Natsuyuki Rendezvous – Conclusão

Mais um pra conta negativa do bloco noitaminA.

Natsuyuki Rendezvous certamente iniciou a temporada de Verão com um grande peso nas costas. Após o imenso sucesso Sakamichi no Apollon (sim, eu sei que estou devendo um post de conclusão dessa série, ainda vai sair), o próximo drama romântico que viesse ao bloco noitaminA estaria fadado a uma comparação até um tanto quanto injusta pelo alto nível que Apollon deixou marcado.

Mas muito conspirava para, se não tão bom quanto, pelo menos poder manter o legado com a cabeça erguida. No entanto, após um início bastante promissor, a história do triângulo amoroso sobrenatural desandou completamente até um final que beira o absurdo.

E muito dessa queda de qualidade em Natsuyuki atende pelo nome de Rokka, a gerente da floricultura Shimao por quem o calado, mas decidido jovem Ryousuke Hazuki acaba se apaixonando perdidamente. Lembro bem de que uma das minhas primeiras reações no início da série foi pensar em como eu havia ficado fascinado por aquela personagem feminina independente, forte, autêntica, mas sem deixar de lado as mágoas profundas que carregava desde o adoecimento do falecido marido, Atsushi Shimao.

Aquela Rokka Shimao dos dois primeiros episódios é o resumo daquilo que eu espero encontrar em uma obra do noitaminA. Cercado por um mundo onde as menininhas moe ditam as regras ou verdadeiros objetos sexuais tomam o lugar do papel feminino na indústria dos animes, foi imensamente refrescante encontrar em Rokka o exato contraponto dessa quase regra.

Do seu corpo proporcional ao seu cabelo curto, da coragem de sorrir frente ao pesar, dos pensamentos adultos e independentes que surgiam e nos eram apresentados, tudo nela fazia meu interesse pela obra em si aumentar. Se estamos falando de um triângulo amoroso, precisamos que os vértices dessa figura estejam bem alicerçados.

Pelo menos uma ponta estava.

Quanto aos outros lados, mesmo nos bons momentos da série é difícil elogiar os pretendentes. Mais ainda, era difícil conseguir torcer por eles. Atsushi, a quem mais se deu atenção durante a série se mostrou o seu ponto mais fraco. A verdade é que o ápice deveria ser a revelação do porquê dele ter continuado no plano terreno após a morte, mas a resposta que se dá é tão boba que o único fio de esperança para ter empatia com ele se foi.

Egoísta, chato, infantil, intimista em excesso, todas essas são características de Atsushi ainda vivo e que acabam se acentuando na sua “versão” fantasma. Salvo pelo fato de amar Rokka e por ela ama-lo também – algo estabelecido, não desenvolvido – em nenhum momento Atsushi mostra qualquer afeição por ela, mostra na verdade uma obsessão  marcada por um sentimento de posse doentio que por algum motivo deve ser entendido pelo espectador como amor. 

Ao tomar o corpo de Hazuki, momento em que a série se transforma em algo completamente entediante e repetitivo (ainda no seu quarto episódio!), Atsushi parece muito mais preocupado em atrapalhar o possível enlace amoroso de sua ex-esposa com Hazuki do que realmente aproveitar os momentos que conseguiu. Mais do que isso, me soa muito como um ato de satisfação própria quando ele “parte”, levando suas coisas da floricultura do que um verdadeiro altruísmo para que sua amada seja feliz.

Por sua vez, Hazuki, se não foi em muitos momentos um personagem realmente empolgante e que nos fizesse querer que ele conquistasse o amor de Rokka, pelo menos foi de todos o mais constante. Escondendo no seu exterior calado uma personalidade forte e decidida, acaba traído pela própria juventude, manejando com dificuldade os avanços que conseguia em seu relacionamento. É assim que acaba “emprestando” seu corpo ao fantasma de Atsushi após se embebedar.

Cá entre nós, que artifício tosco para fazer uma história avançar. Fico imaginando aqui a autora ou os roteiristas (não li o manga original para saber se os fatos são os mesmos) pensando em como avançar na história se Atsushi não podia ser ouvido por Rokka; chega-se a conclusão de que uma boa bebedeira seria o melhor caminho a ser tomado (!!!).

E são justamente essas más decisões que foram ruindo Natsuyuki. Escolheram renegar Hazuki a um papel secundário, buscando criar algum aprofundamento ao passado de Rokka e Atsushi através de simbologismos que não levavam a lugar nenhum, em tentativa às cegas de colocar profundidade na série.

Pularam na toca do coelho sem saber o que fazer em seguida.

É impressionante como um manga de apenas quatro volumes consegue se transformar em algo tão enfadonho. Se após seis episódios em que nada avançava e a descrença com algo bom ao final apenas aumentava, o final de Natsuyuki fez questão de afundar completamente qualquer chance da série ser boa.

Aqui precisamos fazer uma pequena revisão; Atsushi é o personagem egoísta e infantil, Rokka era uma mulher madura e independente e Hazuki o jovem apaixonado que aceita ser “o outro” para sempre se estiver ao lado da amada. Agora percebam como tudo isso será ignorado.

Após descobrir que Atsushi havia tomado o corpo de Hazuki e de se debulhar em lágrimas mistas de felicidade e tristeza por poder encontrar o amor de sua vida novamente, Rokka, no alto da sua ruína como a personagem tão interessante no começo da série, aceita ser morta para ficar com o marido na outra vida. Sim, isso mesmo. A solução madura que ela encontrou foi morrer. A minha reação a essa cena foi mais ou menos igual à imagem de Hazuki acima.

E como ser fiel à construção dos seus personagens não parecia ser um grande atrativo para Natsuyuki, é Atsushi que salva sua amada da sua própria escolha, deixando-a viver para que seja feliz com Hazuki. Se no fundo poderíamos ter uma história sobre como as memórias não precisam ser esquecidas para que novas tão boas quanto surjam, tudo isso é ignorado e o “avanço” de Rokka na sua vida não se dá por sua escolha ou por sua mudança, se dá porque ela é obrigada a mudar pelas ações de outros.

Lógica? Consistência? Roteiro? Quem precisa dessas coisas? Deem um final feliz onde o protagonista não tem participação alguma nas grandes escolhas, faça o fantasma ganhar o título de “mártir” e está tudo bem, todos vão chorar e sorrirem pelo final feliz. Melhor fazer as escolhas mais fáceis do que as escolhas inteligentes e interessantes.

Natsuyuki Rendezvous foi uma gigantesca decepção por conseguir destruir uma ideia interessante, fazer de uma série de 11 episódios algo lento e chato, ignorar a lógica dos seus próprios personagens e incrustar um ideal machista onde a felicidade da mulher está nas mãos de seus homens.

E você, o que achou desta série? Se assim como a Roberta do blog Elfen Lied Brasil você teve uma opinião completamente diferente da minha não deixe de comentar aqui embaixo. Se concordar, também comente para que possamos conversar sobre a série.

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18 thoughts on “Natsuyuki Rendezvous – Conclusão”

  1. Pra mim Natsuyuki Rendezvous fooi assim como todo outro romance qualquer: personagens até bem apresentados, mas onde as relações entre eles(o fundamental) não é demonstrado de boa maneira, e onde na verdade o romance fica estacionado, tentando passar a impressão que está sendo desenvolvido. Não foi esse o objetivo dos episódios-discurso, como no parque de diversão, onde na verdade um tenta vencer o outro em um concurso de oratória(“eu vou falar mais que você”)?

  2. Finalmente, minha opinião em palavras!

    Desde o começo, a palavra “chato” girou em torno desse anime, Rokka que poderia ser promissora foi uma negação, mas não, meu ódio, MEU ÓDIO PROFUNDO foi para o Shimao COMO UM PERSONAGEM DAQUELES EXISTE? É um escroto, imbecil, posessivo, retardado, dominador, SIM eu nunca enxerguei uma mera qualidade nele.

    Temos a Rokka, ela era MUITO promissora, entretanto após aquele episódio 6-7 (no qual começou a dorgagem desandou), até lá era Rokka chorando, o Hazuki TENTANDO entender ela de todas as formas……..mas aquele final, VÉI DO CÉU, (mimimimi vou me matar mimimimi) meu, o Hazuki ali querendo ajudar ela e ela decide que essa solução é a melhor.

    Me encerro por aqui antes que solte um palavrão.

    Sinceramente, graças a Deus só durou 11 episódios.

  3. Eu não achei horrível. Mas pra mim fiquei bem a quem do esperado e do que poderia ser. Po, o começo foi muito legal, com cenas engraçadas e tudo mais. Mas ai se perderam a partir do momento em que Shimao tomou o corpo do Hazuki. A partir daí foi repetição. Podia ter durado só uns 2 episódios essa parte, não o resto do anime. Mas acho que para quem gosta de um romancezinho, drama e coisas mais emotivas pode até valer a pena, sei lá.

  4. Peraí:
    Romance sobrenatural lento e chato + personagem masculino possessivo + personagem masculino novo em matéria de romance que tenta comer pelas beiradas + personagem feminina mais ou menos interessante no inicio, que durante e no final da historia, banca a lerda + diálogos “mas que ***** é essa?” + final feliz com forçação de barra de adamantium = adaptaram Crepúsculo e trocaram o nome?

  5. Foram 11 longos episódios… A história de Natsuyuki poderia ter sido contada em um filme de menos de 2h. Nunca vi um anime com tanto lenga lenga (não assisto tantos animes lol)
    Concordo com muitas coisas que você disse. Na hora que a Rokka resolve “omg, seremos fantasmas felizes” eu também fiquei com essa cara… Mas bastou o Hazuki voltar que ela ficou “ohh, vamos ser felizes”. Que mulher instável!
    Gostei do Hazuki… Condiz com uma pessoa de 22 anos… Mas que porra foi aquela de ficar nas histórias do Shimao?? Acho que nem se eu tivesse tomado dorgas eu teria entendido aquilo…

    Enfim.. 2h seriam o suficiente… Apresentação das personagens, frustração do Hazuki permitindo que o Shimao usasse seu corpo e assim embaralhasse a cabeça da Rokka e o final sem a palhaçada de ela querer morrer também.

  6. … sinceramente… Eu já achava desde o início que esse lado independente da Rokka fosse muito mais por um ‘levarei minha dor sozinha’ do que por ela mesma. O desenrolar de tudo foi confirmando até o ápice do ‘ok, morro também’. Por mais que o gasparzinho fosse um pé no saco. O outro motivo dele fazer a linha ‘encosto’ era o desespero dela que não seguia de verdade com a vida. O Hazuki que tava certo por se preocupar em não morrer antes dela, pq né? Floricultura de dia, sessão de mesa branca de noite? No mais, lá pelos 7 e 8 comecei a adiantar os episódios. Passava adiante 5 ou mais minutos. Simplesmente não aguentava, na falta de palavras melhores, tanta enrolação. Mas não consigo deixar nada que leio ou assisto pela metade, então…
    Digamos que: Se alguém me pedir uma dica de anime josei… nunca recomendaria esse. Uma pena, já que as opções são tão poucas.

  7. Esse anime não faz o menor sentido. Logo depois que o Hazuki-kun empresta o corpo dele a Rokka já diz que o ama (e implicitamente está seguindo em frente). E a unica coisa que Shimao faz desde então com o corpo emprestado é fazê-la sofrer até que em um momento de “altruísmo” ele decide devolver o corpo e deixar as coisas como estão. Agora alguém me diz, o que toda essa jornada de empréstimo de corpo levou? Nada. Tudo já indicava que a Rokka e o Hazuki ficariam bem sem interferência. E o próprio Shimao no final não conseguiu se desprender do mundo terreno.
    E o que mais me incomoda nesse anime é a insistência dos autores em evitar conflitos diretos. EM NENHUM MOMENTOS OS PERSONAGENS SE CONFRONTAM. O empréstimo do Hazuki se dá num acordo de cavalheiros, que o Shimao quase não honra o compromisso de devolver. O Hazuki dentro do livro beira ao conformismo e a tentativa de fazer algo para mudar a situação, embora não saiba como. A Rokka que no penúltimo episódio pergunta o que houve com o Hazuki-kun que ela ama, tinha a deixa perfeita para dizer ao Shimao que aquilo não era certo, que ele só estava fazendo ela sofrer mais e precisava seguir em frente. Mas não, ela simplesmente agarra a sugestão de morrer sem hesitar. É inconcebível a qualquer história que os personagens não se confrontem, só assim eles podem crescer, só assim é possível que uma história leve seus espectadores para algum lugar no fim, só assim é possível que a história não seja chata, monotona e sem graça. Por isso, eu considero esse, um péssimo animê.

  8. Penso exatamente a mesma coisa. A série era promissora e poderia ter sido maravilhosa.
    Os primeiros episódios estavam bons, mas a partir do 4… foi caindo mais e mais. E o final, pior ainda.

  9. Hm… o.ox

    Primeiro, devo dizer que fui trazida aqui pelo meu noivo depois de ter me ouvido falar tão bem da série xD

    Gostei bastante da crítica, mas tenho alguns pontos que discordo…

    Bem, em primeiro lugar, devo concordar que foi uma série que permite uma certa liberdade de interpretação para o telespectador, como a maioria das séries que gosto… Pra mim, as lacunas que o “leitor” preenche são o que tornam cada anime mais gostoso.

    Mas, isso também nos traz o problema da interpretação vaga (não que seja culpa do leitor, já que o anime perfeito deveria sim impedir este tipo de interpretação sobre si mesmo)

    Mas, bem, ainda falando sobre isso, na minha interpretação, Hazuki não deixou o corpo para o fantasma após ter se embebedado; mas se embebedou para ter coragem de emprestar o corpo… Creio que no último episódio isso fica “vagamente claro”.

    Hazuki havia percebido que Rokka não havia deixado de amar Shimao, e por isso tomou essa decisão. Caberia ao leitor compreender se Hazuki queria deixar que fosse assim para sempre, dar um presente a Rokka ou apenas permitir que se despedissem apropriadamente. Creio eu que nem o próprio Hazuki, na sua inocência adolescente, sabia o que esperar quando tomou esta decisão…

    Bem, devo dizer que depois disso, a série fica estranha. Mas, nada menos que eu poderia esperar da NoitaminA. Confesso que compreendi pouco da simbologia escondida nos livros de Shimao, com “A Polegarzinha” e os outros, mesmo porque não li as obras originais. Mas, acredito que a infantilidade de Shimao era o ponto chave da personalidade dele…

    E que os contos eram tão infantis, porque eram feitos por Shimao. A polegarzinha até mesmo falava como ele, com seu egoísmo infantil.

    Pelo que entendi, Shimao havia ficado preso à sua infância desde que foi privado de crescer devido a sua doença. Ele queria viver os contos de fadas que conhecia, e queria vivê-los com Rokka. Talvez acreditasse que pudesse vivê-los após a morte, mas, quando tentou fazê-lo, viu que a Rokka que ele criou não era nada mais que ele próprio.

    Ele não pôde criar uma segunda Rokka só pra ele, e isso o fez desejar a primeira como sua.
    O sentimento de amor vira, então, um sentimento de posse como uma criança que sente ciúmes de sua mãe.
    Shimao nunca cresceu, nunca conheceu o mundo era uma criança, Rokka era tudo o que ele tinha, e a morte havia lhe roubado.

    No começo, também achei um saco a personalidade dele ^_^x’ tanto que torci por Hazuki durante quase todo o anime… Mas, no fim, eu o entendi…

    E, quando finalmente o entendi, chorei. Quando ele próprio se entendeu, quando seu sentimento de posse virou amor, quando Rokka ofereceu sua vida para que ele devolvesse o corpo de Hazuki, eu chorei como uma criança… Poucos animes conseguem fazer isso comigo (dos que lembro, posso citar Ano Hana, No.6 e Natsuyuki Rendezvous).

    Bem, aquilo realmente mexeu comigo. Fez-me pensar em como todos vamos morrer, como vamos deixar aqueles que amamos… Fez com que eu refletisse sobre a vida e a morte e sobre o quanto isso tudo é injusto. E me fez ver que eu seria completamente igual ao Shimao se morresse e tivesse a chance de ser um fantasma…

    Foi aí também que entendi que, quando ele tomou o corpo do Hazuki, ele não se sentia com a Rokka. Porque ela o via como Hazuki. Ela não estava abraçando o Shimao, não estava passando a noite com ele ou conversando e sorrindo pra ele. Ela fazia tudo isso por Hazuki.
    Por isso, Shimao não sorria. Ele não podia estar feliz, mesmo que Rokka estivesse. Seu ego era ferido de novo e de novo pela felicidade da pessoa que ele amava. Foi por isso que ele decidiu se “suicidar” e deixar Rokka.

    Mas, quando o tentou, viu que Rokka precisava dele. Ela precisava dele pra continuar sendo a mesma Rokka, a Rokka que ama o Shimao e que ama o Hazuki também. Então, ele percebeu que não podia viver com ela, mas pelo menos, podia acompanhá-la até sua morte, como o fez.

    O “peso na consciência” da Rokka causado pela morte do Shimao fazia parte da Rokka e era importante pra ela do mesmo jeito. Ele não podia deixá-la e se condenou a passar o resto da não-vida apenas vendo-a com Hazuki.

    Quanto à Rokka, creio eu que ela foi voltando a ser como era antes enquanto voltava a falar com Shimao. E como Rokka era antes? Era uma Rokka feliz e preocupada com a felicidade de Shimao. Não a Rokka madura e adulta que segue sua vida como acha que deve ser, superando todas as provações sem desejos maiores. Mas, uma Rokka que sorria por bobagens e cuja maior (senão única) preocupação era fazer o bem ao Shimao.

    Por isso, ela quis morrer. E eu não posso julgá-la pela decisão, já que eu dificilmente decidiria algo diferente. Se era para o bem do Shimao, ela iria morrer quantas vezes fosse necessário.

    E, com essa decisão, ela acabou por acordar Shimao e mostrar que ela realmente o amava e o que era amor.

    Enfim, posso dizer que amei a série, embora só a tenha compreendido completamente (segundo minha própria compreensão, que não é única, sequer a mais correta) no último episódio (o que me fez amar mais ainda) x)~

    1. Hime-Chan,

      Primeiro gostaria de agradecer pelo seu longo comentário, muito interessante e que me fez pensar um pouco na séria de uma outra forma, não que eu tenha mudado de opinião, mas seus argumentos tem solidez. E aí começa o problema, o anime não conseguiu transmitir essas mensagens, talvez nem fosse essa ideia dele já que o que você falou foram suas impressões (assim como muito do que eu falei foram impressões também, ninguém pode dizer o que é certo em algo tão subjetivo como o gostar ou não de uma série). Eu vejo essas lacunas deixadas pelo anime mais como algo não proposital do anime, um erro, do que uma ferramento para potencializar a experiência do espectador.

      Vou discordar quando você diz que o Hazuki se embebedou para ter coragem de emprestar seu corpo ao Shimao. Para escrever esse post essa foi uma das cenas cruciais que eu revi algumas vezes para ter certeza. Se você reassistir pode perceber que essa nunca foi a intenção do Hazuki, naquele momento a bebedeira foi fruto de uma frustração após aquele encontro que teve com a Rokka onde não parecia conseguir se conectar com ela. Tanto é que no momento em que o Shimao entra no corpo de Hazuki ele vê a imagem de Rokka, não havia intensão da parte dele de emprestar seu corpo, não houve essa decisão.

      Sim, também não me ative as supostas simbologias depois dessa parte por não ter tido contato com as obras originais que receberam referências. Mas ela de fato representa um mundo interno infantil de Shimao, o que acaba sendo sólido ao seu comportamento, mesmo que isso acabe virando um problema na minha opinião quando ele “amadurece” nos momentos finais da série.

      Outro ponto que é destacado no início e no final da série é que o Shimao não ficou na Terra após a morte por essa ilusão infantil, ele ficou pelo pedido explícito de Rokka na hora de sua morte. Ele amava ela, não dá pra negar isso. E não acho que ele tinha um sentimento de posse para depois perceber o amor. Por mais infantil que ele fosse, ele sabia bem o que sentia por ela.

      Ao entender dessa forma, a brusca mudança de personalidade e comportamentos do Shimao não me emocionou em nada. Vi algo forçado e artificial. Não me causou reflexões como o próprio Ano Hana que você comentou ou outras tantas séries.

      Concordo com você quando diz que o Shimao percebeu que, após emprestar o corpo de Hazuki, nunca esteve verdadeiramente com Rokka, já que ela estava na verdade com o Hazuki. E começa outro problema que é a inconstância da Rokka. Ela se joga, chora, ama, sofre pela volta do grande amor de sua vida, mas de forma simples coloca Hazuki no mesmo patamar e isso não faz sentido. Rokka estava conhecendo o sentimento pelo Hazuki, algo muito diferente de tudo que viveu com Shimao.

      Quase no final do último episódio Shimao entende que, assim como a marca deixada no pescoço de Rokka, seu momento havia passado, ele teria que ser uma marca na vida de Rokka, mas não poderia ficar para sempre, desaparecendo como a ferida. Ele fala isso. Mas aí a série termina daquele jeito sem dar nenhum sentido dele continuar na Terra.

      Por último, discordo completamente da sua explicação da aceitação da morte por parte da Rokka pelo simples fato que antes dela aceitar o anime mostra o pensamento dela. Não é uma interpretação, é literalmente o pensamento dela. E nesse pensamento ela se culpa pelo sofrimento do Hazuki, pelo sofrimento do Shimao e por isso escolhe morrer. Ela escolhe morrer porque estaria atrapalhando a vida (ou não-vida) das pessoas ao seu redor. Desculpe, mas ridículo, se alguém não tinha culpa de nada ali era a pobre Rokka, mas o anime a força a ser a culpada.

      Novamente, agradeço pelo comentário tão rico!

      Gyabbo!

    2. Concordo e ao mesmo tempo discordo de você.
      Tem alguns detalhes que eu interpreto um pouco diferente que você, apesar de eu não discutir eles aqui. Muitas daqueles simbologias da série era apenas para substituir diálogos. Ao invés de os personagens dizerem diretamente, faziam um monólogo mental complementado por um flashback ou fantasia, e então continuava a conversa deles sobre aquela questão abordada.
      Tem menos simbologia, significado e profundidade nisso do que um mero discurso indireto.

      Enfim, o que eu queria te dizer é que “compreender” um personagens, os seus motivos, não serve necessariamente de justificativa para desculpar suas ações entende? Pelo contrário, pode é dar mais razão para você discordar do personagem.
      Pra mim funcionar assim, quanto mais eu tento entender os personagens mais eu discordo deles.

  10. Concordo com tudo o que você disse. E pensar que nos primeiros episódios eu cheguei a pensar que essa série poderia vir a superar Sakamichi (anime do qual eu gostei, mas com ressalvas). Você já comentou todos os pontos que eu considero falhos na obra, mas acho que o que matou a série mesmo foi o foco excessivo no Shimao – e na personalidade pérfida e infantil dele. Tudo bem, ele tinha motivos para ser assim? Até que tinha. Mas isso não o torna uma personagem mais simpática e/ou agradável, e se a intenção da autora era nos emocionar com a história dele, sinto muito, mas não funcionou. Simpatizei com o Hazuki desde o começo, mas depois que ele entrou no “mundo do livro” acabou relegado a segundo plano, e mal foi desenvolvido. Já a Rokka foi um dos exemplos mais gritantes de desperdício de personagem que eu já vi na vida. Começar tão interessante e acabar com aquela decisão estúpida foi demais para a minha cabeça. O tal amor que ela diz sentir pelo Hazuki também, aliás; graças a esse foco excessivo no Shimao, nós nem ao menos conseguimos sentir essa mudança de postura da personagem, o que fez parecer que esse sentimento surgiu de uma hora para a outra. E a decisão do final coloca esse suposto sentimento ainda mais em cheque. Enfim, estou aliviada com o fim da série. O começo foi gostoso de assistir, mas do meio para o fim foi um verdadeiro calvário.

  11. Só passei para dizer que nesse anime eu concordo com você cara… na metade da série eu já estava bastante decepcionado… que broxante essa Barokka.
    Assisti agora o final e estou até deprimido, que decepção.
    Só resta tentar esquecer.

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