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22º encontro "O Bakuman Dessa Semana Foi Interessante"

Olá, queridos leitores! Sentiram saudades? MAS NÃO SE PREOCUPEM! CÁ ESTAMOS COM MAIS UM ENCONTRO “O BAKUMAN DESSA SEMANA FOI INTERESSANTE”!

Desde nosso último encontro, tivemos mais 3 episódios exibidos de Bakuman e a ameaça de um hiato para a dupla Ashirogi Muto se tornou realidade. O editor-chefe anunciou que eles não teriam que entrar em hiato só até Mashiro melhorar, mas sim até se formarem no colégio. Isso veio como um grande choque, tanto para eles quanto para todos os seus amigos e até mesmo os editores da Shonen Jump. Diante de tanta determinação de Mashiro, o editor-chefe não só se nega a deixá-los continuar como aumenta o prazo do hiato.

O Time Fukuda decide então entrar em ação e arma um boicote contra a Shonen Jump até que eles autorizem Mashiro e Takagi a continuarem com TRAP. Fukuda, Eiji, Hiramaru, Aoki e Nakai se juntam para um hiato coletivo. A coisa começa a ficar feia. Porém, quando Mashiro descobre o que seus colegas estão fazendo, ele mesmo pede para que parem, que a culpa disso estar acontecendo é unicamente dele.

Após algum tempo, Mashiro recebe alta e decide enfrentar ele mesmo o editor-chefe, junto de Takagi e Miura. O trio consegue convencer o editor-chefe a suspender o hiato, já que Mashiro tem material suficiente arquivado (ele não parou de desenhar no hospital) para cobrir o período de tempo até sua formatura.

Apesar de tudo ter se resolvido, o maior choque ainda estava por vir. Além do fato de CROW, de Eiji, ter ganhado um anime antes deles (assim como Otters 11 de Hiramaru), a dupla enfrenta uma enorme queda na popularidade de TRAP depois do retorno. Outros mangás do mesmo gênero começaram a surgir em outras revistas e as histórias de Takagi não estão mais conseguindo elevar a posição de TRAP nos rankings. O inevitável acontece e o primeiro mangá da dupla é cancelado.

Temos até o momento 9 episódios exibidos nessa segunda temporada do anime de Bakuman e o ritmo continua muito mais intenso que o da temporada passada. O 9º episódio fechou os acontecimentos do volume 6 do mangá e já entrou no volume 7. Ou seja, temos uma média de 4,5 episódios por volume! Na temporada passada essa média era de 6,25!

Ainda falando do mangá, eu achei interessante a escolha da direção do anime em não finalizar o 9º episódio no momento em que o volume 6 termina. O gancho deixado ao final do volume é quando o editor-chefe diz que Hideout Door será cancelada e… isso mesmo, fica um suspense no ar, que é respondido no início do volume 7. No anime, a dupla recebe a notícia do cancelamento e o episódio segue, mostrando que eles não vão desistir ali, que vão lutar e conseguir emplacar um novo mangá. O final do episódio 9 é bem mais “pra cima” do que o do volume 6.

Outra observação que eu tenho a fazer é quanto à participação do Hiramaru no anime. Apesar dele não estar tão ruim quanto eu achava que estaria, o timming de suas participações funciona MUITO melhor no mangá que no anime. Para funcionar tão bem no anime, iriamos precisar de um dublador mais energético e não um tão calmo quanto esse que escolheram. Mas ainda assim, consigo me divertir bastante com o Hiramaru.

Continuando…

Eu lembro também que desde que anunciaram a adaptação animada de Bakuman, eu fiquei animado em poder ver os meta-mangás e meta-animes da série ganharem vida. O anime logo me brindou com a abertura do primeiro episódio sendo a abertura do meta-anime de Chou Hero Densetsu, mangá do falecido tio de Mashiro. Depois, tivemos mais alguns meta-mangás ganhando vida, mas só recentemente tivemos uma visão “animada” e “colorida”, com TRAP. E no último episódio, voltaram os meta-animes, agora com CROW! Não vejo a hora de assistir à Otters 11 animado!

Temos aí um novo arco começando. Outros núcleos de personagens também estarão no centro das atenções. Aoki irá ganhar um novo editor, Nakai havia dito que aquele seria sua última tentativa de implantar uma carreira como mangaka. E, de acordo com o preview do próximo episódio, um personagem do passado da dupla voltará! Comecem a se acostumar com isso pois é algo que Ohba Tsugumi gosta bastante de fazer.

Por hoje é só, não deixem de comentar e até o próximo encontro “O Bakuman Dessa Semana Foi Interessante”!

Olá, queridos leitores! Sentiram saudades? MAS NÃO SE PREOCUPEM! CÁ […]

BAKUMAN Vol. 2 – Começando a carreira profissional

Conforme estabelecido no post sobre o volume 1, eu irei avaliar cada volume de BAKUMAN individualmente conforme eles forem saindo aqui no Brasil pela editora JBC. Sendo assim, o Volume 2 chegou às bancas já tem um tempinho, mas vamos a ele agora.

Logo no início do volume, temos a dupla Saiko e Takagi em seu caminho para o prédio da editora Shueisha apresentar o manuscrito de “As Duas Terras” para o editor. Eles estão adiantados e decidem matar um pouco de tempo para não parecerem muito afobados. Na conversa, descobrimos as motivações de Takagi para se tornar um mangaká. Gostaria de destacar nesse ponto que acho curioso a forma como o Ohba trata isso. Nos quadros em flashback ele nos mostra um cenário extremamente pesado e tenso em que o Takagi se revolta contra os projetos desenhados por sua mãe para seu futuro em “vingança” da demissão injusta do pai, mas logo depois os dois aparecem fazendo piada a respeito do ocorrido mostrando que isso não parece ser um trauma na vida do Takagi, só algo que aconteceu, nada demais.

Chega então a hora deles apresentarem seu trabalho. Ao entrarem no prédio da Shueisha, temos um panorama geral da recepção e dos procedimentos que um novato adota para poder mostrar seu trabalho. E para os que se perguntam se é realmente assim por lá, sim, é. Exatamente igual. Essa parte do mangá foi retratada com extremo realismo. Até o formulário que eles preenchem é o mesmo entregue na Shueisha “real”. Para adiantar, todo o visual do prédio da Shueisha, do departamento editorial, corredores, etc, que aparecem nesse volume são extremamente realistas. Quase “fotografias” do que eles são na realidade.

Nesse ponto somos apresentados a um personagem deveras importante para a série, Hattori Akira, o editor que aceitou dar uma olhada no trabalho dos meninos. Quando ele entra em cena, nós temos a impressão de que ele é um cara excêntrico e provavelmente doido, mas logo ele nos mostra ser muito competente no que faz e que está ali realmente para ajudar a dupla, já que ele vê futuro no trabalho deles. É interessante nesse momento do volume como Mashiro avalia Hattori com base nas informações que o tio passava para ele de como identificar um bom e um mau editor. No fim, o editor ganha a confiança de Mashiro e diz que o trabalho deles ainda precisa de tratamento, mas vai tentar inscrevê-lo no premio mensal da revista para ver o que outras pessoas acham dele.

Em seguida somos apresentados ao rival da dupla, que já havia sido mencionado na edição anterior, Niizuma Eiji. Ele sim aparenta ser muito excêntrico e não faz questão de mudar essa imagem. Um menino extremamente apaixonado por mangás e que não consegue parar um segundo de desenhar. Tem ideias fluindo em sua cabeça a todo momento e elas precisam ir para o papel. Alguns podem até considerar o Eiji orgulhoso e convencido demais nessa primeira fase do mangá. Uma figura, de fato, curiosa. Ele está pronto para ser serializado na Jump e está de mudança para Tóquio. A briga entre ele e a dupla principal está perto de começar.

De volta aos protagonistas, eles receberam a notícia de que “As Duas Terras” não ficou nem entre os finalistas, isso os deixou motivados para trabalhar em conjunto para criar uma história nova o quanto antes e tentar ganhar o grande prêmio anual da Shonen Jump, o Prêmio Tezuka. É daí que sai a ideia de “Um Milionésimo”. Hattori fica tão satisfeito com o novo trabalho que deixa os meninos com altas expectativas… mas infelizmente eles não conseguem receber nem uma menção honrosa.

Todo esse cenário é criado para uma das cenas que eu acho mais memoráveis no mangá até hoje, o soco de Takagi em Ishizawa. Eu decorei o nome desse personagem BEM secundário só por causa dessa cena que me marcou bastante pois coloca em evidência tudo que BAKUMAN “prega”. O colega de Mashiro e Takagi, Ishizawa, vê o nome dos dois na Shonen Jump e vai até Takagi dizer que o grande problema do mangá deles foi a arte de Mashiro. Em seguida ele mostra umas ilustrações feitas por ele dizendo que seu traço é muito superior ao de Mashiro. Takagi fica tão irritado que parte pra cima de Ishizawa derrubando-o com um soco.

A questão aqui é o Ishizawa representa a “exploração do moe” que a indústria de animes e mangás tem se direcionado para nos últimos tempos. Esse tipo de coisa é completamente abominada tanto por Takagi quanto por Mashiro e eles deixaram isso bem claro logo no volume 1. Ishizawa nunca desenhou um mangá na vida. Só ilustrações de lolis bonitinhas. Quando ele mostrou para o Takagi aquelas ilustrações dizendo que aquilo ali era muito melhor que a arte realista do Mashiro e que venderia muito mais, foi a gota d’água e acabou da maneira que acabou. Foi uma forma de mostra para o leitor o próprio ponto de vista dos autores de BAKUMAN sobre essa “onda moe”.

Por volta do meio do mangá, a dupla se encontra com Hattori para analisarem o que deu errado em “Um Milionésimo” segundo as avaliações do juri. O que se constatou era que o problema não era a arte nem o roteiro, mas sim a temática. A temática não era apropriada para a Jump. Principalmente um personagem que seja mais adequado à Shonen Jump. Ele diz então que vão trabalhar juntos para que isso aconteça e que tem um plano para eles superarem até mesmo o Eiji em 3 anos. Esse plano deixa Mashiro descontente. Para ele, o importante é conseguir uma série o quanto antes e ficar na mão de alguém que tem planos a longo prazo é doloroso. Ao confrontar Hattori sobre caso eles tivessem um excelente mangás em mãos agora ele ainda iria insistir em publicá-los só quando se formassem daqui a 3 anos, vem o editor-chefe e interfere na conversa.

“UM MANGÁ SÓ PRECISA SER BOM. SE FOR BOM, É NATURAL QUE SEJA PUBLICADO.”

Essas foram as palavras usadas pelo editor-chefe para interferir na discussão e diz que essas palavras vieram da boca de Karo Kawaguchi, tio de Mashiro. Tomamos conhecimento aqui que o editor-chefe foi editor do Karo Kawaguchi no passado e que foi ele que teve que “despedi-lo” da Jump. Todo esse contexto serviu como uma incrível motivação para Takagi, mas principalmente para Mashiro. Ele, mais do que nunca agora, quer ser publicado.

No encontro seguinte com Hattori, a dupla mostra os personagens e storyboards mais “ao estilo Jump”… mas para a surpresa geral, todos são horríveis na opinião do editor. Ele decide então mudar a estratégia e voltar com as temáticas e personagens mais “adultos” pois esse é o estilo dos meninos e pode ser um bom diferencial para a atrair leitores. É na conversa que Mashiro e Takagi apresentam uma ideia que havia sido descartada pela dupla, “Dinheiro e Inteligência” (que na edição da JBC foi traduzido para “Grana e Inteligência”). O plot atrai bastante a atenção de Hattori e ele decide investir nessa ideia. Pede para os meninos trazerem um storyboard com objetivo de publicarem na Akamaru Jump, uma revista agregada à Shonen Jump que trás one-shots de autores novatos e sai três vezes por ano. Hoje em dia a Akamaru Jump não existe mais, ela foi substituida pela Jump Next, mas a ideia continua a mesma.

Daí até quase o final do mangá, temos o trabalho de elaboração de “Dinheiro e Inteligência” e é interessante vermos como é o trabalho de um editor com os autores para a criação de um mangá. Essa relação é um dos pilares em que se apoia BAKUMAN e em diversas situações no futuro da série ela é abordada.

Por fim, eles conseguem fazer com que “Dinheiro e Inteligência” seja publicado na Akamaru Jump. Somos também apresentados ao pseudônimo que será adotado pela dupla, Ashirogi Muto, uma mistura dos nomes do Takagi e do Mashiro. Porém, nem tudo são flores. Eiji também publicou seu one-shot de “Crow” na mesma revista que a dupla. Ele ficou em 1º na pesquisa de opinião do público enquanto “Dinheiro e Inteligência” ficou em 3º. A dupla fica arrasada e temos início à bela rivalidade entre Niizuma Eiji e Ashirogi Muto.

Mais uma vez temos uma análise relativamente longa, mas bem detalhada desse volume. Espero que vocês estejam gostando e que continuem lendo tanto BAKUMAN quando estas análises. Não deixe de deixar sua opinião sobre essa edição nos comentários!

Conforme estabelecido no post sobre o volume 1, eu irei […]

BAKUMAN Vol. 1 – O início de algo muito maior

Há cinco dias atrás eu coloquei no ar uma análise do primeiro volume de BAKUMAN publicado pela JBC comparando a edição nacional com a edição americana do mangá. Porém, recebi alguns e-mails de reclamação por eu não ter falado sobre a história e só fiquei “de mimimi” (parafraseando) sobre os aspectos técnicos (como papel, impressão, capa, cores, etc…). A grande questão é que esses que reclamaram estão com toda a razão. Apesar deu ser um fã confesso de BAKUMAN e um dos blogueiros que mais fala sobre a série, eu deveria ter sim falado da história de BAKUMAN, afinal, foi ela que me conquistou e não se o papel é bom ou ruim. Sendo assim, faço esse post para me redimir dessa falha e mostrar a vocês o que me conquistou em BAKUMAN desde o Volume 1. Pretendo continuar com esses reviews conforme as edições da JBC forem saindo (mensalmente) para que os leitores do Anikenkai possam acompanhar juntamente comigo (mais ou menos como faço com Genshiken nos capítulos mensais que saem no Japão).

Eu comecei a ler BAKUMAN desde que o capítulo 1 saiu na Shonen Jump, lá no já longínquo ano de 2008. Lembro que eu estava no 2º período da faculdade, começando a delinear meu futuro profissional e cheio de perguntas de como seria minha vida a partir de então, o que eu queria fazer com ela, etc. Foi então que recebo a notícia de que a dupla que fez Death Note estaria com um novo mangá na Jump e que seria sobre mangakás. Era óbvio que eu iria conferir. E assim o foi. Em 11 de Agosto (um pouco antes graças às ‘habilidades’ do fandom) estreava BAKUMAN.

O que eu li naquele primeiro capítulo foi algo extremamente interessante. Para começar, novamente a dupla de autores desafia os “padrões Jump” de ser e coloca um tema polêmico para a própria sociedade japonesa. O tio de Mashiro era um mangaká que morreu de tanto trabalhar. Caramba… a Shonen Jump era uma revista que publica mangás e ela coloca em suas páginas um caso de um mangaká que MORREU de tanto se esforçar para ser publicado na própria Jump? Achei extremamente curioso.

Mais curioso ainda foi o fato do próprio Mashiro estar com questões quanto a seu futuro muito parecidas com as que eu vinha tendo e que, com certeza, muitos dos que estão lendo esse texto também o tem, já tiveram ou vão ter. “O que eu vou fazer do meu futuro?”

No caso, Mashiro está conformado que terá uma vida medíocre como a maioria e não vê porque mudar esse status. Porém, vemos que nem sempre foi assim. Quando convivia com seu tio, em sua infância, Mashiro era extremamente sonhador, desenhava, criava histórias, personagens e queria ser um mangaká quando crescesse para poder continuar esse fluxo criativo e mostrar seu trabalho ao mundo, como seu tio fazia. Porém, em algum momento ele tomou outro rumo. Esse momento foi o “suicídio” do tio.

Sim, mais um tema polêmico para a sociedade japonesa, o suicídio. Porém, eu coloquei suicídio entre aspas pois o tio não se suicidou de fato, mas era o que Mashiro acreditava, cego pelo que os parentes o contaram. Por acreditar que seu tio foi um derrotado que não conseguiu encarar a vida de frente, ele deixou a ideia de ser um mangaká e fazer o que sempre gostou para não ser um fracassado como o tio.

Estamos falando de um mangá para um público infantil aqui. Apresentar esses temas é algo extremamente complexo.

E se isso já não fosse motivo suficiente para eu estar acompanhando o mangá, ainda temos o Takagi, o segundo protagonista da série, que nada mais é que, nesse início, o oposto do Mashiro e o fator entrópico que faz toda a história acontecer.

Basicamente Takagi é um dos meninos mais inteligentes do colégio e que tem os maiores prospectos de vida da escola. Para ele parecia que tudo daria certo na vida. Ele iria entrar numa excelente faculdade, ser contratado por uma grande empresa multinacional e ocupar um glorioso cargo de chefia. Porém, Takagi sabe muito bem o que quer da vida, e não é nada disso. Ele quer ser um mangaká. Ele sempre foi fascinado por histórias e principalmente por mangás. Porém, ele não tem nenhuma habilidade para desenhar. Mal consegue fazer bonecos palito direito.

É ele que vai até Mashiro e propõe que eles formem uma dupla e que comecem a fazer mangá. Obviamente, Mashiro nega, mas devido à insistência de Takagi e um belo empurrão na descoberta de que seu tio não tinha se suicidado, mas sim se esforçado absurdamente até a morte para conseguir o que acreditava, ele acaba aceitando e se torna o parceiro de Takagi rumo a seguir os passos do tio.

Já era. Estava fascinado pelo que iria sair dali. Nos capítulos que se seguiram, e que compõe o primeiro volume do mangá, nós temos o início do processo criativo da dupla. Uma jornada de aprendizado, cheia de referências e mensagens importantes que poucas vezes se vê num shounen.

A principal delas é a citação a “Otoko no Jouken” de Ikki Kajiwara, que fez também Ashita no Joe, mangá favorito de Mashiro na história. Essa obra escrita na década de 60 é basicamente um guia de “Como ser um homem” e durante muito tempo foi usado como manual para mangakás novatos ou aspirantes. Não quero me prender muito a isso aqui nesse post, mas digo que as 5 “regras” citadas em BAKUMAN serão o fio condutor que guiará a série. Um guia moral e profissional para a dupla em sua busca pelo sucesso na carreira de mangaká.

Por fim, fiquei extremamente interessado pelo nível de ambição dos meninos. Eles são dois moleques de 15 anos que ainda lutam pra passar de ano na escola e que simplesmente decidem de uma hora pra outra que vão se dedicar a ser mangakás. E não somente isso, mas serem mangakás na maior revista de mangás do Japão, a Shonen Jump. Haja culhões, se me perdoam o vocabulário.

Esse review até que se estendeu mais do que eu pensava que se estenderia. Mas acho válido dar meu ponto de vista sobre essa obra que hoje em dia tenho extremo prazer em ler. Obviamente existem pontos negativos na série, afinal, nem tudo são flores, mas posso garantir, como leitor de BAKUMAN há três anos, que vale a pena continuar acompanhando. Tive momentos em que quase desisti da série, que achei que os autores tinham perdido o rumo, mas digo que chegando aonde estou, no capítulo 143, que vale a pena ler BAKUMAN.

Para os que estão preocupados com o romance entre Mashiro e Miho, essa coisa utópica e desinteressante que foi introduzida pelo autor por razões que não cabem a esse post discutir, relaxem. Esse romance é secundário no decorrer da história de BAKUMAN.

E lembrem-se: ler a opinião alheia é extremamente importante. Mas mais importante ainda é você tirar suas próprias conclusões. Então compre, leia e analise o mangá você mesmo. Não deixe simplesmente se levar pela opinião do outro. Para mais um ponto de vista, recomendo o review do meu colega e xará no Chuva de Nanquim.

Há cinco dias atrás eu coloquei no ar uma análise […]

Mangakás: Um papo sobre gênios…

*Obrigado a todos que comentaram e discutiram o assunto! Se você está lendo esse artigo pela primeira vez, não deixe de ler também os comentários do pessoal!

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Nos últimos dias minha internet resolveu ficar incrivelmente instável e obviamente por causa disso o Anikenkai ficou prejudicado. Pelo menos pude aproveitar meus últimos dias de férias para sair com amigos e ver uns filmes.

Mas voltando à programação normal, resolvi tratar sobre um assunto que se vocês leem Bakuman já devem estar acostumados: Os gênios dos mangás.

É curioso ver que a palavra gênio hoje em dia é usado para qualquer grande hit, para um mangaká que faça sucesso, para obras muito bem desenhadas. Mas a verdade é que gênios mesmo são poucos.

Em Bakuman, quando somos apresentados ao mundo dos mangás, temos a distinção entre dois tipos de mangakás: os gênios e os esforçados. A grande diferença entre ambos é como eles criam suas histórias. Um gênio não precisa de grande esforço para pensar em histórias excelentes. Elas fluem com incrível naturalidade. É algo inerente ao próprio mangaká. Na maioria das vezes eles não planejam muito a frente suas séries, personagens novos aparecem por surtos criativos e etc. Diferentemente dos esforçados, que, obviamente, tem que se esforçar, estudar, pensar, errar muito pra conseguir criar boas histórias.

É interessante ver que um gênio não necessariamente vai construir um mangá melhor que um esforçado.

Em Bakuman, Eiji é o único considerado realmente um gênio. Um personagem que “sente” o mangá como nenhum outro. Ele possui algo que como um “sexto sentido para o mangá”. Sua capacidade de pegar referencias e criar universos, personagens, plots em questão de segundos faz com que ele se diferencie dos outros autores.

O comportamento de Eiji chega a ser excêntrico aos olhos ‘comuns’. Quando você vê ele desenhando enquanto grita nomes de golpes, reproduz os sons das onomatopeias e conversa consigo mesmo, você vê que o processo criativo dele é completamente diferente da maioria. Parece que ele e o papel são um só. É algo como se a cabeça dele e o lápis estivessem conectados diretamente.

Conforme certas análises, Ohba Tsugumi, escritor de Bakuman, se baseou na personalidade do mangaká Eiichiro Oda para criar Niizuma Eiji. Oda é o autor do grandioso sucesso One Piece, mangá sobre piratas em busca do maior tesouro do mundo, publicado na Shonen Jump.

Assim como sua contraparte ficcional, há quem diga que Oda também possui um comportamento excêntrico quando é hora de criar suas histórias. É incrível como ele consegue terminar um capítulo em poucos dias e usar o resto da semana para pensar e imaginar como vai ser o próximo. O lápis flui como se fosse simples desenhar no estilo dele, cheio de detalhes e com cada quadrinho quase que completamente preenchido por desenhos. Ele é um autor que poucas vezes usa retículas para fazer sombreados, ou dar efeito de preenchimento. Ele prefere sempre desenhar algo novo, um personagem secundário ao fundo da cena, um prédio, um animal, o que quer que seja. Um processo que para um mangaká comum seria extremamente cansativo, para ele acontece naturalmente.

Para mim e para muitos que observam o mundo dos mangás, Oda é o único exemplo real de gênio presente na Shonen Jump. É complicado afirmar isso para todo o Japão, mas se limitando à publicação mais popular do país, Oda realmente recebe o status de único gênio.

Sei que muitos de vocês vão discordar de mim, dizer que há histórias bem melhores que One Piece na Jump ou em dezenas de outras revistas pelo Japão a fora, mas repito o que eu disse lá em cima no começo do texto: ser gênio não significa fazer histórias melhores que os outros. Ser gênio é como ter um “sexto sentido” para criar e manter histórias interessantes com facilidade e naturalidade.

Eu gostaria de saber o que vocês, que estão leram esse post acham sobre o assunto. É um tema que, pessoalmente acho bem interessante. Não deixem de comentar.

Menção honrosa a Takehiko Inoue que, apesar de não estar mais na Shonen Jump, não poderia ficar fora de um post sobre gênios. Um artista que muito admiro e cuja arte e narrativa até hoje são uma das melhores em toda a história do Japão e do mundo.

*Obrigado a todos que comentaram e discutiram o assunto! Se […]