Os Otakus subestimaram a internet (e superestimaram os animes na TV aberta)

Em 1999 eu estava assistindo Pokémon na Record, em 2001, eu estava assistindo Dragon Ball Z na TV Globinho, em 2006, eu estava assistindo Fullmetal Alchemist na RedeTV e em 2011, eu estava apavorado porque não tinha mais animes na TV aberta.
É, por anos a gente ficou acostumado a sempre ter a companhia de algum programa nipônico como forma de entretenimento infantojuvenil em TV aberta. Isso acabou criando várias “gerações de otakus”, como a geração dos Cavaleiros do Zodíaco, a geração Pokémon e a geração Naruto. Só que a partir do sumiço dos animes em TV aberta se criou um pânico em parte da comunidade. Sem essa visibilidade não haveriam outras renovações e, provavelmente, em um futuro próximo não teríamos mais otakus convivendo entre nós.

Porém, nós não contávamos que esse fenômeno não se restringiria apenas aos animes, mas a toda programação infantil. Com exceção do SBT, que ainda transmite desenhos por um “capricho pessoal” do Silvio Santos, nenhuma outra emissora de TV de porte Nacional investe mais nesse tipo de programa (Edit: pouco apôs a confecção dessa coluna o SBT anunciou o cancelamento do “Bom Dia e Companhia”). Parte da culpa era da audiência baixa que a maioria desses programas tinham, enquanto outra parte é culpa da nova legislação brasileira sobre publicidade infantil. Ela protegeu as crianças, só que sem querer acabou colocando o último prego no caixão nos programas infantis que já passavam grande dificuldade.

Logo da TV Kids
O melhor de todos disparado! Passava Fullmetal Alchemist e Hunter VERSUS Hunter

Como resultado disso, parte relevante do consumo de conteúdo infantojuvenil migrou da televisão aberta para a internet. Fator que acabou beneficiando os animes, já que o consumo On Dement beneficia e é beneficiado pelo formato de alguns dos Battle Shonens mais conhecidos (com enredos longos de vários episódios). Dessa maneira, o consumo de animes não morreu, muito pelo contrário. Nós vimos nascer uma nova geração de adolescentes usando foto de anime no perfil das redes sociais (e discutindo sobre assuntos complexos sem ter o mínimo embasamento).

Claro que nem tudo anda às mil maravilhas. Vocês podem estar se perguntando: “mas a internet ainda é uma bolha no Brasil, milhões de pessoas ainda não tem acesso à ela”. Bom, isso é verdade. Hoje temos milhões de crianças sem acesso à conteúdo infantil no Brasil, mas isso é assunto para um outra coluna.

O que eu posso dizer nessa aqui é que tudo isso evidencia uma coisa: nós otakus somos uma bolha, talvez mais forte que antes, mas ainda uma bolha.

Ficou com saudade de assistir algum desses anime? Na Crunchyroll tem Naruto, Cavaleiro dos Zodíaco e Fullmetal Alchemist: Brotherhood.

Para mais uma coluna nostálgica, click aqui!

    Graduado em administração pela URCAMP e Mestre na linha de Estratégia e Sistemas pela Universidade Federal do Pampa, só que pensa mais em séries do que em empresas. Atualmente segue a linha de não falar sobre animes, mas sobre as coisas dentro dos animes.