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A Monotonicidade do Fandom Contemporâneo

De repente esse lugar parece tão animado…
Será porquê a Kasukabe está aqui?
… eu imagino se é assim que o Genshiken era…
até o ano passado…

Essa passagem é do último capítulo publicado de Genshiken, 78. Nela Hato se surpreende com a vivacidade do grupo ao ver os antigos membros reunidos. A surpresa vem da comparação com o atual grupo de membros que, de certa forma, se parecem demais, o que deixa as coisas um tanto monótona.

Eu terminei o capítulo e essa cena ficou na minha cabeça. Claro que pela nostalgia de ver o antigo grupo (quase) todo reunido, mas também por quanto essa situação se parece com o mundo real. Há tempos eu venho percebendo uma certa monotonicidade pairando pelo nosso fandom.

Não faz muito tempo atrás, os grupos de fãs eram formados pelo interesse comum em animes e mangás, não importando quais esses eram. Já bastava o cara gostar de animes e mangás pra acontecer uma conexão. Isso gerava grupos bem heterogênicos que trocavam ideias e discutiam sobre vários e vários assuntos. Tal qual era o primeiro grupo do Genshiken.

Lá tínhamos um otaku viciado em mechas, outro em cosplay, outro em jogos de luta e por aí vai. O grupo atual, no entanto, está junto pelo único e simples motivo de serem todas(os) fujoshis (vamos excluir o kuchiki da brincadeira). A principio essa homogeneidade de gostos seria algo positivo. Os membros poderiam ficar bem a vontade e discutir sobre seu hobby sem restrições ou sem outros assuntos “atrapalhando”.

Porém, o que acaba acontecendo e é percebido por Hato na passagem acima retratada é que essa homogeneidade acaba gerando uma monotonicidade nas interações do grupo. As pessoas pensam igual demais para terem uma discussão mais profunda sobre o assunto ou para saírem da zona de conforto e abrirem seus horizontes.

Voltando à realidade, podemos facilmente perceber isso em alguns círculos sociais no fandom. Inúmeras pessoas se fecham em seus próprios gostos e não aceitam opiniões contrárias ou diferentes das suas. Se juntam tendo em vista esse gosto comum e não aceitam outros.

Quando passamos a interagir não por sermos fãs de animes e mangás, mas por acharmos, por exemplo, que Naruto é o maior mangá já feito na história do mundo? E pior ainda, quando paramos de aceitar interações com pessoas que não acham isso? Uma coisa é você se identificar com alguém por causa de um gosto em comum, a outra é você excluir outra pessoa que não partilhe desse gosto em específico (mas compartilha de um gosto ainda maior que são os animes e mangás).

Isso, infelizmente, é uma das maiores falhas do nosso fandom. Nós substituímos a discussão pelo comodismo. Ficamos confortáveis com nosso status quo comum e fechamos nossa cabeça para coisas novas, para novas opiniões, etc. Dessa forma acabamos por anular uma característica que exaltamos tanto quando fazemos propaganda de nosso hobby, a pluralidade de assuntos abordados pelos animes e mangás.

Gostaria de saber a opinião de vocês sobre isso pois eu sou adepto de uma boa discussão e de conhecer e aprender coisas novas. Então não se acanhe para comentar.

De repente esse lugar parece tão animado… Será porquê a […]

Genshiken Omnibus – Infelizmente eu esperava mais…

Depois de muita enrolação e diversos pedidos de leitores, trago para vocês a minha impressão de Genshiken Omnibus, a nova edição de Genshiken que está saindo nos EUA pela editora Kodansha (sim, ela atua nos EUA também agora).

Depois de ver o bom trabalho que foi feito tanto com Sakura Card Captors, Sailor Moon e outras reedições que sairam recentemente eu fiquei realmente feliz por anunciarem uma de Genshiken. Isso era sinal de duas coisas: 1 – A Kodansha não abandonou Genshiken no ocidente e que a nova fase do mangá chegará ao mercado norte-americano em breve; 2 – Uma nova geração de leitores poderá ter contato com Genshiken, um mangá que começou a ser publicado há 7 anos atrás por lá.

Como fã eu fiquei muito feliz. Eu gosto da antiga edição de Genshiken, pela Del Rey, tenho ela aqui e graças a ela que eu pude conhecer mais da série, mas ela tem suas falhas. Dentre elas temos a falta de (lindas) páginas coloridas e erros de tradução que algumas vezes comprometem bastante o sentido original.

O que eu esperava, então? Que pelo menos eles refizessem a tradução do original, mas isso não ocorreu. Eles simplesmente reimprimiram a edição antiga com mais páginas por volume (3 vol. antigos a cada vol. novo).

A falta de páginas coloridas eu já esperava, dificilmente eles colocariam então nem criei expectativas. O aspecto técnico geral está muito bom. O papel tem excelente gramatura e a impressão é impecável, mas não difere muito do que já era anteriormente. Claro que eles não estão vendendo essa edição como um “ed. especial” ou “ed. de colecionador”, é só um “omnibus”, mas ainda assim, como fã, eu queria mais do que isso.

Algumas imagens comparativas entre as duas edições:

Se você já tem a edição antiga, pode permanecer com ela. Não irá ganhar nada comprando a nova edição. Porém, se você não tem, mesmo com o problema da tradução, ainda é uma ótima maneira de se conhecer Genshiken, então comprem! Claro que se puderem ir direto na fonte, melhor ainda (páginas coloridas lindíssimas os aguardam).

Então esse é meu veredito final. “Genshiken Omnibus” nada mais é do que uma reimpressão da edição antiga com mais páginas por volume. Não há revisão da tradução nem páginas coloridas. É indicado para quem nunca leu a série ou para que quer ter ela em papel e não quer/pode comprar as edições japonesas. Vale lembrar que as edições antigas estão fora de estoque então se está querendo preparar sua coleção para a chegada da nova fase, terá que comprar os Omnibus.

PARA COMPRAR O VOL. 1 COM FRETE GRÁTIS PARA O BRASIL — AQUI.

Depois de muita enrolação e diversos pedidos de leitores, trago […]

Relembrando animes de um passado recente… PARTE 2 de 2

E cá estamos com a segunda parte do especial “relembrando animes de um passado recente”. O motivo da demora entre um post e outro é que essa segunda parte me deu um trabalhinho um pouco maior para ser feita. Afinal, ela compreende duas etapas da minha vida animística.

De 2000 a 2004, como eu apresentei no post anterior, foi a época da introdução de fato aos animes. Eu não estava mais preso ao que passava na TV ou a ter que comprar VHS de fansubs. A internet banda larga estava nascendo no Brasil e a cada dia meu acesso a animes aumentava. Essa fase eu denomino de “fase de introdução”.

De 2005 a 2008 eu demarco a época da “fase de consolidação” e de 2009 até 2011 “fase de produção”. Vamos tentar entender melhor essas fases agora…

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2005 – 2008 -> A fase de consolidação

Nessa época, o grande marco, ainda em 2005 foi eu ter conhecido Genshiken. Tive meu primeiro contato com a série que me abriria os olhos para um fandom ainda desconhecido por mim e que me interessaria tanto. Uma série que me apresentaria personagens dos quais até hoje tenho um enorme carinho por. A série favorita de toda a minha vida animística. Melhor ainda foi poder acompanhar a segunda temporada do anime em tempo real lá pra 2007-2008. Foi a primeira série que acompanhei semanalmente. Não perdia um episódio sequer. Era um ritual quase religioso assistir ao episódio da semana. E foi graças a isso que se deu origem a “fase de produção’, mas não vamos nos apressar.

Nessa fase eu vi outros animes que me marcaram bastante. Eu já não assistia mais tudo que aparecia pela minha frente pois era coisa demais. A biblioteca de opções havia crescido exponencialmente desde a “fase de introdução”. Eu tinha que ser mais seletivo.

Um dos grandes marcos foi, sem dúvida, o anime de Death Note. Foi um dos primeiros que assisti direto de grupos americanos. Só que não vi a série até o final. Eu soube que a JBC iria trazer o mangá para o Brasil e decidi parar de ver o anime para poder acompanhar o mangá mensalmente. Pessoalmente eu achei que valeu muito a pena ter tomado essa decisão. Acho que se não fosse por ela eu não teria ficado tão fã da dupla Ohba/Obata e não teria pegado Bakuman pra ler desde o começo. O único porém foi algo que eu lembro até hoje…

Estava com amigos num ônibus e eles começam a falar de Death Note. Desvio a atenção da conversa até que eles me soltam O spoiler da série. É… tenho certeza que vocês sabem que spoiler é esse. Aquele que divide a história em duas partes: pré-eLe e pós-eLe… é… eu soube disso antes de ler de fato. Triste.

Outro anime que vi bastante nessa época foi Eyeshield 21. Eu já gostava muito de futebol americano e quando vi que tinha um anime sobre isso fui logo conferir. Infelizmente nunca terminei de assistir ao anime nem de ver ao mangá, mas o guardo no fundo do coração. Junto dele tive meu primeiro contato com Hajime no Ippo, anime do início da década mas que eu só vim a conhecer nessa época.

Lembro de ter assistido a Eureka Seven também nessa época. Uma pegada diferente para as histórias de robô. Tive meu primeiro contato com os animes da série .hack numa época da minha vida em que eu estava bem interessado nos MMORPG. Lembro de ter acompanhado também, não semana a semana, mas ainda sim acompanhado Gurren Laggan pois no fórum em que eu participava o anime virou uma modinha bem ampla. O que dizer das produções da KyoAni, que consolidaram meu gosto pelo estúdio: Suzumiya Haruhi no Yuutsu e Lucky Star. E claro, já lá pro final da “fase de consolidação”, teve Michiko to Hatchin, anime inspirado no Brasil, com pegada de filme do Tarantino e direção musical de Shinchiro Watanabe.

A “fase de consolidação” chegava ao fim. Eu já não era mais um espectador aleatório de anime, eu tinha me consolidado como fã de animação japonesa. Mas eu não queria parar por ali. O que me fez perceber isso foi justamente acompanhar a segunda temporada de Genshiken semanalmente.

Até então eu não havia lido o final do mangá. Os grupos esperaram o mangá ser concluído nos EUA para escanear seu final. Por isso meu acesso a ele foi bem limitado nessa época. Por isso, o conteúdo do anime para mim era inédito. Acompanhar semana a semana aqueles personagens tão queridos começava a mexer com a minha cabeça no sentido deu querer falar sobre o que estava acontecendo, elaborar teorias, conversar com outros fãs, ver o que eles tinham a dizer.

Infelizmente o fandom de Genshiken no Brasil é pequeno e era menor ainda naquela época. Procurando pela internet, achei um fórum de discussão em inglês chamado iiChan. Um fórum pequenino mas que tinha uma pasta só pra falar de Genshiken. Que felicidade. Semana a semana eu ia lá e comentava os episódios com outros fãs espalhados pelo mundo. Era um recanto de extremo nicho mas que eu adorava fazer parte. Até hoje eu visito o site para ver se alguém posta algo novo.

Essa minha rotina de discutir e de explorar melhor uma obra foi a semente do que eu faço hoje em dia. Foi necessário apenas mais um ano para eu decidir abrir um blog de animes inspirado por esse momento na minha vida e por outro blog também ligado a Genshiken (e animes em geral, claro), o Ogiue Maniax. Estava dado início à “fase de produção”.

2009 – 2011 -> A fase de produção

Eu não queria mais só absorver passivamente os animes. Eu queria falar sobre, discutir, pensar em cima daquilo. Criar o Anikenkai foi pura consequência de tudo isso. Nessa época foi quando eu comecei a assistir a maioria das minhas séries semanalmente. Justamente para poder participar de discussões.

Tivemos a primeira e segunda temporadas de K-ON!, que até hoje é um agradável guilty pleasure que eu tenho. Sengoku Basara, que me introduziu a essa franquia tão divertida e descompromissada. Basquash!, que me impressionou pela qualidade técnica. Higepiyo, um anime que cada episódio tinha 3min sobre um pintinho barbudo que me divertiu muito na época em que saia. Higashi no Eden, também conhecido como Eden of the East, trazia uma qualidade técnica impecável e uma história bem interessante de se acompanhar. CANAAN me trouxe de volta no tempo me fazendo lembrar de Noir. Tokyo Magnitude 8.0 me fez mergulhar fundo no noitaminA que até então era um bloco do qual eu não era tão familiar. Baka to Test, anime extremamente divertido com personagens que oscilavam curiosamente entre o clichê e o original. Pena que a segunda temporada foi tão fraquinha. Heartcatch Precure, o anime que me fez enxergar a franquia Precure de maneira diferente, acreditando que coisas boas podem sair dali. Giant Killing mostrou que ainda dava pra ter originalidade e uma boa história com animes de futebol. Panty & Stocking mostrou que a Ganiax não estava morta, pena não ter feito tanto sucesso quanto deveria.

Kuragehime virou um all-time favorite da minha pessoa depois da sua versão animada. Tantei Opera Milky Holmes mostrou que animes quase que 100% voltados para o moe também podem ser divertidos…

Ufa… foram tantos animes nessa época que fica difícil falar de todos. Mas essa overdose de anime semanal me esgotou. Por isso que a “fase de produção” termina em 2011. A partir de 2012 eu entrei na minha fase atual…

2012 – 20?? -> Fase de produção selecionada

É aqui que eu me encontro hoje em dia. Só coloquei esse adendo ao post para ele encerrar da maneira correta. Não pretendo desenvolver essa fase agora. O farei num futuro próximo, quem sabe. Até porque nem eu sei ao certo quais as características dela. Estou experimentando tudo agora.

Resumidamente, é uma fase em que eu cansei de ver animes semanalmente e em enorme quantidade. A produção começou a perder qualidade. O foco na quantidade foi exacerbado. Estou me voltando agora para a qualidade do conteúdo. Estou numa fase de ver poucas séries, mas aproveitar ao máximo delas. Não me incomodo mais de não estar por dentro de todas as discussões, por exemplo. Essa fase teve sua primeira manifestação quando decidi não assistir a Madoka Magica semanalmente… mas melhor parar por aqui pois essa nova fase é assunto para um post só dela.

Agora é com vocês, comentem!

E cá estamos com a segunda parte do especial “relembrando […]

Editorial 010 – Novo layout e botando ordem na casa!

Foi engraçado. Eu estava procurando uma imagem nos meus volumes de Genshiken para ilustrar esse Editorial só que me peguei lendo de fato o mangá. Relembrando todas as cenas que eu adoro, parei em uma que é de muita importância para o mangá: a apresentação da Ogiue ao Genshiken. Só que percebi algo. Eu estava reconhecendo os kanji dos balões. Pela primeira vez consegui ler uma passagem de Genshiken em japonês e sem auxílio de qualquer dicionário! Minha felicidade foi extrema. E ainda pude comprovar uma curiosidade…

A tradução de Genshiken acabou sofrendo várias adaptações nos EUA e algumas, apesar de não afetarem diretamente o conteúdo geral, divergem do original em questão de tom. Eu explico.

A passagem 「オタクが嫌いな荻上です、特に女オタクが嫌いです。」foi traduzida para o inglês como “I’m Ogiue and I hate otaku, specially female otaku.”, que em português seria (em tradução livre) “Eu sou a Ogiue e odeio otakus, especialmente mulheres otaku”.

Apesar da tradução expressar exatamente o que a Ogiue quis dizer, o tom se perde um pouco na tradução pois a personagem coloca “odiar otakus” como um adjetivo para si mesma. “Eu sou a ‘odiadora de otakus’ Ogiue”. Ela dá uma forte ênfase nessa característica, essa é sua alcunha praticamente.

Poder entender identificar isso me deixou muito feliz e me deu um gás ainda maior para continuar meus estudos da língua japonesa.

E depois dessa introdução um tanto alongada, vamos ao que interessa: o novo layout do Anikenkai.

Como vocês já devem ter percebido, o Anikenkai mudou um pouquinho o visual. Isso aconteceu porque o tema usado aqui no blog anteriormente entrou em colapso depois de uma atualização e não tinha como corrigir de forma “pacífica”. Sendo assim, renovei o visual do blog de uma vez por todas, mas mantendo a essência que se estabilizou na versão anterior. Espero que vocês tenham gostado.

Gostaria de aproveitar esse editorial também para organizar de uma vez por todas a cabeça dos leitores quanto às colunas que serão presença constante no Anikenkai. Em virtude do meu tempo curto ultimamente, ficamos limitados a quatro colunas:

– Coluna do Fred

– Editorial

– ToC

– Recapitulando

Essas quatro serão as colunas do momento por aqui, sendo que o Diário de Bordo Gunpla e o Arquivo Otaku podem ser retomados a qualquer momento também.

Outro detalhe importante é que, agora que não faz mais sentido postar “primeiras impressões”, vou me dedicar a posts mais… como eu posso dizer… completos. Posts mais analíticos, comportamentais, etc. Faz tempo que eu quero voltar com esse tipo de post por aqui e nuca acho uma brecha para tal. Me dedicando a eles uma hora eles aparecem por aqui.

O motivo dessa mudança está no fato de produção de conteúdo. Enquanto posts como os de primeiras impressões tem sua importância, são nesses posts diferenciados que há a maior criação de conteúdo para os leitores. É aquele tipo de post que o leitor só veria aqui, que ele pode dizer “nossa, esse aí tem a cara do Anikenkai”.

Por fim, gostaria de dizer que foi bem legal conhecer a leitora Mônica Camacho. Espero poder conhecer mais leitores e trocar ideias com vocês, mesmo eu não tendo tido tanto tempo pra falar com a Mônica assim.

Bem, espero que vocês gostem do que está por vir aí no Anikenkai. Agora que minha agenda voltou “ao normal” pretendo colocar muito conteúdo legal aqui. Aguardem.

P.S.: Como vocês devem ter reparado, eu acabei não achando uma imagem para abrir esse post. rs.

Foi engraçado. Eu estava procurando uma imagem nos meus volumes […]

Uma análise do nosso fandom tendo como base o último capítulo de Genshiken…

ATENÇÃO: Você PODE ler esse post mesmo sem acompanhar Genshiken.

O último capítulo de Genshiken (73), me abriu a cabeça para um assunto que há muito eu havia deixado de lado ao ler a série, os problemas do passado das personagens. Mas antes de entrar diretamente no assunto, um breve resumo da situação para os que não acompanham a série:

A presidente do Genshiken, Ogiue, decide fazer um mangá em parceria com seu calouro, Hato. Para tentar se adequar ao estilo de arte de seu parceiro, ela decide criar uma história de romance colegial. No entanto, a mesma não tem experiência no assunto por mal ter possuído amigos em seus tempos de escola, muito menos um romance. Ela então decide perguntar aos seus calouros sobre suas histórias, já que eles saíram há pouco tempo do ensino médio. É aí que ela descobre que, assim como ela, nenhum de seus calouro teve alguma experiência romântica.

Para começarmos a analisar a situação, é necessário pensar no por quê da Ogiue ter acreditado que seus calouros teriam história para contar…

Comecemos com a Yoshitake. Uma otaku hardcore, que não aparenta ter nenhum trauma quanto ao seu hobby, tem um temperamento explosivo e desinibido e é bonita (apesar de um tanto baixinha). Essas características fizeram a Ogiue acreditar que ela poderia ter algo a acrescentar para sua história. A Yoshitake era vista como muitos nerds modernos o são, pessoas que no exterior não aparentam ser o que realmente são. Algo que como naturalmente houvesse sido criada um escudo de força para evitar que essa pessoa fosse reconhecida como um nerd por uma simples olhada rápida. O que não significa que ela tenha feito isso de propósito porque se envergonha do que ela é. Mas justamente o contrário. Por ela não ter problema em ser o que é, ela acabou tendo a mente aberta para incluir em sua rotina, por exemplo, senso de moda, vida social, etc. Um fenômeno interessante que tem acontecido muito recentemente no fandom.

Mas ao mesmo tempo que todo seu exterior diga que ela é uma “civil” (não-nerd), ela é uma über-otaku. E sendo o que ela é, acabou que ela dava atenção demais ao seu hobby e se esquecia da parte social da vida, o que acontece com muitos no fandom. Ou seja, mesmo ela não aparentando, ela “sofre” dos mesmos “problemas” de qualquer nerd. Ela se dedicava demais aos seus estudos no Clube de História, que mais era um clube otaku que qualquer outra coisa, e não “tinha tempo” para a vida social escolar.

E que tal a Yajima? Uma menina que claramente é uma otaku (gordinha, não liga muito para o que veste ou para sua aparência, fala pouco…)? Por que a Ogiue acharia que ela teria algo para contar? É algo difícil de se perceber e me tomou algum tempo. O caso é que a Yajima sempre pareceu uma pessoa com “experiência”. Ela muitas vezes captava algumas coisas que os outros não. Parecia que ela tinha mais noção de “vida em sociedade” que seus colegas. Algo como o Sasahara no início da série (lembram dele roubando o celular do Kousaka pra dizer para a Kasukabe que eles já estavam de saída e que ela poderia ficar com o Kousaka a sós logo no volume 1?). Esse ar de pessoa experiente com certeza foi o que levou a Ogiue a crer que a Yajima já tinha tido algum romance nos tempos de colégio.

O curioso é que, de fato, ela teve… mas não teve. Explicando…

Apesar do seu ar de experiente, ela é muito inocente, na verdade. Sua “experiência” no colégio foi a de um outro menino de sua turma ficar enchendo o saco dela fazendo piadinhas com ela de vez em quando. O bullying praticado pelo rapaz foi encarado por ela como uma forma de afeto. Afinal, era um garoto que falava com ela e mesmo quando ele mudou de turma e o bullying acabou, ele ainda se lembrava dela. Isso é o que ela considerou como um “romance”. Totalmente unilateral. O rapaz provavelmente não dava bola nenhuma pra ela, mas pelo simples fato dele falar com ela já despertou algum sentimento do seu lado.

Essa é mais uma característica do nosso fandom. Nerds devem ser as pessoas que mais tem paixões platônicas no universo. É impressionante o número de pessoas que se apaixonam pelas mais mínimas das coisas, e muitas dessas vezes essa pequena parte das pessoas ofusca o todo fazendo-os não enxergar o óbvio. Yajima se apaixonou pelo menino porque ele falava com ela, era o único. Isso não deixou que ela percebesse que, de fato, ela estava sendo alvo de bullying.

E Hato? O fudanshi cross-dresser? Por que ele teria histórias para contar? Ora… essa é fácil. Porque ele é bonito e sempre andou rodeado de garotas no antigo Clube de Arte do colégio. Mas ele é um fudanshi, um garoto que gosta de yaoi. Tem que ter algo de podre nisso aí. Infelizmente, o autor não nos deu o gostinho de saber mais sobre o passado do personagem. Ficará para o próximo post.

Mas antes de terminar essa breve análise, tenho que falar do Kuchiki. Ele não é um calouro do Genshiken, mas ele aparece nesse capítulo sendo o único que teve um romance de fato. O mais doido dos otakus que já passaram pelo Genshiken,  o ser menos improvável do universo, teve uma experiência romântica.

No último ano de escola, uma menina se confessou para ele. É, assim, de bandeja. A questão é que o relacionamento terminou menos de um dia depois. E o que podemos tirar disso em paralelo com o nosso fandom? É simples. Como é constante a quantidade de vezes em que desperdiçamos oportunidades que caem de bandeja para nós. Kuchiki confessou que falou com a menina no máximo uns três minutos naquela noite. Claro que a menina iria dar um pé na bunda dele no dia seguinte. Oportunidades são perdidas ou porque acabamos não sabendo como lidar com elas ou porque não acreditamos que seja realmente conosco. “Uma menina como essa dar mole pra mim? Não, não pode ser… ela deve estar me sacaneando” é um pensamento comum no fandom, não?

Aqui tivemos quatro exemplos de personagens que serviram como base para analisarmos aspectos e comportamentos do fandom. A questão é que  apesar do que eu falei, cada um é cada um. Pode ser que você não se encaixe em anda que eu falei aqui, como também pode ser que você se encaixe em tudo que eu falei aqui. Independente disso, os pontos de vista aqui apresentados são comuns no fandom… tão comuns que foram representados na história.

É engraçado como isso contrasta com a ideia de nerd que muitos tem hoje em dia… nerd-chic… mas isso é um assunto para outra época do ano

Não deixem de comentar.

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Arquivo Otaku 1 – Madarame Harunobu

Nome: Madarame, Harunobu (斑目 晴信)
Relacionamento: Solteiro
Origem: Genshiken (2002 – 2006, 2010 – …)

Informações:

Madarame foi o segundo presidente da Sociedade Para o Estudo Da Cultura Visual Moderna, ou Genshiken, da Universidade Shiou em Tóquio, indicado pessoalmente pelo presidente anterior graças às suas características de liderança. Apesar de dizer que não sente atração por pessoas 3D (de carne e osso), só as 2D (animes, mangás, games, etc), ele acabou desenvolvendo uma paixão pela namorada de um colega de clube, e ex-arqui-inimiga sua, Kasukabe Saki. Porém, ele nunca revelou esse sentimento a ninguém, muito menos para a própria Saki, pensando que isso poderia acabar com sua amizade com ela. Apesar de sua personalidade explosiva, ele é bem tímido. Madarame atualmente já está formado e trabalha como um típico salaryman.

Otakuzice:

Madarame é conhecido por ser um “otaku-militar”. O motivo desse apelido vem do fato da preferencia dele por Gundam, mas também por sua personalidade de “militante otaku”, facilmente observadas em suas aulas sobre hentai para Kasukabe. Seu nível de otakuzice é extremo e isso reflete muito em sua vida pessoal. Ele compra doujinshis sem olhar o preço, essa prática comumente o deixa sem dinheiro para as despesas básicas como alimentação e vestimentas. Sua magreza vem provavelmente da falta de alimentação e da baixa qualidade da mesma, já que atividade física não é o seu forte.  Mesmo depois de sua graduação, ele não consegue se desvincilhar do Genshiken e continua a aparecer na sala do clube na hora do almoço de seu trabalho e em outras ocasiões.

Nome: Madarame, Harunobu (斑目 晴信) Relacionamento: Solteiro Origem: Genshiken (2002 […]

Análise Comportamental no Capítulo 69 de Genshiken (aka "Yoshitake é uma intrometida?")

Nossa… há quanto tempo não falo dos capítulos atuais de Genshiken por aqui. Tava com saudades. Tivemos até uma nova personagem e nada de um postzinho a respeito. Bem, o post está aqui, mas não é sobre a nova personagem, sim sobre a Yoshitake (mais velha – se você está lendo entendeu porque eu especifiquei qual Yoshitake estamos falando sobre). A pequena e energética personagem teve um importante papel no recente capítulo 69 do mangá e rendeu uma boa discussão pelo fandom: Afinal, ela é ou não é uma intrometida?

Para um breve histórico para situar o leitor eventual na história: A irmã da Yoshitake, Risa, está com dúvidas sobre qual faculdade entrar. Como forma de ajudá-la nessa decisão, ela resolve levá-la em um tour pela universidade Shiou, onde fica o Genshiken (acontecimentos do capítulo 58). A grande questão é que na noite depois da visita, Yajima e Hato acabaram indo pra casa da Yoshitake e lá ficaram até de manhã. Ao acordarem, Risa, que sempre enfrentou problemas por parecer um garoto, pede para ver a “versão masculina” do Hato. Acaba que todos então decidem ir para a casa do Hato onde ele poderá se trocar tranquilamente… bem… não tão tranquilamente. Acontece que Hato decide tomar um banho, deixando as três meninas na sala esperando. Seguindo sua personalidade, Yoshitake resolve “explorar o ambiente”.

Aí começa a grande questão. Yajima logo se coloca contra essa intromissão na privacidade de Hato. Ela inclusive fica indignada com a atitude da amiga e diz que era algo que nunca imaginou esperar dela. Mas voltemos um pouco no tempo, mais precisamente para o capítulo 58, quando os então novatos resolveram se reunir na casa da Yajima para uma “festinha”. Naquela ocasião, a personagem não ficou nem um pouco incomodada com a intromissão de Yoshitake pra cima das suas coisas logo ao entrar. Por que agora, com outra pessoa, ela se incomodaria?

Há uma teoria que eu tenho como certa e que compartilho com outros “pensadores” do fandom: Yajima gosta do Hato. Gosta no sentido de sentir atração mesmo. Pode ser uma atração inconsciente ainda, mas que existe. Esse sentimento inconsciente é que fez ela reagir mais fortemente quando algo do Hato está em jogo do que quando algo dela própria está. Acrescente a isso o complexo de inferioridade da personagem e pronto, podemos compreender sua reação.

Mas o post não é sobre ela, e sim sobre a atitude da Yoshitake. Será que ela está sendo intrometida demais ao querer adentrar no submundo do quarto do Hato? Pessoalmente, digo-te não. Minha teoria é de que, assim como os outros membros do clube, excluindo a Yajima, a Yoshitake está encarando o Hato como uma das garotas. Se é assim que ele quer ser tratado, é assim que ela vai tratá-lo. Seguindo sua personalidade, ela gosta de ser bem próxima das pessoas. Próximas no sentido físico e no sentido de um relacionamento também. Ficar fuçando pra achar dojinshis é o que ela faria na casa de qualquer uma de suas amigas, por que não fazer na do Hato? Só porque ele é um menino? Mas ele não quer ser visto como tal.

Para mim, a Yoshitake não faz o que faz por mal, pelo contrário, ela trata o Hato tão como igual que não vê problema em chegar nesse nível de intimidade. Se isso é certo ou errado, só o tempo irá dizer. Agora, não achem que ela faz tudo isso inocentemente. É só ver seu discurso e suas feições pra saber que de inocente essa menina não tem nada. Fico curioso para os rumos que a personagem vai tomar. Espero que seja explorada cada vez mais pelo autor. Será que a Yoshitake será a Kasukabe dessa geração? Será ela a personagem entrópica que fará os outros membros se desenvolverem? Só Kio Shimoku sabe…

Nossa… há quanto tempo não falo dos capítulos atuais de […]

Questões a serem abordadas sobre o re-lançamento de Genshiken nos EUA

Como foi noticiado no ANN (em inglês) e no Chuva de Nanquim (em português), Genshiken retornará ao mercado norte-americano através de uma republicação em formato omnibus (dentre outras novidades que podem ser conferidas nos respectivos links). Para quem não sabe, esse é o nome dado quando em média três volumes são compilados e uma única edição. Genshiken tendo 9 edições no total, seriam somente 3 nessa republicação. Seguindo a lógica de publicação americana (de três em três meses), teríamos o Volume 1 em maio, o Volume 2 em julho e o Volume 3 em outubro de 2012. Uma excelente notícia, não há dúvida.

Genshiken é um excelente mangá e essa nova publicação com certeza vai atrair a atenção de novos leitores que não conseguiam encontrar certos volumes da publicação anterior pois estavam esgotados. Porém, como fã, tenho alguns pontos a colocar para reflexão:

1 – Preço

Bem, um volume tankobon nos EUA tem preço de capa médio de U$10.99. Se a Kodansha seguir o padrão da republicação de Love Hina (que será lançada amanhã e que eu já encomendei pra mim), o preço final da nova edição omnibus será de U$19.99, o que, em teoria, representaria menos de U$7.00 por volume. Uma bela economia. Porém, aí entra o segundo ponto…

2 – Qualidade

Eu estou importando a edição omnibus de Love Hina por dois motivos: O primeiro é para ter esse mangá em minha coleção, já que não comprei as edições publicadas pela JBC e que tive a engraçada surpresa de ver como “valorizaram” daquele tempo pra cá; O segundo motivo é para ter uma ideia de como ficará Genshiken e se valerá a pena re-comprar o mangá. Porém, minhas previsões não são muito boas. Todas as edições compiladas que vi até hoje (principalmente a Viz 3-in-1, formato em que One Piece está sendo republicado nos EUA) não me agradaram nem um pouco. O tamanho é desconfortável. Ler um volume de quase 600 páginas sem apoio deve ser um trabalho hercúleo de resistência muscular. Mas o maior problema é, sem dúvida, a qualidade do papel. Sempre falo que a qualidade do papel das edições americanas é muito superior à brasileira e que isso é um ENORME diferencial… não no caso dessas edições compiladas. O papel é de gramatura muito leve e eu colocaria no nível do papel da JBC ou até pior! Isso também acaba prejudicando a qualidade de impressão final. Ou seja, um fracasso.

Atualização: O leitor “Trunqs” postou nos comentários a informação que as edições Omnibus não tem uma redução drástica na qualidade do papel. Sendo assim, minha expectativa nesse ponto, para a republicação de Genshiken, aumentou.

3 – Padronização e o “Volume 10”

Genshiken foi publicado no tempo em que a Del Rey ainda era a responsável pelas publicações da Kodansha nos EUA. Sendo assim, ela acabou criando uma identidade estética própria, bem diferente das edições japonesas. O meu medo, no entanto, não é para com quem vai comprar pela primeira vez, mas sim porque a tendência é que eles lancem o Volume 10, lançado esse ano no Japão, durante ou após essa republicação. Se forem criar uma lombada nova, seguindo mais o padrão japonês (como é a edição francesa), é capaz do volume 10 vir nessa nova padronização, destoando do resto da coleção.

4 – Vale ou não vale comprar?

Sendo bem sincero, se você nunca leu Genshiken e quer ter acesso a ele por vias oficiais, eu recomendo. Recomendo pois vai ser uma maneira barata é, relativamente, rápida de se ler o material. Porém, encare como uma versão econômica. Não pense que terá a mesma qualidade de um volume de BAKUMAN importado, por exemplo. E esse relançamento é importante, não só para esses possíveis novos fãs mas para os antigos. Não para recomprarem a série, mas por esperarem o novo volume que, com certeza, virá.

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Querem saber o que realmente me surpreendeu na pesquisa para esse post? A Kodansha ofereceu para um grande número de blogs, edições de ‘Love Hina Omnibus Vol. 1’ para análise. Isso acabou gerando uma boa publicidade para a republicação que com certeza se reverterá em vendas. Quem me dera as editoras brasileiras resolvessem fazer algo parecido por aqui…

Se quiserem comprar a edição Omnibus de Love Hina com FRETE GRÁTIS, é só clicarem direto na imagem abaixo (não se preocupem com a mudança de capa no link):

Como foi noticiado no ANN (em inglês) e no Chuva […]

Anikencast #008 – Genshiken (Parte 1)!

Olá, queridos ouvintes! Cá estamos com O RETORNO do Anikencast!

Nesse programa de volta DidCart e Starro se unem a Graveheart e Nat para falar sobre o assunto mais pedido pelos ouvintes do Anikencast: GENSHIKEN! Esse mangá que é tão querido por nós começa a ser tratado nessa primeira parte (de não sabemos quantas ainda) com todo o carinho e atenção! Conheça os personagens e saibam por quê o mangá da SOCIEDADE PARA ESTUDO DA CULTURA VISUAL MODERNA merece ser lido!

Não deixem de comentar mandando e-mails para [email protected], dando reply no meu twitter ou comentando aqui no post!

Abertura da primeira temporada de Genshiken:

httpv://www.youtube.com/watch?v=blz27m1SXQg

Encerramento da primeira temporada de Genshiken (a posição dos personagens mudava a cada episódio):

httpv://www.youtube.com/watch?v=NfHVKOZIPb0

Escutem o podcast:

Duração: 99min

 

Olá, queridos ouvintes! Cá estamos com O RETORNO do Anikencast! […]