Arakawa under the bridge – Primeiras impressões

Olá! Depois de uma noite muito tensa acompanhando o meu Flamengo pela Libertadores, conseguindo uma classificação bem apertada, mas merecida e muito comemorada, venho com mais um post com as minhs primeiras impressões de um anime da nova temporada. Tirando o de hoje, faltam apenas mais dois! Me sinto meio preso, mas a culpa não é exatamente minha, mas sim da temporada que veio carregada de títulos interessantes e que na sua maioria corresponderam às minhas expectativas. Hoje mais cedo fiz uma mini-enquete sobre qual anime deveria escrever nesse post e o escolhido foi Arakawa Under the Bridge.

Recentemente o estúdio SHAFT obteve uma explosão de sucesso muito grande no meio otaku através de grandes títulos como a franquia Sayounara Zetsubou Sensei e Bakemonogatari. Porém, sua última tentativa no mercado, Dance in the Vampire, dividiu muitas opiniões, tanto por seu enredo errático quanto por sua animação muito abaixo daquilo que o estúdio acabou por acostumar os espectadores. Esse mesmo quadro pode ser visto em escala menor nas duas temporadas de Natsu no Arashi, que apesar de não serem ruins (aqui eu só posso comentar sobre a primeira já que não tive o tempo de acompanhar a segunda por enquanto), não atendiam às expectativas dos fãs do estúdio.

Dance in the Vampire Bund especificamente só não foi um desastre total por ter conseguido tomar rumos um pouco diferentes no caminhar do seu encerramento, mas apresentou uma animação sem grande estilo, clichês do estúdio repetidos à exaustão e sem qualidade, uma direção atrapalhada que não soube aproveitar o enredo que tinha nas mãos e um excesso de fanservice, chegando a cenas literalmente grotescas (mas essas discussão será mais aprofundada em um futuro post em que irei tecer comentários conclusivos sobre a série).

Todas essas questões colocaram dúvidas nas cabeças de muitos, se perguntando se o estúdio havia perdido a mão, ou mesmo que o sucesso havia subido à cabeça e que poderíamos esperar por mais e mais repetições. De certa forma Arakawa under the bridge confirma e desmente isso.

Ichinomiya Kou tem seu futuro preparado para o sucesso. Nascido em uma família rica, rapidamente conseguiu se estabelecer, sendo estudante de direito da conceituada Universidade de Tóquio, a famosa Toudai, além de ser o herdeiro das companhias Ichinomiya. Sua única grande dificuldade é que desde criança sua família o ensinou (ou adestrou, acho que seria uma palavra mais correta para esse caso) a nunca ficar em débito com alguém. Por infortúnio do destino, porém, Kou acaba sendo salvo por uma garota após um acidente embaixo de uma ponte onde Kou iria acabar morrendo afogado. A garota, conhecida como Nino, mora literalmente embaixo da ponte e não é de forma alguma alguém que poderia se encaixar dentro dos padrões normais da sociedade, na verdade ela nem se considera uma terráquea, mas sim uma venusiana.

A crença de nunca ficar em débito com alguém é tão forte na família Ichinomiya que o simples fato de Nino inicialmente não querer nada em troca por ter salvado a vida de Kou causa nele um ataque asmático, por isso prefiro usar a palavra “adestramento” nesse caso. Ao desespero de Kou, Nino propõe uma única coisa que ela gostaria de ter em troca, que ele se apaixone por ela e consequentemente venha morar embaixo da ponte. Se isso tudo já não fosse non sense o suficiente, todo o lugar é povoado por pessoas (???) muito estranhas, como o prefeito, que se auto-intitula um Karpa, mesmo usando uma fantasia. Além de outros moradores como uma “irmã” que na verdade é um homem (e de forma alguma afeminado).

Mas aqui temos que retornar ao início e nos perguntar se o estúdio SHAFT finalmente voltou a se acertar. A resposta para mim depois de ver dois episódios do anime (foram prometidos 13) é que sim. Apesar de abusar dos seus próprios clichês (como o foco direto em um único olho, visões áreas e outros), eles se encaixam muito melhor em Arakawa do que em Dance in the Vampire Bund. A animação certamente não é do mesmo nível de Bakemonogatari (teremos uma animação daquele nível tão cedo?), mas é eficiente e na maiorias das vezes bonita, contando com uma ótima fotografia.

O mais interessante de Arakawa Under the Bridge no entendo, não é sua comédia, que é boa, conseguindo usar do non sense de uma forma que nem sempre dá certo, mas que aqui beira o absurdo, de forma bem agradável. Nem sua animação ao estilo SHAFT ou a direção muito bem executada pelo diretor Shinbou Akiyuki, já renomado no ramo do non sense. O que mais me chamou atenção na verdade foi as críticas sociais que estão embuídas no enredo.

Primeiro temos o protagonista, puramente um representante da sociedade dita normal, aquela individual que busca o mérito individual a qualquer custo, e se pensarmos na sociedade japonesa, esse aspecto dobra de importância visto a pressão que a sociedade faz em seus jovens para esses obtenham sucesso o mais cedo possível e rapidamente constituam uma família e continuem a trabalhar, mesmo que isso custe as suas vidas (procure no google pelo termo Karoshi) ou seus sonhos. A cisão aqui é clara, o engravatado vindo da sociedade normal em contraste com os moradores de baixo da ponte apresentados em formas extremamente caricatas, como um deles e sua cabeça em forma de estrela. Esse ponto pode ser melhor exemplificado por uma passagem da personagem Nino que eu vou colocar aqui como eu lembro, mas que não é exatamente igual:

Aqui vocês salvam as pessoas esperando que elas dêem algo em troca a vocês?

A série nesses dois primeiros episódios começa com um chute forte sobre esse argumento, criticando comicamente a família japonesa e sua neurose de sucesso dos filhos, mesmo que muitas vezes isso crie uma pressão imensa sobre os mesmos.

Analisando mais pela minha área, a Psicologia, a verdade é que Kou, que acaba tendo o nome trocado pelo prefeito-Karpa para Recruta, parece estar visitando um hospício, levando para lá a sua visão de normalidade pautada por aquilo que a sociedade exija que você veja como normal. Mas afinal, o que é ser normal? Acredito que essa pergunta se torna muito pertinente não somente no ramo da Psicologia e na sua luta contra os manicômios e sim por uma integração social dos portadores de problemas mentais, mas também para nós que somos fãs de animes e mangas. Afinal, quem nunca foi julgado por ter um hobby diferente?

Eu poderia me estender mais, até por que até mesmo a religião já foi criticada nesse início, porém ficaria um texto excessivamente grande para um de primeiras impressões (se é que já não está), prometo esticar essa discussão com o fim do anime. Por enquanto o que posso dizer é que esses primeiros episódios renovaram em mim a confiança no estúdio SHAFT, afinal, todos fazem escolhas erradas, mas dessa vez parece que acertaram em cheio juntando um manga que até agora possui 10 volumes com o estúdio certo para essa adaptação.

Arakawa under the Bridge é uma comédia romântica, que apesar de não ter me feito gargalhar como Baka to Test, conseguiu arrancar risadas e me fazer sorrir constantemente, além de refletir sobre muitas coisas, por isso com certeza continuarei assistindo e espero que vocês também para que possamos comentar.

E vocês, o que acharam? Não tenham medo de comentar, conheço pessoas com ideias totalmente opostas as minhas sobre esse anime, se você não gostou, pode dizer sem medo.

Olá! Depois de uma noite muito tensa acompanhando o meu […]

9 thoughts on “Arakawa under the bridge – Primeiras impressões”

  1. Um ótimo anime que me provocou algumas risadas. Pode haver uma certa semelhança no tipo de humor com Bakemonogatari, mas não é um plágio mal feito ou nada do tipo.

    Vale a pena assistir a série realmente ^^

  2. Gostei do começo do 1º episódio, mas logo depois as piadas começaram a ficar muito forçadas e cansativas pra mim. É engraçado ver a reação de Kou ao conhecer as pessoas daquele lugar, mas há horas que não há necessidade dele “falar” tanto.
    Mas eu ri muito ao ver a “irmã” e a sua missa. Acho bastante interessante quando criticam a Igreja, porque poucos fazem isso (independente se é filme, novela ou anime) ou tem a coragem de faze-lo sem medo de gerar polêmica.

  3. Gostei mto de sua postagem sobre Arakawa, pq colocou no texto as impressões psicológicas que via mas não tão profundo e que achava que ó eu percebia. Eu vi até o 5 e posso afirmar que estou adorando, especialmente pela visão do Kou e seus comentários. E sim, SHAFT está abusando de seus próprios clichês mas isso fica de forma agradável para quem é fã do estúdio.

    A melhor a frase até agora foi a “Eu quero saber o que vc é e não o que vc tem”. Achei algo mto profundo, embora passe despercebido em meio a um diálogo rápido e longo mtas vezes.

  4. Ainda não consegui ver nenhum anime da nova temporada, mas fiquei interessada nesse Arakawa Under the Bridge por ser nonsense, ter a Maaya Sakamoto dublando a Nino, a animação que parece ser bem caprichada (sério, não sabia quais os animes do estúdio Shaft, mas vi que ele tem produzido umas coisas bem diferentes nos últimos tempos).

    Baixei o 1º episódio, e espero assistir. =D

  5. Sinceramente, o melhor da temporada, um humor que não se via a muito tempo! Os clichês shaftinianos são tão perfeitos e bons perto dos clichês normais que vemos em animes, eu não consigo ficar enjoado desse personagem neurótico, que não, não começa no Bakemonogatari, até parece que vocês só assistiram esse. Esse personagem e esse clichê tão magnífico começa no Zetsubou. E não cansa, eles conseguem renovar isso com situações e bom enredo. Sinceramente acho que em relação a animação, não acho a do bakemonogatari a melhor, prefiro a da série Zetsubou e Hidamari, e como você não citou um anime tão bom quanto Hidamari Sketch? Um dos poucos animes de comédia romântica que me deixaram com vontade de quero mais em! Eu ri muito logo no primeiro episódio com a situação em si aprensetada. E depois o Kappa, é tão absurdo que me lembra até algumas comédias norte-americanas. Nota 10/10 para Arakawa que mostra que a SHAFT é a SHAFT e ela surpreende sempre.

  6. Eu gostei muito do anime e a cada episódio tem uma ‘moral’ a ser refletida.
    Sei lá, é muita loucura e divertido, gostei.
    Mas ainda a muito o que ver e entender direito o propósito do anime.
    Gostei do post.

  7. Achei interessante que a cada começo de episódio eles falam algo filosófico, como por exemplo a do episódio 06, que me fez pensar muito (“Todos os encontros são compostos de várias chances de 01 por cento”) e até mesmo com a reflexão que a Nino faz no episódio 07.
    Na mesma hora que ouvi a voz do Recruta no episódio 01 já sabia que era a mesma voz do Zetsubou sensei, mas fiquei realmente supresa quando li que era a mesma pessoa que fazia a voz do Takemoto, do Honey e Clover.
    Estou achando o anime incrível, principalmente a Irmã e a Maria (“Gente como você deveria aprender a respirar dióxido de carbono e soltar oxigênio!”).

    Só quero ver se vai ter outras temporadas :]

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