Tsuritama – Primeiras impressões

Há muitos anos atrás, ali por 2001/2002, um vizinho japonês do prédio onde eu morava estava se livrando de algumas coisas e deixou para ser recolhido pelo pessoal da limpeza do prédio uma pilha de revistas japonesas, entra elas algumas antologias de mangas onde todas as histórias falavam sobre pescaria. Apesar de não entender nada (no caso, nada mesmo, hoje em dia poderia arranhar alguma coisa) eu acabei pegando os mangas da pilha e guardei por um certo tempo. Aquilo me marcou pois foi a primeira grande amostra de como os quadrinhos japoneses conseguiam realmente chegar a todos os tipos de público, mesmo fãs de pescaria.

Basicamente 10 anos depois, na atual temporada de primavera, me deparo com um anime – Tsuritama – onde pescar é o eixo central da história e é aparentemente assim que os quatro protagonistas irão salvar a Terra a partir da minúscula ilha de Enoshima.

Apesar da introdução deste texto e do fato de que no três primeiros episódios de Tsuritama termos tido vários minutos focados em pescaria, incluindo técnicas reais desse “esporte”, não podemos dizer que aqui temos um real “anime de pescaria”, longe disso, a verdade é que temos uma obra – até o momento – friamente calculada para entregar personagens muito bem construídos com um desenvolvimento narrativo lento, mas que promete explodir na sua reta final.

Temos o alien Haru que com sua voz e jeito irritantes caem de paraquedas na vida do real protagonista da história, Yuki Sanada. Temos o “príncipe” da pesca Natsuki Usami e para completar o elenco principal, Akira Agarkar Yamada, um indiano (será?) que está sempre acompanhado de um pato chamado Tapioca.

Você pode estar pensando que Tsuritama é apenas mais uma maluquice, e você estaria correto! Tsuritama é sim uma grande maluquice com aliens, organizações adoradoras de patos, o mundo salvo pela pesca e armas de água que conseguem controlar a vontade dos humanos. Mas isso é enxergar apenas a superfície do que temos de melhor aqui que são os personagens, principalmente Yuki.

Morando com sua avó, já bastante doente ainda que aparente ser jovial (claramente para não preocupar o neto), Yuki é um garoto solitário, com um claro quadro de síndrome do pânico com depressão moderada, possivelmente resultados de uma infância extremamente dolorosa com a perda de figuras afetivas importantes, sobrando-lhe apenas a avó que por mais que tente negar, está próxima da morte também. Aqui é incrível a forma como o diretor Nakamura Kenji se utiliza de efeitos visuais para mostrar toda a angústia do personagem através da simbologia da água e da sensação de sufocamento que o personagem sente durante suas crises.

E se os outros personagens carecem de uma veracidade, isso nada mais é do que proposital, um polarização ao redor de Yuki, principalmente quando falamos de Haru, o alien de voz irritante que se instala na casa do garoto, forçando uma amizade desejada, mas ao mesmo tempo repelida. Da mesma forma, se Akira e Tapioca – além da organização para qual trabalham – soam caricatos ao extremo, servem para dar ao anime um ar de bizarro que ajuda a levar a sério os efeitos visuais das ansiedades verdadeiras de Yuki. E para equilibrar a balança ainda temos Natsuki, dos três o mais “normal”, ainda que sua história esconda coisas ainda a serem exploradas.

Vocês devem ter percebido que eu não falei mais da história porque simplesmente não há o que falar. Pesca, aliens, salvar o mundo, bizarrices e Tapioca. Não é o enredo que importa, ele será explorado na hora certa – e esses três primeiros episódios não foram o momento -, o relevante aqui são os personagens e as forças que irão impelir um e outro para uma mudança nas suas vidas.

Da parte técnica do estúdio A-1 Pictures, se a arte e a animação não são finas como um Fate/Zero da vida, é óbvio que em Tsuritama existe uma liberdade muito maior aos criadores em incluir toques que dão maior destaca à obra. Do character design de Atsuya Uki (o mesmo de Cencoroll) ao uso de muitas cores claras, dando uma sensação refrescante mesmo nos momentos tensos, Tsuritama mostra algo, não novo, mas diferente do que estamos acostumados a ver.

Certamente muita gente não chegou perto do anime, outros largaram no primeiro episódio, eu mesmo não me empolguei tanto inicialmente. Mas ao ver os três primeiros episódios podemos ter a noção clara de que algo maior está por vir. Que seja logo dessa vez que o diretor Kenji Nakamura se redima do fracasso de [C].

Há muitos anos atrás, ali por 2001/2002, um vizinho japonês […]

14 thoughts on “Tsuritama – Primeiras impressões”

  1. Eu realmente me emocionei com o terceiro episódio, claro que com os anteriores tambem, mas esse terceiro teve uma otima mostra das reais personalidades dos personagens… e do Tapioca kkkk. E para completar um anime bizarramente BOM, não podia faltar uma otima abertura.

  2. Muito bom o anime mesmo, o primeiro episódio não me empolgou muito, mas o 2º e o 3º me viciaram nele. E Tapioca devia ser o principal, melhor personagem da temporada!hahaahah

  3. Seu texto esqueceu de dar a Tapioca-sama sua devida importancia.Um ultraje deixar a estrela do anime em segundo plano,assim as pessoas vão acabar não se interessando!
    -Brinks-
    Mas realmente o anime está muito bom,e a história flui num ótimo ritimo.
    E não se esqueçam: DUCK!!!

  4. Buenos!

    Maior supresa desta temporada, eu esperava basicamente nada deste, e no primeiro episódio tudo passou tão rapido e divertido que conclui que esse foi a melhor estreia para minha pessoa, embora Sakamichi seja minha verdadeira paixão desta temporada! O cover de Spitz na ending ficou ótimo também!

  5. Bom, no começo, dei logo de cara que era um anime meio que… Diferente, por assim dizer, mas que me arrancou boas risadas (É, eu gostei logo de cara). Como tinha achado o primeiro episódio relativamente BOM, continuei a ver. Simplesmente me apaixonei pelos cenários! As cores são tão bonitas e trazem uma sensação ótima (Diferente daqueles animes de traços pesados, que o conteúdo é tão podre que da vontade de vomitar). Mas, na minha opinião, acho que algumas pessoas não vão gostar mesmo, apesar de ter futuro! Gosto não se discute, não é?
    Bem, esse anime me tirou da mesmice!!! Sempre aqueles animes de lutas e sangue, ou aqueles que a garota fica o episódio TODINHO mostrando a droga da calcinha e um garoto abestalhado fica olhando como se nunca tivesse visto uma calcinha na vida! Sinceramente… Enjoei desse gênero! (Apesar de pegar um anime sangrento e de comédia de vez enquanto, ou um que tenha romance).
    Tsuritama tem futuro! Quando pega, pega pra valer! Espero que venha mais coisas pela frente, emocionando mais e mais.

    1. cara voce falou o que acho hoje sobre a animação japonesa, comecei a curtir tsuritama desde o primeiro episodio primeiro por tocar em assuntos que gosto pescaria, aliens, no mais excelente anime ao lado de uchuu kyodai melhores estreias da temporada

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