Uma existência misteriosa, pessoas desaparecendo, um policial vestido como um mascote de fraldas, poderes sobrenaturais e um garoto que escreve o futuro num diário. O verdadeiro Enigma deveria ser: Será que vale a pena ler o novo lançamento da Editora JBC?
Quando a Editora JBC anunciou o lançamento de Enigma por aqui, o eterno editor do dragão, Cassius Medauar, foi praticamente alvejado por flechas flamejantes pelo público. Desde críticas ao modo como a editora escolhia seus lançamentos até xingamentos pessoais rolaram e quem acompanha a coisa toda pelo Twitter sabe que não foi fácil. Não é de hoje que a editora vem inovando nas tentativas de trazer conteúdo diferente além do mainstream e Enigma é mais uma dessas tentativas. Apesar de ser um mangá da Shounen Jump com alguns atrativos, as pessoas sempre acabam por lembrar que é uma obra que foi cancelada com sete volumes, mas nem sequer se dão ao trabalho de ler para avaliar se realmente é uma experiência válida. Então o Gyabbo! veio dar uma chance para Enigma se explicar, vamos desvendá-lo?
Somos apresentados a Sumio Haiba, que seria um simples colegial não fosse por dois fatores: Um cabelo totalmente bizarro e um poder sobrenatural. O rapaz possui um caderno chamado “diário dos sonhos” onde cada vez que ele dorme, escreve ou desenha uma previsão para o futuro. Estranho? Você não viu nada… Sumio descobre, então, a existência de uma entidade denominada Enigma que adora joguinhos e que faz sua mãe ser “apagada” da existência. Ela simplesmente some e o protagonista decide resgatá-la, mas como? Convenientemente, ele é sequestrado pelo Enigma e colocado dentro de sua escola com mais seis pessoas que também possuem talentos únicos. O propósito deles será escapar deste lugar enquanto resolvem os mistérios propostos pela entidade, quem conseguir terá seu maior desejo concedido.
Analisando primeiro a história, com certeza não é um mangá de todo ruim. O mistério envolvendo a entidade Enigma é chamativo de fato. Mas algo que incomoda logo no começo é o próprio protagonista e agora não estou falando do cabelo que muda a cada nova página. Sumio Haiba, apesar de ter um grande poder sobrenatural, se mostra raso demais, fazendo piadas sem graça sobre pedir qualquer garota em casamento até que alguma aceite. Sem muitos objetivos, até sua mãe precisar ser salva, ele parece ser aquele cara chato da escola que é brincalhão e empolgado o tempo todo e zoa todas a meninas, sabe? Quanto aos outros personagens, é difícil dizer sem conhecer um pouco mais a fundo de cada um, mas tem um policial que está preso em uma roupa de mascote, o que é isso, cara?
A edição da JBC está bem “bacan(ud)a” com o verso das capas coloridas, o habitual freetalk da autora de um lado e uma imagem aleatória de outro. A capa não teve alterações significativas em relação a edição japonesa, incluindo a falta de páginas coloridas que infelizmente é padrão dos mangas que vem da Jump . Enigma chega até nós num total de sete volumes de 200 páginas cada em papel bright 52 (que tem uma gramatura boa e agradável, não sendo possível ver o verso da página facilmente) e numa periodicidade mensal que é a recomendada para obras finalizadas. No Japão, Enigma começou a ser publicado na Shounen Jump em setembro de 2010 e foi cancelado finalizado em outubro de 2011. Infelizmente, Sakaki Kenji não emplacou nenhuma outra obra de mais expressão, mesmo tendo um traço bonito de certa forma.
A tradução de Karen Kazumi Hayashida é muito boa, resultando em um texto fácil de ser lido, ainda mais pela obra não contar com muitos termos complicados e polêmicos. Em suma, é um roteiro simples com personagens rasos, ao menos no primeiro volume e realmente é questionável a vinda desse mangá ao nosso país tupiniquim. O primeiro volume deu um banho de água fria nas pessoas que estavam ansiosas para um grande mangá de mistério e suspense, deixando pouca vontade de continuar a coleção. Talvez dando uma chance ao segundo volume, a coisa melhore, quem sabe? Mas isso não quer dizer que a atitude da Editora JBC de trazer coisas diferentes dos grande sucessos de vendas seja errada. É uma atitude que exige grande coragem dentro do mercado e é bem saudável. Gostaria de ver alguns outros mangás menos convencionais por aqui (Majin Tantei Nougami Neuro, talvez?) e mesmo não sendo algo que chama muita atenção, foi um prazer te conhecer, Enigma… Até um dia, quando eu te encontrar em uma sebo por um preço mais condizente com a sua história.
Quando a JBC anunciou Enigma, fiquei interessada na premissa, pois curto histórias de mistério. Assim, o acrescentei em minha lista de possíveis coleções. Gosto do fato de a JBC investir (e até arriscar) em materiais diferentes e poucos conhecidos da grande maioria. Isso mostra a preocupação de diversificar o catálogo de mangás, o que é ótimo para nós.
Não entendo o motivo de as pessoas atacarem tanto a editora sendo que ela é uma das poucas que procuram justificar, esclarecer e ouvir os leitores… É uma atitude que não vejo tanto por parte de outras editoras.
Fiquei um pouco receosa com essa análise do 1º volume, mas, ainda tenho interesse em colecionar Enigma. Afinal, como você mesmo disse, talvez a história melhore no volume seguinte. =)
Apesar disso, eu tbm ouvi muitas pessoas falarem bem da história. O enredo me lembrou Gantz. Pode até ser um roteiro fraco, mas um dia (quando a grana não estiver apertada) eu pretendo comprar! Gostei da resenha!