Friamente, implacável como esperado; mas e o sentimento?
Suisei no Gargantia ou Gargantia on a Verdurous Planet é o terceiro projeto do conhecido e renomado escritor e roteirista Gen Urobuchi feito para animação; e após o anime da década Mahou Shoujo Madoka Magica e o famoso PSYCHO-PASS [sem contar adaptações de originais seus como Phantom ~Requiem for the Phantom~ e Fate/zero], claro que literalmente qualquer projeto seu seria objeto de hype, expectativa.
E assim temos mais um original do igualmente renomado [ainda que algo decadente] estúdio de animação Production I.G., com direção de Kazuya Murata [FullMetal Alchemist: The Sacred Star of Milos] e alto orçamento vindo de um comitê de produção liderado pela Bandai Visual.
Este alto orçamento, aliado com profissionais gabaritados, permitiu com que a animação tradicional esteja ao mesmo tempo ótima, bonita, expressiva e consistente; convenhamos, um feito raro atingido com ajuda de uma fotografia e direção de arte muito boas para um anime televisivo. O preço? Um traço totalmente dentro do padrão [não que alguém reclame] e principalmente um 3DCG horrendo. É ruim relativo mesmo a um trabalho simples mas aplicado como Majestic Prince e distoa demais dos demais elementos para não ser facilmente reconhecido.
O lado bom [ou ruim para alguns] é que o foco da série não deve ser em robôs gigantes – e a estrutura em que este episódio foi dividido ajuda a explicar o porquê. Nos primeiros dez minutos somos completamente imersos [para ajudar, não temos abertura e o encerramento é em tela preta – apesar disto não ser nenhuma novidade para quem acompanha anime, principalmente em tempos recentes] em uma batalha espacial muito bonita, mas fria e mecânica que serve para mostrar qual era a vida de nosso protagonista Red antes do acontecimento que será o ponto de partida de sua inesperada aventura.
Um soldado sem emoções vivendo como mais um dentro de uma aliança galática, frio como o espaço – apesar de Urobuchi mandar ver em um infodumping [excesso de exposição] desnecessário, a direção é efetiva o bastante para trazer este aspecto a tona. Claro, principalmente para o público brasileiro a ideia de dez minutos seguidos de batalha espacial não parece empolgante, mas apesar de ser ame-ou-odeie – e talvez um pouco longo demais – temos aqui uma das grandes experiências visuais do ano mesmo com o 3DCG, que é disfarçado o quanto possível, aparecendo em diversos momentos.
Sim, o excesso de elementos na tela combinado com cores e layouts diferentes do usual – ou pelo menos em uma intensidade maior – fazem pensar como deve ser a experiência em qualidade de imagem de Blu-Ray aliada com uma tela gigante.
Corte.
Temos na segunda metade outro episódio, diferente e ao mesmo tempo complementar, cujo tema é basicamente o choque de civilizações. Red está em um ambiente desconhecido, e vai ter uma razoável aventura até descobrir no cliffhanger a algo óbvia verdade.
Sim, diversas situações que acontecem são batidas – mas novamente, é um episódio de introdução e ambientação – e a execução preenche cada minuto com algum progresso, fazendo o todo ser coerente e que em uma análise fria a estreia de Suisei no Gargantia seja ótima. O diretor claramente faz o melhor episódio que pode [alguns detalhes, como a maneira que é mostrada o desconhecimento mútuo entre as diferentes línguas dos protagonistas, é fascinante] – pelo menos o melhor episódio que poderia ser feito com o enredo que tinha em mãos.
Entre as diversas características que permeiam as obras de Urobuchi estão o citado infodump e o fato de seus personagens servirem como elementos de roteiro; as histórias costumam ser guiadas pelo roteiro [story-driven], que submete os personagens a seu dispor.
Mas Gargantia, pelo menos em seu Primeiro Episódio, parece uma história de amadurecimento [coming-of-age], no qual os personagens serem desenvolvidos é importante – e não foi isso que vemos aqui. Claro que é positivo vermos os demais personagens – até aqui, apesar de apresentação da Amy ter sido feita com maior destaque, realmente funcionam como um grupo – aparecendo de uma forma mais natural, baseada em suas ações em vez de diálogos e monólogos [talvez seja intencional mais esta diferenciação, mas ainda é cedo para dizer], mas sabemos que Red não foi desenvolvido o bastante quando o impacto que ele tem da descoberta, mostrada em grande estilo, simplesmente não ressoa no espectador.
Suisei no Gargantia é uma série aparentemente simples, tanto que parece apostar no contraste entre o escuro do protagonista e seu mundo de origem contra a claridade vinda do restante do elenco e deste novo mundo que amanhece para esse e para o espectador. É bem-dirigida e tem potencial para voos maiores, mas realmente precisa começar a provar seus pontos ao espectador; afinal, todo o tempo que tem são doze episódios. Não deve ser sombria como as obras anteriores do autor, mas há espaço para surpreender – inclusive negativamente.
Um bom e agradável Primeiro Episódio que indica uma obra coesa e boa mesmo que não excelente; tem seus defeitos, mas suas qualidades fazem ser uma das melhores estreias da temporada – o que é diferente de ser obrigatório. Vale lembrar que Urobuchi, Murata e companhia não tem culpa pelo monstro da expectativa cultuado por muitos.
O Argama é um blog que tem no nome a paixão pelos mecha; assim, irá cobrir todos os lançamentos do gênero em sua seção Primeiro Episódio; já tivemos há muito tempo o review do Primeiro Episódio de Uchuu Senkan Yamato 2199 e aguardem nosso veredito sobre Ginga Kikoutai Majestic Prince e Kakumeiki Valvrave. Em breve…
Podem me chamar de nostálgico ou o que for ,mas por mais que esse anime pareça interessante ,tenho mais vontade de continuar a vasculhar as minhas velharias do gênero mecha do que assistir esse .Se bem que ,no fim das contas ,vou ver de qualquer jeito .
episodio LEGAL, mas por ser um anime com o nome UROBOCHI no meio, da pra acreditar no potencial, especialmente se não tiver mais essas cenas sem graça de lutas no espaço.
dos mechas que estreiam essa temporada, me interessei mesmo pelo Valvavre e Seed Destiny HD Remaster [saudosismo]
Episódio bem leve e quase interessante. Bom, no geral. Não vi problema na exposição, achei bem colocada e graças a ela tenho esperança de que esse anime terá um tema interessante a ser tratado: Progresso.
Só achei que foi um pouco arrastado e que não mostrou para que veio. Duas falhas graves para um primeiro episódio.
Ah! E a parte artística… bem mais ou menos. Não conseguiu passar o que eu achei que deveria ter sentido.