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Uma análise do nosso fandom tendo como base o último capítulo de Genshiken…

ATENÇÃO: Você PODE ler esse post mesmo sem acompanhar Genshiken.

O último capítulo de Genshiken (73), me abriu a cabeça para um assunto que há muito eu havia deixado de lado ao ler a série, os problemas do passado das personagens. Mas antes de entrar diretamente no assunto, um breve resumo da situação para os que não acompanham a série:

A presidente do Genshiken, Ogiue, decide fazer um mangá em parceria com seu calouro, Hato. Para tentar se adequar ao estilo de arte de seu parceiro, ela decide criar uma história de romance colegial. No entanto, a mesma não tem experiência no assunto por mal ter possuído amigos em seus tempos de escola, muito menos um romance. Ela então decide perguntar aos seus calouros sobre suas histórias, já que eles saíram há pouco tempo do ensino médio. É aí que ela descobre que, assim como ela, nenhum de seus calouro teve alguma experiência romântica.

Para começarmos a analisar a situação, é necessário pensar no por quê da Ogiue ter acreditado que seus calouros teriam história para contar…

Comecemos com a Yoshitake. Uma otaku hardcore, que não aparenta ter nenhum trauma quanto ao seu hobby, tem um temperamento explosivo e desinibido e é bonita (apesar de um tanto baixinha). Essas características fizeram a Ogiue acreditar que ela poderia ter algo a acrescentar para sua história. A Yoshitake era vista como muitos nerds modernos o são, pessoas que no exterior não aparentam ser o que realmente são. Algo que como naturalmente houvesse sido criada um escudo de força para evitar que essa pessoa fosse reconhecida como um nerd por uma simples olhada rápida. O que não significa que ela tenha feito isso de propósito porque se envergonha do que ela é. Mas justamente o contrário. Por ela não ter problema em ser o que é, ela acabou tendo a mente aberta para incluir em sua rotina, por exemplo, senso de moda, vida social, etc. Um fenômeno interessante que tem acontecido muito recentemente no fandom.

Mas ao mesmo tempo que todo seu exterior diga que ela é uma “civil” (não-nerd), ela é uma über-otaku. E sendo o que ela é, acabou que ela dava atenção demais ao seu hobby e se esquecia da parte social da vida, o que acontece com muitos no fandom. Ou seja, mesmo ela não aparentando, ela “sofre” dos mesmos “problemas” de qualquer nerd. Ela se dedicava demais aos seus estudos no Clube de História, que mais era um clube otaku que qualquer outra coisa, e não “tinha tempo” para a vida social escolar.

E que tal a Yajima? Uma menina que claramente é uma otaku (gordinha, não liga muito para o que veste ou para sua aparência, fala pouco…)? Por que a Ogiue acharia que ela teria algo para contar? É algo difícil de se perceber e me tomou algum tempo. O caso é que a Yajima sempre pareceu uma pessoa com “experiência”. Ela muitas vezes captava algumas coisas que os outros não. Parecia que ela tinha mais noção de “vida em sociedade” que seus colegas. Algo como o Sasahara no início da série (lembram dele roubando o celular do Kousaka pra dizer para a Kasukabe que eles já estavam de saída e que ela poderia ficar com o Kousaka a sós logo no volume 1?). Esse ar de pessoa experiente com certeza foi o que levou a Ogiue a crer que a Yajima já tinha tido algum romance nos tempos de colégio.

O curioso é que, de fato, ela teve… mas não teve. Explicando…

Apesar do seu ar de experiente, ela é muito inocente, na verdade. Sua “experiência” no colégio foi a de um outro menino de sua turma ficar enchendo o saco dela fazendo piadinhas com ela de vez em quando. O bullying praticado pelo rapaz foi encarado por ela como uma forma de afeto. Afinal, era um garoto que falava com ela e mesmo quando ele mudou de turma e o bullying acabou, ele ainda se lembrava dela. Isso é o que ela considerou como um “romance”. Totalmente unilateral. O rapaz provavelmente não dava bola nenhuma pra ela, mas pelo simples fato dele falar com ela já despertou algum sentimento do seu lado.

Essa é mais uma característica do nosso fandom. Nerds devem ser as pessoas que mais tem paixões platônicas no universo. É impressionante o número de pessoas que se apaixonam pelas mais mínimas das coisas, e muitas dessas vezes essa pequena parte das pessoas ofusca o todo fazendo-os não enxergar o óbvio. Yajima se apaixonou pelo menino porque ele falava com ela, era o único. Isso não deixou que ela percebesse que, de fato, ela estava sendo alvo de bullying.

E Hato? O fudanshi cross-dresser? Por que ele teria histórias para contar? Ora… essa é fácil. Porque ele é bonito e sempre andou rodeado de garotas no antigo Clube de Arte do colégio. Mas ele é um fudanshi, um garoto que gosta de yaoi. Tem que ter algo de podre nisso aí. Infelizmente, o autor não nos deu o gostinho de saber mais sobre o passado do personagem. Ficará para o próximo post.

Mas antes de terminar essa breve análise, tenho que falar do Kuchiki. Ele não é um calouro do Genshiken, mas ele aparece nesse capítulo sendo o único que teve um romance de fato. O mais doido dos otakus que já passaram pelo Genshiken,  o ser menos improvável do universo, teve uma experiência romântica.

No último ano de escola, uma menina se confessou para ele. É, assim, de bandeja. A questão é que o relacionamento terminou menos de um dia depois. E o que podemos tirar disso em paralelo com o nosso fandom? É simples. Como é constante a quantidade de vezes em que desperdiçamos oportunidades que caem de bandeja para nós. Kuchiki confessou que falou com a menina no máximo uns três minutos naquela noite. Claro que a menina iria dar um pé na bunda dele no dia seguinte. Oportunidades são perdidas ou porque acabamos não sabendo como lidar com elas ou porque não acreditamos que seja realmente conosco. “Uma menina como essa dar mole pra mim? Não, não pode ser… ela deve estar me sacaneando” é um pensamento comum no fandom, não?

Aqui tivemos quatro exemplos de personagens que serviram como base para analisarmos aspectos e comportamentos do fandom. A questão é que  apesar do que eu falei, cada um é cada um. Pode ser que você não se encaixe em anda que eu falei aqui, como também pode ser que você se encaixe em tudo que eu falei aqui. Independente disso, os pontos de vista aqui apresentados são comuns no fandom… tão comuns que foram representados na história.

É engraçado como isso contrasta com a ideia de nerd que muitos tem hoje em dia… nerd-chic… mas isso é um assunto para outra época do ano

Não deixem de comentar.

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Arquivo Otaku 2 – Kouta Morisaki

Nome: Morisaki, Kouta (守崎 耕太)
Relacionamento: Solteiro
Origem: Otaku no Musume-san (2006 – …)

Informações:

Kouta é um jovem otaku que vive sozinho e gosta de colecionar figures, DVDs e video games. Para se sustentar ele tem um trabalho de assistente de um mangaká. Um dia ao chegar em casa, ele se depara com Kanou, uma garotinha de 9 anos que diz ser sua filha. Sua vida então terá que mudar drasticamente, afinal aos 26 anos e sem nenhuma experiência como pai, ele passou a ter uma grande responsabilidade em suas mãos. Porém, com a ajuda da filha, Kouta decide levar seu sonho de se tornar um mangaka profissional a sério.

Otakuzices:

O caso de Kouta é bem curioso pois, apesar de ser um completo otaku, ele não se iguala aos outros no quesito sexualidade. Ele já teve uma experiência sexual e não tão velho, ainda no ensino médio. Obviamente a iniciativa não havia sido dele, mas sim de Nozomi, a mãe de Kanou, mas isso não desmerece a experiência, que o coloca em destaque frente ao otaku padrão. Seu conflito inicial perante uma sociedade que considera otakus “nojentos” o fez encarar seu hobby de uma maneira mais saudável. Apesar de a princípio sermos inclinados a acreditar que ele vai largar de vez seu lado otaku, o decorrer de sua história mostra que não, que é possível ser um otaku em harmonia com responsabilidades sociais e familiares. Sem dúvida nenhuma uma visão bem otimista do universo otaku e de suas características.

Nome: Morisaki, Kouta (守崎 耕太) Relacionamento: Solteiro Origem: Otaku no […]

Arquivo Otaku 1 – Madarame Harunobu

Nome: Madarame, Harunobu (斑目 晴信)
Relacionamento: Solteiro
Origem: Genshiken (2002 – 2006, 2010 – …)

Informações:

Madarame foi o segundo presidente da Sociedade Para o Estudo Da Cultura Visual Moderna, ou Genshiken, da Universidade Shiou em Tóquio, indicado pessoalmente pelo presidente anterior graças às suas características de liderança. Apesar de dizer que não sente atração por pessoas 3D (de carne e osso), só as 2D (animes, mangás, games, etc), ele acabou desenvolvendo uma paixão pela namorada de um colega de clube, e ex-arqui-inimiga sua, Kasukabe Saki. Porém, ele nunca revelou esse sentimento a ninguém, muito menos para a própria Saki, pensando que isso poderia acabar com sua amizade com ela. Apesar de sua personalidade explosiva, ele é bem tímido. Madarame atualmente já está formado e trabalha como um típico salaryman.

Otakuzice:

Madarame é conhecido por ser um “otaku-militar”. O motivo desse apelido vem do fato da preferencia dele por Gundam, mas também por sua personalidade de “militante otaku”, facilmente observadas em suas aulas sobre hentai para Kasukabe. Seu nível de otakuzice é extremo e isso reflete muito em sua vida pessoal. Ele compra doujinshis sem olhar o preço, essa prática comumente o deixa sem dinheiro para as despesas básicas como alimentação e vestimentas. Sua magreza vem provavelmente da falta de alimentação e da baixa qualidade da mesma, já que atividade física não é o seu forte.  Mesmo depois de sua graduação, ele não consegue se desvincilhar do Genshiken e continua a aparecer na sala do clube na hora do almoço de seu trabalho e em outras ocasiões.

Nome: Madarame, Harunobu (斑目 晴信) Relacionamento: Solteiro Origem: Genshiken (2002 […]

Apresento-lhes a nova coluna: “Arquivo Otaku”

Começo agora uma nova coluna aqui no Anikenkai, baseada no Fujoshi Files do meu colega blogueiro americano, @sdshamshel: ARQUIVO OTAKU.

Com essa coluna pretendo manter um arquivo de perfis de personagens otakus da cultura pop japonesa. Dos mais variados biotipos, estilos, formas, personalidades, origens, etc. A ideia aqui não é traçar um perfil do personagem, como, por exemplo, faz muito bem o Chuva de Nanquim nos Hall da Fama, mas sim analisá-los sobre a ótica de sua otakuzice.

Sempre me propus a analisar o fandom por uma ótica social, isso está na descrição do blog, então por quê não tomar uma iniciativa dentro do próprio objeto de agrupamento do fandom? É algo que quero fazer há algum tempo e agora vou finalmente colocar em prática.

Se vocês tiverem alguma sugestão de personagem (apesar deu já ter uma enorme biblioteca pra análise), podem me enviar por e-mail, tweet, comentário, etc. Espero que vocês gostem e aproveitem o conteúdo.

Começo agora uma nova coluna aqui no Anikenkai, baseada no […]

Apresento-lhes a nova coluna: "Arquivo Otaku"

Começo agora uma nova coluna aqui no Anikenkai, baseada no Fujoshi Files do meu colega blogueiro americano, @sdshamshel: ARQUIVO OTAKU.

Com essa coluna pretendo manter um arquivo de perfis de personagens otakus da cultura pop japonesa. Dos mais variados biotipos, estilos, formas, personalidades, origens, etc. A ideia aqui não é traçar um perfil do personagem, como, por exemplo, faz muito bem o Chuva de Nanquim nos Hall da Fama, mas sim analisá-los sobre a ótica de sua otakuzice.

Sempre me propus a analisar o fandom por uma ótica social, isso está na descrição do blog, então por quê não tomar uma iniciativa dentro do próprio objeto de agrupamento do fandom? É algo que quero fazer há algum tempo e agora vou finalmente colocar em prática.

Se vocês tiverem alguma sugestão de personagem (apesar deu já ter uma enorme biblioteca pra análise), podem me enviar por e-mail, tweet, comentário, etc. Espero que vocês gostem e aproveitem o conteúdo.

Começo agora uma nova coluna aqui no Anikenkai, baseada no […]

Turismo Otaku para Estrangeiros

Foi lançado pela Organização Nacional de Turismo do Japão (The Japan National Tourism Organization, JNTO) um mapa em inglês para os estrangeiros fãs de animes e mangás que querem aproveitar ao máximo sua visita ao Japão no que diz respeito ao seu hobby. Nesse mapa, temos indicações de locações que apareceram em animes, como a entrada do castelo de Ueda em Nagano que foi usada como base para a casa da família Jinnouchi em Summer Wars; museus como os da Toei, Bandai, Chibi Maruko-chan, Osamu Tezuka e outros; indicações de bairros otakus como Akihabara, Otome Road em Ikeburo; eventos como os tradicionais Comic Market, de doujinshis, e Wonder Festival, de figures.

Com certeza é algo bem legal para termos conosco quando formos viajar ao Japão, mas fico pensando o que os próprios japoneses acham disso. Lendo a notícia sobre o mapa no Shoujo Café e no ANN só consegui lembrar de uma outra notícia que postei por aqui há cerca de um ano atrás. Ela falava sobre como os donos da Hyogo Kenritsu Nishinomiya Kita High School divulgarem uma nota pública pedindo que os fãs dos animes de Suzumiya Haruhi parem de invadir as propriedades da escola em busca de fotos das locações usadas como base para a escola frequentada pelos personagens.

Independente disso, é algo interessante de se observar. Num momento pós-catastrofe, onde normalmente o turismo tende a cair consideravelmente, o Japão aposta no turismo otaku para compensar essa perda.

Foi lançado pela Organização Nacional de Turismo do Japão (The […]

Não entre em pânico…

No último dia 25 de maio o mundo celebrou o “Dia da Toalha”. A data foi instituída em homenagem ao escritor inglês Douglas Adams, responsável pela série “O Guia do Mochileiro das Galáxias”, onde, segundo o próprio, a Toalha é a melhor companheira de um Mochileiro Galático. Porém, há algum tempo, a data, que também é a data de aniversário de Star Wars, tornou-se também o “Dia do Orgulho Nerd”. Mas qual o motivo de eu estar fazendo um post sobre isso? O fato é que quando comecei o Anikenkai, eu me propus a tratar meu hobby sobre uma ótica social e portanto acho válido fazer um post sobre esse tema já que ele engloba a grande maioria de visitantes desse querido blog.

Para começar a tratar do assunto, vamos definir o que é um nerd: Uma pessoa que gosta tanto de alguma coisa que quer buscar saber cada vez mais sobre ela e sobre coisas a ela atreladas. Essa é a definição que eu aceito como correta para um nerd. Porém, não é essa a definição que a sociedade usa para definir um nerd. Todos sabemos que junto a essa palavra vem uma enorme carga de pré-conceitos, como inabilidade social, exagero nos estudos, pouco senso de moda, e por aí vai.

A grande questão é que hoje em dia esse conceito de nerd tem mudado e chegamos a um ponto em que ser nerd é chique e está na moda. Mas aí vem o grande problema. O que está na moda é ser nerd? Sendo um ou outro, é algo para se ter orgulho? Vou tentar falar sobre isso aqui.

Quando eu era bem pequeno ser nerd não era algo “cool”. Na verdade, você era maltratado, as pessoas olhavam torto e a maioria dos amigos que você fazia eram iguais a você se muito. Afinal, o pessoal não gostava de um cara que ficava o dia inteiro no computador, ou jogava muito video-game, ou colecionava cards, brincava com bonecos, assistia desenho animado demais, lia gibi… isso não era algo que os caras “descolados” faziam. Claro que não. O legal era você sair para as boatezinhas (aquelas festinhas feitas para pré-adolescentes que querem ser gente grande), ir ao cinema com as meninas da turma, ir pra praia, ficar falando de relacionamentos e fazendo fofoca. Eu fico pensando o que aconteceu para isso ter mudado. Porque agora isso virou ao avesso?

Opa, peraí… não virou. Essas coisas ainda são consideradas criancice, caretice, coitadice, o que quiser chamar. Então vamos com calma… se o que a maioria dos nerds faz ainda é considerado idiotice, qual a parte dos nerds que está em alta? A resposta é o “visual”.

O conceito de “nerd-chic” nasceu para a moda. Óculos com armações em evidência. Camisas sociais xadres com calça de tecido. Tênis casual e um cinto estilizado. Magro. Uma leve barba mal cuidada (só na aparência). Isso é um “nerd-chic”. O “ser nerd” não é o que está na moda, mas sim o “parecer nerd” está na moda. Você ser apaixonado por algo a tal ponto de fazer certos sacrifícios incompreensíveis pela sociedade não é “cool”. Um fã gastar o salário em um busto do Homem de Ferro não faz sentido. Importar uma edição especial de um DVDs a 400 reais sendo que você tem uma edição “pobraiada” por 10 é inconcebível. Deixar de sair para uma noite para a boate porque vai sair um episódio da série que você mais gosta é coisa de doido. Ficar em casa num final de semana de sol pra assistir a uma série inteira de filmes que você adora é doidera.

É, queridos leitores, ser nerd não é chique. Parecer com um é.

Agora vem a questão do Dia do Orgulho Nerd. Se esse dia já não fosse uma besteira pelo ponto de vista deturpado que eu mostrei agora, é ainda mais idiota pelo conceito em si. Ser nerd é algo para se orgulhar? Eu digo que não. Porém, também não é algo para se ter vergonha. É algo que a pessoa simplesmente é. Não é motivo para orgulho nem vergonha. Eu não me sinto melhor que os outros por ser nerd e nem acho os outros melhores do que eu por não serem.

Quem leu esse texto até agora provavelmente se interessa pelo tema. Peço desculpas se o tratei de uma maneira inesperada, ou um tanto crua, mas esse é um tópico para ser discutido por muito e muito tempo, não em um único post. Sigo eu comemorando o Dia da Toalha em homenagem a um autor que admiro. Sigo também sendo nerd, pois sou e gosto de ser, mas não me orgulho, porque quem não é não é pior do que eu e muito menos deveria sentir vergonha de não ser.

Não deixem de ler também o texto feito pelo blog Gyabbo, parceiro do Anikenkai, sobre o assunto.

No último dia 25 de maio o mundo celebrou o […]

Anikencast #005 – Otaku no Video

A equipe do Anikencast se une à equipe do JCast para falar dos dois OVAs que compõe a obra Otaku no Video! Lançado em 1991 pela GAINAX, Otaku no Video teve grande influencia no ocidente e até hoje serve como retrato de uma geração. @didcart, Starro, @darkonix e @Laivindil conversam sobre o anime, sobre o documentário de mentira, mas não só sobre eles. Esse podcast foi um verdadeiro papo sobre a história da Gainax, origem dos otakus como nós conhecemos, suas influencia, a meta-linguagem da obra, curiosidades e muito mais.

Não deixem de comentar mandando e-mails para [email protected], dando reply no meu twitter ou comentando aqui no post!

Trailer de Otaku no Video:

Mencionados durante o podcast:

JWave Cast sobre Zelda — parte 1
Reportagem sobre Otakus de 1985
DAICON III (animação feita por somente três pessoas da Gainax em1981)
DAICON IV (animação feita pela Gainax em 1983)
DAICON III OMAKE (um “extra” do Daicon III)

 

Fiquem agora com o programa:

Duração: 61min

A equipe do Anikencast se une à equipe do JCast […]

O status da moda em Kuragehime

Eu escrevi um post sobre Kuragehime apresentando a série para meus leitores. Porém, num post do tipo não dá para nos aprofundarmos muito em determinados assuntos e é por isso que eu decidi escrever esse novo post a respeito do anime.

Para quem não leu o post anterior, Kuragehime é sobre uma menina otaku que mora com outras otakus numa pensão em Tóquio. Em um belo dia, seu caminho cruza o de um cross-dresser que é o completo oposto da protagonista, principalmente na personalidade. O cross-dresser então passa a fazer parte da rotina da menina e das outras mulheres que moram na pensão.

Entre outros assuntos, como NEETs e sexo, um dos mais explorados em Kuragehime é sem dúvida a moda. Tóquio é a capital japonesa da moda e um dos principais pontos geradores de tendências do mundo. Como é de se esperar, as moradoras da pensão são completamente avessas à moda e mesmo morando em Tóquio tentam se manter longe de Shibuya (o bairro da moda em Tóquio) e das pessoas que andam por lá.

Porém, é justamente por eles morarem lá que eles acabam tendo que conviver e lidar com a pressão da beleza. Principalmente pelo fato de um dos principais motes da moda japonesa ser “não seja igual a todo mundo”. A pensão onde elas moram, Amamizukan, é seu refúgio. Elas sabem que são diferentes dos outros e por isso o prédio, com arquitetura tradicional, acaba sendo retratado como o único lugar onde elas realmente podem ser quem são. Isso acaba fazendo com que elas tentem manter aquele espaço completamente livre de mudanças. Isso é percebido nas constantes negações de propostas de novos possíveis moradores. E é aí que Kuranosuke entra. Ele é uma ameaça ao estilo de vida das otakus. Ele é a “ameaça externa” invadindo o ambiente interno da pensão.

Porém, essa discussão vai além disso. Por saberem que são diferentes, elas se mantém assim por opção, gerando assim uma resistência interna pela anti-moda. No episódio 3, Tsukimi recebe um tratamento de beleza pelas mãos de Kuranosuke. O resultado exalta toda a beleza reprimida e escondida pelo descuido proposital da personagem. O curioso no entanto é a reação de Tsukimi ao se ver daquela maneira. Ela simplesmente não aceita o fato de poder ser bonita. Mesmo ela desejando ser uma princesa quando criança, ela se realiza de sua situação atual, otaku, e abomina o fato de ser bela graças ao seu atual meio social. Ela logo se imagina sendo “deserdada” por suas amigas e sendo queimada viva em plena Otome Road.

Toda essa situação não é exclusiva de Tóquio, nós, brasileiros, também podemos nos enxergar facilmente na personagem. Eu moro na zona sul do Rio de Janeiro e sempre estudei e andei por lugares em que a maneira como você está vestido conta. Mesmo eu nunca tendo sido muito ligado em moda, eu sempre tive uma certa noção do que vestir e não vestir em certas ocasiões, mas ao mesmo tempo era bem comum ouvir coisas como “o quê? você já está há oito meses sem comprar uma roupa nova?”, ou “como é possível você usar sempre o mesmo casaco todo dia?” e por aí vai.

É comum essa aversão dos nerds à moda e também é comum quando “um dos nossos” aparece bem vestido, ou bem maquiado nós acabarmos tirando sarro. Não fazemos isso por mal mas, se pararmos para pensar, nós fazemos o mesmo que eles fazem conosco quando aparecemos desleixados com nosso visual.

Voltando à Kuragehime, a aversão das otakus à moda acaba gerando um certo preconceito com quem se importa com isso. É errado se preocupar com a maneira como nos vestimos? É errado às meninas dedicarem tempo à maquiagem, depilação, etc? Sinceramente, claro que não. Não é errado querer valorizar a beleza. Por mais que eu acredite que uma boa personalidade é mais importante que uma boa aparência, por raras vezes sem uma boa aparência a boa personalidade aparece. Moda muitas vezes é encarada como uma maneira de mascarar seus defeitos (e aí entram principalmente os defeitos de personalidade), mas a falta dela também pode ser encarada como uma maneira de esconder as suas qualidades.

Toda essa discussão ao redor do que é a moda, como os nerds encaram a moda e como a personagem principal reage a tudo isso só torna Kuragehime uma série ainda mais interessante de ser assistida. Vale ressaltar que qualquer coisa em exagero é ruim. Eu lembro de ter mencionado isso em um dos primeiros posts do Anikenkai e é a mais pura verdade. Por isso é sempre bom a gente estar se auto avaliando e vendo em que pontos estamos exagerando a ponto de prejudicarmos outro lado de nós mesmos.

Eu escrevi um post sobre Kuragehime apresentando a série para […]

Princesa Água-Viva e suas Amigas (aka Kuragehime)

Quem me acompanha no twitter sabe que eu venho prometendo um post sobre Kuragehime há algum tempo. Finalmente o post está finalizado e eu espero que vocês possam ver minha visão do anime e conhecê-lo, se ainda não conhecem. Kuragehime é um dos animes que eu mais gostei dessa temporada e do ano todo.

Para começar, vamos a uma breve sinopse: Tsukimi é uma otaku de vivas e vive em uma pensão com outras meninas tão otakus quanto ela. Um dia ao tentar salvar uma água viva em uma pet shop, ela acaba esbarrando com uma “linda princesa” (parafraseando a própria personagem). Totalmente o oposto de Tsukimi, ela acaba entrando na pensão e dormindo no quarto da otaku. Porém, de manhã ela descobre algo que mudaria sua vida… aquela “princesa” na verdade era um garoto, um cross-dresser (garoto que se veste como uma garota).

Olhando pela sinopse, eu acharia esse anime uma bosta. E sim, o motivo disso é o cross-dresser. Uma moda que parece estar realmente se alastrando no Japão. Tivemos cross-dressers no capítulo 56 de Genshiken, tivemos um em Baka to Test e agora temos um em Kuragehime. “O que está acontecendo?” eu me perguntei quando li a sinopse, mas fui conferir mesmo assim seguindo a indicação do meu querido colega blogueiro, Gyabbo.

Obviamente fiquei surpreso com a qualidade do anime, logo no primeiro episódio eu já sabia que seria bem promissor. Porém, eu fiquei com o pé atrás. Sabe como é, alguns animes tem decepcionado bastante nessa temporada.

Assisti então a 4 episódios e estou escrevendo este post plenamente satisfeito com o que estou vendo e com o que provavelmente verei. Para começar, é um ótimo anime para mostrar as diferenças entre o que nós, ocidentais, consideramos como otaku e o que os japas consideram como otaku.

Na pensão vivem seis mulheres (sim, elas não são tão jovens quando parecem). Cinco já apareceram e uma é uma hikikomore, androfóbica, com habitos noturnos e… uma mangaka profissional que nunca sai do seu quarto e se comunica através de mensagens por escrito. Mas depois falo mais sobre ela. Vamos focar nas quatro principais.

Primeiro temos a própria Tsukimi, personagem principal do anime. Ela quando criança sonhava em ser uma bela princesa. Cresceu e se tornou uma otaku. Socialmente inapta, com pouco senso de moda e apaixonada por águas vivas. Sim, ela é uma otaku de águas-vivas. Ela sabe tudo sobre elas, as espécies, o habitat natural, hábitos, e por aí vai.

Chieko é a atual responsável pela pensão. Ela herdou o cargo de sua mãe. É a mais velha da turma e é uma otaku de kimonos e bonecas. Ela adora fazer, comprar e colecionar kimonos dos mais variados tecidos, além de fazer versões em miniatura para suas bonecas tradicionais. Sem dúvida é a mais centrada da casa.

Mayaya é uma otaku de história chinesa. Romance dos Três Reinos é sua história favorita e tudo que tem a ver com esse período a atrai. Ela é a mais “sonora” e agitada da turma. Constantemente gritando e correndo de um lado pro outro por qualquer coisa.

Banba é uma otaku de trens. Ela adora trens. Gosta de montar ferroramas e coleciona miniaturas dos mais variados tipos de trem que existem pelo mundo. Ela é bem despreocupada e desligada do mundo a seu redor. Seu único foco na vida são realmente os trens.

Por fim temos Jiji que é uma otaku de… caras mais velhos. Isso mesmo, ela adora homens velhos. É a mais tímida da turma.

Os personagens são sem dúvida curiosos por si só, mas a conjuntura geral da pensão é o que mais atraí a atenção. Todas são mulheres com cerca de 30 anos (menos Tsukimi, 18), sem namorado e totalmente fechadas em seus mundos. Não conseguem de maneira nenhuma se relacionar com o mundo externo e isso fica claro na maneira como elas tratam os possíveis candidatos a ocupar alguns dos quartos da pensão. Até que aparece Kuranosuke, o cross-dresser.

Assim como a Saki foi o fator entrópico em Genshiken, Kuranosuke é o fator entrópico em Kuragehime. A pessoa que faz os outros saírem de suas zonas de conforto e por consequência terem que se adaptar ao novo ambiente e se desenvolverem como pessoa. E vale também falarmos sobre ele. Filho de uma família rica com conexões com a política e vida ganha, Kuranosuke não quer isso para si. Ele quer ser diferente, não quer seguir o que foi planejado para ele. Ele é um rapaz muito bonito. Sempre teve mulheres e trabalhos de modelo a seus pés. Decide então começar a se vestir de mulher como forma de protesto a tudo aquilo. Pensa que a família não vai querer um homem que se veste de mulher assumir seus negócios e virar o responsável pelo nome da família.

Ao conhecer Tsukimi ele se depara com um estilo de vida que ele não estava nem um pouco acostumado. Uma garota que não se cuida, que não presta atenção no que veste, não usa maquiagem, mal sai de casa. Ele vê ali uma maneira dele mesmo se desenvolver e acabar ajudando aquelas mulheres que ali moram. Porém não quero me aprofundar muito para não acabar soltando algum spoiler e estragar a experiência de quem vai ver o anime.

Esse post já está ficando muito longo. Mais do que eu achei que ficaria quando planejei escrever. Mas senti a necessidade de falar desses personagens tão curiosos. Acho que num anime como esse, os personagens são mais valiosos que os aspectos técnicos da produção (que são muito bons, por sinal). Fica aí a dica para quem quiser um anime interessante, com personagens curiosos e que foge ao que estamos acostumados a ver por aí. Podem esperar mais posts sobre Kuragehime para breve, mas este termina por aqui.

Quem me acompanha no twitter sabe que eu venho prometendo […]