Category Archives: Comportamento

Animes, Mangás, Arte e Preconceito

Recentemente venho estudando um pouco sobre arte no geral e me deparei com o seguinte dizer que motivou todo um pensamento dando origem a esse post: “arte não tem sentido, se alguém tenta forçar um sentido à arte, ela deixa de ser arte”.

Brevemente essa afirmativa se baseia na noção de que a arte existe justamente para representar o mundo como ele é: caótico e sem sentido. É ela que irá mostrar para os seres humanos que tentam a todo momento racionalizar a realidade de que as coisas não são tão certinhas como queremos imaginar. Seria através da arte que o indivíduo veria a verdade e essa verdade é a de que não existe verdade.

Esse paradoxo pode ser um tanto confuso mas se desdobra em sentidos muito mais palpáveis para nós. Como por exemplo o que seria arte e o que não seria arte. Não existe um conceito fechado e único justamente pois isso iria contra o princípio exposto antes. Sendo assim, arte é algo individual. Algo que eu posso considerar como arte outros podem dizer o oposto. Arte não é uma coisa, mas sim um evento, um momento, uma situação. O instante com o qual você se conecta com uma obra, seja ela qual for, é nesse momento que se estabelece a arte… ou não.

Explicando de forma mais prática: quando eu leio um mangá como Monster, para mim aquilo é tão profundo e lindo que não tenho como defini-lo de outra forma a não ser como arte. Ao mesmo tempo quando eu assisto Queen’s Blade eu posso ter todo tipo de definição para aquilo… tudo menos arte. Porém, outra pessoa ao assistir às mesmas obras pode ter uma opinião totalmente contrária à minha. Podem existir pessoas que considerem Queen’s Blade como arte.

Isso acontece pois cada um de nós é um indivíduo que teve suas próprias experiências de vida, tem seus próprios pensamentos, expectativas, necessidades, etc. E ao entrarmos em contato com uma obra de arte, tentamos buscar sentido naquilo de forma a satisfazer esses aspectos de nós mesmos. Desse modo, cada experiência artística é única e nunca pode ser repetida… nem por nós mesmos. A arte que eu via em Pokémon hoje não existe mais. Eu posso ver o mesmo episódio que vi quando era criança e minha conexão com essa obra será diferente do que era no passado. Aquilo para mim era arte, hoje não é mais.

Dessa forma, chegamos ao ponto final deste post um tanto teórico, de que por ter este caráter individualista e momentâneo, a arte no geral é carregada de preconceitos. O que define um anime como bom ou como ruim? O que define um mangá como bom ou como ruim? Nós acabamos estabelecendo padrões técnicos como parâmetros para justificar essas escolhas mas todos sabemos que na verdade o que importa mesmo é nossa opinião pessoal, nosso momento, nosso contexto, nossas expectativas.

É curioso como esse conceito acaba fazendo-nos entender que nossa vida é recheada de pré-conceitos de tudo que nos cerca. Eu duvido que qualquer um de vocês nunca tenha julgado os gostos de ninguém como “fulano só vê anime de bosta de garotinhas” e por aí vai. Por que seu gosto é melhor do que o dele? Já parou para pensar que na cabeça dele o seu gosto é que é estranho? E quem está certo? Ambos!

Por essas e outras que nunca se deve apenas ver um lado de uma história. Quando você estiver procurando um anime para assistir ou um mangá para ler você não pode simplesmente jogar no Google e ler a primeira opinião que aparecer na sua frente. No mínimo leia duas ou três opiniões sobre a obra e comparando-as tire suas próprias conclusões. E se possível, leia regularmente blogs ou fóruns de animes e mangás. Você provavelmente vai encontrar alguém com um gosto parecido com o seu e dessa forma terá um parâmetro bem estabelecido para ponderar melhor as opiniões daquela pessoa.

Mas isso é assunto para um outro post que deve estar saindo em breve. Encerro este por aqui e gostaria muito de saber a opinião dos leitores sobre esse assunto tão… conceitual.

Recentemente venho estudando um pouco sobre arte no geral e […]

A Monotonicidade do Fandom Contemporâneo

De repente esse lugar parece tão animado…
Será porquê a Kasukabe está aqui?
… eu imagino se é assim que o Genshiken era…
até o ano passado…

Essa passagem é do último capítulo publicado de Genshiken, 78. Nela Hato se surpreende com a vivacidade do grupo ao ver os antigos membros reunidos. A surpresa vem da comparação com o atual grupo de membros que, de certa forma, se parecem demais, o que deixa as coisas um tanto monótona.

Eu terminei o capítulo e essa cena ficou na minha cabeça. Claro que pela nostalgia de ver o antigo grupo (quase) todo reunido, mas também por quanto essa situação se parece com o mundo real. Há tempos eu venho percebendo uma certa monotonicidade pairando pelo nosso fandom.

Não faz muito tempo atrás, os grupos de fãs eram formados pelo interesse comum em animes e mangás, não importando quais esses eram. Já bastava o cara gostar de animes e mangás pra acontecer uma conexão. Isso gerava grupos bem heterogênicos que trocavam ideias e discutiam sobre vários e vários assuntos. Tal qual era o primeiro grupo do Genshiken.

Lá tínhamos um otaku viciado em mechas, outro em cosplay, outro em jogos de luta e por aí vai. O grupo atual, no entanto, está junto pelo único e simples motivo de serem todas(os) fujoshis (vamos excluir o kuchiki da brincadeira). A principio essa homogeneidade de gostos seria algo positivo. Os membros poderiam ficar bem a vontade e discutir sobre seu hobby sem restrições ou sem outros assuntos “atrapalhando”.

Porém, o que acaba acontecendo e é percebido por Hato na passagem acima retratada é que essa homogeneidade acaba gerando uma monotonicidade nas interações do grupo. As pessoas pensam igual demais para terem uma discussão mais profunda sobre o assunto ou para saírem da zona de conforto e abrirem seus horizontes.

Voltando à realidade, podemos facilmente perceber isso em alguns círculos sociais no fandom. Inúmeras pessoas se fecham em seus próprios gostos e não aceitam opiniões contrárias ou diferentes das suas. Se juntam tendo em vista esse gosto comum e não aceitam outros.

Quando passamos a interagir não por sermos fãs de animes e mangás, mas por acharmos, por exemplo, que Naruto é o maior mangá já feito na história do mundo? E pior ainda, quando paramos de aceitar interações com pessoas que não acham isso? Uma coisa é você se identificar com alguém por causa de um gosto em comum, a outra é você excluir outra pessoa que não partilhe desse gosto em específico (mas compartilha de um gosto ainda maior que são os animes e mangás).

Isso, infelizmente, é uma das maiores falhas do nosso fandom. Nós substituímos a discussão pelo comodismo. Ficamos confortáveis com nosso status quo comum e fechamos nossa cabeça para coisas novas, para novas opiniões, etc. Dessa forma acabamos por anular uma característica que exaltamos tanto quando fazemos propaganda de nosso hobby, a pluralidade de assuntos abordados pelos animes e mangás.

Gostaria de saber a opinião de vocês sobre isso pois eu sou adepto de uma boa discussão e de conhecer e aprender coisas novas. Então não se acanhe para comentar.

De repente esse lugar parece tão animado… Será porquê a […]

Sim, eu julgo antes de assistir…

Queridos leitores, perdi a conta de quantas vezes já ouvi a frase “você não pode falar mal do que você nunca viu”. Em partes, essa frase é uma verdade. Porém, há um outro lado, o lado de que hoje em dia é PRECISO você julgar algo antes de assistir.

Se você não faz nada da vida e passa 100% do seu tempo livre vendo anime (eu conheço gente assim), esse post não é pra você.

A nova temporada já começou, nos próximos dias vamos receber uma avalanche de novos animes. Se já não fosse muita coisa pra escolher, imagina ainda se adicionarmos a infinidade de animes que deixamos de assistir no passado? É… é muita coisa. Não dá pra assistir tudo.

Essa habilidade de conseguir distinguir o que será bom e ruim você ganha com o tempo, com a experiência de assistir série atrás de série. Hoje eu me considero uma pessoa com capacidade clara de, lendo as tabelas de estreias, conseguir separar o que eu provavelmente vou gostar do que provavelmente não irei gostar.

Claro que quando eu escolho as séries que vou assistir eu vou direto naquelas que acho que vou gostar. Porém, como blogueiro eu ainda me forço a ver algumas outras porque vai que a coisa é boa. Nesse quesito é sempre importante estar antenado com a opinião de outras pessoas. Você, com certeza, tem uns dois ou três amigos (ou blogueiros, que seja) que são da sua “zona de confiança”. Aquele tipo de cara que se ele indicar para você o anime X você irá assisti-lo mesmo não botando fé nenhuma porque se ele gostou deve ser bom.

Esse post curto foi minha mensagem para vocês nesse início de temporada. Sim, vocês terão que julgar muitas das estreias sem tê-las assistido. Mas lembre-se de checar os posts de “primeiras impressões”. Aqui do lado tem uma lista enorme de blogs que provavelmente farão posts sobre esses animes. Eu mesmo irei escrever sobre os animes que eu assistir e gostar (ou achar muito ruins) dessa temporada, então fiquem de olho aqui no Anikenkai também!

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Ah, e um aviso rápido… domingo (08/07), devemos ter um Hangout (video-conferencia do Google) ao vivo entre alguns blogueiros para bater um papo e falar sobre as estreias da temporada. Então fiquem ligados no meu twitter pra mais infos. Postarei detalhes em breve aqui no Anikenkai também. Até lá!

Queridos leitores, perdi a conta de quantas vezes já ouvi […]

O que é e para que serve o ‘anime blogging’? – Um breve retrato da nossa blogsfera.

Semana passada, navegando pela internet, me deparei com um blogueiro americano fazendo a seguinte pergunta: “Por que você começou a blogar sobre animes?”. Fiquei pensando e achei que esse seria um bom assunto para abordar aqui no Anikenkai. Só que para melhorar a coisa ainda mais, eu resolvi fazer um pequeno questionário para meus colegas blogueiros, que foi respondido prontamente por todos (obrigado pessoal). O resultado de tudo isso você confere agora.

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Eu lembro que comecei a blogar sobre animes por um motivo simples: queria ter um lugar onde eu pudesse expor minha opinião de forma livre, porém organizada. Esse desejo veio da minha vontade própria de explorar mais esse universo e a decisão pelo formato se deu graças às minhas desventuras pela blogsfera americana.

Boa parte dos principais blogueiros do fandom compartilham dessa mesma motivação com poucas variações. Tanto o Qwerty (Nahel Argama) quanto o Leo Kusanagi (Mithril) estavam incomodados com as ferramentas limitadas de fóruns e orkut, queriam um lugar para suas opiniões não se perderem. Outros, como o Denys (Gyabbo) e a Roberta (Elfen Lied Brasil) queriam simplesmente um lugar para poder expor suas opiniões para as pessoas. Outros ainda começaram para aliviar o stress, como o Dih (Chuva de Nanquim), por hobby, como a Mary (Across the Starlight) ou até para ter um exercício regular de escrita, como a Mara (Mais de Oito Mil).

Independente da motivação de cada um, todos estão lá, blogando sobre animes e mangás, cada um de sua própria maneira. E aí que vem aquela questão básica: as pessoas blogam para si ou para seus visitantes?

Para mim é simples: uma mistura dos dois. No início é muito comum a gente escrever o que as pessoas querem ler, mas com o tempo, passa a ser mais comum as pessoas lerem o que nós queremos escrever sobre. Isso acontece por vários motivos, dentre eles a seleção de público. Se uma pessoa continua visitando seu blog depois da primeira visita é porque ela simpatizou com o que você fala e como você fala. Sendo assim seu público começa a ficar selecionado e começa a exigir que você seja você mesmo mais do que qualquer coisa.

Apesar disso, algumas pessoas, como o Walter (Mangás Cult), decidem falar do que querem desde o começo, arriscando um começo de poucos acessos mas um público bem fiel no futuro. Outros, como o Leo Kusanagi e o Carlírio (Netoin!) tendem a falar sobre coisas tão exclusivas e de nicho que muitas vezes acabam “remando” contra a maré da blogsfera no geral. Ainda tem aqueles que por causa do foco acaba escrevendo tanto sobre o que gosta quanto sobre o que não gosta tendo em vista seu público, como a Valéria (Shoujo Café). E ainda tem aqueles que assumem sua veia de pluralidade de público, como é o caso do Chuva de Nanquim.

Mas não há um blogueiro que nãos e preocupe com seu público. Seja ele o público geral, público de nicho, etc. Isso acaba gerando uma pressão de responsabilidade para com esse público. Pessoalmente, minha responsabilidade é sempre de trazer conteúdo de qualidade e uma opinião que os meus leitores possam identificar facilmente como minha. Isso soma-se à responsabilidade natural de formador de opinião pois é muita ingenuidade acreditarmos que nós não influenciamos na opinião de ninguém. Não que isso seja algo para se gabar (não é), mas é uma realidade.

O Qwerty tende a se colocar alguns objetivos pessoais quanto a número de views e posts por semana. Temos também aqueles que por terem um público mais amplo e variado acabam tendo responsabilidades maiores com o que falam, como o Shoujo Café e o Chuva de Nanquim. O Denys aproveita a pergunta e coloca em pauta algo bem relevante, a exigência do próprio público do blogueiro estar antenado com tudo que está acontecendo na industria. Se você não sabe que o anime X foi anunciado para a temporada Y você não tem credibilidade. Infelizmente é verdade e muitos leitores pensam dessa forma. Mas apesar dessa pressão externa, a maior de todas é mesmo a pressão interna do blogueiro, como bem falou a Lilian (Mundo Mazaki).

Mas afinal, o que é e para que serve o anime blogging?

Essa é a pergunta que deu nome ao post e que me motivou a fazer esse post. E depois de ler a resposta de cada um de meus colegas blogueiros, a resposta é simples: Anime blogging é gerar conteúdo, motivar discussões e formar opiniões sobre animes e mangás. É esse o papel de um blogueiro. No entanto, é impossível um único blogueiro fazer tudo isso. Tem aqueles que se focam em fazer reviews das séries, outros que se focam em falar de séries underground, outros falam das séries populares, outros dão notícias do que está acontecendo, outros falam do fandom, outros de uma obra específica, outros criam sátiras em cima desse universo. Quanto mais variedade de assuntos e abordagens, melhor. A blogsfera brasileira ainda é muito nova nesse quesito, mas estamos crescendo e a ideia é melhorar cada vez mais.

E para que serve o anime blogging?

Eu discordo da Mara que respondeu “para nada”. Para mim a utilidade da blogsfera é fazer o fandom se desenvolver. Dar a ele a oportunidade de ter mais conteúdo além das obras para ele poder apreciar e discutir. E quanto maior e mais diversa, o ato de se blogar sobre animes gera senso crítico nos leitores. Mas sabem qual é a maior utilidade do anime blogging para nós, blogueiros? A diversão. É divertido pra caramba falar sobre o que a gente gosta, interagir com outros fãs, discutir, etc. Sendo a interação o que eu, pessoalmente, destaco. Adoro conhecer gente nova através do Anikenkai.

Gostaria de fechar esse post com essa citação ao que o Fábio (Video Quest) disse sobre a utilidade do anime blogging:

Somos (os blogueiros) um pouco o velho da fogueira que conta historias e entretém o público como também somos umas das poucas formas que esse público tem de conhecer mais sobre si e a mídia a qual são fans.

Não podia dizer melhor. É bem isso aí. E o que vocês, leitores, tem a dizer sobre isso? Não deixem de comentar!

Agradeço pessoalmente ao Wagner, Qwerty, Leo Kusanagi, Carlírio, O Judeu Ateu, Roberta, Dih, Denys, Lilian, Kuroi, Se-chan, Valéria, Fábio, Mara e Mary por terem respondido ao questionário.

Semana passada, navegando pela internet, me deparei com um blogueiro […]

Quando você achou que já tinha visto de tudo: Uma academia… de poses… de JoJo!

Muito dificilmente vocês não sabem o que é Jojo. Provavelmente já devem ter se deparado com imagens como essa…

O mangá escrito por Hirohiko Araki começou a ser publicado em 1987 na Shonen Jump e depois passou para a Ultra Jump onde está até hoje. A história não é uma só desde o começo. Existem várias “fases” que um dia, com mais calma e num post só pra isso eu posso explicar para vocês.

Acontece que estava eu conversando com um amigo meu quando navegando pelo vasto mundo da internet nos deparamos com o seguinte…

Descobrimos que no Japão existe uma academia dedicada a reproduzir as poses do mangá Jojo’s Bizarre Adventure! Não estou de brincadeira. Taí algo que só o Japão pode fazer por você. E os membros da academia reproduzem desde as poses mais fáceis até as mais difíceis.

httpvh://www.youtube.com/watch?v=h_AsRvFLxZk

E vocês? O que acharam da Academia de Poses de Jojo? Se matriculariam para as aulas? Acham que é uma boa atividade física?

Para verem mais fotos, visitem o site (em japonês) clicando aqui e para ver fãs ocidentais reproduzindo os trabalhos da Academia, clique aqui. Não deixem de comentar!

Muito dificilmente vocês não sabem o que é Jojo. Provavelmente […]

A trajetória de um fã de animes e mangás…

Há algum tempo eu me deparei com a seguinte pergunta feita ao @cnetoin pelo formspring:

Qual foi a sua trajetória no mundo animístico da internet? Por quais círculos você passou até chegar onde está hoje (sites, redes sociais, fóruns, blogues…)?

A resposta dele até que foi bem simples, mas a pergunta ficou ecoando na minha cabeça e eu fiquei pensando sobre minha própria trajetória no mundo animístico. Como tudo começou até onde eu estou agora. O resultado dessa recapitulação eu coloco nesse post.

De fato será um post bem pessoal, mas, como os outros do tipo, serve para incitar a discussão sobre o tema. Desse modo, ao final da leitura, se puderem, compartilhem um pouco das suas trajetórias no mundo animístico!

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Minha primeira memória consciente como fã de cultura pop remete aos meus 6-7 anos quando assisti Star Wars pela primeira vez. Minha mãe alugou o VHS e enquanto ela recebia umas amigas na sala eu fiquei vendo no quarto com a filha de uma das amigas. Foi tiro e queda. Me apaixonei. No dia seguinte, pedi para minha mãe alugar os outros dois filmes da série (só tinham os três originais naquela época) e assisti um atrás do outro. Nascia um nerd.

O próximo passo foi comprar meus primeiros gibis. Lembro até hoje o primeiro que fui comprar na banca sozinho, sem meu pai. Homem Aranha #196 da Editora Abril, primeira parte da Temporada de Caça. Desde então, estava iniciada a vertente quadrinhística da minha vida nerd.

A próxima vertente a ser despertada foi a do RPG. Foi quando tinha 9-10 anos em uma aula especial no colégio onde líamos e discutíamos histórias. Em uma das aulas, a professora contou a história de um grupo de meninos que jogava RPG. Eu e um grupo de amigos nos interessamos e ela emprestou pra gente material que o filho dela tinha de AD&D. Fico triste por hoje em dia não jogar mais tanto quanto gostaria, sempre me diverti jogando RPG.

Claro que além de todas essas vertentes que estavam sendo despertadas aos poucos, os games sempre se fizeram presentes. Dias e dias jogando, reuniões com os amigos nos finais de semana para uns multi-player… era tudo uma grande curtição.

Mas e os animes e mangás? Onde que eles entram?

Meu primeiro contato com animes foi com Cavaleiros do Zodíaco, como grande parte das pessoas na minha faixa etária. Depois tivemos YuYu Hakusho, Shurato e por aí vai… porém, não fui cria só da TV Manchete. Na época em que comecei a me interessar pelos desenhos japoneses, um amigo meu tinha um pai que morava em SP e trazia algumas fitas pra ele da Liberdade com os mais variados desenhos. Ele era aquele tipo de menino mimado cujos pais faziam tudo para agradá-lo. Apesar de não verem sentido em trazer um monte de fita em japonês pro filho ver, eles o faziam porque o moleque pedia.

Como eu falava bastante com ele, foram várias as vezes que assisti aos desenhos com ele. Em específico lembro da vez que vi meu primeiro anime de mecha, a série original de Gundam. Tinham pouquíssimos episódios no VHS e era tudo em japonês, mas eu estava encantado! Imaginem como foi anos depois para mim ver uma série Gundam (Wing) estreando no Cartoon Network… Desde aquela época meu interesse nos animes foi só crescendo e eu queria cada vez saber mais sobre esse universo.

Com mangás a coisa não foi tão hardcore desde o princípio. O primeiro que li foi Ranma 1/2 que na época era publicado pela editora Animangá. Nunca cheguei a completar a coleção, mas havia gostado bastante de ver o estilo que via nos desenhos agora em quadrinhos, uma mídia que sempre adorei.

Só fui realmente entrar no mundo dos mangás quando a Conrad trouxe Dragon Ball para o Brasil, em 1999, se não me falha a memória. Depois veio a Editora JBC com Samurai X e a Panini com o mangá de Gundam Wing (que apesar de ser um lixo e ter tido um tratamento muito porco, era de encher meus olhos de emoção). Com o lançamento de One Piece pela mesma Conrad alguns anos depois eu já estava fisgado pelos quadrinhos japoneses. A cada ano que se passava eles tomavam mais e mais espaço no meu interesse frente aos quadrinhos de super-herói.

O tempo passou e a internet se tornou uma realidade. Lembro até hoje como era legal desbravar com um amigo meu as redes P2P e descobrir animes em AVI que, para a época, representavam uma qualidade ESTUPIDAMENTE BOA! Nosso parâmetro eram os RMVBs toscos então algo em AVI era praticamente ir ao cinema. A primeira série que assisti em AVI foi Chobits, seguido de Noir

Nesses primórdios da internet, eu sempre me interessei em entrar em contato com outros fãs e participei de diversos sites como um de distribuição de animes, o Animes Forever (se não me engano esse era o nome), e outro específico sobre Pokémon, o Suicune’s Temple. Em ambos eu tive a oportunidade de conhecer e conversar com muita gente. Tempos mais simples aqueles.

Em 2003 eu conheci o fórum Multiverso Bate-Boc@ através de um amigo e apesar da má fama que ele tinha, dava pra ver que muitas pessoas ali sabiam bastante do que estavam falando. Tempo passou e estou lá até hoje.

Ao entrar no MBB, acabei levando meu hobby mais a sério, graças às discussões sobre os mais variados assuntos. Foi lá pra 2005 mais ou menos que os animes e mangás começaram a praticamente dominar minha vida nérdica. Eu queria explorar cada vez mais séries, tanto em anime quanto em mangá e saber mais sobre esse universo. Eu já estudava bastante sobre cultura japonesa geral (para uma criança), mas queria saber mais sobre essa cultura pop moderna de lá.

Desde então meu interesse nunca parou de crescer, só aumentou e aumentou. O resultado de tudo isso vocês estão lendo agora, o Anikenkai.

O Anikenkai é o meu projeto de maior satisfação até hoje. Eu sempre tive a ideia de ter um site/blog onde eu pudesse livremente falar sobre meus gostos e compartilhar ideias, opiniões e experiências com outros fãs de animes e mangás e, com isso, aprender cada vez mais. E eu consegui.

Graças ao Anikenkai, criei um network de pessoas interessadas na cultura pop não só como meio de entretenimento, mas como algo a mais, uma manifestação cultural, um pedaço da cultura japonesa, um foco de interesse.

Acho que posso parar minhas lembranças por aqui, chegamos no presente. Com certeza eu deixei muita coisa passar, mas isso aqui é um post, não uma auto-biografia. Espero que vocês tenham gostado de saber um pouco mais sobre minha trajetória até onde estou hoje.

E vocês? Como vocês chegaram até aqui? Como viraram fãs de animes e mangás?

Há algum tempo eu me deparei com a seguinte pergunta […]

Uma análise do nosso fandom tendo como base o último capítulo de Genshiken…

ATENÇÃO: Você PODE ler esse post mesmo sem acompanhar Genshiken.

O último capítulo de Genshiken (73), me abriu a cabeça para um assunto que há muito eu havia deixado de lado ao ler a série, os problemas do passado das personagens. Mas antes de entrar diretamente no assunto, um breve resumo da situação para os que não acompanham a série:

A presidente do Genshiken, Ogiue, decide fazer um mangá em parceria com seu calouro, Hato. Para tentar se adequar ao estilo de arte de seu parceiro, ela decide criar uma história de romance colegial. No entanto, a mesma não tem experiência no assunto por mal ter possuído amigos em seus tempos de escola, muito menos um romance. Ela então decide perguntar aos seus calouros sobre suas histórias, já que eles saíram há pouco tempo do ensino médio. É aí que ela descobre que, assim como ela, nenhum de seus calouro teve alguma experiência romântica.

Para começarmos a analisar a situação, é necessário pensar no por quê da Ogiue ter acreditado que seus calouros teriam história para contar…

Comecemos com a Yoshitake. Uma otaku hardcore, que não aparenta ter nenhum trauma quanto ao seu hobby, tem um temperamento explosivo e desinibido e é bonita (apesar de um tanto baixinha). Essas características fizeram a Ogiue acreditar que ela poderia ter algo a acrescentar para sua história. A Yoshitake era vista como muitos nerds modernos o são, pessoas que no exterior não aparentam ser o que realmente são. Algo que como naturalmente houvesse sido criada um escudo de força para evitar que essa pessoa fosse reconhecida como um nerd por uma simples olhada rápida. O que não significa que ela tenha feito isso de propósito porque se envergonha do que ela é. Mas justamente o contrário. Por ela não ter problema em ser o que é, ela acabou tendo a mente aberta para incluir em sua rotina, por exemplo, senso de moda, vida social, etc. Um fenômeno interessante que tem acontecido muito recentemente no fandom.

Mas ao mesmo tempo que todo seu exterior diga que ela é uma “civil” (não-nerd), ela é uma über-otaku. E sendo o que ela é, acabou que ela dava atenção demais ao seu hobby e se esquecia da parte social da vida, o que acontece com muitos no fandom. Ou seja, mesmo ela não aparentando, ela “sofre” dos mesmos “problemas” de qualquer nerd. Ela se dedicava demais aos seus estudos no Clube de História, que mais era um clube otaku que qualquer outra coisa, e não “tinha tempo” para a vida social escolar.

E que tal a Yajima? Uma menina que claramente é uma otaku (gordinha, não liga muito para o que veste ou para sua aparência, fala pouco…)? Por que a Ogiue acharia que ela teria algo para contar? É algo difícil de se perceber e me tomou algum tempo. O caso é que a Yajima sempre pareceu uma pessoa com “experiência”. Ela muitas vezes captava algumas coisas que os outros não. Parecia que ela tinha mais noção de “vida em sociedade” que seus colegas. Algo como o Sasahara no início da série (lembram dele roubando o celular do Kousaka pra dizer para a Kasukabe que eles já estavam de saída e que ela poderia ficar com o Kousaka a sós logo no volume 1?). Esse ar de pessoa experiente com certeza foi o que levou a Ogiue a crer que a Yajima já tinha tido algum romance nos tempos de colégio.

O curioso é que, de fato, ela teve… mas não teve. Explicando…

Apesar do seu ar de experiente, ela é muito inocente, na verdade. Sua “experiência” no colégio foi a de um outro menino de sua turma ficar enchendo o saco dela fazendo piadinhas com ela de vez em quando. O bullying praticado pelo rapaz foi encarado por ela como uma forma de afeto. Afinal, era um garoto que falava com ela e mesmo quando ele mudou de turma e o bullying acabou, ele ainda se lembrava dela. Isso é o que ela considerou como um “romance”. Totalmente unilateral. O rapaz provavelmente não dava bola nenhuma pra ela, mas pelo simples fato dele falar com ela já despertou algum sentimento do seu lado.

Essa é mais uma característica do nosso fandom. Nerds devem ser as pessoas que mais tem paixões platônicas no universo. É impressionante o número de pessoas que se apaixonam pelas mais mínimas das coisas, e muitas dessas vezes essa pequena parte das pessoas ofusca o todo fazendo-os não enxergar o óbvio. Yajima se apaixonou pelo menino porque ele falava com ela, era o único. Isso não deixou que ela percebesse que, de fato, ela estava sendo alvo de bullying.

E Hato? O fudanshi cross-dresser? Por que ele teria histórias para contar? Ora… essa é fácil. Porque ele é bonito e sempre andou rodeado de garotas no antigo Clube de Arte do colégio. Mas ele é um fudanshi, um garoto que gosta de yaoi. Tem que ter algo de podre nisso aí. Infelizmente, o autor não nos deu o gostinho de saber mais sobre o passado do personagem. Ficará para o próximo post.

Mas antes de terminar essa breve análise, tenho que falar do Kuchiki. Ele não é um calouro do Genshiken, mas ele aparece nesse capítulo sendo o único que teve um romance de fato. O mais doido dos otakus que já passaram pelo Genshiken,  o ser menos improvável do universo, teve uma experiência romântica.

No último ano de escola, uma menina se confessou para ele. É, assim, de bandeja. A questão é que o relacionamento terminou menos de um dia depois. E o que podemos tirar disso em paralelo com o nosso fandom? É simples. Como é constante a quantidade de vezes em que desperdiçamos oportunidades que caem de bandeja para nós. Kuchiki confessou que falou com a menina no máximo uns três minutos naquela noite. Claro que a menina iria dar um pé na bunda dele no dia seguinte. Oportunidades são perdidas ou porque acabamos não sabendo como lidar com elas ou porque não acreditamos que seja realmente conosco. “Uma menina como essa dar mole pra mim? Não, não pode ser… ela deve estar me sacaneando” é um pensamento comum no fandom, não?

Aqui tivemos quatro exemplos de personagens que serviram como base para analisarmos aspectos e comportamentos do fandom. A questão é que  apesar do que eu falei, cada um é cada um. Pode ser que você não se encaixe em anda que eu falei aqui, como também pode ser que você se encaixe em tudo que eu falei aqui. Independente disso, os pontos de vista aqui apresentados são comuns no fandom… tão comuns que foram representados na história.

É engraçado como isso contrasta com a ideia de nerd que muitos tem hoje em dia… nerd-chic… mas isso é um assunto para outra época do ano

Não deixem de comentar.

ATENÇÃO: Você PODE ler esse post mesmo sem acompanhar Genshiken. […]

O tempo voa para todos, inclusive os fãs de mangás

Oi, pessoal. Aqui é o Fred de novo, o Diogo anda cada vez mais atarefado com o lance de fazer duas faculdades e eu pretendo dar uma mão pra ele de vez em quando pra evitar que o Anikenkai só tenha uns 10 posts por dia. Não se preocupem que estou degustando vários hentais em preparação pro grande post que vai abalar as estruturas do Anikenkai e macular toda a sociedade blogueira. Só não prometo fazer um post de yaoi, porque o Diogo já tem um encaminhado faz um tempo. Bem, vamos que vamos! Tive a idéia desse post faz um tempo e ainda estou empolgado com o assunto.

Bom, eu ainda me lembro da primeira vez que comprei um mangá na banca. Era Dragon Ball#1(na verdade o primeirão foi Ranma 1/2 da Animangá, mas quero dizer o primeiro mangá com uma edição séria e periodicidade que não fosse a lá Bangu) e a minha felicidade ao pegar o gibi e comprar era algo indescritível. Eu não esperava nunca que aparecesse algo assim, considerando que até aquele momento, a Conrad era só a editora de Pokemon Club e Nintendo World e ter um gibi de Dragon Ball nas bancas era nada mais que um sonho distante e coisa que só um viciado em crack iria esperar.

Isso foi apenas o começo. Depois disso veio a JBC com Samurai X e Sakura, Panini entrando no mercado com Éden e Gundam Wing, a ascenção e queda da Conrad, muitos mangás inusitados como Video Girl Ai, Ooru, Model e sabe-se lá mais o quê(a maioria deles capitaneados pela Conrad), Newpop entrando na equação, editoras estranhas como PNC books, Zarabatana… Hoje em dia temos um mercado mais ou menos consolidado. Ainda que hajam muitos poréms com as mais variadas coisas, hoje entramos nas bancas e encontramos os mais variados tipos de mangás. O que antigamente eram os sucessos da tv hoje são os mangás que fizeram sucesso na internet ou apostas, que se tornaram mais comuns com o passar do tempo(até pela falta de séries com grande apelo). As editoras estão se focando no seu nicho e isso tem funcionado.

Esse é o cenário atual do mercado, mas recentemente houve uma mudança, que foi a entrada da L&PM nesse status quo. A  L&PM é uma editora muito famosa e solidificada, cujo foco sempre foi em livros, com algumas exceções. Hoje em dia é muito difícil não entrar numa banca ou livraria sem uma seção para os pocket books lançados por ela, que passeiam pelos mais variados estilos, de Agatha Cristie até Andy Warhol… E agora, dois mangás: Solanin e Aventuras de Menino, lançados pela editora em seu selo  L&PM Pocket Mangás. Solanin possui duas edições e Aventuras de menino é uma edição única. Ambas as edições tem um tratamento muito bom, com bom papel e tradução e um acabamento invejável para as outras editoras, que lembram os da Conrad no começo, pelo preço normal de um pocket book, que é 15 reais. Em  relação ao quanto essas histórias são boas, falarei mais tarde.

Solanin retrata um grupo de jovens que acabou de sair da faculdade(exceto por um deles) e que está desgostoso com o ritmo atual da vida e o marasmo do dia-a-dia, que só parece oferecer alguma felicidade quando eles ensaiam em sua banda e o que eles podem fazer em relação a isso, em relação a vida deles e o que o futuro deles pode vir a ser.

Já Aventuras de menino são vários contos sobre lembranças nostálgicas de garotos que cresceram e que por muitas vezes se esqueceram dos seus sonhos, ou que desviaram de um caminho que por muitas vezes pareceu ser o único enquanto eram pequenos. Nenhuma das histórias tem relação com outra, exceto pelo tema central, que são as memórias de quando eram apenas meninos.

São duas obras que possuem um foco em comum: O que é ser adulto e seus contratempos. Enquanto Solanin mostra algo cada vez mais constante na sociedade, que são jovens que, apesar de serem formados e seguirem seu rumo, estão insatisfeitos com as escolhas que o levaram até aquele momento de desilusão total, Aventuras de menino retrata adultos que vêem em sua infância um tempo mais humilde, mais feliz e sem tantos problemas, onde a simplicidade reinava e o céu era o limite dos sonhos. Isso foi algo que me fez pensar(o que é raro) sobre mim mesmo, olhar para a minha própria pessoa e pensar.

Eu fiquei muito tocado lendo Aventuras de menino, não tanto com Solanin, que já não achei tão bom, mas Aventuras sem dúvida me deixou louco. Li duas vezes e ainda me sinto emocionado com tudo que as histórias passam. Me fez realmente pensar nos meus sonhos quando garoto, lembrar daquela época onde as felicidades duravam muito e as tristezas se dissipavam em minutos, onde as responsabilidades eram poucas e a maior preocupação era não perder o episódio de Cavaleiros do Zodíaco… Foi aí que eu percebi que esse mangá não era pra qualquer um, assim como Solanin, por pior que fosse, também não era.

Não que esteja com nenhum ego inflado de dizer que são mangás para “iniciados” ou pessoas com “bagagem” e frases feitas similares. Eu nunca fui de crer muito nisso, que alguém precisava crescer pra ler isso ou entender aquilo. Pra mim, uma boa história sempre teve que agradar gregos e troianos, independente de que posição social ou nível cultural a pessoa esteja, mas lendo esses mangás eu vi que eles são sim, mangás para pessoas com bagagem. Não cultural, mas emocional.

Quando terminei de ler Aventuras de menino, fiquei realmente tocado e pensei nisso. Se eu fosse um garoto, nunca entenderia o que o autor quis passar. Se eu fosse aquele menino que comprou Dragon Ball #1, eu iria achar esse mangá uma merda, não por ele ser ruim, mas porque eu estava vivendo justamente aquilo que o autor queria ressaltar, que é a juventude. Eu não tinha nenhum sentimento nostálgico pelo passado, nada daquilo iria me movimentar emocionalmente e eu nunca teria sacado a proposta do gibi. É exatamente por eu ser um jovem com uns bons aninhos nas minhas costas que eu pude ler e apreciar aquilo que o autor quis passar.

Foi aí que tive a idéia desse post. Sei que não sou o único que lê mangás desde essa época, que ainda se emociona com os draminhas e as batalhas de sempre e que torce pro herói se dar bem no final, mas que também já vê outras nuances e curte outras coisas. Por isso achei genial a  L&PM ter lançado essas histórias. São para essas pessoas. Que amam mangá, mas cresceram e tem que viver com tudo aquilo que isso acarreta, tanto pro bem quanto pro mal.

Eu não gostei tanto de Solanin, talvez pelo tema não ter me envolvido tanto, já que não estou desiludido com minha vida. Já tive minha época de querer salvar o rock nacional, hehe, mas hoje estou contente com o caminho que escolhi e como as coisas estão, então não tive tanta catarse com Solanin, mas ainda assim vejo o que ele propõe e sei que existe um público que vai olhar e ver esse gibi como algo que os inspire para sair do marasmo e ir à luta.

O tempo nunca pára e o garoto que hoje lê Naruto vai ser o fã adulto de mangás de amanhã e isso vai continuar, mas é uma grande alegria ver que ainda podemos ler mangás que podem nos tocar e lembrar de tempos mais simples ou nos renovar os ânimos para mais uma semana de lutas na rotina diária. As pessoas crescem. Muitas deles mudam seus hobbys, mas praqueles que continuam nesse barco, tem sempre algo feito para você e é muito bom ver que gibis como esses são lançados aqui para nós.

Oi, pessoal. Aqui é o Fred de novo, o Diogo […]

Uma introdução ao conceito de "Anime Clubs"

Quando eu fiz meu post sobre a MegaCon 2012, uma das vertentes mais interessantes da repercussão dele foi a curiosidade das pessoas pelo que seriam de fato “anime clubs” ou “clubes de anime” no bom e velho português. Me espantei pois acreditava que a maioria tinha conhecimento do esses clubes eram, mas parece que eu estava enganado. Então, por que não fazer um post sobre o assunto? Com esse post, pretendo mostrar a vocês o conceito do que é um anime club e como eles funcionam. Quem sabe algum de vocês não começa um em sua cidade?

O que são “Anime Clubs”?

Para começo de conversa, Anime Clubs não são nada além de um grupo de pessoas que se reúne para assistir/ler e falar sobre animes, mangás e coisas relacionadas. Mas caracteriza-los só como isso seria menosprezar a real utilidade de um anime club. Conhecendo pessoas com um hobby parecido ao seu, faz você criar novas amizades e através dessas amizades desenvolver o seu hobby. Você irá discutir, trocar teorias, conhecer coisas novas…

Primeiro passo para um “Anime Club”

Como vocês devem suspeitar, é necessário haver um lugar físico para se fazerem os encontros dos clubes. Esses lugares podem ser desde a casa de algum dos membros, até uma sala em alguma biblioteca, centro cultural, no colégio, faculdade… claro que dependendo de cada lugar, seu clube vai ter características próprias.

Se forem feitos em espaços públicos como bibliotecas e centros culturais, vocês terão que estar sujeitos às regras do lugar com questão a horário, conteúdos, barulho, etc. Então fiquem de olho.

Se forem feitos em escolas particulares, é importante que os membros (só alunos da instituição) saibam se podem ficar na escola depois da aula, se poderão ter uma sala para isso, se terão que se reunir na biblioteca da escola, etc. Cada escola tem suas regras e elas devem ser seguidas. Converse com seu coordenador para saber das possibilidades.

Nas faculdades públicas, a coisa é um pouco mais fácil pois, normalmente há muitas salas vazias e abertas ao uso. Claro que ter uma coisa estabilizada perante a coordenação é melhor, mas nem sempre é necessário nesses casos. Um grupo de amigos se juntando numa sala para falar sobre animes e mangás não é problema. Sem dúvida é o melhor lugar para se estabelecer esse tipo de clube.

O que fazer em um “Anime Club”?

Existem inúmeras atividades que um clube de anime pode fazer. Algumas delas dentro da sala do clube outras fora da sala do clube. As atividades na sala deverão ser estabelecidas de acordo com a infra-estrutura do local. Abaixo vou listar algumas atividades possíveis:

Assistir a Animes

Vai depender se no local tem um projetor/tv/computador que possa exibir os animes. Claro que isso pode ser providenciado pelos próprios membros dependendo de até que ponto eles são autorizados a mexer no local. Se você tiver as chaves da sala (algo muito raro de ser permitido no Brasil), você pode deixar aquela sua TV que está parada em casa na sala e ninguém vai se importar com ela.

Discutir sobre Animes e Mangás

Essa é a atividade mais comum em clubes de anime e mangá. Os membros conversam sobre o que leram, viram, ouviram, jogaram, etc, durante a semana e discutem em cima disso. Trocam opiniões, teorias, deduções, etc. Claro que, se o clube tem um interesse em comum, é legal já terem temas pré-definidos para discussão, como alguma série específica ou mangaká, etc.

Produção de um fanzine

Apesar dessa não ser uma prática comum no Brasil, é legal incentivar a produção de algo. Que seja um fanzine, um AMV, o que for… seria legal colocar o grupo numa atividade em conjunto.

Construção de Model-kits

Outra prática também não tão comum no nosso fandom, mas que interessa a um número grande de gente. Muitos nunca tentaram porque não tiveram a oportunidade de experimentar. Normalmente quem faz isso tem vários modelos acumulados em casa. Leve alguns dos mais básicos, leve uns equipamentozinhos também e deixe os outros membros participarem das montagens enquanto você os auxilia e ensina a eles.

Jogos

Sejam eles eletrônicos, de tabuleiro ou baralho. Jogos são ótimos para fazer as pessoas interagirem. Se você pode ter a liberdade de ter um PS3 na sala do seu clube, excelente. Mas se não tiver, que sejam portáteis, video-games antigos, ou até mesmo jogos de tabuleiro, como eu disse. Card games também são válidos (e até bem comuns no fandom).

Visitas a comic-shops

Se sua cidade tiver uma comic-shop, vá a ela em grupo. Comprar gibis com a galera é legal. Você pode ouvir sugestões, críticas, etc. Se não existir uma Comic-Shop na sua cidade, vá a sebos, livrarias, etc. Dá pra encontrar coisas bem legais nesses lugares.

Dentre outros…

A criatividade dos membros é o limite! Façam o que vocês acham que irá diverti-los e o clube de vocês será um lugar bem legal de se frequentar.

Da organização de um “Anime Club”

Você já tem o lugar e algumas ideias de atividades… excelente. Agora resta organizar, de fato, o seu clube. É necessária uma certa hierarquia para que a coisa funcione direito. É necessário eleger um dos membros para ser o presidente do clube. O cara pode ser o presidente por que foi o fundador, ou porque é o mais velho… o motivo não importa. O que importa é elegê-lo. Claro que esse é um cargo que deve ser passado adiante. Alguns podem optar pela passagem direcionada, onde o presidente anterior nomeia o sucessor, ou por mais uma votação. A escolha vai de cada grupo.

A função do presidente é zelar pelo bom funcionamento do clube. Em um clube pequeno, só ele é necessário. Ele irá cuidar da manutenção do local, dos fundos do clube (se houver, explicarei mais a frente) e tomará as grandes decisões que envolvem o clube como um todo. Claro que podem existir mais funções e caberá ao presidente, a medida que o clube for crescendo, a nomear pessoas para cuidar de funções específicas que estejam ficando muito penosas para ele cumprir sozinho.

Você já tem o lugar, atividades, um presidente… faltam os membros para o seu clube. Dificilmente um clube começa com uma só pessoal, provavelmente você tem um grupo de uns 3 ou 4 amigos dispostos a isso. Mas você precisa de mais. Divulgue o seu clube nas redes sociais, em eventos de anime, nos murais da sua escola/faculdade… o importante é fazer as pessoas saberem da existência dele.

Uma boa maneira de atrair interessados aqui no Brasil, seria ter salas temáticas em eventos de anime, onde o clube poderia realizar várias atividades, atrair o público do evento e fazer propaganda do clube.

Como se mantém um “Anime Club”?

Você já tem um lugar, atividades, um presidente, membros… você agora precisa fazer com que as coisas funcionem em seu clube. Existem várias maneiras de se manter um Anime Club funcionando e essa é uma questão um tanto polêmica pois pode envolver dinheiro.

Não é necessário cobrar uma taxa dos membros do seu clube. A melhor coisa seria não ter que gastar nada com o espaço que vocês ocupam. Mas caso vocês gastem, é necessário ter uma fonte de renda para o clube.

No Brasil, o mais viável seria, em eventos de anime, o clube oferecer alguns serviços. Sejam eles comidelas, como num “maid café” ou venda de mangás originais importados pelos membros do clube, ou venda de fanzines (infelizmente isso não dá tanto dinheiro assim), ou torneios de video-game… o que quer que seja. É legal para gerar fundos para o clube que serão usados das mais diversas maneiras.

Cabe ao presidente ou algum encarregado de confiança de cuidar desse dinheiro e o uso dele deve ser em prol do clube. Para melhoria das instalações, compra de DVDs, Blu Rays, mangás, figures, tudo para o clube e não para um membro específico, que fiquem bem claro.

Considerações Finais e “É realmente possível fazer isso no Brasil?”

Como eu bem disse no título desse post, essa é uma introdução ao conceito de “Anime Clubs”. Não daria para em um post falar sobre TUDO que deve ser feito com os clubes até porque cada caso é um caso. O que eu posso dizer é que, se vocês gostaram da ideia, coloque isso em prática na sua cidade/colégio/faculdade/etc. Esses clubes existem mundo a fora. Cansamos de ver obras sobre isso na cultura pop japonesa e, de fato, é uma ótima maneira de se conhecer pessoas novas que compartilham o mesmo hobby que você.

Hoje em dia, com a internet, nos limitamos muito a falar com outros fãs online, mas não há nada como poder conversar e trocar ideias pessoalmente com alguém. A ideia de “Anime Clubs” é viável e deve ser incentivada. Seria muito legal um dia eu ir a um Anime Club e saber que foi graças a esse post que ele existe.

Quando eu fiz meu post sobre a MegaCon 2012, uma […]

Anikenkai foi à MegaCon 2012 – Impressões de um evento fora do Brasil

No fandom brasileiro de animes e mangás existem muitas pessoas que gostam de ir a eventos de anime e muitas pessoas que não suportam a ideia de pisar em um. Eu me encaixo no segundo já tem um bom tempo. Os motivos são vários, mas o principal, na minha humilde opinião, é que os nossos eventos não me oferecem o que eu procuro, que é um ambiente para discutir e conhecer mais sobre animes e mangás. Mas não condeno os fãs que vão a eventos por aqui pois, como eu disse nesse post sobre o assunto, cada um vive seu hobby da maneira que mais gostar.

Mas a grande questão é que outra coisa muito comum em nosso fandom é o fato de falarmos como os eventos lá de fora são superiores, sensacionais, valem a pena de verdade, etc. Eu acompanho alguns eventos dos EUA há algum tempo mas nunca havia ido a nenhum. Bem, não até o último dia 18 de Fevereiro quando pude visitar a MegaCon 2012, o maior evento de cultura pop do sudeste dos EUA. Pude ver com meus próprios olhos como era um evento grande por lá e fui com o intuito de esmiuçar tudo para trazer a vocês como, de fato é um evento por lá. E se vocês estão aqui para uma resposta, sim, eles são MUITO melhores que os nossos… mas também tem seus problemas.

Vamos aos poucos…

Para começar, é válido contar como descobri sobre esse evento.

Na sexta, dia 17, estava indo fazer umas compras e peguei um ônibus lá em Orlando. No caminho para o shopping, reparei que estavam entrando no ônibus umas figuras peculiares que, claramente, meu radar-nerd logo identificou como típicos nerds norte-americanos. Em seguida, comecei a ver pessoas fantasiadas andando pela rua. Logo pensei que devia estar rolando um eventozinho de anime pela região. Foi então que ao se aproximar co Orange County Convention Center (foto) que eu reparei que não era qualquer eventinho.

O lugar era enorme! Um enorme centro de convenções estava sediando um evento de cultura pop. Mudei de emergência minha agenda de viagem e no dia seguinte fui ao local com uma câmera na mão, uma mochila nas costas e muita curiosidade para saber o que eu iria encontrar por lá.

O fato do evento estar sendo realizado num lugar próprio para isso já me agradou muito. Nada de escolas, pátios de universidades, nada disso. Era um centro de convenções, como deveria ser e, principalmente, com um belo ar condicionado em todos os lugares que você ia.

Chegando lá, a primeira surpresa, o preço do evento. Foram salgados 25 dólares (+- 45 reais) para entrar no lugar. Mas apesar da fila honesta para comprar na hora, tudo era MUITO organizado, as compras fluiam rápido, as filas andavam e em cerca de poucos minutos eu já tinha comprado meu ingresso e entrado no evento. Eram cerca de 10h da manhã quando as portas abriram para o galpão principal onde ficavam os estandes. Fui para lá para ver o tamanho da coisa em que eu estava me metendo.

O lugar era enorme. Essa foto não dá nem a ideia de quão grande era o lugar. Maior que qualquer galpão de estandes que eu já vi por aqui no Brasil. Uma coisa muito legal era como eles dividiam esse grande espaço.

Primeiro havia um espaço onde convidados da industria dos quadrinhos, TV, cinema, etc, teriam para distribuir autógrafos e tirar fotos com os visitantes, outra parte com os estandes de vendas de quadrinhos, outro com as vendas de bugigangas variadas (que iam de roupas nerds, até recriação de vestimentas célticas, armas, fantasias, o que quer que fosse era muito provável que você encontraria lá), uma área para a exibição de artigos de Star Wars (muitas replicas sensacionais) e uma área para artistas.

Essa área para artistas merece destaque pois era sensacional. Nós tinhamos desde grandes escolas de arte divulgando seus trabalhos de altíssima qualidade, até belos desenhistas que publicam seu material de forma independente ou online, ou simplesmente artistas de rua que fazem caricaturas, etc. Mas o que me surpreendeu mesmo foi a qualidade do material geral. Dos mais novos aos mais velhos, tanto a qualidade dos desenhos quanto das publicações que eles estavam vendendo, muitas vezes a preços modestos vide a qualidade do material.

Um espaço desse aqui no Brasil era algo que eu queria muito. Incentivar a produção local e dar uma chance a artistas locais mostrarem seu talento.

Outra coisa legal que eu vi por lá foi essa mesa aí. Reparem que tem bastante gente interessada nela. Era interessante pois ela ficava logo na entrada e estava lotada de panfletos das mais variadas coisas. Tinha comic-shop, outros eventos menores, escolas de arte… mas o que mais me chamou a atenção eram os clubes, principalmente os clubes de anime. Qualquer pessoa do evento podia colocar panfletos ali então alguns clubes de anime pequenos iam lá e colocavam o anúncio de sua existência nessa mesa e as pessoas davam atenção. Uma ideia sensacional. Um espaço aberto onde os visitantes poderiam anunciar o que quisessem através de panfletos. Eu anunciaria o Anikenkai por exemplo.

Obviamente que tínhamos cosplayers. E dos mais variados tipos e qualidades. Existia um galpão bem vazio que era usado basicamente para os cosplayers poderem ser fotografados tranquilamente, sem terem que se espremer no meio da multidão para fotos. Tinha de tudo… até um GUNDAM extremamente bem feito andando por entre os visitantes. E se estar em um evento internacional já não fosse uma realização de um sonho antigo meu, vários outros pequenos (e outros nem tanto) sonhos iriam se realizar naquele dia. O primeiro deles foi finalmente ter encontrado uma cosplayer de Slave Leia (foto)! E acreditem, ela não era a única no recinto! O nerd dentro de mim sorriu pelo resto da semana por essa.

Acontece que eu não estava ali só para ver estandes e tirar fotos de cosplayers. Eu queria saber das palestras, dos painéis, perguntas-e-respostas, etc. Mas não conseguia encontrar informações quanto a isso. Foi ai que perguntei a um outro visitante e ele me perguntou porque eu não tinha pegado o guia do evento. E eu perguntei onde poderia encontrar um para mim. Para minha surpresa, era uma enorme mesa na entrada com uma sacola que dentro você recebia um poster e um guia bem grande (imagem ao lado, clique para ampliar), de 30 páginas mais ou menos, contendo tudo que eu precisava saber sobre a MegaCon 2012. Achei sensacional.

Fiquei perguntando por que isso também não é feito aqui? Muitas pessoas não tem a menor noção do que tem em muitos eventos por aqui além da programação principal. Muitas salas temáticas, etc, ficam desconhecidas por falta de informação ou falta de direções. Um guia do evento ajudaria muito numa hora dessas. Um mapa com as salas, um guia com as programações e por aí vai. Claro que isso iria exigir um profissionalismo muito maior dos organizadores do evento e das salas. Será que eles estariam dispostos? Mas continuando…

Com a programação das palestras em mãos, a primeira que fui foi a da DC (a editora responsável por Batman, Superman, etc, para quem não conhece) sobre a THE NEW 52, o reboot total de suas revistas. Como eu estou curioso sobre todo esse reboot, resolvi ouvir da boca dos responsáveis pro aquilo, o que eles estavam achando de toda aquela coisa.

Foi uma excelente escolha de palestra. O editor-chefe da DC, Dan DiDio (o da foto comigo, odiado por muitos) estava presente e respondeu francamente a todas as perguntas dos leitores e ouviu todas as críticas muito bem. Depois do painel, eles foram muito solícitos com o público. Eu ainda pude bater um papo mais informal com ele depois do fim e tirar essa foto que vocês veem aí em cima.

Mas o mais incrível de tudo foi poder estar cara a cara discutindo as coisas que você está lendo com os caras que as fazem. Isso que é incrível. Tira a passividade do ato de simplesmente ler. Você lê e discute diretamente com os criadores aquilo. É algo que, infelizmente, é difícil de se aplicar por aqui, mas que é muito gratificante. Cria uma conexão do leitor com a editora muito maior do que um mero consumidor. Achei a experiência sensacional.

Decidi então deixar o mundo dos quadrinhos americanos de lado um pouco e ir para o painel da Funimation. Na descrição do painel estava escrito “Industry Panel”, logo acreditei que seria uma discussão sobre a industria americana e me interessei muito. Porém, me decepcionei, pois, apesar de ter sido legal, foi basicamente uma apresentação de lançamentos futuros dos DVDs/BDs da empresa. Só isso.

Foi interessante poder ter acesso a isso e acho que para o público americano (que ficou bem animado com alguns lançamentos) é algo bem legal pois o salão estava cheio e eles vibravam com muitos anúncios e, principalmente para com anúncios de dubladores. Achei curioso.

Mas uma coisa que me chamou a atenção nesse painel foi o comentário do representante da Funimation para com o lançamento de Kuragehime (ou como eles chamam por lá, Princess Jellyfish). Ele disse que aquele era um lançamento incomum pois não continha uma quantidade significativa de peitos e bundas balançando na tela. Fiquei pensando sobre o assunto e de fato. O mercado americano tende muito para essa área, principalmente os lançamentos da Funimation. E eles não tem medo de assumir isso.

Em seguida, eu fui a uma palestra sobre o trabalho de Go Nagai. Era palestra de fãs para fãs. No caso, membros de um clube de anime para o público do evento. Algo que eu defendo há muito tempo para os eventos do Brasil. Deixem os fãs falarem. Se nós podemos fazer posts em dezenas de blogs, podemos muito bem falar sobre o assunto também. Eu adoraria apresentar Genshiken para uma platéia, por exemplo.

Mas, outra decepção, apesar de ter tido bastante conteúdo, foi basicamente uma apresentação das obras de Go Nagai sem muito aprofundamento sobre o assunto. O que é válido, mas que para alguém que já conhecia o assunto (eu) não acrescentou muita coisa. A grande surpresa viria a seguir…

Eu tinha um horário vago e estava cansado de andar, então resolvi entrar em um painel chamado MANIME!. Eu não tinha a menor ideia do que significava até os responsáveis chegarem. Infelizmente não tirei nenhuma foto do painel, mas vamos ver se vocês conseguem entender.

MANIME é uma sigla para “The Manly Anime Panel”, que traduzindo significa “O Painel de Animes de Macho”. É uma mistura de The Man Show com Epic Meal Time, mas ao invés de cerveja e comida eles falam de animes e mangás. O espírito do lugar é sensacional e o público, que já conhece o MANIME entra na onda e se diverte junto. É engraçado e com conteúdo. Naquele dia eles estavam falando de Hokuto no Ken e foi uma excelente apresentação para o pouco tempo que tinham. Os apresentadores são bons, sabem levar o show e entendem do que estão falando. Foi a maior surpresa do evento.

E nenhum deles é profissional em nada. São fãs querendo fazer um bom painel para fãs. A declaração “E nós finalmente conseguimos nos livrar dos cosplayers e daqueles que vem vestidos com roupa de bichinho esse ano” descreve bem o clima do painel. “Eles até vinham no começo, mas pararam de vir naturalmente… não sei por quê?”.

Eu ainda tinha um outro painel de animes para ver. Sobre a adoção da palavra “otaku” no ocidente. Mas como eu duvidei BASTANTE da autoridade dos palestrantes no assunto logo no começo do painel, preferi sair e entrar na fila para o perguntas e respostas com ninguém menos que a LENDA VIVA, STAN LEE! O criador de Homem-Aranha, Hulk, Vingadores, dentre outros, estava no evento e iria das uma palestra para os fãs.

Foi a melhor coisa que fiz pois o lugar lotou muito. Era o maior salão do evento e TODAS as cadeiras ficaram preenchidas e um monte de gente ainda ficou em pé. Fácil umas 3.000 pessoas sentadas naquela sala. Ou mais.

A questão é que, observado por um excelente cosplay de Tony Stark (foto acima), lá vinha Stan Lee…

Mais um sonho realizado. Eu consegui ficar BEM perto de Stan Lee, ouvir o cara falar e poder ter uma experiência como essa. Um cara que eu admiro desde criança estava lá na minha frente. E o cara é sensacional, para falar pouco.

Suas respostas são sagazes, diretas e sem papas na língua. O fã perguntava “Sr. Lee, em que a conjuntura da época influenciou na criação do Homem-Aranha ou de outros heróis?” e ele respondia “Meu filho, eu era um empregado como outro qualquer. Eu pensava num herói muito legal, um vilão melhor ainda, um problema que os leitores achariam impossível de resolver e eu resolvia. Simples assim. Tudo mais foram coincidências”. Gênio.

E ao falar do filme d’Os Vingadores, o público foi à loucura. O velho Stan só jogou ainda mais hype para a galera. Eu não perdi a oportunidade e tive que falar pro cara que tava do meu lado que eu iria assistir ao filme uma semana antes dele (estreia no Brasil antes dos EUA).

Foi um dia sensacional que nunca esquecerei. E olha que ainda fui sozinho. Ir com um grupo deve ser ainda mais legal.

A moral da história é que, sim, os eventos de lá são muito melhores do que os daqui, mas se teve uma coisa que eu percebi foi que isso se dá, basicamente, por relaxamento dos organizadores. Tudo que eu vi lá poderia ser feito aqui. Não precisa ser numa escala tão grande, mas ainda assim dava pra fazer. Nós temos brasileiros trabalhando com quadrinhos, nós temos uma enorme quantidade de pessoas que pesquisa e escreve sobre animes e mangás por hobby que topariam falar sobre o assunto em eventos… basta querer.

Hoje em dia, se eu for a um Anime Friends sozinho, como fui para a MegaCon, eu não teria NADA para fazer. Eu entraria e sairia sem fazer praticamente nada. Teria produtos super-valorizados e com pouca variedade. Num ambiente impróprio para eventos e mal organizado. O Brasil não tem centros de convenções? Até onde eu sei tem, e muitos. Como eu disse, basta querer.

Espero que vocês tenham gostado. Não deixem de comentar e fazer perguntas! E, se um dia, tiverem a oportunidade de ir a um evento fora do país, o façam. É uma experiência muito legal de se ter como fã.

No fandom brasileiro de animes e mangás existem muitas pessoas […]