NA MAG #01: Kagami no Kuni no Harisugawa

Em três volumes tivemos simplesmente o melhor manga de comédia romântica presente na famosa e conceituada Weekly Shounen JUMP em um bom tempo. Descubra logo a seguir qual o charme que está presente através do espelho.

NA MAG, anagrama tosco para manga, é simplesmente um jeito bacana de separar os reviews de manga feitos por este blog claramente focado em anime. Além disso, é válido notar que os reviews presentes aqui focam-se no manga em si, tendo este sido publicado no Brasil ou não, e não na edição eventualmente presente aqui.

Assim, trataremos tão-somente da história e dos desenhos. Aqui não importa quem pintou as zebras ou se o papel é off-set ou pisa-brite. O importante é o NA MAG, digo, o manga.

Kagami no Kuni no Harisugawa é um manga que foi publicado na Weekly Shounen JUMP entre 2011 e 2012 e que ao longo de seus três volumes [que contém vinte e oito capítulos mais um extra] conta a história de Harisugawa, seu típico colegial que há muito tempo mantinha um verdadeiro amor platônico por sua colega de classe Mao Satomi, do qual era amigo principalmente por há muitos anos tê-la salvo de um acidente de carro.

Certo dia, após esta ter comprado um misterioso espelho, vê Harisugawa na rua – e decide, sem qualquer cuidado, mostrar sua nova aquisição a este. É quando novamente este, percebendo o que irá acontecer pela segunda vez na vida da garota, novamente joga-se na frente do carro para empurrá-la para fora dali. Mas desta vez o misterioso espelho irá ser decisivo nos rumos da vida de Harisugawa dali para frente.

Agora que este está literalmente preso no misterioso e escuro mundo do espelho, no qual somente aquele espelho específico [e depois, qualquer outro afetado diretamente por este inicial] oferece uma janela para o mundo exterior, começa a comédia romântica na qual enquanto Harisugawa e Mao tentam descobrir como resolver a situação deste, começarão a conviver de forma mais intensa.

Sim, no fundo todo a sinopse contada acima é no fundo uma bem-sacada justificativa para fazer o protagonista e seu interesse amoroso terem uma convivência realmente próxima, em certos pontos com certa intimidade que lembra a de um verdadeiro casal, sem – ao menos aqui – empurrar ao leitor uma justificativa totalmente forçada como a que acontece em Ane Doki [no qual a menina se apaixona a primeira vista pelo menino e logo vai morar na casa deste, sozinho porque seu pai acabara de se mudar].

Aqui os pais de ambos [mesmo que no feeling do manga estes – como em diversos outros do gênero – pareçam tão ausentes] ainda estão ao redor – como todos os elementos de uma vida colegial padrão, feliz, algo idealizada, mas sem contornos excessivos, mas mesmo assim podemos ver que como que neste plano que requer certa urgência [mas não tanta, afinal infelizmente este tipo de história – que depende massivamente da popularidade para manter-se viva – tudo pode ser muito ajustado conforme a recepção do público] pouco a pouco os personagens vão tornando-se próximos.

Isto vale tanto para o duo principal quando para a terceira ponta deste triângulo amoroso que marcou a série: Saki Matsutawa, que é a melhor personagem da série ao entregar com um belo character design [obviamente Mao é a modelo ideal no padrão de beleza da sociedade japonesa; assim, Saki, a segunda garota a ser pensada, foi feita com um corpo mais desenvolvido buscando a atrair uma outra leva de admiradores] e ser um refinamento de uma personalidade tsundere [em grande parte por achar que este “invadiu” a amizade que possui com Mao desde o jardim de infância] com um toque de tomboy.

No fundo, é uma personalidade apenas um pouco rebelde que soa até mais natural a química que obtém posteriormente com o protagonista [justamente por aqui temos mais arestas e imperfeições] que o relacionamento algo forçado e ideal estabelecido entre estes outros dois personagens. Claro que há um esforço do autor em retratar a Mao como legal e perfeita, mas não chega a convencer genuinamente – assim, esta fica sendo mais uma Mary Sue simpática, aonde até os defeitos parecem estrategicamente planejados para atrair fãs.

E claro, como deixar de falar em Harisugawa, o protagonista que desde o início não é somente seu derrotado convencional, mas que sem sombra de dúvida consegue ser o único personagem realmente bem desenvolvido aqui – pouco a pouco temos este evoluindo cada vez mais na direção do final da série, que em um caso bastante raro entrega o suficiente na hora certa; claro que por ser breve e não ser daquelas histórias em que cada quadro é milimetricamente pensado, não temos um final que seja inesquecível, mas consegue ser plenamente satisfatório, dando aquele sentimento de coração preenchido, cheio, completo – mesmo que seja por alguns instantes.

E nesta obra focada no desenvolvimento dos personagens [assim, não pergunte porque o enredo não foi analisado em seus mínimos detalhes] e com ao menos um pé no ecchi, hora de falar da parte técnica: o traço de Yasuhiro Kanou [Mx0] está excelente, mesmo para alguém que não seja exatamente fã de certas escolhas de seu design, sendo que os personagens principais conseguem ser bonitos, distintos e passem a emoção certa na hora certa.

Repito: são bonitos, algo essencial em um manga baseado em mostrar belas meninas muitas vezes mostrando biquini ou lingerie ou simplesmente seu corpo nu no chuveiro. Destaque também para as expressões faciais, variadas e algo livres [diferente de um G.E. ~Good Ending~ aonde o traço do autor acaba travando um pouco as possibilidades]. Já a diagramação e o ritmo não passam muito do correto – temos aqui uma leitura agradável e fluida, mas nada muito além disso. É acima da média, mas não chega a ter momentos de puro brilho.

Claro que Kagami no Kuni no Harisugawa acaba limitando-se um pouco devido ao seu gênero, mas com certeza é uma obra leve e agradável de ser lida, balanceando ao longo de suas mais de quinhentas páginas comédia, romance e desenvolvimento de personagens temperados aqui e ali por uma bem desenhada calcinha.

E apesar de principalmente o primeiro terço perder-se um pouco sendo até sem objetivo demais [o que parecia estar visando uma obra infinita, a obra consegue pegar ritmo, tendo o terço final até relativamente denso em termos de roteiro [no qual o fanservice praticamente desaparece]. Uma boa leitura para qualquer dia, principalmente para o Valentine’s Day de 2012 [o qual este foi publicado no dia anterior], recomendado especialmente para você que quer se apaixonar.

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4 thoughts on “NA MAG #01: Kagami no Kuni no Harisugawa”

  1. Ow God…
    Porque teve que acabar!? 🙁
    Gostei d+ da série…
    Tanto que li em apenas 2 dias!
    O final não foi ruim, mas esperava algo melhor.
    Gostaria muito que tivesse continuação, sei lá, sei que é impossível, mas não custa sonhar;
    Pelo menos uma adaptação p/ anime ou uma editora trazer p/ o Brasil já me fazeria feliz.

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