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Não entre em pânico…

No último dia 25 de maio o mundo celebrou o “Dia da Toalha”. A data foi instituída em homenagem ao escritor inglês Douglas Adams, responsável pela série “O Guia do Mochileiro das Galáxias”, onde, segundo o próprio, a Toalha é a melhor companheira de um Mochileiro Galático. Porém, há algum tempo, a data, que também é a data de aniversário de Star Wars, tornou-se também o “Dia do Orgulho Nerd”. Mas qual o motivo de eu estar fazendo um post sobre isso? O fato é que quando comecei o Anikenkai, eu me propus a tratar meu hobby sobre uma ótica social e portanto acho válido fazer um post sobre esse tema já que ele engloba a grande maioria de visitantes desse querido blog.

Para começar a tratar do assunto, vamos definir o que é um nerd: Uma pessoa que gosta tanto de alguma coisa que quer buscar saber cada vez mais sobre ela e sobre coisas a ela atreladas. Essa é a definição que eu aceito como correta para um nerd. Porém, não é essa a definição que a sociedade usa para definir um nerd. Todos sabemos que junto a essa palavra vem uma enorme carga de pré-conceitos, como inabilidade social, exagero nos estudos, pouco senso de moda, e por aí vai.

A grande questão é que hoje em dia esse conceito de nerd tem mudado e chegamos a um ponto em que ser nerd é chique e está na moda. Mas aí vem o grande problema. O que está na moda é ser nerd? Sendo um ou outro, é algo para se ter orgulho? Vou tentar falar sobre isso aqui.

Quando eu era bem pequeno ser nerd não era algo “cool”. Na verdade, você era maltratado, as pessoas olhavam torto e a maioria dos amigos que você fazia eram iguais a você se muito. Afinal, o pessoal não gostava de um cara que ficava o dia inteiro no computador, ou jogava muito video-game, ou colecionava cards, brincava com bonecos, assistia desenho animado demais, lia gibi… isso não era algo que os caras “descolados” faziam. Claro que não. O legal era você sair para as boatezinhas (aquelas festinhas feitas para pré-adolescentes que querem ser gente grande), ir ao cinema com as meninas da turma, ir pra praia, ficar falando de relacionamentos e fazendo fofoca. Eu fico pensando o que aconteceu para isso ter mudado. Porque agora isso virou ao avesso?

Opa, peraí… não virou. Essas coisas ainda são consideradas criancice, caretice, coitadice, o que quiser chamar. Então vamos com calma… se o que a maioria dos nerds faz ainda é considerado idiotice, qual a parte dos nerds que está em alta? A resposta é o “visual”.

O conceito de “nerd-chic” nasceu para a moda. Óculos com armações em evidência. Camisas sociais xadres com calça de tecido. Tênis casual e um cinto estilizado. Magro. Uma leve barba mal cuidada (só na aparência). Isso é um “nerd-chic”. O “ser nerd” não é o que está na moda, mas sim o “parecer nerd” está na moda. Você ser apaixonado por algo a tal ponto de fazer certos sacrifícios incompreensíveis pela sociedade não é “cool”. Um fã gastar o salário em um busto do Homem de Ferro não faz sentido. Importar uma edição especial de um DVDs a 400 reais sendo que você tem uma edição “pobraiada” por 10 é inconcebível. Deixar de sair para uma noite para a boate porque vai sair um episódio da série que você mais gosta é coisa de doido. Ficar em casa num final de semana de sol pra assistir a uma série inteira de filmes que você adora é doidera.

É, queridos leitores, ser nerd não é chique. Parecer com um é.

Agora vem a questão do Dia do Orgulho Nerd. Se esse dia já não fosse uma besteira pelo ponto de vista deturpado que eu mostrei agora, é ainda mais idiota pelo conceito em si. Ser nerd é algo para se orgulhar? Eu digo que não. Porém, também não é algo para se ter vergonha. É algo que a pessoa simplesmente é. Não é motivo para orgulho nem vergonha. Eu não me sinto melhor que os outros por ser nerd e nem acho os outros melhores do que eu por não serem.

Quem leu esse texto até agora provavelmente se interessa pelo tema. Peço desculpas se o tratei de uma maneira inesperada, ou um tanto crua, mas esse é um tópico para ser discutido por muito e muito tempo, não em um único post. Sigo eu comemorando o Dia da Toalha em homenagem a um autor que admiro. Sigo também sendo nerd, pois sou e gosto de ser, mas não me orgulho, porque quem não é não é pior do que eu e muito menos deveria sentir vergonha de não ser.

Não deixem de ler também o texto feito pelo blog Gyabbo, parceiro do Anikenkai, sobre o assunto.

No último dia 25 de maio o mundo celebrou o […]