, que é o mangá que você vai ver alguém lançando por aqui em muito tempo.

Sobre Fred

I'm a very twisted person. Gosto de animes e mangás por boa parte da minha vida e comentar sobre isso é sempre um prazer... Desde que eu tenha algo útil pra falar. Afinal, Dirac já dizia: "Eu não começo uma frase sem saber como ela vai terminar". Sou também um quimicuzinho que sabe falar bobagem o suficiente pra parecer inteligente.

Quando a editora Nova Sampa anunciou que ia lançar algumas […]

3 thoughts on “Coluna do Fred: Nova sampa não tão nova assim”

  1. Espero que consiga da uma melhorada na qualidade do hitman, que me ecomodou um pouco papel bem escuro, a Historia do hitman e boa e tem um bom humor. já o yakuza gril e totalmente sem nossão não dando para entende nada “se pelo menos tivese algum humor eu diria que e legazindo. qual a página “loiras peitudas que tiram escudos da vagina”? não lembro disso não ou não reparei.

    1. É na página 130, onde o casal dos irmãos começa a atacar e usar o ninkyo-ryoku deles, que do homem é tirar uma lança do pau e da menina tirar um escudo da buceta.

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