O lado "positivo" do Tsunami…

Eu não ia colocar aspas nesse título, mas em virtude do poder destruidor do tsunami que devastou uma grande parte da costa japonesa e ainda desencadeou o vazamento nuclear da usina de Fukushima, eu preferi deixar grafado dessa maneira. Apesar de haver um lado positivo, que eu irei desenvolver nesse artigo, em respeito aos que sofreram e ainda sofrem com as consequências do desastre, mantenho as aspas.

O dia de hoje marca o primeiro aniversário do Grande Terremoto do Leste do Japão, como foi oficialmente nomeado pelas autoridades japonesas. Uma data não para se comemorar, mas para se lembrar. Mas de que maneira? A resposta imediata seria “com tristeza”, mas será que não houve nenhum lado positivo nisso tudo? É difícil pensar no que de bom veio desse terremoto e posterior tsunami e posterior acidente nuclear. Um desastre na melhor definição da palavra. As dezenas de milhares de mortos em primeira instância e o decréscimo de 30% no número de turistas colabora ainda mais para a ideia de que nada de positivo pode ter saído de tamanha tragédia.

Porém, eu me peguei pensando sobre o assunto nessa manhã de domingo e foi aí que vi o artigo de Arthur Dapieve no Segundo Caderno do jornal O Globo de sexta-feira, dia 9. Não conheço muito sobre esse jornalista, muito menos sua ligação com o Japão, para mim ele é só um dos críticos musicais do jornal, mas dessa vez ele não estava falando de música. Antecipando o assunto em alguns dias, ele conta como foi voltar ao Japão e do por quê do seu retorno ao país após o desastre. Mesmo em frente a indagações dos próprios habitantes locais, ele defende aspectos da sociedade japonesa frente a desastres como aqueles. O artigo pode ser conferido na íntegra aqui. Sua leitura me levou a pensar a longo prazo sobre o Japão e é esse pensamento que quero compartilhar com vocês.

Após o terremoto, a atenção da mídia internacional se virou para o Japão. Nas redes sociais não se falavam em outras coisas. Artistas, músicos, celebridades, todos falavam sobre isso, mandavam sua mensagem de apoio. E, claro, o sensacionalismo correu solto. Mas e agora, um ano depois? O que você lembra de tudo aquilo que foi falado? Eu me lembro das artes criadas para incentivo, como os Smiles de Takehiko Inoue (autor Vagabond e REAL); lembro das incríveis fotografias que saíram um mês depois mostrando a reconstrução em tempo recorde de estradas e regiões que estavam completamente devastadas; lembro da exaltação ocidental à persistência, disciplina, pensamento coletivo, dentre tantos outros aspectos louváveis da sociedade japonesa; lembro das coisas boas.

Sim, o turismo caiu 30% nos últimos 365 dias, mas tenho para mim que isso é questão de tempo. As pessoas agora ainda podem expressar certo receio em visitar a terra do sol nascente, mas e daqui a alguns anos? Nesse aniversário, minha teoria se comprova com inúmeros textos, reportagens, notas, imagens, tendo sempre em mente a ideia de que o Japão está renascendo. Em analogia citada por Arthur Dapieve em seu artigo, o Japão está se comportando como as flores de cerejeira. Chega o outono e elas se extinguem, passam o inverno sem nem dar as caras, mas ao chegar a primavera, elas retornam pintando inúmeras paisagens de rosa. Vida nova. O Japão passou por um grande impacto, mas, a longo prazo, o que ficou foi a beleza, e essa beleza vai renascer. Pode não ser agora, mas vai.

O Japão não morreu depois do tsunami, apenas entrou em seu inverno, para aprender com os problemas e voltar ainda melhor na primavera que está por vir. Nesse 11 de março, se tivermos que lembrar algo sobre aquele desastre, que seja o seu lado positivo.

Sobre Diogo Prado

Tradutor, professor, host do Anikencast, apaixonado por quadrinhos, apreciador de jogos eletrônicos e precoce entendedor de animação japonesa.

Você pode me achar no twitter em @didcart.

Eu não ia colocar aspas nesse título, mas em virtude […]

8 thoughts on “O lado "positivo" do Tsunami…”

  1. Excelente artigo! O Japão, apesar de todo o sofrimento causado, como você citou, está dando uma exemplo de superação em todos os quesitos. Se reeguendo aos poucos, aceitando ajuda e investindo no país acima de tudo. O maior exemplo de que a união faz a força. =)

  2. Bom, não entendi o porquê desse artigo. O lado “positivo” da Tsunami é que o Japão irá se reestruturar? É isso mesmo?

    Pensei que iria dizer algo realmente positivo sobre o impacto que o desastre possa ter causado na forma de pensar dos japoneses ou outra coisa do tipo, como repensarem a utilização de energia nuclear, entre outras coisas.

    Gosto do blog, mas esse texto parece que ficou incompleto e fora de contexto. Que o Japão iria se recuperar e renascer isso é meio óbvio, se fizeram depois da Segunda guerra, o Tsunami é fichinha perto de tal acontecimento.

    1. @El Hefe

      O propósito do artigo não é dizer que o Japão ter se reestruturado é o ponto positivo, mas sim a percepção dos estrangeiros ao Japão ter melhorado. A curto prazo pode parecer que todos tem medo de ir para lá, mas a longo prazo a história é outra. Peço perdão se o fiz entender o texto de outra maneira.

      E quanto aos aspectos positivos que você citou, só poderia prevê-los fazendo analogias ao período pós-Segunga Guerra e mesmo assim seria impreciso.

  3. O texto até tem uma intenção que eu respeito, mas discordo completamente.

    Não há lado positivo no Tsunami. Os espanhóis provavelmente não devem ter achado um lado “positivo” dos atentados de 11/03. Pobres não veem um lado “positivo” na fome… tragédias são tragédias. Não é só porque se precisa de superação, força ou união para suportar tragédias que elas possuem um lado “positivo”.

    Não dá para simplesmente falar da Tsunami e tirar uma lição de vida disso.

    1. @Marcio

      Respeito sua opinião, entendo seu ponto de vista, mas ainda acredito que dá pra tirar algo de positivo disso tudo.

  4. É por isso que eu amo o Japão,eu admiro não só os mangás e animes mas a capacidade de perseverança,temperança e paciência que só os japoneses tem.Eu queria é que o Brasil aprendesse um pouco disso né…mas não custa sonhar.

  5. A história do Japão já é marcada por superação, respeito a opinião de todos aqui, mas sinceramente, concordo com o Dih, não existe algo 100% negativo. Eu cresci sem um pai (nada de auto-piedade ou coisa do tipo, até pq isso nem se compara com a(s) tragédia(s) japonesa(s), mas convenhamos, quem gostaria de não ter um pai? E isso, é ruim, mas de certa forma tem o seu lado positivo. Repito, não menosprezo qualquer tragédia natural ou causada pelo homem, mas de tudo pode-se tirar algo bom.
    Parabéns Dih, enxergo esse artigo como uma homenagem, muito bem escrita!
    Meus parabéns!

  6. Gostei,e acredito que o Japão vai supererar esse inverno passajeiro,e vai se erguer,eu adoro o japão,e sempre quis ir ver como é lá e mesmo com esse desastre,eu nao me sinto desanimado para conhecer o pais do sol nascente.

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