Yondemasuyo, Azazel-san

Uma das características da cultura pop japonesa é a verdadeira adoração ao fofo [kawaii] presente de forma massiva nos animes, do mainstream [até mesmo o “feio” One Piece tem seu mascote na tripulação de Monkey D. Luffy] até a cultura do nicho que é o “anime otaku” [a década passada inteira foi basicamente marcada pela consolidação do “moe” como principal expressão deste, preciso dizer mais?]; e como ressaltado no exemplo de One Piece, não são apenas garotinhas de anime slice-of-life ou harém que são fofas. Os mascotes japoneses têm a tendência de serem absolutamente fofos, como prova o sucesso mundial de Hello Kitty, da empresa Sanrio.

Nesse contexto que uma comédia de humor negro publicada na revista Evening, da linha de revistas adultas de manga da editora Kodansha [a maior do Japão no geral e a segunda em mangas], tem sua premissa baseada em demônios [sim, com nomes baseados na mitologia judaico-cristã] que ao serem invocados [sim, com círculos desenhados no chão – não é um manga que se preocupa em criar um complicado background] assumem a forma de mascotes fofinhos. Tá, nem tanto, afinal o objetivo é rir da “fofura” desses seres que ainda são os demônios que no inferno possuem formas medonhas.

Assim temos Yondemasuyo, Azazel-san [Azazel, você está sendo invocado – em uma tradução bem livre], onde temos como personagens humanos a protagonista [e basicamente uma “orelha” [personagem novato em determinada situação que serve como ponte entre o espectador e uma situação desconhecida para este]] Sakuma, sua estudante universitária tratada como uma pessoa de verdade [tanto que esta consome álcool diversas vezes na série], que trabalha no escritório do detetive Akutabe, que é perfeito na sua competência, força de vontade e maldade ao tratar os demônios.

Não que algum demônio [ou mesmo anjo – alguns aparecem na série a partir da metade] seja bonzinho – muito pelo contrário. São personagens escrotos, e toda essa maldade aplicada a situações extremas que surgem ao longo da série é o torna a série tão engraçada. Humanos-clientes levados por algum egoísmo aliados aos demônios mais malvados e egoístas ainda [apesar disso, estes são personalidades razoavelmente complexos] produzem situações que quando mais extremas, mais engraçadas ficam.

E para uma série cujo roteiro é até acima da média mas não é nenhum primor de complexidade ou de escrita insanamente trabalhada, faz-se necessário um diretor de qualidade. E Azazel-san só é o sucesso de vendas que é [superando séries muito mais badaladas como Denpa Onna to Seishun Otoko] porque Tsutomu Mizushima [Bokusatsu Tenshi Dokuro-chan, xxxHolic, ShinryakU! Ika Musume] prova mais uma vez sua competência – com certeza é uma série de diretor, afinal acertar no timing cômico em uma adaptação não é tarefa das mais fáceis.

E Mizushima vai além – junto do timing cômico, que apesar de não ser perfeito é bastante eficaz, temos bem a boa utilização do tempo do episódio [OP divertida de 1min + créditos finais sem necessitar de uma ED, sendo que sobra mais tempo para o episódio em si] além de alguns truques [o principal deles sendo o encerramento do episódio 10 sendo uma abertura da série Strawberry Magic [Mágica do Morango] que é citada dentro de Azazel-san, sendo que este é cheio das mensagens pervertidas [oras, o gênero de garotas mágicas é tratado com essa dualidade pelos otakus há décadas]].

Yondemasuyo, Azazel-san é um produto despretensioso que fez sucesso por ser competente no que se propõe [claro, ter personagens deliciosamente FDPs ajuda – e muito], e mesmo sendo desprezado em massa por grande parte do fandom [principalmente o deste lado do globo, que segue a risca uma definição de anime restritiva em demasia] vale a pena ser visto caso humor negro e comédia com aquela agressividade japonesa [que não é a “comédia romântica” de anime típicas dos harém] seja a sua praia.

Uma das características da cultura pop japonesa é a verdadeira […]

5 thoughts on “Yondemasuyo, Azazel-san”

  1. Eu acompanhei e gostei bastante.
    Muito divertido !
    A principio eu baixava só como diversão semanal já que os animes que eu estava acompanhando a algum tempo me davam mais raiva que alegria (Bleach, Naruto e etc).
    Foi um bom anime e serviu justamente ao proposito já citado no texto também.

    Ótimo texto.

    Muito Obrigado.

  2. Tudo bem que Azazel-san não foi nenhuma obra de gênio, mas foi de fato uma ótima comédia.
    A melhor do ano? Possivelmente, embora esteja longe de ser o melhor anime do ano.
    De toda forma, é bom ver que, em tempos de politicamente correto, obras como esta ainda tenham seu espaço na mídia.
    O melhor é que é um anime pequenininho, então dá pra ver num tapa só.

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