Pensamentos sobre a distribuição digital de mangás

O combo Copa do Mundo + Feriados forçados tem sido um belo motivo para minha produtividade estar bem reduzida. Porém, hoje queria postar e, revisitando meu caderninho de anotações para futuros posts (sim, eu tenho um desses), eu me lembrei que há muito estava querendo falar sobre distribuição digitais de mangás, então por que não fazê-lo agora? A hora é perfeita para isso.

A editora americana Viz anunciou há algum tempo que estaria publicando em papel os volumes encadernados de World Trigger, mangá que atualmente é publicado semanalmente em versão digital pela própria editora na Weekly Shonen Jump.  Essa já é a segunda série que começou na versão digital e acabou sendo publicada em papel (a primeira foi Nisekoi) por lá. Além disso, a editora também decidiu disponibilizar mais de 500 edições de mangás da Shonen Jump no Comixology, uma das maiores plataformas de leitura digital de quadrinhos. Outra plataforma digital também vem crescendo bastante, o Crunchyroll Mangás que não para de adicionar títulos novos ao seu acervo. Em acréscimo a tudo isso, até aqui no Brasil tivemos uma movimentação na área com a estreia do novo site de mangás da Editora Jambô, onde LEDD passará a ser publicado.

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Toda essa movimentação em torno da distribuição digital não é de todo estranhamento para nós, leitores de mangás. Diferente de outras mídias, como quadrinhos americanos, video games, filmes, etc, os mangás se popularizaram no ocidente, e especialmente no Brasil, graças à internet. Foi graças ao trabalho de tradutores independentes que pudemos ler inúmeras obras vindas do Japão em uma época que as editoras não se importavam muito com isso.

Hoje em dia o cenário é diferente. Estamos em uma época onde o acesso oficial a mangás é fácil. Temos dezenas de títulos em publicação e mais ainda por vir. Porém, apesar disso,a inda existe muita gente que usa a internet pelos mais diversos motivos. Seja dinheiro, rapidez de lançamento, facilidade de acesso, etc. E em todos esses aspectos é praticamente impossível as editoras competirem de maneira justa. Não com o método tradicional de publicação em papel.

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É aí que entra a distribuição digital. Distribuir mangás pela internet é uma pratica que é sim mais barata, mais rápida e com um acesso mais fácil por parte do consumidor e, embora as editoras não possam competir no fator preço (afinal ninguém, teoricamente, paga para os “alternativos”), elas podem competir com a rapidez e com a facilidade de acesso e é isso que estão fazendo, com bons resultados, creio.

Eu realmente acredito que esse será o futuro do nosso mercado. As editoras cobrariam um valor mensal para o leitor poder ter acesso aos capítulos de diversas séries publicados semanalmente, mensalmente, bimestralmente, etc, em formato digital através dos mais diversos dispositivos. Algumas dessas séries, as que fizessem mais sucesso, por exemplo, ganhariam versões encadernadas em papel e digital.

Quem gosta de acompanhar capítulo a capítulo assinaria o serviço digital e poderia depois comprar em papel as séries que mais gostam e que querem ter na coleção. As pessoas que preferem ler em volumes  e não querem gastar tanto para acompanhar pelas edições em papel ou que só gostam de uma ou outra série mas e não acham que compensa pagar pra ter acesso a séries que não vai ler pode ficar com a edição digital, que teria um preço mais em conta e sairia até antes das edições em papel.

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Além disso, as editoras poderiam ainda aproveitar para trazer séries mais “arriscadas”, como títulos mais alternativos ou que começaram a ser publicados há muito pouco tempo. Séries que nunca veriam a luz do dia por aqui através do método tradicional.

Algumas dessas ideias já acontecem. Só ver os exemplos que eu dei no início do post. E vale dizer que não só no ocidente, como no próprio Japão também. Um exemplo é One-Punch Man, mangá que começou a ser publicado em formato digital por lá e devido ao seu sucesso ganhou versão em papel. Sendo assim, é muita viagem pensar que esse pode ser o futuro do nosso mercado aqui no Brasil? Eu acho que não e, como leitor, eu ficaria muito feliz se isso acontecesse.

E vocês? O que acham da distribuição digital de mangás? Acreditam que esse possa ser o futuro do nosso mercado? Os comentários estão abertos! Bora discutir por lá.

Sobre Diogo Prado

Tradutor, professor, host do Anikencast, apaixonado por quadrinhos, apreciador de jogos eletrônicos e precoce entendedor de animação japonesa.

Você pode me achar no twitter em @didcart.

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10 thoughts on “Pensamentos sobre a distribuição digital de mangás”

  1. Não acredito que seja o futuro do mercado, mas eu gostaria muito que fosse. No mundo ideal teríamos aqui no Brasil um mercado digital com uma grande variedade de títulos, como uma(com várias, na verdade) Shonen jump digital brasileira.

    Porém chegamos no seguinte problema: há público consumidor? As pessoas pagariam para ler algo que “podem ter de graça”?

    Eu sei que existem muitas pessoas que pagariam, sim. O problema é que o número de pessoas que não pagariam é muito superior (acho isso baseado nos diversos comentários da internet).

    O resultado , obviamente, é que o mercado tenderia a ser restrito, com um número bem limitado de obras. O Netflix serve como parâmetro: por mais que o serviço esteja se expandindo no Brasil, o acervo nacional não chega aos pés do acervo americano. O Crunchyroll idem.

    Espero estar bastante errado, mas acho que mangás digitais, no Brasil, seria uma iniciativa que não teria uma vida muito longa. Bem, todo mundo dizia isso do Crunchyroll e do Netflix e eles se mantêm firmes e fortes, né? Então resta-nos esperar e ver como as coisas se desenvolvem no país….

    1. eu compraria (se meus pais deixassem, afinal, eles não gostam que eu leia mangás), principalmente pq frequentemente fico irritado com a baixa qualidade das traduções de scans, em especial da mangapanda. Não são raras as vezes em que eu me deparo com frases que não fazem o menor sentido ou que são extremamente confusas por puro erro de tradução. Se a tradução for boa eu assinaria o serviço sem pensar duas vezes, e tenho certeza que não sou o único

    2. Pra sua resposta é só vc pensar no mercado internacional de jogos digitais. Vai na steam e veja a quantidade de promoções que ela oferece, e mesmo assim ainda poderia ter todos de graça.

  2. Qualidade. Esse é o meu ponto. O quão bom seria esse conteúdo? Isso é um fator importante.

    Bem, eu sou o tipo de pessoa que ama pegar no papel, hehe. Acho a diferença absurda, mas mesmo assim, consumiria o digital. Consumiria se ele tivesse um bom diferencial de uma scan independente. Consumiria se as obras realmente tiverem chance de, caso o sucesso, irem para o papel. E por alguns outros motivos, que normalmente não referem-se ao prazer de ler em si.

    Há pontos prós, contras, e eu fico apenas no aguardo do que vai virar. Eu não sei porque, não confio que coisas digitais peguem no Brasil, pode conseguir sobreviver, mas pegar pra valer eu duvido. Torço para estar errado.

    1. Qualidade é oq eu mais me preocupo também. Mas acredito q o futuro está na distribuição digital. Prefiro ler um volume encadernado no papel, mas poderia ler, sem problemas, outros mangás não são fossem os meus preferidos na versão digital. De qualquer forma, além do preço mais em conta, essa seria uma boa oportunidade para que novos autores pudessem expor suas obras, ter notoriedade e poder publicar suas histórias em território nacional. Eu particularmente consumiria e consumo esse produto.

  3. Particularmente, detesto ler versões digitais. Me dói as vistas e eu sempre me distraio com outras coisas, seja no tablet ou no computador. Eu sou o tipo de pessoa que gosta de papel, gosto de ter na prateleira. Eu não sei se gastaria dinheiro com versões digitais, a não ser que eu estivesse muito desesperada para ter acesso ao titulo.

    1. 2 kkk. Nada mais gostoso que ter ele em maos, além de ter uma sensação diferente, voce tem ele na prateleira, onde pode ficar observando aquela coleção linda!!

  4. Eu acho que o futuro está aí sim, principalmente para autores independentes, é necessário primeiro criar uma estratégia eficaz para se atingir o público alvo ao máximo, agora no que diz respeito a preço, pagar pela versão digital eu tenho na minha cabeça os prós e contras. Há uma forma de disponibilizar o conteúdo gratuitamente, e ainda sim capitalizar com todo esse material gratuito.

  5. Acho que a palavra “futuro” é muito forte. Acredito que futuramente essa possar ser uma das “vias” de publicação. Esse questionamento bate de frente com uma coisa já falada muitas vezes, “Os ebooks substituirão os livros ? “. Creio eu que os 2 co-existirão assim como a TV e Internet.

  6. Por mais que eu prefire 1000x o papel, iria comprar material digital tranquilamente, desde que a qualidade fosse superior a maior da scans e um preço pelo menos metade do físico.

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