BAKUMAN Vol. 1 – O início de algo muito maior

Há cinco dias atrás eu coloquei no ar uma análise do primeiro volume de BAKUMAN publicado pela JBC comparando a edição nacional com a edição americana do mangá. Porém, recebi alguns e-mails de reclamação por eu não ter falado sobre a história e só fiquei “de mimimi” (parafraseando) sobre os aspectos técnicos (como papel, impressão, capa, cores, etc…). A grande questão é que esses que reclamaram estão com toda a razão. Apesar deu ser um fã confesso de BAKUMAN e um dos blogueiros que mais fala sobre a série, eu deveria ter sim falado da história de BAKUMAN, afinal, foi ela que me conquistou e não se o papel é bom ou ruim. Sendo assim, faço esse post para me redimir dessa falha e mostrar a vocês o que me conquistou em BAKUMAN desde o Volume 1. Pretendo continuar com esses reviews conforme as edições da JBC forem saindo (mensalmente) para que os leitores do Anikenkai possam acompanhar juntamente comigo (mais ou menos como faço com Genshiken nos capítulos mensais que saem no Japão).

Eu comecei a ler BAKUMAN desde que o capítulo 1 saiu na Shonen Jump, lá no já longínquo ano de 2008. Lembro que eu estava no 2º período da faculdade, começando a delinear meu futuro profissional e cheio de perguntas de como seria minha vida a partir de então, o que eu queria fazer com ela, etc. Foi então que recebo a notícia de que a dupla que fez Death Note estaria com um novo mangá na Jump e que seria sobre mangakás. Era óbvio que eu iria conferir. E assim o foi. Em 11 de Agosto (um pouco antes graças às ‘habilidades’ do fandom) estreava BAKUMAN.

O que eu li naquele primeiro capítulo foi algo extremamente interessante. Para começar, novamente a dupla de autores desafia os “padrões Jump” de ser e coloca um tema polêmico para a própria sociedade japonesa. O tio de Mashiro era um mangaká que morreu de tanto trabalhar. Caramba… a Shonen Jump era uma revista que publica mangás e ela coloca em suas páginas um caso de um mangaká que MORREU de tanto se esforçar para ser publicado na própria Jump? Achei extremamente curioso.

Mais curioso ainda foi o fato do próprio Mashiro estar com questões quanto a seu futuro muito parecidas com as que eu vinha tendo e que, com certeza, muitos dos que estão lendo esse texto também o tem, já tiveram ou vão ter. “O que eu vou fazer do meu futuro?”

No caso, Mashiro está conformado que terá uma vida medíocre como a maioria e não vê porque mudar esse status. Porém, vemos que nem sempre foi assim. Quando convivia com seu tio, em sua infância, Mashiro era extremamente sonhador, desenhava, criava histórias, personagens e queria ser um mangaká quando crescesse para poder continuar esse fluxo criativo e mostrar seu trabalho ao mundo, como seu tio fazia. Porém, em algum momento ele tomou outro rumo. Esse momento foi o “suicídio” do tio.

Sim, mais um tema polêmico para a sociedade japonesa, o suicídio. Porém, eu coloquei suicídio entre aspas pois o tio não se suicidou de fato, mas era o que Mashiro acreditava, cego pelo que os parentes o contaram. Por acreditar que seu tio foi um derrotado que não conseguiu encarar a vida de frente, ele deixou a ideia de ser um mangaká e fazer o que sempre gostou para não ser um fracassado como o tio.

Estamos falando de um mangá para um público infantil aqui. Apresentar esses temas é algo extremamente complexo.

E se isso já não fosse motivo suficiente para eu estar acompanhando o mangá, ainda temos o Takagi, o segundo protagonista da série, que nada mais é que, nesse início, o oposto do Mashiro e o fator entrópico que faz toda a história acontecer.

Basicamente Takagi é um dos meninos mais inteligentes do colégio e que tem os maiores prospectos de vida da escola. Para ele parecia que tudo daria certo na vida. Ele iria entrar numa excelente faculdade, ser contratado por uma grande empresa multinacional e ocupar um glorioso cargo de chefia. Porém, Takagi sabe muito bem o que quer da vida, e não é nada disso. Ele quer ser um mangaká. Ele sempre foi fascinado por histórias e principalmente por mangás. Porém, ele não tem nenhuma habilidade para desenhar. Mal consegue fazer bonecos palito direito.

É ele que vai até Mashiro e propõe que eles formem uma dupla e que comecem a fazer mangá. Obviamente, Mashiro nega, mas devido à insistência de Takagi e um belo empurrão na descoberta de que seu tio não tinha se suicidado, mas sim se esforçado absurdamente até a morte para conseguir o que acreditava, ele acaba aceitando e se torna o parceiro de Takagi rumo a seguir os passos do tio.

Já era. Estava fascinado pelo que iria sair dali. Nos capítulos que se seguiram, e que compõe o primeiro volume do mangá, nós temos o início do processo criativo da dupla. Uma jornada de aprendizado, cheia de referências e mensagens importantes que poucas vezes se vê num shounen.

A principal delas é a citação a “Otoko no Jouken” de Ikki Kajiwara, que fez também Ashita no Joe, mangá favorito de Mashiro na história. Essa obra escrita na década de 60 é basicamente um guia de “Como ser um homem” e durante muito tempo foi usado como manual para mangakás novatos ou aspirantes. Não quero me prender muito a isso aqui nesse post, mas digo que as 5 “regras” citadas em BAKUMAN serão o fio condutor que guiará a série. Um guia moral e profissional para a dupla em sua busca pelo sucesso na carreira de mangaká.

Por fim, fiquei extremamente interessado pelo nível de ambição dos meninos. Eles são dois moleques de 15 anos que ainda lutam pra passar de ano na escola e que simplesmente decidem de uma hora pra outra que vão se dedicar a ser mangakás. E não somente isso, mas serem mangakás na maior revista de mangás do Japão, a Shonen Jump. Haja culhões, se me perdoam o vocabulário.

Esse review até que se estendeu mais do que eu pensava que se estenderia. Mas acho válido dar meu ponto de vista sobre essa obra que hoje em dia tenho extremo prazer em ler. Obviamente existem pontos negativos na série, afinal, nem tudo são flores, mas posso garantir, como leitor de BAKUMAN há três anos, que vale a pena continuar acompanhando. Tive momentos em que quase desisti da série, que achei que os autores tinham perdido o rumo, mas digo que chegando aonde estou, no capítulo 143, que vale a pena ler BAKUMAN.

Para os que estão preocupados com o romance entre Mashiro e Miho, essa coisa utópica e desinteressante que foi introduzida pelo autor por razões que não cabem a esse post discutir, relaxem. Esse romance é secundário no decorrer da história de BAKUMAN.

E lembrem-se: ler a opinião alheia é extremamente importante. Mas mais importante ainda é você tirar suas próprias conclusões. Então compre, leia e analise o mangá você mesmo. Não deixe simplesmente se levar pela opinião do outro. Para mais um ponto de vista, recomendo o review do meu colega e xará no Chuva de Nanquim.

Sobre Diogo Prado

Tradutor, professor, host do Anikencast, apaixonado por quadrinhos, apreciador de jogos eletrônicos e precoce entendedor de animação japonesa.

Você pode me achar no twitter em @didcart.

Há cinco dias atrás eu coloquei no ar uma análise […]

14 thoughts on “BAKUMAN Vol. 1 – O início de algo muito maior”

  1. RESPONDE minha pergunta por favor…eu sei que é chato eu ja ter entrado aqui no blog trocentas vezes pra perguntar…vai sair pro resto do BRASIL Quando..Pelo menos brasilia ?

    1. @Igor

      Opa, me desculpe mas deixei passar sua pergunta.
      Bem, por ser da JBC, a data de lançamento para o resto do Brasil (fora do eixo Rio-SP) é incerta. Mas provavelmente deve ser daqui uns 2-3 meses.

  2. sacanagem hein…desde que descobrir Bakuman esperando sair aqui pra ter que esperar mais 2 meses..que bosta hein!

  3. Ai sim!
    Lindo post!
    Se eu nao conhecesse Bakuman, tenho certeza que seu texto teria me feito comecar a ler.
    (e se eu tivesse acentos, com certeza os usaria)

    Boa, Diogo!
    (putz, tenho que ler o ChuNan…)

  4. Comprarei a nacional porque ainda não tenho cartão internacional. Vou tentar fazer o saraiva, não tenho muita coragem porque sou estudante (21) e não trabalho, mas já que diz não ter anuidade, não vejo problema algum. No futuro pretendo comprar alguns mangás dos eua e porque não bakuman!?

  5. Minha opinião, o comentário foi muito bom, só que não acho que o romance com a miho seja secundário. Se leu deve saber qual a motivação que leva Mashiro a se tornar mangaká. Uma simples coisa,” quando eu tiver um anime de meu mangá você dublara ele , e então poderemos ficar juntos” . No decorrer da história vemos que ele vai crescendo com isso, e não só ele Takagi também , porque quer ajudar ele, quer ver seu amigo feliz, como qualquer outro amigo faria na vida real.

    Bem essa minha opnião.
    O site é ótimo, continue assim ^^

  6. @Panino Manino
    Já pensei nisso vairias vezes..só que pra minha região o frete saai por cerca de 10 reis ou seja o preço de outro manga…MURRINHAGEM
    (mode ON)

  7. @Suzi

    WHAT!? Compra online de mangás com frete GRATIS? Meu sonho xD

    Foda é morar no interior….INTERIOR DE GOIAS ainda por cima, pelo menos chegou Air Gear =/ [morrendo de medo de não chegar Bakuman e Deadman Wonderland, se bem que a Panini não me decepcionou até hoje com D.Gray-Man =D]

  8. ñ entendi o pq mas Chegou BAKUMAN nas bancas aqui de brasilia…já comprei o meu e APROVEI…mas de fato colocando lado a lado com AIR GEAR …e BASILISK da pra notar a diferença…mas ta aprovadissimo

  9. Pingback: Anônimo

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