REVIEW: No Game No Life #1 (NewPOP)

No Game No Life, light novel de Yuu Kamiya, conta a história de dois irmãos com dificuldade de desenvolver relações interpessoais e que se fecharam no mundo dos jogos desde crianças. Sora, um virgem de 18 anos, e Shiro, uma pequena gênio de 11 anos, formam a invencível dupla Kuuhaku, sendo recordistas em todos os jogos existentes. Uma lenda entre os gamers de todo o mundo, um mistério, uma lacuna.

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No entanto, ainda que fossem uma lenda viva do universo dos games, havia um jogo que eles sabiam que nunca poderiam ganhar. Um jogo sem graça, sem regras que valessem para todos os jogadores, sem objetivos claros – caótico e sem razão de existir: a própria vida. Em um dia que já estavam exaustos não apenas de suas rotinas como seres humanos, mas também devido às cinco noites viradas jogando um mmo, um e-mail é enviado aos irmãos, convidando-os para uma partida de xadrez.

Sim, aos irmãos. Quem seria aquela pessoa que conhecia a verdadeira identidade do lendário jogador Kuuhaku? Instigados com a situação, os irmãos aceitam o convite para a partida de xadrez que iria mudar suas vidas.

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Ainda que tenha tido dificuldade, Kuuhaku vence o desafio. Conscientes de suas habilidades, os irmãos consideram com ainda mais pesar o quão injusto é serem obrigados a jogar um jogo tão desnecessário quanto a vida. Se ao menos houvesse outra opção… É como se tivessem nascido no mundo errado, eles concluem.
Nesse momento que a história de fato começa. No Game No Life não se trata realmente de dois irmãos gamers com diversos problemas sociais, vitoriosos nos jogos e perdedores irl.

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Porém de uma original e empolgante história sobre Kuuhaku, o melhor jogador de todos os tempos de nosso mundo, desbravando o mundo de Disboard, onde tudo é decidido por jogos.
Assim que vencem a partida de xadrez online contra o misterioso adversário anônimo, Sora e Shiro são sugados pelo próprio computador para o mundo em que deveriam ter nascido de verdade: Disboard!

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Por mais encantados que estivessem com a nova realidade em que se encontravam, os irmãos não sentem temor perante o desconhecido horizonte. Muito pelo contrário, honram a lenda de Kuuhaku e, como jogadores hardcore que são,  procuram compreender o máximo possível sobre as regras, organização e exclusividade de Disboard. Esta é uma característica dos personagens que eu acho muito importante, diria até que é a base do carisma de NGNL pra mim: eles não têm medo. Por que haveriam de ter? É um mundo incrível que oferece toda a fantasia e desafios que eles sempre procuraram nos jogos, que nós, leitores, também procuramos nos nossos jogos favoritos. Ver os protagonistas tão empolgados quanto eu não apenas ajuda na identificação e simpatia com eles, mas também influencia o ritmo de leitura positivamente – o que, para uma light novel, sem dúvida é algo muito importante.

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Neste primeiro volume, basicamente somos introduzidos ao mundo de Disboard, em especial a Elquea, o território da raça Imanity. Entre as dezesseis raças inteligentes, Imanity seria equivalente à raça humana, pela falta de afinidade com magia ou mesmo habilidade para percebê-la. Por coincidência (ou não, vide que foram trazidos àquele mundo por Tet, um garoto que se apresentou como Deus de todas as raças),  Sora e Shiro caem próximos ao território dos imanities, onde aproveitam para testar os 10 mandamentos dos jogos que Tet ensinou a eles durante a queda.

Aproveitando-se de seu talento para eliciar os adversários a entregarem informações ao longo dos jogos, Sora consegue não apenas dinheiro e conhecimento para se virarem por uns dias, mas a interessantíssima notícia de que o trono de Elquea estava sendo disputado via apostas por jogos. Apenas um jogador invicto poderia se tornar o Rei do país: felizmente, Kuuhaku nunca conheceu a derrota. Confiantes e ambiciosos, logo encontram Stephanie Dola, a princesa de Elquea, e vencem uma disputa contra ela – garantindo que a garota se apaixonasse por Sora e fizesse tudo por ele, diga-se de passagem.

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Acreditando que raças com domínio sobre a magia, portanto mais capazes de praticar trapaças impossíveis de acusar durante um jogo, os irmãos se dedicam a estudar sobre Disboard na biblioteca real. Quando enfim chega o dia da coroação de Chrammy, uma jogadora que haviam visto eliminar Steph da disputa graças a uma trapaça relacionada à magia, Kuuhaku se apresenta no salão com a arrogância que apenas um verdadeiro vencedor consegue ter. Inteligentemente acusando a garota a frente de toda população, conseguindo a certeza de que esta recebia ajuda dos Elfos mesmo com sua pouca reação, o último jogo pela coroa de Elquia foi formalizado: Chrammy vs Kuuhaku.

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Para este jogo exclusivamente, acredito que a assistência visual do anime foi espetacular, criando uma tensão que eu não sei se sentiria com a leitura da light novel antes de ter assistido o anime. Ainda com a fantasia transformando as peças de xadrez de ambos jogadores em existências vivas, com vontade própria, na ln continuou sendo apenas um jogo realizado em uma mesa, já no anime foi bem mais pomposo. À la xadrez de bruxo de Harry Potter e a Pedra Filosofal mesmo. No entanto, a sequência das jogadas foram as mesmas, mantendo o mesmo nível de jogo em ambas as mídias. Os sentimentos dos personagens também foram perfeitamente descritos na ln, além da bela ilustração que mostrou Sora abraçando Shiro quando esta não estava conseguindo realizar seus movimentos, de maneira a deixar claro que o vínculo como irmãos fortalece sua parceria como Kuuhaku e vice-versa.

Quando enfim compreendem a verdadeira natureza do jogo em questão, Kuuhaku parte pra cima com tudo, confiante de quem entre eles merecia ser coroado rei de Elquea. Dito e feito, o primeiro volume se encerra com a coroação dos irmãos, seguida de um belo discurso dos novos monarcas. Como rei e rainha, Sora e Shiro anunciam toda sua ambição: eles, a 16ª raça no ranking de Disboard, conquistarão todas as demais nações. Com certeza, é razoável perguntar: por que tanta determinação? No entanto, a resposta dos irmãos é simples e direta: porque sim.

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Eis aqui mais um trunfo de No Game No Life, tornando a história tão divertida de se acompanhar. Claro que histórias sobre heróis defendendo o que mais valorizam, dedicando as próprias vidas a um bem maior, e tantas ações honradas são inspiradoras e cativantes, mas por que não alguns protagonistas que simplesmente desejam o desafio? Não apenas para provar a si mesmos que podem alcançar o mais alto ponto nos céus, mas também àqueles que têm tanta confiança de serem superiores a eles, que exatamente por serem os mais fracos são os mais capazes de se tornarem o que quiserem. Porque é divertido, “dizer [não] para pessoas que acham que estão em posição de vantagem absoluta.” (pág. 170, referência ao volume 41 de JoJo’s Bizarre Adventures)

A situação de Sora e Shiro, de Imanity como um todo, faz um paralelo interessante com a realidade do Japão. Um país pobre em recursos naturais, situado em um ponto de encontro de placas tectônicas e, consequentemente, à mercê de tantas catástrofes naturais; presente em tantas guerras e com uma taxa de natalidade super problemática – o que esperar de um país desses? Por que será que, mesmo com tudo para dar errado, o Japão é um dos países mais desenvolvidos tecnologicamente, membro do G7, uma das maiores economias mundiais?

A resposta está no discurso do monarca Kuuhaku: exatamente por serem os mais propensos ao fracasso, por conhecerem a dificuldade impregnada no dia-a-dia e nas épocas de guerra, apenas eles têm a firmeza de que precisam melhorar. Insatisfação e noção do que é emergencial a ser resolvido de cada vez, forçando a eficiência até o limite, como se todo o dia fosse uma guerra: essas características são a verdadeira força dos fracos, que apenas eles possuem. Como bem disse Sora, os fortes podem adotar suas armas, mas não sua inteligência, encontrada unicamente naqueles que conhecem a frustração da fraqueza.

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E, assim como o Japão desafia seus limites, Kuuhaku desafia o deus Tet, aquele que fez de Disboard o mundo dos jogos. Quem vencerá essa divertida e empolgante disputa? Apenas acompanhando No Game No Life para saber!


Análise física do volume:

Infelizmente, entre tantos acertos (anúncio do título, lançamento em evento com a presença do autor, goodies oficiais) , a edição trazida a nós pela editora NewPOP apresentou um problema: com seus mais de 30 erros (“o suficiente para que eu parasse de contar”, parafraseando a Homura), variando de erros ortográficos, de pontuação e até mesmo conjugação de verbos, ficou claro que simplesmente não houve revisão do texto antes de enviar o material para a gráfica. A falta de revisão de seus textos sempre foi uma marca da NewPOP, o que eu sinceramente tinha medo que se mostrasse muito presente em algo mais extenso como uma light novel, um medo que se justificou com a realidade que temos em mãos. Com certeza deve ter sido uma correria tremenda preparar tudo para o Ressaca Friends 2014 e, como dizem, a pressa é a inimiga da perfeição. No entanto, exatamente graças a essa primeira má impressão, acredito que o cuidado com a série será levado bem mais em consideração a partir do próximo volume!

Erro de digitação já na orelha do volume ("mina" em vez de "minha")...

Erro de digitação já na orelha do volume (“mina” em vez de “minha”)…

Ainda que eu nutra esperanças, não posso me fazer de cega. Houve muitos erros grosseiros, do tipo que até mesmo leitores que engoliriam “espectativas” (pág. 221) se sentiriam ofendidos. Quando me deparei com sequências de cinco páginas seguidas com erros, honestamente não soube o que pensar… Por outro lado, o esforço da editora com a parte gráfica continua o tão maravilhoso quanto sempre foi, se não melhor.

O formato adotado para a edição brasileira de NGNL me agradou muitíssimo, o que aliado ao delicioso papel escolhido para os textos tornou a experiência física com o volume uma das melhores que já tive. As ilustrações coloridas foram muito bem tratadas também, mantendo todo o colorido e nitidez de uma impressão de qualidade. O mesmo belo trabalho foi feito em relação às capas e às ilustrações em P&B entre os textos, obviamente. Também contamos com a presença de um glossário ao final do volume, o que achei muito positivo e útil, vide que obras de fantasia sempre apresentam muitos conceitos novos e específicos aos leitores.

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Obrigada a todos que leram esta longa review até o final, espero que tenham achado interessante e corram atrás do material comentado aqui! Até a próxima!

Sobre Clara

Sou apaixonada por quadrinhos desde que me entendo por gente, mas desenhar tem espaço no meu coração há mais tempo ainda. Nas horas vagas, costumo ler, assistir anime e fingir que toco piano. Quando não estou tendo pesadelos, estou sonhando com as figures que nunca terei. </3

No Game No Life, light novel de Yuu Kamiya, conta […]

5 thoughts on “REVIEW: No Game No Life #1 (NewPOP)”

  1. I love it ^^ :3 <3 quero comprar mais o q ta me intrigando é essa capa por quê os japoneses tem que apelar tanto pra isso, quer dizer mesmo que fosse uma história de ecchi puro essas capas não dão outra impressão que não pornográfico fico até com vergonha de ter ele amostra na minha coleção, em exibição pra todo mundo ver na casa, com meus pais, irmãos e amigos podendo dar uma bisoiada, e não acho que a impressão que eles vão ter é "olha uma história sobre jogos" (E sim todo esses choro só por causa dos ombros e da região da perna quase no bunbum amostra) e não é que eu me importe com a opinião dos outros só é chato ter que ficar explicando direto quando as pessoas tem a razão de ter a idéia errada.
    Além do mais, essa capa da a impressão de a hitoria ser bastante genérica e superficial, e não é verdade, apesar do humor e ecchi, ela é mto bem costruída, tem quebra de clichês, e uma profundidade e seriedade apresentadas de uma maneira mais sutil, mas nem por isso deixam de ser bem trabalhadas, muito pelo contrário, o sutil aqui só quer dizer que não são desenvolvidas de uma maneira pesada.
    E sim sou exigente com capas, pra mim pelo menos um pingo da essência da série elas devem ter.

    1. Hue, também acho as capas de NGNL bem fracas e fora de contexto; não deixe de comprar nada pela capa sabendo da qualidade do conteúdo, qualquer coisa é só guardar na vertical entre outros volumes que daew só quem conhece irá perceber.
      Well, assim que começarem a publicar os outros volumes com alguma periodicidade anunciada inicio minha coleção.. e claro, revisado com os erros corrigidos. PLS NewPOP, relancem a novel de Madoka revisada!

  2. A New Pop tem que dar um jeito em sua revisão. Veja que uma editora que merece elogios em quase todos outros aspectos, trazendo um material bom e que é diversificado. Mas a revisão acaba sendo um ponto muito fraco. Tenho grande esperança que eles consigam melhorar nisto, visto que a JBC era bem pior em vários quesitos e agora esta com uma boa qualidade.

  3. já que anunciaram log horizon, eu queria ter certeza da qualidade grafica, mais pelo visto o problemas mesmo é o português… espero que ja tenham resolvido isso

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