Fujiyama-san Wa Shishunki – Review

Fujiyama-san é um mangá de romance que se diferencia dos títulos de mesmo gênero por conduzir a trama e o relacionamento dos personagens de maneira orgânica e não exageradamente caricata, como é comum em demografias como shonen/shoujo, uma clássica história de amor colegial que pode te surpreender, mas antes de tudo…

Fujiyama-san Wa Shishunki é um mangá slice of life, com 67 capítulos ao todo, criado e desenvolvido pelo autor Makoto Ojiro, em 2012, publicado pela revista Manga Action, voltado para um público mais maduro, da editora Futabasha. E conta a história de Yuuichi Kanba, um garoto colegial que está perdidamente apaixonado pela sua colega e amiga de infância, Makio Fujiyama, a aluna mais alta do colégio. O mangá acompanha o relacionamento desse casal tendo que lidar com os comentários a respeito da estatura de Fujiyama, e os dramas de um amor adolescente.

Ok! Já sabemos que a trama desse mangá se apoia no relacionamento de dois personagens, e em especial na diferença de altura entre eles, essa questão é trabalhada de duas formas na obra:

Em primeiro lugar, podemos diferenciar um pouco como as demografias ditam muito como os autores conduzem as obras para seu público, por exemplo, seria de se esperar que em demografias shonen/shoujo a questão da altura da personagem Fujiyama seria exaltada por meio da comédia, ou do exagero, ou de um desenrolar dramático, afinal obras voltados para uma plateia mais jovem são carregadas de emoção e de uma resolução muito mais dinâmica e caricata, assim a atenção do leitor e os ganchos de enredo são o que mantêm esse público interessado pela obra.

Fujiyama-san tem seus dramas, mas o desenrolar do relacionamento de seus personagens é conduzido de forma lenta e tranquila, assim ganhando a nossa simpatia aos poucos, e fazendo com que o romance daqueles personagens nos cative assim como eles próprios. Quando o mangá se encerra, a sensação de querer continuar acompanhando os personagens vivendo seu dia a dia é gritante.

Em segundo lugar, Oijiro decide nos contar essa história através dos olhos de Kanba, e isso acaba nos levando a ver a personagem Makio Fujiyama, algumas vezes de maneira mais “sexualizada”, mas levando em consideração estarmos acompanhando a história através dos olhos de um personagem adolescente, dá até pra relevar, né? Isso é mais aceito quando o Kanba está em “cena”, é como se o ecchi no mangá tivesse uma função clara e objetiva no roteiro, nos mostrar o quanto Kanba sente atração não só sentimental pela Fujiyama, como física também, mas e quando o nosso protagonista não está em cena?

Um dos problemas claros com Fujjyama-san são as decisões de enquadramento feitas pelo autor, Oijiro tenta explicitar o tempo todo o quão a personagem é alta em relação aos demais personagens, e isso é meio… Às vezes dá muito errado! O enquadramento que poderia ser só uma perspectiva forçada/dinâmica, passa a querer fetichizar demais a personagem, e quando temos a visão da Fujiyama o mesmo não é feito com Kanba, o que acaba complicando um pouco as coisas.

Mas Oijiro nos surpreende ao focar nos momentos em que os personagens interagem, onde eles tem um desenvolvimento cativante e adorável de se  acompanhar, eles são tratados como iguais nessas páginas, e a nossa atenção consegue ser capturada mesmo com os protagonistas fazendo coisas simples do dia a dia, o desenvolvimento e a dinâmica do casal são muito bem construídos.

Sem falar que o autor parece seguir a mesma escola de arte que Urasawa, os personagens são desenhados e definidos com linhas simples, mas carregadas de detalhes por meio de composição, hachuras e a o trabalho com nanquim, a arte desse mangá é extremamente rica de se observar, e a soma de suas qualidades merece a sua atenção.

Embora tenha uma maneira um pouco conturbada de nos apresentar os personagens, Fujiyama-san é um mangá bastante interessante e divertido de se ler, vale a pena dar uma conferida!

 

Revisão: Karin Cavalcante

Kaed, é formado em design(seja lá o que isso queira dizer) e ilustrador de fundo de quintal, gosta de dissecar e falar groselha sobre quadrinhos e animação com piadinhas no meio para descontrair e não parecer um esnobe de monóculo, além de ser uma tiete em tempo integral dos seus artistas favoritos de mangá. Para conferir um rabisco ou outro desse desocupado, confira o @dudesken no Instagram.