O tempo voa para todos, inclusive os fãs de mangás

Oi, pessoal. Aqui é o Fred de novo, o Diogo anda cada vez mais atarefado com o lance de fazer duas faculdades e eu pretendo dar uma mão pra ele de vez em quando pra evitar que o Anikenkai só tenha uns 10 posts por dia. Não se preocupem que estou degustando vários hentais em preparação pro grande post que vai abalar as estruturas do Anikenkai e macular toda a sociedade blogueira. Só não prometo fazer um post de yaoi, porque o Diogo já tem um encaminhado faz um tempo. Bem, vamos que vamos! Tive a idéia desse post faz um tempo e ainda estou empolgado com o assunto.

Bom, eu ainda me lembro da primeira vez que comprei um mangá na banca. Era Dragon Ball#1(na verdade o primeirão foi Ranma 1/2 da Animangá, mas quero dizer o primeiro mangá com uma edição séria e periodicidade que não fosse a lá Bangu) e a minha felicidade ao pegar o gibi e comprar era algo indescritível. Eu não esperava nunca que aparecesse algo assim, considerando que até aquele momento, a Conrad era só a editora de Pokemon Club e Nintendo World e ter um gibi de Dragon Ball nas bancas era nada mais que um sonho distante e coisa que só um viciado em crack iria esperar.

Isso foi apenas o começo. Depois disso veio a JBC com Samurai X e Sakura, Panini entrando no mercado com Éden e Gundam Wing, a ascenção e queda da Conrad, muitos mangás inusitados como Video Girl Ai, Ooru, Model e sabe-se lá mais o quê(a maioria deles capitaneados pela Conrad), Newpop entrando na equação, editoras estranhas como PNC books, Zarabatana… Hoje em dia temos um mercado mais ou menos consolidado. Ainda que hajam muitos poréms com as mais variadas coisas, hoje entramos nas bancas e encontramos os mais variados tipos de mangás. O que antigamente eram os sucessos da tv hoje são os mangás que fizeram sucesso na internet ou apostas, que se tornaram mais comuns com o passar do tempo(até pela falta de séries com grande apelo). As editoras estão se focando no seu nicho e isso tem funcionado.

Esse é o cenário atual do mercado, mas recentemente houve uma mudança, que foi a entrada da L&PM nesse status quo. A  L&PM é uma editora muito famosa e solidificada, cujo foco sempre foi em livros, com algumas exceções. Hoje em dia é muito difícil não entrar numa banca ou livraria sem uma seção para os pocket books lançados por ela, que passeiam pelos mais variados estilos, de Agatha Cristie até Andy Warhol… E agora, dois mangás: Solanin e Aventuras de Menino, lançados pela editora em seu selo  L&PM Pocket Mangás. Solanin possui duas edições e Aventuras de menino é uma edição única. Ambas as edições tem um tratamento muito bom, com bom papel e tradução e um acabamento invejável para as outras editoras, que lembram os da Conrad no começo, pelo preço normal de um pocket book, que é 15 reais. Em  relação ao quanto essas histórias são boas, falarei mais tarde.

Solanin retrata um grupo de jovens que acabou de sair da faculdade(exceto por um deles) e que está desgostoso com o ritmo atual da vida e o marasmo do dia-a-dia, que só parece oferecer alguma felicidade quando eles ensaiam em sua banda e o que eles podem fazer em relação a isso, em relação a vida deles e o que o futuro deles pode vir a ser.

Já Aventuras de menino são vários contos sobre lembranças nostálgicas de garotos que cresceram e que por muitas vezes se esqueceram dos seus sonhos, ou que desviaram de um caminho que por muitas vezes pareceu ser o único enquanto eram pequenos. Nenhuma das histórias tem relação com outra, exceto pelo tema central, que são as memórias de quando eram apenas meninos.

São duas obras que possuem um foco em comum: O que é ser adulto e seus contratempos. Enquanto Solanin mostra algo cada vez mais constante na sociedade, que são jovens que, apesar de serem formados e seguirem seu rumo, estão insatisfeitos com as escolhas que o levaram até aquele momento de desilusão total, Aventuras de menino retrata adultos que vêem em sua infância um tempo mais humilde, mais feliz e sem tantos problemas, onde a simplicidade reinava e o céu era o limite dos sonhos. Isso foi algo que me fez pensar(o que é raro) sobre mim mesmo, olhar para a minha própria pessoa e pensar.

Eu fiquei muito tocado lendo Aventuras de menino, não tanto com Solanin, que já não achei tão bom, mas Aventuras sem dúvida me deixou louco. Li duas vezes e ainda me sinto emocionado com tudo que as histórias passam. Me fez realmente pensar nos meus sonhos quando garoto, lembrar daquela época onde as felicidades duravam muito e as tristezas se dissipavam em minutos, onde as responsabilidades eram poucas e a maior preocupação era não perder o episódio de Cavaleiros do Zodíaco… Foi aí que eu percebi que esse mangá não era pra qualquer um, assim como Solanin, por pior que fosse, também não era.

Não que esteja com nenhum ego inflado de dizer que são mangás para “iniciados” ou pessoas com “bagagem” e frases feitas similares. Eu nunca fui de crer muito nisso, que alguém precisava crescer pra ler isso ou entender aquilo. Pra mim, uma boa história sempre teve que agradar gregos e troianos, independente de que posição social ou nível cultural a pessoa esteja, mas lendo esses mangás eu vi que eles são sim, mangás para pessoas com bagagem. Não cultural, mas emocional.

Quando terminei de ler Aventuras de menino, fiquei realmente tocado e pensei nisso. Se eu fosse um garoto, nunca entenderia o que o autor quis passar. Se eu fosse aquele menino que comprou Dragon Ball #1, eu iria achar esse mangá uma merda, não por ele ser ruim, mas porque eu estava vivendo justamente aquilo que o autor queria ressaltar, que é a juventude. Eu não tinha nenhum sentimento nostálgico pelo passado, nada daquilo iria me movimentar emocionalmente e eu nunca teria sacado a proposta do gibi. É exatamente por eu ser um jovem com uns bons aninhos nas minhas costas que eu pude ler e apreciar aquilo que o autor quis passar.

Foi aí que tive a idéia desse post. Sei que não sou o único que lê mangás desde essa época, que ainda se emociona com os draminhas e as batalhas de sempre e que torce pro herói se dar bem no final, mas que também já vê outras nuances e curte outras coisas. Por isso achei genial a  L&PM ter lançado essas histórias. São para essas pessoas. Que amam mangá, mas cresceram e tem que viver com tudo aquilo que isso acarreta, tanto pro bem quanto pro mal.

Eu não gostei tanto de Solanin, talvez pelo tema não ter me envolvido tanto, já que não estou desiludido com minha vida. Já tive minha época de querer salvar o rock nacional, hehe, mas hoje estou contente com o caminho que escolhi e como as coisas estão, então não tive tanta catarse com Solanin, mas ainda assim vejo o que ele propõe e sei que existe um público que vai olhar e ver esse gibi como algo que os inspire para sair do marasmo e ir à luta.

O tempo nunca pára e o garoto que hoje lê Naruto vai ser o fã adulto de mangás de amanhã e isso vai continuar, mas é uma grande alegria ver que ainda podemos ler mangás que podem nos tocar e lembrar de tempos mais simples ou nos renovar os ânimos para mais uma semana de lutas na rotina diária. As pessoas crescem. Muitas deles mudam seus hobbys, mas praqueles que continuam nesse barco, tem sempre algo feito para você e é muito bom ver que gibis como esses são lançados aqui para nós.

Sobre Fred

I'm a very twisted person. Gosto de animes e mangás por boa parte da minha vida e comentar sobre isso é sempre um prazer... Desde que eu tenha algo útil pra falar. Afinal, Dirac já dizia: "Eu não começo uma frase sem saber como ela vai terminar". Sou também um quimicuzinho que sabe falar bobagem o suficiente pra parecer inteligente.

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6 thoughts on “O tempo voa para todos, inclusive os fãs de mangás”

  1. Ótimo texto, devo concordar contigo que existem obras direcionadas especialmente pra determinado tipo de público, e somente aquele público pode vivenciar de forma real o que é passado nas páginas do mangá.

    A sensação de ler algo e ver que “aquilo parece ter sido escrito pra mim” é indescritível.

  2. Rapaz, achei o melhor texto do anikenkai! Da vida! ._.V Não, não me mandaram vir aqui comentar .-.
    Esse texto tem kokoro ~.o

  3. Achei interessante,acho que vo ler Aventuras de menino,para ter essa emoção,tbm,claro que eu nao sou tão velho assim tenho 16 anos,mais mesmo assim eu gostaria de reviver minha infância onde eu so queria saber de brincar.

  4. Comigo aconteceu o contrário, adorei Solanin a ponto de ficar com lágrimas nos olhos. Não estou desiludido com a minha vida, mas com a sociedade em geral, assim como os personagens.

    Aventuras de Menino foi só legalzinho. =P

  5. Entendo, Hammer. É exatamente por isso que fiz questão de ressaltar que ainda que Solanin não tivesse me tocado, eu consigo ver como ele consegue deixar alguém emotivo lendo.

    Eu, particularmente, até consegui me entreter com o gibi, mas não me conectei com ninguém lá. Em Aventuras eu realmente senti muita catarse, especialmente com a última história, porque quando eu era criança eu também tinha um sonho de ser desenhista, então foi um baque.

    Mas acho que isso que é o mais legal. São dois mangás que abordam bem o tema que querem abordar e acho muito bom isso. Espero que a L&PM lance mais séries assim. Não que eu esteja de saco cheio do que as editoras estão lançando, pelo contrário, mas é sempre legal ver uns títulos diferenciados assim.

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