Mariana Torres e Maria Luiza falam sobre suas experiências com dublagem

Durante o Anime Buzz, as dubladoras Mariana Torres e Maria Luiza Grantaine (mais conhecida como Moo) falaram um pouco sobre suas experiências. No dia 15 de abril, elas participaram de um painel sobre dublagem, onde contaram como foi seu primeiro trabalho e mais outras curiosidades. 

PRIMEIRO TRABALHO 

Maria Luiza sempre foi muito fã de animes e já fez diversos cosplays. Começou a se interessar por dublagem justamente por causa da cultura otaku. Um dia pensou “o que vou fazer da minha vida?”. Então iniciou um curso de teatro e tentou entrar no ramo da dublagem. 

Porém não foi tão simples entrar nesse mercado. Chegou a passar por um período de depressão e pensava em desistir. Mas um dia apareceu uma oportunidade que a deixaria muito feliz. Assim, em 2021, Maria Luiza foi chamada para dublar a sua primeira personagem. Seu primeiro trabalho foi dublando Mine Kuramae de Fruits Baskets, que, inclusive, é o seu anime favorito. Ela já fez cosplays de 14 personagens de Fruits Baskets (o anime está disponível na Crunchyroll). 

Mine Kuramae de Fruits Baskets, interpretada por Maria Luiza

Naquele dia, ela estava muito nervosa. “Parecia que meu coração ia abrir um buraco e sair pelo meu peito. Eu achei que ia ter um ataque cardiaco”, conta Maria. Mas quando chegou no estúdio conseguiu acalmar o coração e se divertir. 

Depois disso, começou a fazer outros cursos e a conseguir mais contatos e trabalhos. Maria Luiza chegou a fazer uma pontinha no filme Suzume, que estreou recentemente nos cinemas. “Para mim é uma alegria muito grande ser otaku e poder trabalhar com coisas de otaku”, diz ela.

Já a dubladora Mariana Torres começou a dublar aos 8 anos de idade. Tudo isso começou com a mãe dela. Ela conta que um dia sua mãe ouviu no rádio sobre um concurso para dublar a Narizinho, de Pica Pau Amarelo. Então, sua mãe enviou uma carta, porém Mariana não conseguiu o papel. Só que a carta acabou ficando arquivada no estúdio de dublagem Herbert Richers. Então, um dia, Mariana foi chamada para dublar a personagem Michelle, de Fuller House (Três é demais na versão brasileira). 

Mariana conta que o diretor ficava atrás dela cutucando o seu ombro. Era como um sinal de que ela precisava falar naquele momento.  

Depois vieram outros papéis. Mariana já dublou personagens como Ravena (Jovens Titãs), Kobayashi (Miss Kobayashi Dragon Maid) e Wanda Maximoff (heroína da Marvel).

 

COMO FOI NA PANDEMIA

Quem diria que as falas da personagem Wanda Maximoff, na série Wanda Vision, não foram gravadas em um estúdio profissional? Mariana contou que, durante a pandemia de covid-19, dublou a personagem em casa, em uma cabana improvisada com cobertores. 

Era para ela ter ido até o estúdio. Porém, quando foi gravar o primeiro episódio de Wanda Vision, seu filho pegou covid. Consequentemente, ela também deveria ficar em casa, isolada. Naquela época, ela ainda não tinha um home studio, então precisou criar uma cabana com cobertores. “E aí passava um caminhão e tinha que fazer de novo”, relata ela sobre as dificuldades enfrentadas durante esse período. 

Realmente, durante a pandemia, os estúdios de dublagem tiveram seus altos e baixos. Maria Luiza lembra que naquela época, os dubladores podiam trabalhar à distância, aqueles que estavam, por exemplo, em São Paulo não precisavam ir até o Rio de Janeiro gravar. Alguns até conseguiram montar um home studio. Mesmo que nem todos tenham conseguido se adaptar, existia essa facilidade. Mas Maria Luiza sentia falta, às vezes, de ter um contato físico. “Eu acho mais gostoso quando tá pertinho, faz diferença na minha opinião”, diz ela.  

 

DICAS 

No evento, Mariana Torres e Maria Luiza também deram dicas para quem está começando. As duas aconselharam os novatos a estudar teatro para ter resultados melhores.

Segundo Maria Luiza, o trabalho de ator é essencial. “Não tem como você ter essa noção de interpretação, sem ter um estudo de atuação”, acredita ela. Mariana pensa a mesma coisa. Para ela, fazer dublagem não é imitar, é interpretar um personagem. “Você não tá imitando, você tá interpretando, atuando e dando vida aquele personagem naquele idioma”, diz ela, que acredita que a dublagem é realmente um trabalho de ator. 

 

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Além disso, Mariana acredita que é legal também ter alguém como inspiração. Mariana se inspira muito na sua irmã. “Eu trabalho muito com a minha irmã. Eu acho ela muito boa, muito versátil, cada personagem dela é única.” 

Por fim, as duas disseram para nunca desistirem, porque o início não é fácil. E usando uma frase “bem clichê de anime”, Maria Luiza diz: “sigam os sonhos de vocês”.