Deu no XIL uma notícia acerca de um crítico japonês que defendeu a mudança do sentido de leitura nos mangás. Ao invés de lermos da direita para a esquerda, como é o sentido oriental, faríamos ao contrário, como é o sentido ocidental. O principal argumento é que isso facilitaria a leitura por parte do público que consome todos os outros materiais num sentido diferente dos mangás, tais como chineses, americanos, franceses, etc.
Vale lembrar aqui que não estamos falando em apenas espelhar as páginas, mas sim construir os mangás do zero já no sentido ocidental. Isso implicaria em inúmeras modificações estéticas e narrativas que os grandes mangakás japoneses demoraram anos de sua vida se dedicando a domina, tal qual comentou o Fábio Sakuda em seu post.
Porém, além do fator do profissional por trás da obra, tem o fator do público. Não digo nem por mim, mas num âmbito geral, o público entende o sentido oriental de leitura como algo característico do mangá. Alguns chegam a dizer que se fosse no sentido ocidental, não teria graça. Enquanto eu ache isso um tanto exagerado, é uma constatação de uma opinião presente entre os fãs leitores.
Muitas vezes deixamos de pensar no lado de quem vai consumir aqueles materiais. Será que eles querem isso? Pelo que eu pude perceber frente as discussões que se originaram no twitter ou até mesmo na fanpage do Anikenkai, parece que não.
Agora que nos acostumamos com a ideia de “ler ao contrário”, pra que mudar. Acabou que esse “ler ao contrário” virou um charme a mais e um atrativo para quem quer ler algo diferente. Pode parecer superficial, mas sim, deu pra observar claramente isso, mesmo em meu universo limitado. Ninguém defendeu o sentido ocidental de leitura para mangás. Ninguém.
Se isso possibilitaria uma maior quantidade de novos leitores serem apresentados ao mangá, é possível, ao mesmo tempo que pode não fazer diferença nenhuma. Mas será que por mais novos leitores estrangeiros que cheguem, valerá a pena sacrificar um número grande de leitores japoneses que lê no sentido oriental desde que nasceu?
A crítica é polêmica e gera inúmeras perguntas que poderiam e provavelmente já foram desenvolvidas em prolixas discussões de bar. O que fica disso tudo é aquele velho lema: “não se mexe em time que está ganhando”. Boa tentativa, Kentaro Takekuma, agora vá e não olhe pra trás.
O autor que faça com achar melhor, tem uns que deixam espelhar, outros fazem colando quadros o que tantos faz espelhar ou não, alguns até redesenham tudo em sentido ocidental.
Vai do autor.
Ler no sentido oriental ou ocidental não atrapalha em nada ao leitor, você precisa de apenas 5 minutos para se acostumar com qualquer dos dois sentidos. Essa história de adaptar, decidir o que é correto ou não sobre isso é furada, daqui a pouco vão começar a dizer que tem que colorir os mangás porque no restante do mundo fazem colorido.
Faz do jeito que quiser, quem quiser.
Eu acho que os dois tem de conviver juntos. Eu não só acostumei com a leitura oriental como eu a aprecio e amo. É estranho, mas eu queria até que os livros fossem assim. Não é apenas charme, é cultura. Sou contra mudar isso. Eu iria odiar comprar um mangá com a leitura igual a das HQ’s, até porque essa é uma das diferenças do mangá. Ok, se mudar, que grande diferença faz? Não muita, para a maioria, mais por um gosto muito pessoal, eu quero que continue assim, de trás para frente. É divertido.
Eu tenho costume de ler nas duas, mas dou milhares de vezes preferencia a leitura oriental. Mas se for para mudar que mude, só não generalize. Pelo menos os mangakas Old tem que continuar como sempre e os novos que tentem esse formato 😀
Vou apenas colar meu texto do Xil:
“Tenho opiniões mistas!
– Se eu pensar em “retorno financeiro direto”, é um baita tiro no pé lançar mangá em sentido ocidental. O Japão ainda é o país que mais vende/compra mangá, e a proposta é justamente sacrificar esse público. Somando a venda de mangás do resto do mundo, não chegaria às vendas do Japão… claro, que a proposta é reverter isso, mas temo que as perdas, e o impacto interno seriam grandes demais… talvez até fatal!
– Se pensar em “Possibilidades”, fantástico! Pensem nas possibilidades, tu tem aquele sobrinho que não gosta de ler, e tu mostra um mangá onde ele pode ler direto!
Não apenas isso, quantas pessoas achariam a revista na banca e comprariam de vontade própria e sem recomendação?
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Numa nota extra… Mangá NÃO DEVE SER ESPELHADO…. espelhar e desenhar no outro sentido é completemante diferente!
Pode parecer bobagem pra quem não desenha, mas faz muita diferença!
Eu como ainda quero publicar minhas histórias aqui, já desenho em sentido ocidental, pois acho ridículo desenhar no sentido de uma cultura que não é nossa.”
Eu vejo que, mangá em si não é da nossa cultura, então não sou ridículo por desenhar de trás para frente, e sim, por desenhar mangá.
Eu faço a historia no sentido oriental por que eu gosto, se outro fizer no estio ocidental, ótimo. Agora, não tem como você fazer algo de uma cultura completamente diferente e achar ridículo apenas a ordem de leitura. Bem, não estou discutindo sua opinião, só achei contraditório 😀
Acho que não faz sentido desenhar no Brasil e fazer sentido oriental. A menos que o cara tenha interesse em publicar no Japão.
Não importa se o cara desenha “mangá”, no final ainda será uma história em quadrinhos brasileira. É a mesma coisa que desenhar um mangá brasileiro e encher de kanjis, o leitor não vai entender aquilo, são efeitos sonoros que não fazem sentido a menos que a pessoa saiba japonês.
Pode dizer que há diferença, pois o sentido qualquer pessoa pode aprender com facilidade, mas não tem diferença. Eu acho legal assimilar ideias de narrativa, de quadrinização (quanto a como montar quadros), mas acho que as histórias brasileiras tem que atingir um público brasileiro em geral.
A menos é claro, que a pessoa queira entregar apenas para um público muito específico. Eu já acho mais fácil (e na minha opinião, mais correto), vender para o público brasileiro, para que qualquer pessoa consiga pegar a história e entender, sem precisar que tenha uma página de instruções.
Posso citar inclusive os Manhwas, os “mangás” coreanos, eles são claramente inspirados, e usam linguagem de mangás, mas sua orientação de leitura é a padrão do país deles (leitura em sentido ocidental).
Pode parecer contraditório, mas me referi apenas ao sentido de leitura mesmo (apesar de eu achar desnecessário colocar nomes japoneses em personagens brasileiros também. Quando esses personagens têm descendência, até vai).
Eu acho que os fanziners brasileiros precisam perder a mania de “japanização”.
Mas claro, isso vai depender muito do “objetivo profissional” almejado pela pessoa desenhando. Eu quero desenhar para os brasileiros, mas quero desenhar algo para todos os brasileiros, não apenas para os Otakus.
😉
Eu concordo muito com você. Só não acho que usar nomes de outros países seja algo ruim. Não gosto dos nomes brasileiros, um gosto muito pessoal, então não irei usá-los. Nem por isso entra no ‘japonização”. Além dos nomes, tem a ambientação. Gosto do meu país, mas não o vejo nem um pouco interessante para se por em uma historia em quadrinhos.
De fato, se eu quiser ser publicado no brasil, seguir a leitura ocidental é normal, mas não é meu objetivo, então não vejo necessidade.
No fim, acredito que ambas são fáceis de ler e são ótimas, não importa qual você escolha. Importante é ser criativo e interessante, independente da ordem de leitura, nomes, países, culturas e etc. Importante é fazer o que gosta e não o que faz sucesso 😀 (Claro, usar kanjis em uma historia para brasileiros é pouco demais, kkkkk)
Não concordo com a mudança do sentido, realmente é “dar um tiro no pé” de todo o desenvolvimento de uma cultura e não tenho certeza se isso mudaria alguma coisa no fato de vender mais ou ser mais aceitável. Creio que se o público estiver interessado ou se o mangá for bom, as pessoas se adaptam a esta novidade, que para o Ocidente, é ler no sentido oriental. Além disso, acredito que o sucesso dos mangás fora do Japão depende muito mais da aceitação por parte dessa cultura, que hoje ainda é interpretada com certo preconceito ou como “desenho é coisa de criança”, do que o sentido da leitura. Realmente concordo com seu post e até agora não havia encontrado ninguem que defende o sentido ocidental além de péssimos editores ou pessoas que acham que mangá é um tipo de HQ.
Cara isso nem adianta discutir, mangá é cultura japonesa, não tem isso… o publico de mangás jah ta tão acostumado q falo por mim, se eu fosse criar um mangá, sem duvidas q eu faria em sentido oriental, assim que tou acostumado éh aquela gastura que dá quando estou lendo um Manwa kkk só eu que sinto isso?