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Plágio

Hoje, apesar de ainda ter dois animes a comentar, o assunto não será exatamente animes. A história de hoje é plágio.

Nesse começo de ano em dois blogs que sempre acompanho, o Japan Pop Cuiabá e o Maximum Cosmo, surgiram dois ótimos artigos, muito provável produtos de muito tempo de pesquisa, análise e escrita. No primeiro, tivemos o artigo “Adoráveis Tsundere“, onde a Vospier conta de forma clara e elegante um pouco sobre esse tipo de personagem. Já no segundo, no artigo “Neon Genesis Evangelion: O Cavaleiro do Apocalipse“, encontramos uma vasta análise  onde Lancaster explica as relações inúmeras do mercado nipônico de animes e mangas através do anime Evangelion. Recomendo as leituras, pois são muito boas.

"Se você plagiar, eu vou lhe pegar" - Imagem do post do Japan Pop Cuiabá

Tive um grande surpresa então, ao entrar no site AnimeFreak Show, e começar a ler um texto desse link. Comecei a ler, fui passando, com algo atrás da orelha me dizendo que já tinha visto em outro lugar. Fui até o fim e descobri, o texto, com os créditos escondidos ao fim em letras miúdas, era o mesmo do Maximum Cosmo, mas alterado. Repassei o link para o Lancaster pelo Twitter e deixei por isso. Hoje, enquanto lia outro bom texto, dessa vez no blog Cancelromance, também sobre Tsunderes, descobri que o mesmo site, no mesmo dia, havia feito a mesma coisa com o post da Vospier.

Nos comentários do site plagiador, dentro do post sobre Evangelion, houve reação da blogueira Valéria Fernandes:

Cheguei a este blog fazendo uma busca de alguma coisa sobre tsunderes em português e me deparei com um texto do Maximun Cosmo… aó que não era no Maximun Cosmo! Conheço o dono deste site, é meu amigo pessoal, inclusive, conheço bem o estilo de escrever do Lancaster , e fiquei realmente preocupada quando vi um texto seu, levemente maquiado e postado como se fosse texto próprio. Tais coisas não deveriam acontecer na blogosfera brasileira. Citar como fonte só vale quando efetivamente se escreveu algo de seu. A prática que vi aqui tem outro nome.

Que tal reescrever o texto? Seus leitores merecem isso. Do jeito que está só depõe contra este site. Aliás, se a prática persiste, todos os blogs sobre cultura pop japonesa estão sob ameaça e, claro, não me importaria nada de usar o meu site para denunciar essas coisas.

Endossado por um comentário da roteirista Petra Leão:

Todos foram muito gentis postando aqui, inclusive os pobres coitados que acharam que o texto é seu — com razão, já que os créditos do VERDADEIRO AUTOR estão ESCONDIDOS no fim do texto, enquanto um “by Marcos” saúda os leitores que vão começar a lê-lo.

Serei mais objetiva: não esconda os créditos de um texto, principalmente quando o mesmo é conhecido e consta no blog de profissionais do calibre do Lancaster. Ainda que tenha sido “sem querer”, fique sabendo que a prática comum nesses casos é dar o crédito em letras GRANDES e VISÍVEIS no INÍCIO do texto.

Fico feliz de ver o excelente trabalho do Lancaster sendo divulgado, mas ficaria mais feliz se ele estivesse sendo creditado da forma devida. E como consta aqui nos comentários, naõ fui a única a notar isso.

Esperamos em breve ver o texto que foi postado aqui editado da forma correta, com créditos como devem ser. Caso não aconteça, poderemos ter certeza que não se tratava de uma mera distração de quem postou…

No caso do Lancaster, que entrou em contato com o autor do post no site plagiador, mudaram colocando o nome do Lancaster e colocando uma leve explicação, dizendo que não erraram, pois colocaram sim o link do texto. Mas vamos pensar um pouco além.

Shinji e sua cara de interesse para blogs plagiadores - Imagem tirada do Maximum Cosmo

Quem produz textos ou outras formas de expressão por si próprio, sabe o trabalho que dá pesquisar, entender, refletir, analisar, escrever, reescrever, corrigir, tudo para no fim dar a sua visão sobre alguma coisa, especialmente quando se pretende fazer algo de qualidade. Sendo assim, o que sentir ao ver sua produção, seu esforço, todo seu trabalho copiado por alguém que não tem a sua autorização, levando tudo para o um site que não o seu?

Sigo no mesmo caminho que a Petra Leão, do que adianta você “dar crédito” colocando o link original em letras miúdas ao final do post? Se a pessoa já leu a matéria inteira, o que ela vai fazer no linkizinho? Vou dar um exemplo claro, que aconteceu comigo.

Ano passado escrevi um post sobre as primeiras impressões sobre o anime Taishou Yukyuu Musume que foi plagiado e copiado por um site feminista. No meu blog o post foi visualizado 90 vezes. No site feminista foi visualizado 327. Percebem a diferença? Eu pesquiso, eu escrevo, eu publico, eu sou plagiado, eles ganham as visitas. Então dizer que está se fazendo as coisas da forma correta ao colocar um link minúsculo ao fim do texto é querer fugir da responsabilidade. O que eu posso dizer é: Se você quer ter um site ou blog, crie, se inspire, cite, mas não copie. E não me venha com “eu coloquei o link no final” com seu nome e foto lá no alto da coluna que isso é querer bancar o idiota.

Se você tem um site sério, use o site Copyscape. Apesar de limitado na sua versão free, é uma boa ferramenta pra descobrir se estão copiando algo seu. Eu já vi até plágio do plágio aqui do Gyabbo!. Outra coisa, utilize as Creative Commons para deixar claro como aquilo que você produz pode ser utilizado pelos outros. Eu já uso aqui no Gyabbo!, além do meu Flickr, mas pretendo criar uma página somente sobre isso aqui no blog para não ter problemas.

Pra terminar esse post, vou citar uma citação da Rosana Hermann que li no Digital Drops sobre o assunto já tem um tempo;

o transgressor mal sabe que “pesquisar é um prazer, analisar é uma ciência, e escrever é uma arte.

Se vocês gostarem de algo por aí e querem que os seus leitores também leiam, comentem em cima, coloquem o link, não simplesmente copiem e colem (e nem copiem e colem com algumas partes diferentes, ainda é plágio), criem algo novo em cima daquilo que é bom, é assim que se criam blogs bons. E principalmente, deixem de forma BEM clara de onde tiraram tal material.

Hoje, apesar de ainda ter dois animes a comentar, o […]