Black Rock Shooter (TV) – Primeiras impressões

Antes de começar esse posto, acho válido salientar uma coisa antes: Eu gostei bastante do OVA de Black Rock Shooter. Mais detalhes ler aqui meu post sobre ele.

Se da última vez que eu comentei sobre algo referente à Black Rock Shooter eu não sabia praticamente nada do “mundo” Vocaloid, não posso dizer que isso tenha mudado muito de lá para cá, então novamente, não farei comparações com a personagem original e a história que deram para ela.

Kuroi Mato é uma estudante que acaba de entrar no ensino fundamental (logo, deve ter uns 11~12 anos) e se interessa pela amizade da colega de classe Yomi Takanashi. Apesar de ser calada e solitária, logo percebemos que essa não é exatamente a verdadeira Yomi, mas sim que ela é controlada por outra pessoa que não a permite se aproximar de outras amizades, em uma relação doentia de posse que só iremos entender porque se mantém com o passar dos oito episódios (sim, apenas oito).

Paralelamente a esse enredo mais realista temos um mundo paralelo (que eu não vou me aprofundar muito, pois tendo visto o OVA acabaria dando spoilers) onde somos apresentados à personagem que dá título à série, Black Rock Shooter. Fica implícito com o passar do episódio que na verdade esta garota que vaga por um universo caótico e sem muito sentido, trajando roupas negras e utilizando-se de uma grande arma para lutar, é na verdade a versão do inconsciente da própria Kuroi Mato, refletindo de maneira simbólica as reações emocionais e psicológicos que a garota sofre no seu dia a dia.

A grande questão de Black Rock Shooter é fundir essas representações simbólicas da psiquê da pequena Mato com algo mais místico, o que já vimos no OVA. Dessa forma, sai-se da simples analogia para trazer consequências diretas e reais às garotas envolvidas (pois assim como Mato tem sua versão neste “outro mundo”, também ocorrerá com outras personagens).

De certa forma gostar ou não de Black Rock Shooter (e estou me atendo ao primeiro episódio da série) está muito ligado em conseguir ou não aceitar o que vemos, a isso chamamos de “suspensão de crença”. Muitos poderão discutir o exagero que é reação da Mato ao ser praticamente expulsa da casa de Yomi pela amiga que a controla, indo até a “conselheira” da escola (Não diria que é psicóloga porque as ações dela não são pautadas em modelos psicoterápicos. Nunca um psicólogo diria para sua cliente ignorar o próprio sofrimento) para conversar.

Aqui entra um problema que atinge os animes que foi o processo de lolização das personagens femininas. Estamos tão acostumados a ver adolescentes/adultas com rostos e corpos infantis que não conseguimos ser empáticos às dificuldades e sofrimentos de uma criança em fase de desenvolvimento social e que acaba de entrar no ensino fundamental. E é justamente pela ingenuidade e fragilidade de pensamento das personagens – que afinal, são simplesmente crianças – que a lógica de Black Rock Shooter faz sentido. Claro, aceitando-se a possibilidade de existir algo místico em uma história de ficção.

Não, a história não é profunda e é importante retirar o rótulo que o bloco noitaminA prega em suas obras ao analisarmos BRS, mas existe sim um propósito claro e bem exposto, principalmente agora com mais tempo para ser trabalhado, diferente do OVA (ainda que na minha opinião este tenha sido bem executado). Sim, é clichê. Alegorias do subconsciente não são nenhuma novidade e existem muitas outras obras que trabalham melhor com o tema, como por exemplo o filme A Cela. O que não invalida a série de forma alguma, principalmente se levarmos em conta seu lado mais pop, que não pode ser entendido com intrinsecamente negativo.

A animação do estúdio Ordet é decente, obviamente com menos orçamento que o OVA e isso reflete-se nas cenas de ação e no uso de CGs menos elaborados, ainda que não comprometa em nada a diversão (ao contrário de um Mirai Nikki , por exemplo). Como não poderia ser diferente em uma obra derivada de uma ilustração e uma música, a sonoridade é muito bem usada, com um ótimo trabalho de Hiromi Kikuta na direção de som, mas principalmente pelo trabalho de Hideharu Mori que já havia mostrado sua competência em Giant Killing por exemplo. Além claro, das músicas temas por Ryo do grupo Supercell.

Longe de decretar o fim do bloco noitaminA como conhecíamos e como muitos temeram (inclusive eu), Black Rock Shooter consegue um início bom e promissor, principalmente para aqueles que largarem o preconceito guardado desde o OVA.

É verdade que Black Rock Shooter parece destoar do que esperaríamos, ainda que esteja mais próximo da essência do bloco do que Guilty Crown, seu par agora, mas certamente teve um começo bem promissor.

Antes de começar esse posto, acho válido salientar uma coisa […]

10 thoughts on “Black Rock Shooter (TV) – Primeiras impressões”

  1. *copiando e colando o que já postei num outro blog sobre a série*
    O anime parece que algusn momentos sofre com a falta de recur$o$ ou o artista tentou dar um “ar underground” na série, deixando um ar de traço inconstante e conflituoso. Espero que seja proposital, para que a série seja a cereja do bolo da franquia da BRS, que começou com um belo desenho do Huke, passou pelo OVA, figures, nendoroids, cosplayers, um game que parece que segue uma linha diferente ou após o anime…

    Será que o final da série de 8 episódios deixará engatilhado a história da BRS versão game? O game que falo é esse: http://brs.jrpg.jp/battle/

    Minha nota para o primeiro episódio: 8/10.

    E aqueles que já pensam em dropar depois de ver o primeiro episódio ou se baseou no texto: dê ainda uma chance a BRS!

  2. Eu realmente curti esse animê de BRS e o OVA e acho que, respeitando a opinião dos outros, o animê não é tão ruim assim mesmo com todos os problemas técnicos e de coerência na história que ele apresenta ele ainda consegue ser melhor do que muitos outros que se tem por aí. Realmente é um tema difícil de trabalhar misturando o “nosso” mundo, o drama do dia-a-dia, com outro mundo cheio de criaturas (personagens) com poderes “místicos”, mas é assim mesmo eles acabam se empolgando e comente erros desse nível para pior e eu espero que não cheguemos ao pior nível possível ou impossível.

    Eu daria uma nota 8 de 10 para esse primeiro episódio dos 8 que formão Black★Rock Shooter.

    Para deixar mais claro aminha opinião sobre esse primeiro episódio eu vou deixar um link com o post que eu fiz lá no meu blog sobre Black★Rock Shooter: http://sugarcanefields4ever.wordpress.com/2012/02/03/black%e2%98%85rock-shooter-tv-animation/

  3. Eu gostei muito desse episódio. E acho que é como você salientou; pessoas questionarem o fato da Mato ter ficado magoada por ter sido expulsa da casa da amiga daquela forma? POAA, até eu ficaria, e já tenho 17 anos completos. Ela é uma criança. Acredito que BRS, consiga, ao contrário de muitas outras séries, transpor bem esse universo infantil/adolescente de uma forma muito mais verossímil que a maioria dos animes. Começando com o fato das proporções corporais não serem bizarramente desproporcionais a idade. Embora, atualmente seja até normal mesmo garotinhas peitudas e bundudas, cheirando apetite sexual. Mas continuarei a ver isso como algo nada natural.

    Enfim, muito ansiosa pelos outros episódios, tecnicamente é inferior ao OVA, mas acredito que em história, vá ser bem melhor.

  4. Detalhe que essas “alegorias do subconsciente” (gostei do termo) tem em mtas outras obras e um bem popular que me lembra BRS é Alice Madness Returns…

    Olha, eu gostei do primeiro episódio. Achei apenas bem corrido, mas como serão apenas 8 episódios dá para entender.

    Notei que o Mundo Paralelo de BRS tem um traço mais trabalhado (não apenas pelo CG e textura no estilo de Huke), enquanto no mundo real é um traço bem simplório que chega a lembrar animes de paródias em certo momento.

    A exposição dos sentimentos das personagens, bem típicos da idade, me fizeram aceitar melhor a exibição maior do mundo real, já que apareceu mais que o mundo paralelo. Também notei e não sei se é bem spoiler, mas quem viu vídeos do jogo tem chefes atrelados a cores do arco-íris. O pássaro das cores é justamente o gancho para juntar também o enredo do jogo, deixando a coisa mais coesa.

  5. Eu já não tinha gostado da OVA e esse anime continua bem ruim, mas achei melhor que a OVA. A batalha ficou horrível, mas nem tudo é porrada. Achei a escolha do foco boa, muito melhor que a OVA. A personagem de cadeira de rodas lá, ficou muito interessante e assustadora. A amizade das meninas ficou fofinha. Mas tudo de “bom” fica ruim, pois foi muito forçado. Absolutamente tudo é forçado. As cenas que eram pra ser mais leves, ficam pesadas com o clima estranho da série. Não achei a construção do clima bom, já que teve batalha, mistério, terror e kawaii. Tudo isso junto fica estranho na tela. As cenas fofas ficam melancólicas e as cenas de batalha ficam idiotas. Achei tudo muito forçado e ruim, mas o pior foi pensar que aquilo está no noitaminA! As ideias dos anime são tão infantis, tão bobas, que eu não consigo me identificar nem achar legal. Ele é realmente voltado para otakus de pensamento lógico que querem ver alguma porrada, algumas meninas fofas, que são gostosas ao mesmo tempo em outro mundo, e um mistério terrorzinho, que está tão na moda. Adultos não vão gostar por ser muito infantil e com ideias bobas, vagas e forçadas, e crianças não vão gostar pq não é feito pra elas, mesmo que o tema seja elas! É um anime sobre crianças, com assuntos infantis, mas que crianças não podem nem querem assistir, adultos muito menos e otakus hardcores (que na maioria das vezes não pensam bem sobre o que estão vendo) vão adorar.

  6. Não tenho nada contra esse anime, mas não consigo juntar vontade para assisti-lo. Quando eu assisti ao OVA, apesar de ter achado a animação muito bonita, não consegui realmente gostar do que eu estava vendo…Sei lá, não me empolgou, entende? Acho que eu estava esperando uma história mais complexa ou algo assim. Vou esperar a série terminar e ver como o povo reage; depois eu decido se vale a pena ou não dar uma chance.

  7. Achei o primeiro episódio muito ruim. Não vi nada de decente na produção, me desculpe Gyabbo, mas não consigo ver onde vc conseguiu ver decência ali. Episódio todo teve falha de traço durante a série, fora o roteiro vazio e forçado (especialmente no drama).

    E que Cel Shading feio usaram nas cenas lá do mundo “restrito” (e os escambal). Usaram filtros para disfarçar o trabalho tosco deles. Tem boas cenas de movimento verdade, mas o trabalho é ruim comprando com de outros animes que vi. Temos ai exemplos de Cel Shading melhores em produções do Bones, Sunrise e I.G pra contradizer aqueles que acham que Black Rock Shooter usa bem esse tipo técnica.

    Eu tinha muita esperança da série ser legal e melhor que o OVA, mas agora pretendo Dropar de vez esse anime do meu HD e desejo sorte pra quem gostou que a série melhore (DUVIDO). Eu não caio nessa armadilha não =X

    PS: Uma musica bonita e um desenho não faz uma história boa, ainda mais se não tem talento pra faze-lo. Ta ai Black Rock Shooter pra provar isso pra gente.

  8. Eu gostei do OVA, já esse primeiro episódio não.
    A base do enredo dos dois é praticamente a mesma, ideia simples, porém bem executada no OVA em conjunto com uma arte lindíssima, já na série não senti o mesmo entusiasmo. O traço ser inferior já era de se esperar, porém ficou pior que eu imaginava [fora que eu não consigo gostar de CG].
    Com mais 7 eps. pela frente espero mais elementos na trama, como a cadeirante filha da puta que expulsou a outra da casa, pois vou acompanhar.

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