Bocchi The Rock – Uma resenha solitária

Um dos animes que inauguraram no fim do ano de 2022 foi “Bocchi The Rock“, aquela clássica animação com garotas fofinhas que tocam em uma banda de rock , né? Sim! Só que com um toque a mais (sacou “um toque”!? Esquece…).

 

Uma palinha da sinopse 

Gotou Hitori é uma garota anti-social, mas que mesmo com sua dificuldade em se aproximar dos outros deseja a amizade dos demais, o que aos poucos se demonstra improvável para ela. Após inúmeras tentativas, Gotou decide se dedicar a guitarra acreditando que isso a fará mais interessante e popular para as pessoas. Quando tudo parecia perdido em mais uma aposta frustrada, a garota é surpreendida por um convite inusitado que vai a desafiar a enfrentar suas inseguranças e barreiras sociais com muito Rock and Roll! 

Bocchi The Rock é um anime que surpreende por prometer um slice of life e entregar uma comédia ácida, mas bastante sentimental, focando nas barreiras enfrentadas por sua protagonista para se conectar com suas amigas de banda, e as pessoas ao seu redor.

A animação 

Esse anime é um bom exemplo de como a animação japonesa no geral tem se comportado nos últimos anos: com o bom uso e equilíbrio de CGI e rotoscopia em mescla a “animação tradicional”, técnicas na animação que acabam por valorizar a entrega de sentimentos e intenções das cenas. Embora o anime tenha uma estética bastante simples essas escolhas apenas favorecem a fluidez e movimentos das personagens, o que para um anime focado em música, momentos em que seus personagens tocam os instrumentos, cantam e se mexem nos palcos ganham uma naturalidade que impressiona. Bocchi não apenas “brinca” com as técnicas de animação como também transforma constantemente seu formato.

Os exemplos mais comuns que podemos relacionar em animações aqui no ocidente seriam “Bob Esponja” ou “jovens titãs em ação“, como Bocchi, em menor escala, usa e abusa da edição e inserção de cenas, como colagem, cenas reais, ou mesmo mudança no estilo de arte principalmente nos momentos de introspecção e neuras de sua protagonista.

 

Estar sozinho

A trama, como esperado de um “slice of life“, acompanha o cotidiano dessa banda com o enfoque  na árdua batalha de Gotou em socializar com as pessoas que a rodeiam, isso também inclui a seu grupo. O conflito que o anime nos apresenta, tanto da garota se esforçando para fazer parte de um círculo social quanto de sua  banda se esforçando para entender os dilemas de sua amiga, é muito delicado, carregado de comédia e por que não com muita responsabilidade em tocar em um assunto tão sensível.

Certo, é um pouco ridículo dizer que se senti representado por um personagem colegial de anime? Com toda certeza! Mas fato é que embora não seja uma pessoa que viva sobre duas dimensões, ou mesmo não sendo uma adolescente, estudante do colegial, japonesa de cabelo rosa, e olhos desproporcionalmente grandes, se sentir pequeno e querer poder falar com toda naturalidade com as pessoas em seu entorno à preferir estar sozinho o tempo todo é bastante relacionável.

Falar ou interagir com outras pessoas querendo fazer parte do grupinho e ter a sensação de acabar sendo uma pedra no sapato dos outros é um sentimento terrível, que em algum momento vira ansiedade, e às vezes depressão. O conflito interno de escolher as palavras certas para agradar os outros e acaba não escolhendo nenhuma dói muito.

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Gotou Hitori é uma personagem relacionável, e uma personagem da qual você torce para que vença seus dilemas mais do que qualquer luta com magia ou raios de energia. Hitori vence para que, quem sabe, possamos vencer também.

Uma conclusão

Com certeza uma obra imperdível que diverte e emociona e que caso tenha passado por você merece a devida atenção. Bocchi The Rock está disponível completo na Crunchyroll e com toda certeza Gotou adoraria que você testemunha-se não só o surgimento da incrível Kessoku Band como a Vitória dela na lutas contra os seus obstáculos emocionais!

 

Kaed, é formado em design(seja lá o que isso queira dizer) e ilustrador de fundo de quintal, gosta de dissecar e falar groselha sobre quadrinhos e animação com piadinhas no meio para descontrair e não parecer um esnobe de monóculo, além de ser uma tiete em tempo integral dos seus artistas favoritos de mangá. Para conferir um rabisco ou outro desse desocupado, confira o @dudesken no Instagram.