O que tem por trás deste rostinho estiloso? Confira logo depois deste parágrafo!
Chuunibyou Demo Koi ga Shitai! [Amor, Chuunibyou e Outras Ilusões] é uma adaptação livre da Light Novel de Torako [aliás, publicada na editora própria do famoso estúdio de animação Kyoto Animation] e Nozomi Ousaka que conta de Yuuta Togashi, estudante do Primeiro Ano do Ensino Médio e que deseja acima de tudo nesta nova etapa de sua vida livrar-se de seu passado negro. E este tem nome e sobrenome: Dark Flame Master é a personalidade de heroi de anime ou videogame que Yuuta adotou – claro, com direito a roupa e acessórios a altura – como sua em parte de sua adolescência, como uma boa vítima da chamada síndrome da oitava série [em japonês, o tal Chuunibyou que dá título a obra]. Porém, sua nova colega de classe Rikka Takanashi, ainda nesta confusa fase da vida [simbolizada pelo tapa-olho que usa para “esconder” o Olho do Tirano], aparece para estragar qualquer plano de paz e tranquilidade: afinal ela sabe de tudo – e mais, quer que Yuuta, melhor, Dark Flame Master, forme um contrato com ela.
E temos aqui doze episódios para mais esta aventura da vida se desenrolar; sim, na conjuntura atual que impõe a muitas obras a busca por mais uma temporada para contar mais um naco de história, o que nem sempre se realiza [Medaka Box], ou mesmo para ter um final sobretudo corrido [Shakugan no Shana], algo simples como ter o tempo certo para contar uma história de forma adequada é mais importante do que aparenta – e se campeões como Yojou-han Shinwa Taikei e Mahou Shoujo Madoka Magica extraem cada gota de seu tempo a seu favor, Chuu2Koi ao menos adiciona uma estrutura básica de começo-meio-clímax-fim muito eficiente para o que se propõe a contar.
Uma comédia romântica à Kyoto Animation, talvez seja o modo mais preciso de resumir Chuu2Koi, espremê-lo até caber em um simples tuíte. Ironicamente, a tarefa de comandar, dirigir esta empreitada não cai a Naoko Yamada [K-ON!] e sim a Tatsuya Ishihara, o muito competente diretor de Suzumiya Haruhi Series e da trilogia key/Kyoto Animtion [AIR, Kanon [2006], CLANNAD [+After Story]]. Claro, o último anime dele [e do roteirista Jukki Hanada foi a comédia “pura” Nichijou, mas mesmo aqui este presta-se a um refinamento que em Chuu2Koi acaba sendo puramente estético. Obviamente a direção continua preocupando-se em procurar o melhor ângulo, a melhor solução audiovisual para qualquer cena, mas a proposta do roteiro é ser direto, franco, adolescente.
Sim, adolescente – se a produção anterior do mesmo estúdio, Hyouka, surpreendeu – da utilização forte de música clássica na trilha sonora ao nível de detalhe na animação digno de um filme – pela elegância na apresentação de um anime escolar, Chuu2Koi é um irmão com características bem diferentes. O traço é limpo, muito bem-feito, mas sem qualquer pretensão ou desejo de soar pomposo – mais genérico que K-ON!, soa somente diferente o bastante para ressaltar as características de cada personagem. Já os cenários e fotografia tem o padrão de qualidade alto imposto pelo estúdio há muito tempo, mas também não representam um pico de qualidade – está “na média”, na alta média típica da casa. Mas, claro, não poderia faltar uma carta na manga – e as lutas que ocorrem na série são cenas de ação fantásticas, da coreografia a direção. Sem dúvida um dos pontos altos aqui; já a trilha sonora infelizmente na maior parte do tempo é genérica e esquecível.
Se a parte técnica é acima de tudo competente em cumprir o seu papel [e a abertura e o encerramento são lindos e, como sempre, criativos mesmo sem apresentarem grandes novidades], a premissa encampada por um bom elenco de personagens sem dúvida é tanto a massa quanto o recheio de mais este bolo preparado com carinho pelo Kyoto Animation. Carinho, uma boa palavra para definir esta confeitaria aonde cada detalhe é valorizado mas o resultado entregue acaba sempre tendo um quê de artificial, planejado [como bem apontado neste belo review de CLANNAD por Carl Kimlinger do Anime News Network]. Esta política divide opiniões e acaba atraindo toda a sorte de fãs e detratores ao estúdio, que junto com o SHAFT [e o Studio Ghibli, que há quase trinta anos literalmente paira no ar] é quem atualmente produz para a televisão uma obra com traços próprios, cujos projetos antes mesmo de irem ao ar já dividem opiniões tão-somente pelo seu envolvimento.
Voltando a premissa, esta é sensacional ao ser moderna com um quê de atemporal – esses adolescentes que se imaginam estilosos herois, astutos conspiradores e possuidores de segredos fantásticos ecoam muito forte nos espectadores que sonham ou ao menos um dia sonharam exatamente a mesma coisa. Elemento este bem-explorado em Steins;Gate, em Chuu2Koi é explorado não como uma aventura dramática e estranhamente épica mas como uma fina ironia em uma algo típica história de amadurecimento dos dois protagonistas.
Todo o foco acaba sendo [e o episódio final distingue claramente o casal dos demais e coadjuvantes personagens] em Rikka Takanashi e Yuuta Togashi, ambos – particularmente ela, a heroína cuja face cool esconde uma personalidade infantil e traumatizada – adoráveis; mas o elenco de personagens secundários composto pela dorminhoca Kumin Tsuyuri, a adulta e convencida Shinka Nibutani e a espevitada e sensacional Sanae Dekomori [as duas últimas tem uma química sensacional, talvez até mais efetiva que a dos protagonistas] valem por si o ingresso. Claro, também temos o fraco alívio cômico representado por Makoto Isshiki, mas quem se importa?
Todos os personagens [mesmo a irmã de Rikka, Toka Takanashi] são ao menos adoráveis e sustentam muito bem o lado cômico que a série se propõe a ter até o último episódio sem que as piadas fiquem fora de contexto ou ao menos se repitam o suficiente para deixarem de ter graça – sem dúvida o grande trunfo da série é o clima predominantemente para cima existente – claro que em equilíbrio com o drama e romance, esses algo reminiscentes das séries baseadas em obras do key que o diretor tão acostumado está.
Retomando o dito acima sobre o tempo de exibição da obra ser extremamente adequado, a lenta convivência dos personagens combinada com a narrativa exposta aos poucos contribuiu muito para que o clima fosse bom, mesmo que a resolução clichê apresentada principalmente no último terço da obra revelasse frustante: sim, o gosto de mais do mesmo, de drama barato e em último caso esquecível acaba também impregnando-se a obra e prejudicando a avaliação do todo. E pensando friamente, isto impede uma melhor posição no ranking de melhores de 2012, da década, de todos os tempos.
Mas pensando novamente: importa? Talvez a própria intenção de uma série boba como esta não fosse justamente trazer, com todos os trejeitos tão amados pelas pessoas que afinal fizeram K-ON! ser o anime mais impactante em anos, este sentimento algo bobo de estar naquela fase da adolescência como Rikka, ou, como Yuuta, negar até a morte que um dia foi bobo o suficiente para se auto-intitular Dark Flame Master?
A intenção é ser divertido – até por isso, esta resenha foca neste fator em detrimento de outros espelhando-se na obra, que faz o mesmo. Longe de ser perfeito, Chuunibyou Demo Koi ga Shitai! parece mais um anime a ser apreciado para quem está dentro da bolha otaku; talvez por isso é desde K-ON! e Suzumiya Haruhi no Shoushitsu o maior sucesso comercial do estúdio, concorrendo fortemente com o surpreendente Girls und Panzer ao título de anime mais vendido da temporada.
Um sinopse diferente mais uma vez moldada a ferro e fogo pelos artesãos de Kyoto que tanto fizeram pelos otakus em quase dez anos de história com um resultado algo artificial mas ainda assim divertido e bobo como deve ser – Chuunibyou Demo Koi ga Shitai! pode não ser nenhum clássico e dividir mais a opinião do fandom do que deveria, mas ainda assim é um bom e bem-feito anime que sobretudo é muito do divertido – claro, se curtir uma comédia romântica com uma pitada juvenil de drama que parece ter saído diretamente de um longo chá das cinco realizado em um famoso clube de música leve.
Leitura Recomendada: K-ON!, o grande sucesso dos mesmos realizadores de Chuunibyou.
É um ótimo anime em vários sentidos. Confesso que quando comecei a assistir não esperava muito da série, já que não me forço a assistir animes com excesso de moeísmo (?), mas por indicação de um amigo continuei e me surpreendi. Qualidade gráfica é espetacular e o roteiro é ótimo, da pra chorar e rir também, ótimo anime de ótimos produtores. Kyoto Animation realmente sabe fazer um bom trabalho. Embora eu prefira o A-1 e o production IG, esses estúdio vem ganhando pontos comigo.
O REVIEW ficou ótimo também, parabéns.
O anime é muito bom.
Estranehei pacas nos primeiros 10 minutos, mas entrou no time “Valeu a pena ter viosto”.
Naquela cena que ela quase cai do telhado (escola), muito boa a animação ali, só fiquei meio desapontado por não terem mostrado o festival escolar direito, queria muito ver como foi a peça. :/
um dos animes que mais curtir no ano de 2012. embora como já dito não seja genial é divertido e bem feito e de certo forma é algo voltado para o nicho que faço parte, sem contar que me faz lembrar de quando era criança. ^^