Buddy Complex: robôs gigantes e viagem no tempo, uma mistura improvável, mas muito bem feita nessa aposta que a Sunrise lançou no início de 2014.
Aoba era um garoto absolutamente normal até que um dia um robô gigante aparece em sua escola e tenta matá-lo. A sua colega de classe, Hina, salva-o e para protegê-lo o envia para 70 anos no futuro com o recado de que “Dio está esperando por você”. Na verdade, Dio não estava esperando e Aoba depare-se com um cenário de guerra logo ao chegar dentro de um robô chamado Luxon. É assim que acontece o primeiro coupling – ligação entre dois robôs e seus respectivos pilotos -, o que aumenta a habilidade de ambos, e tem-se início o enredo de Buddy Complex com o encontro entre os dois camaradas complexados de diferentes linhas temporais.
Logo de início é possível para os dois fazer o coupling, para o estranhamento da cientista responsável pelo sistema pois para usá-lo é necessário um árduo treinamento e a compatibilidade entre os pilotos tem de ser alta. Já Aoba é compatível com o coupling em um nível anormal, mas do que qualquer outro testado até então. Ele consegue fazer sem treinar e com qualquer pessoa. A razão para isso é explicada no especial, não é só por protagonismo mesmo. É através do primeiro coupling que ele aprende a pilotar o seu mecha, pois com o compartilhamento de experiências entre os pilotos, Aoba adquire o conhecimento das habilidades de Dio.
A partir daí temos um protagonista que é em geral um garoto comum e simpático, por vezes até sonso, chegando a frustrar quem assiste de início por sua relutância em perceber os clichês dos gêneros em que a obra insere-se. Após acompanhar toda a história, contudo, é perceptível que isso era uma dica de que Buddy Complex não se encaixava tão facilmente nas histórias usuais com viagem no tempo. Por outro lado há o Dio; quieto, sério, responsável, rabugento e desconfiado, é a personagem que mais desenvolve-se ao longo da trama e que, ao fim dela, mais sentimos o seu crescimento.
Aoba e Dio lutam pela Aliança entre a América do Norte, países europeus e o Japão contra a “República” de Zogilia. O mundo é dividido em dois lados, o que é o comum para os animes da Sunrise, numa metáfora óbvia para a Guerra Fria. O Japão, como sempre, está no meio da guerra literalmente e é o que mais sai prejudicado entre os lugares vistos na série, com a luta acontecendo dentro dele. A guerra começou quando Zogilia, uma ditadura, encontrou uma nova fonte de energia, o Nectoribium. Como isso possibilitava a criação de muitas armas novas, a Aliança foi formada para evitar o perigo. Contudo, antes do sistema de coupling provar o seu valor, a Aliança estava em grande desvantagem e perdeu várias batalhas.
É no lado de Zogilia que Hina está. Entre os três protagonistas, Hina é quem contém as respostas para todas as questões envolvendo a viagem no tempo: por que Aoba foi parar no futuro e o que aconteceu nas muitas linhas temporais anteriores. Ela própria sofre com as confusões que isso gera para a sua identidade e as mudanças na relação com seus colegas do lado aposto da guerra ao de Aoba e Dio – mesmo sendo o lado vilão, Zogilia conta com personagens diversos e com suas motivações pessoais, tal como o lado do protagonista.
O próprio “grande vilão” é uma personagem com dualidades, que enlouquece durante a história. Mas se isso é eficaz no fim da série, acaba tornando-se um dos pontos fracos do especial recente: transformam-no em um malvado clichê, a sensação ao fim é mais de decepção por seu rumo patético do que qualquer outra coisa.
Buddy Complex 13 episódios, todos com um ritmo de ação que não se perde, conseguindo terminar de maneira eficiente e apresentar e desenvolver as personagens principais através de uma direção segura por conta de Tanabe Yasuhiro, um estreante no cargo. Como o anime não foi bem nas vendas de DVDs e Blu-rays, ao invés de ganhar uma segunda temporada completa, teve um especial de dois episódios para concluir a história lançado no fim de setembro. É compreensível, por tanto, que o especial seja rápido, embora decepcione a forma que a explicação para a primeira linha temporal seja quase uma montagem de cenas ao som da música tema, tal como o final das protagonistas, especialmente de Dio, que deixou a desejar.
Em um ano com tantos mechas como 2014, Buddy Complex destaque-se por seu enredo sólido, sem correr riscos, ainda que apresente um diferencial para o gênero mecha através da mistura com outra parcela da ficção científica, a viagem no tempo. Para tal feito, só poderia ser do já experiente estúdio Sunrise, dono da franquia GUNDAM – na verdade, Buddy Complex poderia facilmente se encaixar como um GUNDAM, com o mundo em guerra e dividido em dois lados. O enredo é competente e trilha sonora e a animação são igualmente eficazes – nada que se sobressaia, mas também não peca em nenhum momento, mantendo o nível de qualidade em todos os episódios.
Deixei esse anime passar por ter cara de Gundam Seed demais, mas como é curto vou dar uma chance.
Gyabbo quando vai ter o próximo galeria de coleções de mangas?
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