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Como influenciar uma geração – Bakuman

Olá a todos. Antes de começar, não pretendo aqui criar uma coluna para falar semanalmente dos capítulos de Bakuman. O meu objetivo aqui é falar sobre algo que me chamou bastante a atenção no capítulo 130. Podem ficar tranquilos que também tentarei evitar ao máximo spoilers para quem só está acompanhando pelo anime.

Tendo dito isso, vamos a um panorama geral do capítulo: Mashiro acaba indo sem Takagi ao encontro de ex-alunos da sua turma. Ao chegar lá, ele se surpreende como todos sabem de seu trabalho como mangaka e se surpreende mais ainda quando vê a visão que eles tem do que é um mangaka.

Os amigos de Mashiro querem autógrafos, ficam venerando como é legal trabalhar com o que gosta e quanto dinheiro ele deve estar fazendo e como ele deve estar aproveitando a vida. Porém, Mashiro os mostra uma faceta não tão floreada do seu trabalho. E durante suas explicações ele lembra da conversa entre Nakai e Hiramaru sobre como é difícil ser um mangaka. Como é uma profissão sem segurança nenhuma, que não existe plano de futuro e onde se trabalha muito para tentar chegar onde poucos chegam, que é a publicação. Minhas observações começam nesse ponto, quando Mashiro está refletindo sobre sua profissão.

Muitos leitores de Bakuman com certeza sonham em um dia se tornarem mangakas profissionais. Não digo nós ocidentais, nem os adultos que leem a série, mas sim o público-alvo da Shonen Jum, as crianças. Muitos deles preenchem redações de escola com sonhos e mais sonhos de um dia se tornarem um Eiichiro Oda da vida. Porém um capítulo como esse mostra que nem tudo são flores. Que a vida de um mangaka é muito dura. É preciso muito trabalho e dedicação. Tal lição pode ser aplicada a qualquer profissão ou a qualquer objetivo. Se você quer muito uma coisa, você tem que brigar por ela. Nada cai de para-quedas na sua mão. Os grandes gênios são poucos, aqueles que sem muito esforço fazem coisas magnificas. Para a maioria das pessoas, as suas conquistas são frutos de muito trabalho.

O capítulo continua mostrando Mashiro indo embora enquanto seus amigos vão continuar festejando madrugada a dentro. Na volta, Mashiro encontra Takagi, que se lamenta por ter perdido a festa. E lá, Mashiro parte pra outra análise da situação. Eles entregaram a infância ao trabalho deles. Eles não saíram com amigos, não foram a inúmeras festas, não namoraram várias garotas, não viajaram para as montanhas ou para a praia. A juventude deles era o trabalho deles. E lá estava ele se indagando se aquilo foi o certo a fazer.

É aí então que Takagi pega um dialogo do mangá favorito de Mashiro, Ashita no Joe, que diz:

— “Jovens na sua idade estão indo para a praia, para as montanhas, saindo com suas namoradas, esbanjando sua juventude…”

— “Pode ser um pouco diferente do tipo de juventude que você está falando em esbanjar, mas eu senti muitas vezes uma boa dose de satisfação nesse ringue. Eu não fico o tempo todo no fogo em brasa como esses caras. Mesmo que seja por um momento, eu vou brilhar tão forte e num fogo tão vermelho que eu vou deslumbrar todo mundo. E tudo que sobrar depois serão apenas cinzas…”

Essa citação foi feita enquanto Mashiro olhava para suas mãos fortemente calejadas e sujas de tinta. E a conclusão que eles chegam é que valeu a pena seguir no sonho deles e chegarem aonde chegaram. Mesmo ainda faltando muito para alcançarem todos seus objetivos, eles estão orgulhosos e satisfeitos com o enorme esforço e os sacrifícios que fizeram. Se para mim, um jovem adulto, a cena da mão do Mashiro foi chocante e inesperada, para uma criança deve ter sido ainda mais impactante. O artista, Takeshi Obata, a desenhou com extremo detalhamento. Cheia de manchas e calos de tanto desenho.

Bakuman é acusado por alguns de ser muito leve e dar uma romantizada na vida dos mangakas. Porém, capítulos como esse mostram que as coisas não são bem assim. Que há muito sacrifício a ser feito e que os leitores, que o público-alvo, que as crianças devem saber que as coisas não são fáceis. Que no mundo de hoje as pessoas precisam lutar muito para alcançarem seus sonhos. Sejam eles se tornar um grande juiz, um jogador de futebol, astronauta, comprar um carro, ou quem sabe fazer mangá. Tudo tem seu preço, sua dose de sacrifício. Nada vem de graça.

Fico muito feliz que existam mangás assim ainda hoje em dia. Mangás que não estão ali só para entreter, mas para passar uma mensagem. Se Ashita no Joe foi tão importante na infância do personagem Mashiro, Bakuman está sendo muito importante para as crianças de hoje em dia. Tem diversão, tem brincadeira, mas também tem uma mensagem séria sendo passada.

Olá a todos. Antes de começar, não pretendo aqui criar […]

3º encontro “O Bakuman Dessa Semana Foi Interessante”…

Olá, queridos leitores. Bem vindos ao nosso 3º encontro “O Bakuman Dessa Semana Foi Interessante”! Nesse terceiro episódio vimos conteúdo relativo aos capítulos 3 e 4 do mangá. Pudemos ver também pela primeira vez o estúdio do tio do Mashiro e a mãe da Miho.

Para começarmos nosso encontro, tivemos nesse episódio a confirmação de que a revista “Shonen Jump” foi de fato substituída pelo nome “Shonen Jack”. Ao que parece, “Jump” e “Jack” tem uma pronúncia bem parecida em japonês. Provavelmente daí surgiu a ideia. Essa confirmação veio logo no começo do episódio quando o Takagi começa a mexer na coleção de bonecos e vê as revistas atrás deles.

A respeito do estúdio, gostei das cores escolhidas. Sem dúvida elas reforçam o estilo “caseiro” e “pouco industrial” que estamos acostumados no mangá. Um fato curioso foi que vendo o anime eu percebi como o estúdio é pequeno. Ao lermos o mangá acabamos por ter a ilusão de que ele é bem grande e tem espaço de sobra pras pessoas andarem a vontade, mas vendo o lugar em movimento acabamos por perceber que o tamanho é limitado como o padrão dos apartamentos japoneses.

Ainda no estúdio, quando Mashiro explica para o Takagi como funciona o esquema dos “rascunhos” (não consigo chamar aquilo de “nomes”), podemos perceber que o anime deve manter a parte “educativa”. Assim como o mangá, teremos uma clara noção de como funciona a Shonen Jum… Jack e quais os passos para se tornar um mangaka por lá. Por sinal, as citações estão todas lá… como a de Ashita no Joe. Isso me deixa feliz. Mostra que só a “Shonen Jump” será realmente alterada.

Chegando à segunda parte do episódio, temos o encontro da dupla com a mãe da Miho. Infelizmente nessa parte não tenho como dizer que fiquei um pouco decepcionado com a versão animada. Mais um caso em que a personagem parece diferente por causa da clara diferença de traço entre o anime e o mangá. No traço do Obata ela parecia sim mais jovem do que o padrão para sua idade, mas no anime ela parece ser uma adolescente ainda. No mangá você consegue ver uma serenidade maior no traço, uma vibe mais experiente… no anime, isso se perde. Pareceu a Miho com uma peruca e salto alto. Vale ressaltar que não foi só o traço que gerou toda essa diferença na personagem. As escolhas para dublagem e animação também comprometeram muito a personagem. Recomendo que leiam essa passagem no mangá (cap. 4) e comparem por vocês mesmo. Verão uma gritante diferença.

No geral o episódio é muito bom. Porém não consegui deixar passar esse “probleminha” com a mãe da Miho em uma das cenas que eu mais gosto de todo o mangá. Porém, não se pode agradar a tudo e a todos, não é mesmo?

Semana que vem voltamos, até lá!

Olá, queridos leitores. Bem vindos ao nosso 3º encontro “O […]