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Tudo passa, tudo sempre passará… até editoras!

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Aqui no Anikenkai não tem dia da mentira… mas no mundo editorial já teve muita editora enganando muita gente. Apareciam e desapareciam num  piscar de olhos deixando seus consumidores com vontade de “quero mais”. Conheça um pouco mais sobre como era o passado dos mangás no Brasil nessa nova Coluna do Fred.

JBC, Conrad, Panini… Todo mundo conhece essas editoras. Já estão no mercado faz um bom tempo, se consolidaram, decaíram  tiveram seus percalços e suas vitórias, sua época e até mesmo sua queda, no caso da Conrad, mas no fim, elas continuam aí, ainda que com vários problemas e aos trancos e barrancos. Algumas ainda estão por aí, mas não publicam títulos de apelo incontestável e preferem se focar no underground ou títulos menores, como Newpop (que atualmente até conseguiu um título de peso com K-on), Abril e editoras especializadas em livros, como a L&PM, Zarabatana, Novatec, etc.

Mas e as editoras que vieram, passaram e se foram? Tivemos vários casos, alguns bem emblemáticos, outros que não foram mais que um estalinho. O cemitério de editoras de mangá não é tão vasto, mas tem alguns moradores bem ilustres.

Editora PNC

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Essa aqui é um caso exemplar de editora que veio, lançou alguma coisa e sumiu. A editora PNC lançou em 2003 dois mangás sem nenhum alarde e com títulos que não tinham nada a ver com os originais. Combat era Pineapple Army e Bombshell era o mangá hentai Secret Plot (uma das alegrias dos fãs de hentai no começo da internet).

A edição era feita com papel off-set, leitura ocidental, onomatopeias traduzidas e tinha um tamanho grande de altura, maior que a dos mangás da época e um pouco maior que os atuais. Tinham menos de 100 páginas cada uma.

A editora PNC surgiu numa época onde a internet ainda não era tão consolidada e por isso não se tem muita notícia do que ela foi. Eu lembro que comprei Combat na banca, bastante animado pelo fato de ter sido o primeiro mangá do Naoki Urasawa lançado no Brasil, e ainda por ser algo tão desconhecido. Só muito tempo depois que veio Monster pela Conrad… Já Bombshell só comprei em um evento, só pra me decepcionar pelo fato de ser apenas uma edição em papel de Secret Plot, que era um mangá que eu nunca curti muito. Se ao menos tivessem lançado Slut Girl, que ainda era curtinho, heim…

No geral, eram bons mangás e por suas histórias serem fechadas, não tiveram problemas pelo fato de que nunca houve outra edição lançada pela PNC. Assim como ela surgiu, ela sumiu. Hoje em dia deve ser difícil achar e não vale a pena mesmo, mas naquele momento, foi um sopro de novidade, em meio a um mercado extremamente povoado por cartas marcadas.

Opera Graphica

manga-jam-as-justiceiras-aventura-comp-ed-opera-graphica_MLB-O-79356763_9387Gunnm (Editora Opera Graphica)

A Opera Graphica foi um caso diferente. Ela era uma editora que publicava alguns quadrinhos específicos, coisas mais relacionadas a gibis europeus, clássicos e underground, e, do nada, publicou dois mangás: Gunm e Jam, as justiceiras. Assim como no caso da PNC, somente uma edição foi publicada de ambas as séries e nada mais foi comentado sobre isso. Gunm, por ser um material de qualidade inquestionável, deixou muitos fãs ansiosos pela continuação… Que viria pelas mãos da JBC. Depois disso, foi descoberto que as edições da Opera foram licenciadas de forma pirata, fruto de uma figura que já foi muito famosa no meio: José Roberto Pereira, o JRP.

Isso justifica tudo, já que tanto Gunm quanto Jam eram bem baratos e tinham um formato pouco usado na época, com muitas páginas ao invés do meio tanko que dominava o mercado. Ambas as edições eram feitas com papel jornal e tamanho normal. Gunm eram as primeiras 260 páginas da série, enquanto Jam eram edições avulsas. Eu gostava muito de Jam, mas só vim a ler Gunm pela JBC mesmo, para minha sorte, que não tive que esperar (além do normal) para ter a conclusão da saga.

Depois dessa empreitada, a Opera voltou ao seu nicho e nunca mais se atreveu a tocar no ramo dos mangás. Já o JRP foi para…

Editora Escala

Mangá - Ozanari Dungeon

Até mesmo a escala, famosa por revistas de corte e costura, entrou no mundo dos mangás por algum momento. Ozanari Dungeon foi o único mangá lançado por eles, também com o selo  JRP Productions. Foram lançadas 4 edições da série e depois disso ela foi esquecida, assim como qualquer idéia de lançar um mangá pela editora. O mais inusitado era a propaganda “A série que deu origem ao vídeo e ao game”, sendo que os ovas da série nunca passaram aqui e nunca foram sequer famosos entre a comunidade fansubber em momento algum (e eu nem sei se já teve algum game da série, nunca nem ouvi falar).

A edição, ao contrário das da Opera, era em meio tanko. A capa tinha um papel muito frágil e o papel era jornal também, mas tinha uma boa impressão e não era caro, infelizmente a série era muito ruim e não valia sequer o preço.

A Escala também nunca mais tentou, agora, dizem que o JRP fez um serviço para…

Editora Mythos

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A Mythos é outra que sempre teve seu nicho. Publicava várias hqs da Marvel e DC que eram deixadas de lado pela Panini, assim como gibis italianos, os fumetti. No fins dos anos 90 isso a levou a publicar duas séries em mangá, Homem Aranha e X-men. Homem aranha era uma série muito interessante, já que em razão da Marvel temer que o público japonês não viesse a curtir o estilo americano de fazer quadrinhos, eles contrataram mangakás japoneses para difundir a marca no fim dos anos 70. Inclusive tinha desenhos do Ryoichi Ikegami em início de carreira. Eu, quando moleque, lembro que gostei demais. X-men era só uma versão mangá do desenho dos anos 90 e não tinha diferença alguma. No fim, nenhum desses mangás durou mais que duas edições. Só muitos anos depois a Mythos viria a publicar de novo séries japonesas com Superalmanaque mangá.

Assim como grande parte dos citados, Superalmanaque mangá se destacava no mercado pelo seu formato de coletânea. Foi o primeiro a usar aqui e até hoje não é muito comum. Assim como toda coletânea, tinha seus altos e baixos. A edição era papel jornal e formato usual… E se você está se perguntando, também só teve uma edição e sumiu. Dizem que o JRP teve envolvimento com essa edição, mas nada é concreto.

Tempos depois a Mythos lançou Dark Angel de Kya Asamiya. A edição foi um verdadeiro samba do crioulo doido, com mudança de formatos e preços constantes e demoras longas entre edições. No fim, aos trancos e barrancos, a série se completou e depois fizeram um encadernado contendo todas as edições como forma de reduzir o encalhe.

Dark Angel tinha capas muito legais, mas a impressão era péssima e o preço na época era bem caro, ainda mais pra um mangá com 60 a 70 páginas. A série em si é boa, mas termina sem fim, já que o Kya largou no meio e nunca voltou.

Por fim, a Mythos se envolveu em mais um mangá, a versão do Kya Asamiya de Batman. Lançaram duas mini-séries (que, assim como tudo da editora, depois foi encadernado em um pacotão pra reduzir o encalhe). Honestamente, não era a melhor história do homem-morcego, mas até valia a pena pra ver algo um pouco diferente das histórias de detetive, com algo focando mais na ficção científica e, o principal, com arte do Kya. Apesar de acho que ele não casou bem com o Batman não… A edição era em formato americano e papel jornal.

Depois disso, a Mythos também não se envolveu mais com mangás e o JRP, tendo relação ou não com algo aqui, nunca mais publicou nada relacionado a mangá.

Editora Savana

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A Savana é um caso diferente. Pra começar, enquanto grande parte dos casos acima ocorreram pra primeira parte dos anos 2000, a Savana entrou no mercado recentemente, com edições de alta qualidade, sobrecapa, papel off-set e boa impressão… A tradução não era das melhores, mas nada que não podia ser melhorado. A editora tinha até SAC para resolver problemas, infelizmente, foi mais uma editora que surgiu e não vingou. Os mangás lançados eram em edição única ou bem curtos, mas no fim, só uma edição de cada um foi lançada.

Pela Savana tivemos Toy Box (edição única), Aflame Inferno (manwha, seis edições) e unordinary life (2 edições). Eu só cheguei a ler Aflame, que era divertido e Unordinary, que era um dos piores mangás que já tive o desprazer de ler.

A Savana foi um caso triste, porque eu realmente gostava do método como eles lançaram e queria que tivessem sucesso para mostrar que sobrecapa e papel bom podiam ser padrão nos mangás lançados aqui. Infelizmente não era pra ser, sabe-se lá porquê.

Animangá

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Ok, esse deve ser o caso mais emblemático e famoso de todos merecia o fim do post. Um dos pilares iniciais do mercado de mangás, a Animangá lançou Ranma no fim dos anos 90 até o começo dos anos 2000. Hoje em dia, tem gente que nem sabe o que foi a Animangá, mas ela teve o momento onde se você pensava em mangá no Brasil, você pensava em Animangá.

Antes de ser editora, a Animangá era uma loja. Uma das maiores de São Paulo relacionada a mangás na época. Como não tinha internet, toda a informação sobre as séries vinham de revistas específicas como Animax e Anime-do, que tinham várias propagandas da Animangá, tanto para as bugigangas que vendiam quanto pelos mangás originais que tinham. Em meio a febre de Yuyu Hakusho e DBZ, eu mesmo fiz umas compras lá (era bem caro pra época). Com o crescimento da loja, eles decidiram tentar um filão pouco explorado no país no momento, que era lançar um mangá em português.

É importante lembrar que até esse momento, os únicos mangás que haviam sido lançados por essas bandas eram seinens como Lobo Solitário, Mai e Crying Freeman no começo dos anos 90. Era um investimento arriscado em um mercado onde não haviam jogadores, por outro lado, a Animangá também teria os fãs de anime só para ela.

E assim Ranma foi lançado. Lembro que eu sequer conhecia Ranma, mas comprei só pela experiência de ler um mangá em português e terminei gostando bastante e acompanhando. Era realmente algo novo na época, ao menos pra mim, que não tinha idade pra pegar os mangás lançados antes, mas que havia crescido com CDZ e outros animes. A edição era em formato de hq americano, com dois capítulos por edição, papel off-set, leitura ocidental e onomatopeias traduzidas, além de ser mensal. A qualidade do papel e a periodicidade variaram muito com a publicação, enquanto o resto continuou igual até o fim.

Ranma fez tanto sucesso que a editora até colocou uma enquete sobre que mangá eles deviam lançar em seguida (com exemplares de peso como Samurai X, Fushigi Yugi e outros). Realmente as coisas estavam indo bem, mas a entrada da Conrad com um formato mais acessível, periodicidade mensal e um planejamento mínimo demonstrou as deficiências que a Animangá tinha.

Por mais que a Animangá fizesse sucesso com Ranma, ela ainda era uma loja e não uma editora com uma infraestrutura suficiente pra competir com as editoras que viriam. Com o tempo, Ranma passou a fazer feio em meio a mangás quinzenais que a JBC e a Conrad lançavam e a periodicidade só ficava mais inconstante. Edições demoravam muitos meses pra sair e quando você tinha 200 páginas por mês, se contentar com cinquenta páginas a cada seis meses era risível. Por algum tempo isso continuou, até que Ranma parou de sair. A loja continuou por mais uns anos, mas fechou também e hoje não existe mais Animangá em nenhum tipo de forma.

A Animangá foi a primeira em apostar em um mangá shonen em um mercado ávido pelo produto, infelizmente, a falta de infraestrutura e poder econômico terminou por sucumbir o que antes fora uma ótima ideia  Hoje em dia, mesmo as editoras menores tem um aspecto melhor que a Animangá, que sobreviveu muito tempo editando um gibi quase que caseiro, com erros bizarros de português, propagandas estranhas e que saía quando saía.

Por um lado, a queda da editora foi boa, porque eles seguiam um modelo insustentável, por outro, eu fico triste como tudo ocorreu, porque se notava que a Animangá fazia o melhor produto possível mesmo tendo tantos percalços no caminho. De qualquer forma, o povo falou e ela caiu e não voltará mais, ainda assim, o ímpeto deles gerou um tiro que até hoje é sentido quando sai um mangá novo nas bancas.

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Kingdom Hearts no Brasil – O novo mangá da Abril

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E o mangá de Kingdom Hearts finalmente recebeu sinal verde para chegar ao Brasil! A publicação ficará a cargo da Editora Abirl e está programada para sair ainda no primeiro semestre de 2013. Baseado na série de jogos de mesmo nome feita pela Square-Enix para PS2 (e com spin-offs para GBA, DS, 3DS e PSP), o mangá se divide em três fases, Kingdom Hearts, Kingdom Hearts Chain of Memories e Kingdom Hearts II, com quatro, dois e cinco volumes publicados respectivamente seguindo as histórias originais. Vale lembrar que sua publicação ainda não foi concluída, mas encontra-se em hiato.

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Crunchyroll estreia no Brasil!

O que há muito era falado, agora é realidade, o Crunchyroll, serviço de streaming online de animes, aportou em terras brasileiras e na ofensiva para conquistar mercado com o plano premium custando meros R$9,99. Sem dúvida uma das notícias mais importantes na história do nosso mercado, um revival de uma vertente que há anos está praticamente abandonada por aqui.

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Plantão Samurai X: JBC confirma republicação do mangá ainda em 2012

A Editora JBC confirmou em um release enviado à imprensa que irá relançar o mangá de Samurai X seguindo agora o formato tankohon e com o nome original, Rurouni Kenshin. A republicação será feita em 28 volumes, metade da publicação anterior por aqui, em 56 volumes.

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Conhecendo o projeto “Ciência sem Fronteiras”

Animes e mangás são divertidos, mas não é só disso que o Japão é feito. Por lá temos algumas das melhores  universidades do mundo e hoje tive a oportunidade de ouvir representantes de algumas delas apresentarem suas qualidades numa iniciativa da UFRJ para introduzirem o projeto Ciência Sem Fronteiras a seus alunos. Essas são minhas impressões do evento e do projeto.

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Eventos de Anime e o Fandom

Foto por Onildo Lima.

Nunca escrevi sobre eventos de anime aqui no Anikenkai. Acho que eu tinha receio de cair no lugar comum e acabar condenando os eventos de anime baseando-me pura em simplesmente nas minhas vontades. Porém, há um enorme fandom por aí que adora ir a eventos e não há como negar que a cada ano mais e mais gente se interessa por eles. E esses são os que mais me fascinam. Por que eles sairiam de suas casas e irem a um lugar que, na teoria, não tem nada de bom para oferecê-los? Não há muito o que fazer de diferente em um evento de anime tirando o concurso de cosplay e, de repente, as competições de karaokê.

Como eu não vou a eventos de anime há uns 2 anos, e isso por quê fui ao Anime Friends 2009 por mera curiosidade de saber como seria o maior evento de animes do Brasil, tive que fazer um bom exercício de memória para poder “estudar o caso”.

Naquela ocasião, eu fiquei hospedado na casa de um amigo em São Caetano. Sendo assim, tivemos que acordar por volta das 6 da manhã para tomarmos banho e pegarmos o trem até a capital. A viagem foi bem calma, mas no trem já via algumas pessoas que também se direcionavam ao evento. Saindo cedo provavelmente porque, como eu, ainda não tinham comprado o ingresso. Um trem, um metrô e um ônibus depois, chegamos ao local do evento e uma honesta fila já se montava.

O tempo passou e inevitavelmente comecei a puxar papo com duas pessoas que estavam a minha frente na fila. Eram dois primos, sendo que um era japonês que estava visitando a parte brasileira da família e decidiu acompanhar o primo ao evento por gostar de animes e mangás. Depois de um bom papo com os dois, vi que o perfil deles era bem parecido com o meu. Juro que meu preconceito me fazia acreditar que não iria encontrar “esse tipo de gente” em um evento de anime. Mas logo a primeira pessoa com quem falei me provou o contrário.

Perguntei a eles o que iriam fazer no evento. O primo brasileiro logo me respondeu que estava ali para ficar na sala do animekê e pelo visto era por isso que ele ia nos eventos. O primo japonês disse que estava curioso para saber como era um evento no Brasil, ver quais eram as diferenças para o Japão. Acabou que lá dentro nos separamos e nos reencontramos diversas vezes, mas deixo eles de lado um pouco para falar do evento em si.

Ao entrar, depois de encarar a interminável fila e pagar o salgado valor de 30 reais, nós demos de cara com a área de stands. Eram muitos… mas MUITOS stands. Porém, apesar da quantidade, a variedade era muito pouca. Na maioria das vezes, peças de vestimenta. Dentre elas, a maioria de camisetas e toucas com orelhinhas. Haviam alguns stands com chaveiros… muitos chaveiros e alguns arriscavam expor figures. Porém, o preço cobrado por eles era tão exorbitante (comparado com o valor real das figures) que eu não me dei ao trabalho de olhá-las com calma. Por fim, os mangás. A gibiteria Comix marcou presença no evento e trouxe seu estoque de gibis para a feira vendendo com descontos que não justificavam o valor do ingresso, mas, ainda assim, era uma boa para completar algum buraco na coleção e/ou comprar algum lançamento. Nada de mangás japoneses, americanos, artbooks, etc.

Depois de uma sofrida ronda, dado o número de pessoas por m² no local, fui para a área externa onde alguns cosplays se divertiam posando para fotos. Porém, me chamou a atenção a quantidade de cosplayers vestidos pela metade carregando seus “equipamentos” para uma salinha reservada onde ninguém podia entrar ou tirar fotos. Penso até que ponto é valida essa “profissionalização” dos cosplays frente a diversão, mas isso não é assunto pra esse post.

Chegou a hora de ver as salas temáticas. Elas eram em bom número, mas infelizmente nenhuma me atraiu. Poucas eram dedicadas a animes e mangás, sendo a maioria de “maid cafés”, cosplay ou j-pop/k-pop.  Quando achava uma sala sobre animes, ela era limitada a um único, principalmente a de Bleach e One Piece. Não vi nenhuma que estava disposta a “animes em geral”.

Ao final do evento, teve o show dos cantores japoneses que foi, de fato, muito bom. O palco era bem grande e a coisa toda foi bem feita. Se apresentaram Akira Kushida, Shinichi Ishihara e Yukio Yamagata pelo que me lembro.

Mas ok. Exercitei minha memória… mas a que conclusão cheguei?

De que eventos de anime não são pra quem quer animes.

Calma, não se assuste. É isso mesmo. Eu me explico.

Se você é um fã de animes e mangás e vai para um evento em busca de animes e mangás, irá se decepcionar. Você irá encontrar um monte de coisa e um monte de gente, mas nada do que você estava procurando.

Então quer dizer que os eventos de anime não prestam para nada e que quem vai neles é um bando de retardado?

De jeito nenhum.

De uns tempos pra cá eu me dedico a analisar o fandom e se tem uma coisa que eu aprendi foi de que o fandom se manifesta de diversas maneiras. Tem gente que, como eu, gosta de ver os animes, mas gosta também de debatê-los, de conhecer mais sobre seus produtores, sobre o país de onde vieram… porém, não tenho como dizer que todos são assim, muito menos que esses são maioria.

Alguns querem simplesmente dividir um momento com amigos em um ambiente cheio de pessoas que nem eles, com gostos parecidos. Outros vão aos eventos para reencontrar amigos que dificilmente consegue ver no dia a dia mas que, por compartilharem do gosto por animes e mangás (ou outras vertentes da cultura pop japonesa), podem confraternar. Outros podem estar lá só para exibir ao mundo seus visuais extravagantes e diferentes em um ambiente menos hostil que as ruas.

Existem diversos motivos para fazer as pessoas lotarem os pavilhões de um evento de anime. Infelizmente, a maioria deles não envolve diretamente animes e mangás, o que acaba desagradando o nicho de fãs do qual eu faço parte.

É comum dizermos que os eventos norte-americanos é que são bons, que lá é que estão os eventos de anime de verdade, mas na prática, desconsiderando o maior profissionalismo da organização e as estupidamente melhores estruturas físicas, a ideia é a mesma. O grande diferencial dos eventos norte-americanos é que ele agrada a gregos e a troianos. Ele agrada àqueles que querem ir só para passar o tempo com os amigos quanto àqueles que querem saber mais sobre animes e mangás. Ao mesmo tempo que temos o concurso de cosplay, temos também painéis de discussão sobre a evolução do shonen. Esse é o grande diferencial e é nisso que os eventos brasileiros acabam pecando.

Para finalizar, se me perguntassem hoje, que evento brasileiro mais me agrada, eu diria que é o AnimABC. Apesar de ainda ter um monte de coisas que não me agradam, o AnimABC, ao que parece, ainda tenta agradar a uma parcela do público que os outros parecem ignorar. Temos algumas palestras, por exemplo… mas ainda há um longo caminho a percorrer.

Ao final desse “ensaio” sobre eventos de anime no Brasil, acabei não dando (frente ao fato deu não ter) uma resposta final para a indagação que motivou tudo isso. Mas o importante é pensar sobre as coisas. Muitas vezes deixamos nosso preconceito falar mais algo do que a realidade.

Foto por Onildo Lima. Nunca escrevi sobre eventos de anime […]

Mas afinal, por quê #VergonhaJBC?

Se você estava online no feriado de 15 de Novembro e segue o twitter de algum blogueiro dessa nossa “blogsfera animística”, você provavelmente se deparou com a hashtag #VergonhaJBC. O motivo de tal manifestação foi a extrema baixa qualidade do novo mangá da Editora JBC, Kobato. E não digo qualidade quanto à história, mas sim qualidade quanto ao material usado pela editora para imprimir o mangá. Apesar do tom de brincadeira que cercou a hashtag, temos um assunto bem interessante para analisarmos.

Não é de hoje que eu reclamo da qualidade dos mangás nacionais. E meu intuito nunca foi de prejudicar uma editora X, Y ou Z. Sempre que comparei edições americanas com brasileiras (1, 2) eu fiz com o verdadeiro propósito de mostrar para as pessoas que podemos almejar algo além do que nos é oferecido. Sempre quis mostrar que não é para nos contentarmos com um trabalho porco pois é assim e pronto.

O #VergonhaJBC fez o assunto voltar a tona e em conversas com outras pessoas, algumas pessoas me indagaram sobre o que iria ser feito a partir dali. Se ia se limitar a uma brincadeirinha de Twitter ou se os blogs iriam realmente tentar uma conscientização em massa de seus leitores para a falta de qualidade do produto nacional e exigir uma resposta das editoras?

Eu posso dizer que a cada vez que compro um novo mangá eu torço para que as editoras melhorem a qualidade de seus volumes. Agora que muitas resolveram adotar o formato trimestral de publicação, estava na hora de adotarem também um aumento na qualidade de seu produto. De nada adianta um leitor esperar três meses pra uma nova edição se ela vai vir no mesmo formato tosco e podre que vinha quando era mensal.

“Ah, mas aí teriam que aumentar o preço… no mínimo 15 reais por volume”.

Uma mudança de 5 reais (4 no caso da JBC) em três meses não pesaria nada no bolso do comprador médio de mangás (e se realmente pesa é bom começarem a reavaliar se gastar dinheiro com mangá está valendo a pena), então isso não é um problema.

Para ilustrar esse post, gostaria de dar um exemplo visual para vocês perceberem como a escolha do papel é importante para um bom produto final. Recomendo que cliquem para aumentar a imagem.

Nesse exemplo eu escaneei um mesmo quadro do volume 1 nacional de Bakuman (a esquerda) e do volume1 americano (a direita) para comparação. A primeira coisa que se nota – já que num scanner não dá pra você ver a finura/grossura de um papel – é a diferença de tonalidade do “branco”. Repare que na edição brasileira o “branco” é bem acinzentado enquanto que na edição americana o “branco” é branco. É válido confirmar que ambas as capturas foram feitas com o mesmo scanner sob as mesmas configurações.

E sabem o que essa diferença de tonalidade acaba causando? Uma grande diferença de contraste. Reparem que apesar de bem parecidos, os “pretos” da edição americana parecem mais pretos que os “pretos” da edição brasileira. Isso se deve ao fato de que nosso olho suaviza o preto frente ao seu contrate direto (“branco”) não ser tão branco quanto deveria ser. Inclua aí um desbotamento natural da tinta em virtude da qualidade material do papel e temos um desastre. Isso porque eu não comparo com a edição japonesa… o que seria um esculacho.

Ainda não é parte da cultura “mangazeira” o espírito colecionável. Apesar de termos pessoas interessadas em manter coleções, como vimos nesse post do Gyabbo, o espírito de colecionador ainda não é um conceito de massa (como o é no caso dos fãs brasileiros de quadrinhos ocidentais e DVDs, por exemplo). Mas mesmo assim, como consumidor, eu quero sempre o melhor produto. Se isso que a gente tem fosse o melhor que o Brasil pode oferecer, eu não poderia fazer nada, mas como sei que não é, como sei que essa falta de qualidade é comodismo das editoras, eu vou continuar criticando.

Completo citando aqui o trabalho que o Blog do Jotacê faz expondo os problemas das empresas de home video no Brasil. Muitas delas podem parecer meras reclamações de um grupo específico, mas com o tempo foram ganhando importância e obtiveram sucesso em muitas das suas reivindicações. Claro que é necessário um trabalho por parte dos que estão reclamando. Mostrar  o que está errado, o por quê está errado e como pode ficar. Torço pra daqui a alguns anos eu ler esse post e dizer que estou feliz dos nossos mangás nacionais não serem mais publicados na mesma qualidade que forro de gaiola de passarinho.

Para fechar, postarei as imagens que me foram fornecidas pelo @PaninaManina nos comentários do post-review de Kobato mostrando a extrema falta de qualidade dos mangás da JBC. (clique para ampliar)

Na boa, mas passou dos limites mesmo…

P.S.: Irei procurar alguma resposta da Editora JBC pois ela também tem o direito de se manifestar (apesar de seu silêncio quanto ao assunto parece demonstrar que ela não está nem aí… mas…). Assim que obtiver uma resposta volto a postar aqui.

Se você estava online no feriado de 15 de Novembro […]

Corações Sujos: O pós-Guerra na colônia japonesa do Brasil

Aqui no Anikenkai, o foco sempre foi a animação e os quadrinhos japoneses. Eu nunca falei de um filme (live action) por aqui. Decidi por quebrar então esse “costume” e comentar sobre um filme que vi no Festival do Rio desse ano e que creio ser interessante para todos que frequentam esse blog. Curiosamente não é um filme japonês. É um filme brasileiro que fala sobre japoneses. Uma produção 100% brasileira, falada quase que totalmente em japonês e com grande parte do seu elenco sendo japoneses ou de origem japonesa. Esse filme é Corações Sujos, dirigido por Vicente Amorim.

A Segunda Guerra Mundial acabou com a rendição do imperador japonês às forças Aliadas em 1945. A notícia rodou o mundo, mas na segunda maior colônia japonesa, o Brasil, muitos se recusaram a acreditar na derrota do Japão. O filme conta a história de uma pequena cidade no interior paulista, de maioria japonesa, que trabalhavam no cultivo de algodão. O líder local, o coronel Watanabe, recusa a ideia da rendição e está disposto a tomar medidas drásticas contra quem pensa o contrário. Ele recruta seu maior “soldado”, Takahashi, para um serviço ingrato: eliminar os traidores, os “corações sujos”.

Quando fui assistir a esse filme, estava com grande receio de que ele focasse demais em um conflito entre brasileiros e japoneses. É um filme brasileiro, afinal. Porém, para felicidade do espectador, esse conflito fica em segundo plano. O foco são realmente as disputas e lutas dentro da própria colônia japonesa. O diretor foi bem competente em contar essa parte da história que muitos não sabiam nem ter existido. Brasileiros ou japoneses. É uma parte da história da colônia japonesa no Brasil pouco explorada e que agora vem a tona.

O diretor teve ajuda de um ótimo elenco trazido diretamente do Japão e que se dispôs a pesquisar e a dar vida aos personagens. Atores que já participaram de grandes produções japonesas e hollywoodianas, como 20th Century Boys, O Último Samurai, Kill Bill, Sob o Olhar do Mar e A Partida. Temos também Eduardo Moscovis no papel do delegado local que se vê no meio de uma guerra em que tem pouco poder e a jovem atriz brasileira Celine Fukumoto, estreando em sua carreira com uma bela atuação no papel de Akemi, a filhinha de Takahashi.

A trilha sonora do filme também é um espetáculo a parte. Dá pra ver que deram uma atenção forte a ela para dar bem o clima do filme. Que apesar de ser um drama, também tem toques de thriller, onde a música é essencial para o ritmo. Excelente trabalho aqui.

É comum nós assistirmos filmes americanos que falam sobre outros povos, mas raras vezes temos peças do nosso próprio cinema tratando de algum aspecto histórico fora de nossa “tradição”. Ver um filme como Corações Sujos, tão bem feito, dá gosto e confiança que nosso cinema ainda tem muito o que crescer. Não fiquem com preconceito por ser cinema nacional. Assista confiante de que tem um bom filme para ser assistido.

Se você lê esse blog, provavelmente é fã de animes e mangás e, provavelmente, tem um certo interesse na cultura japonesa em geral. Esse é mais um motivo para você assistir a esse filme. Apesar de não se passar no Japão, é um filme sobre japoneses fora de seu território lutando por suas tradições e crenças, por mais cegas que elas possam os estar deixando. Um filme que mescla a história do Brasil com a história do Japão.

A estreia no circuito normal ainda não tem data certa, mas será no primeiro semestre de 2012. Fiquem atentos aos cinemas de sua região e podem ficar atentos ao meu twitter também pois certamente irei divulgar quando o filme for entrar em cartaz.

httpvh://www.youtube.com/watch?v=MkZ__ccbjho

Aqui no Anikenkai, o foco sempre foi a animação e […]