Guilherme Briggs participa de painel sobre dublagem durante o Animextreme

Desde cedo, Guilherme Briggs sabia que queria seguir no mundo da dublagem. Alguns de seus trabalhos mais famosos são Brook (One Piece), Buzz Lightyear, Mickey Mouse, Rei Julien (Madagascar), Super-Homem e vários outros. 

No dia 22 de outubro, o dublador participou de um painel sobre dublagem no Animextreme, em Porto Alegre. Durante o evento, Briggs falou sobre como foi dublar o Brook, curiosidade sobre os bastidores de Mickey Mouse, sobre como seu pai o inspirou a ser dublador e também como ele conheceu seu ídolo Orlando Drummond (a voz do Scooby Doo).

 

Yo Ho Ho Ho

A primeira vez que Briggs conheceu Brook, o personagem de One Piece, foi quando chamaram ele para dublar o personagem. Mesmo conhecendo o anime, o dublador ainda não tinha chegado até esse ponto da história. Assim, esse foi seu primeiro contato com o Brook.  

Ele lembra de quando Glauco Marques, diretor de dublagem de One Piece, o convidou para fazer parte do elenco e lhe contou sobre o personagem. Havia achado o Brook um espetáculo logo de início, pois achava interessante uma caveira com um afro que era músico. Então começou a ler o mangá e assistir um pouco do anime para entender melhor o personagem. Briggs se impressiona com como ele aprofunda a personalidade, pois Brook tem uma parte de comédia, mas também tem a da tragédia, quando, por exemplo, ele sofre com a separação da baleia Laboon e com a morte dos seus companheiros.

Além disso, Briggs também comentou sobre Bink’s No Sake. O dublador chegou a se emocionar com a música. “Eu chorei um pouquinho, não tem como você não se emocionar”, disse ele.

 

Criatividade e “bobagens”

Às vezes os dubladores colocam falas e inventam brincadeirinhas que não estavam previstas originalmente. Briggs contou da vez que fez algo assim em Castores Pirados, desenho animado exibido em 1997 que conta a história de dois castores que saem de casa para levar a vida de solteirões na floresta. 

Nesse desenho, Briggs teve bastante liberdade criativa e pôde colocar um monte de “bobagens”. Em uma cena, por exemplo, ele faz o personagem cantar a música de Star Wars. Para ele, Castores Pirados foi seu trabalho mais divertido. Além desse desenho, Briggs se recorda que o diretor de Megas XLR também deu liberdade para ele colocar algumas brincadeiras.

Segundo Briggs, não é só ele que faz isso, tem vários outros dubladores que também improvisam algumas falas. “Os dubladores são muito criativos, todos os meus colegas são muito criativos”, disse ele.   

 

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Mas também existem limites. Ele não pode, por exemplo, fazer o Mickey falar palavrão. “O Mickey é o espírito e a marca da Disney, então tem algumas coisas que a gente tem que respeitar”, disse Briggs.  

Além disso, Briggs confessou que, às vezes, extrapolou um pouco durante as gravações de Mickey Mouse e o diretor teve que dizer para mudar. Durante os ensaios, ele, Anderson Coutinho (Pateta) e Cláudio Galvan (Pato Donald) falavam muita bobagem. “As pessoas passavam pela gente e falavam assim ‘ai vocês estão estragando a minha infância'”, contou ele rindo. Claro que essas bobagens não foram exibidas. 

 

“pai, eu queria fazer dublagem”

Quando era pequeno, aos 7-8 anos de idade, Briggs costumava brincar de rádio teatro com o seu pai. Eles faziam improvisos com um gravador, daqueles dos anos 70-80 que se colocava fita cassete.

Assim, Briggs sempre treinou muito com o seu pai. O dublador tem muito respeito e carinho por ele. “O meu pai era uma pessoa deliciosa de se conviver. Era muito criativo, muito engraçado, muito boa gente. Ele era uma pessoa maravilhosa, ele me inspirou muito”, disse Briggs.

Então um dia, chegou em seu pai e falou: “pai, eu queria fazer dublagem pra conhecer a voz do Scooby Doo”. Nem sabia quem era, mas o dublador gostava tanto e queria muito conhecê-lo. Briggs nunca esquece o que seu pai disse em seguida: “você vai ser dublador e vai conhecer a voz do dublador e ser amigo dele”. E aconteceu. Futuramente, Briggs chegou a conhecer e se tornar amigo de Orlando Drummond.

 

o momento mais incrível

Um dia, sentado em uma cadeira do estúdio, Briggs viu uma pessoa passar na sua frente e logo sentar ao seu lado. Então ele olhou para o homem e pensou “caramba, vai ser agora”. Afinal, ele não podia perder a chance de falar com Orlando Drummond, a voz do Scooby Doo que ele tanto queria conhecer. 

Então Briggs olhou para ele e falou “senhor”, mas em seguida foi interrompido por Drummond: “O senhor está no céu. Qual o seu nome, garotinho?”. Assim, Briggs se apresenta ao homem que tanto sonhou em conhecer. Segundo Briggs, foi uma conversa maravilhosa. Para ele, Drummond é um uma pessoa simples, humilde, meiga e doce. 

Drummond ainda pergunta para Briggs o que ele está achando de trabalhar com dublagem. De um jeito nervoso, Briggs responde “nossa não sei Drummond, eu posso te chamar de Drummond?”. No que Drummond responde: “pode, pode. Então com o tempo você vai se acostumando. É uma casa de loucos isso aqui, tem muita coisa estranha, muitos filmes malucos.”

E não parou por aí. Briggs ainda foi convidado por Drummond para ver ele dublar. O dublador do Scooby Doo pegou na sua mão e o levou até a sala de gravação. “Vem menino, vem comigo”, disse Drummond. Segundo Briggs, nesse momento ele já estava “ai meu deus”. No final, Drummond ainda pergunta “tá ficando legal?”. Briggs estava achando tudo lindo e maravilhoso.