*Obrigado a todos que comentaram e discutiram o assunto! Se você está lendo esse artigo pela primeira vez, não deixe de ler também os comentários do pessoal!
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Nos últimos dias minha internet resolveu ficar incrivelmente instável e obviamente por causa disso o Anikenkai ficou prejudicado. Pelo menos pude aproveitar meus últimos dias de férias para sair com amigos e ver uns filmes.
Mas voltando à programação normal, resolvi tratar sobre um assunto que se vocês leem Bakuman já devem estar acostumados: Os gênios dos mangás.
É curioso ver que a palavra gênio hoje em dia é usado para qualquer grande hit, para um mangaká que faça sucesso, para obras muito bem desenhadas. Mas a verdade é que gênios mesmo são poucos.
Em Bakuman, quando somos apresentados ao mundo dos mangás, temos a distinção entre dois tipos de mangakás: os gênios e os esforçados. A grande diferença entre ambos é como eles criam suas histórias. Um gênio não precisa de grande esforço para pensar em histórias excelentes. Elas fluem com incrível naturalidade. É algo inerente ao próprio mangaká. Na maioria das vezes eles não planejam muito a frente suas séries, personagens novos aparecem por surtos criativos e etc. Diferentemente dos esforçados, que, obviamente, tem que se esforçar, estudar, pensar, errar muito pra conseguir criar boas histórias.
É interessante ver que um gênio não necessariamente vai construir um mangá melhor que um esforçado.
Em Bakuman, Eiji é o único considerado realmente um gênio. Um personagem que “sente” o mangá como nenhum outro. Ele possui algo que como um “sexto sentido para o mangá”. Sua capacidade de pegar referencias e criar universos, personagens, plots em questão de segundos faz com que ele se diferencie dos outros autores.
O comportamento de Eiji chega a ser excêntrico aos olhos ‘comuns’. Quando você vê ele desenhando enquanto grita nomes de golpes, reproduz os sons das onomatopeias e conversa consigo mesmo, você vê que o processo criativo dele é completamente diferente da maioria. Parece que ele e o papel são um só. É algo como se a cabeça dele e o lápis estivessem conectados diretamente.
Conforme certas análises, Ohba Tsugumi, escritor de Bakuman, se baseou na personalidade do mangaká Eiichiro Oda para criar Niizuma Eiji. Oda é o autor do grandioso sucesso One Piece, mangá sobre piratas em busca do maior tesouro do mundo, publicado na Shonen Jump.
Assim como sua contraparte ficcional, há quem diga que Oda também possui um comportamento excêntrico quando é hora de criar suas histórias. É incrível como ele consegue terminar um capítulo em poucos dias e usar o resto da semana para pensar e imaginar como vai ser o próximo. O lápis flui como se fosse simples desenhar no estilo dele, cheio de detalhes e com cada quadrinho quase que completamente preenchido por desenhos. Ele é um autor que poucas vezes usa retículas para fazer sombreados, ou dar efeito de preenchimento. Ele prefere sempre desenhar algo novo, um personagem secundário ao fundo da cena, um prédio, um animal, o que quer que seja. Um processo que para um mangaká comum seria extremamente cansativo, para ele acontece naturalmente.
Para mim e para muitos que observam o mundo dos mangás, Oda é o único exemplo real de gênio presente na Shonen Jump. É complicado afirmar isso para todo o Japão, mas se limitando à publicação mais popular do país, Oda realmente recebe o status de único gênio.
Sei que muitos de vocês vão discordar de mim, dizer que há histórias bem melhores que One Piece na Jump ou em dezenas de outras revistas pelo Japão a fora, mas repito o que eu disse lá em cima no começo do texto: ser gênio não significa fazer histórias melhores que os outros. Ser gênio é como ter um “sexto sentido” para criar e manter histórias interessantes com facilidade e naturalidade.
Eu gostaria de saber o que vocês, que estão leram esse post acham sobre o assunto. É um tema que, pessoalmente acho bem interessante. Não deixem de comentar.
Menção honrosa a Takehiko Inoue que, apesar de não estar mais na Shonen Jump, não poderia ficar fora de um post sobre gênios. Um artista que muito admiro e cuja arte e narrativa até hoje são uma das melhores em toda a história do Japão e do mundo.