Shonen Jump – Curiosidades Level Master – Parte 4 – Final

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Yo!

Tudo que é bom tem que ter um fim, né? Bora ver!

Leu a parte anterior?

Nos capítulos anteriores…

Eu tentava terminar o texto em menos de 4000 palavras… e a primeira teve mais, a segunda teve 5800… Tá difícil, mas agora vai! A última parte de Shonen Jump – Curiosidades Level Master!

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Gintama

Hideaki Sorachi é um caso excepcional. Apesar de não ter tanto interesse por mangá, ele mandou sua primeira história pra Jump em uma idade um pouco acima da média, que costuma começar a mandar trabalhos durante a adolescência. No entanto, a história passou. Foi publicada, antes mesmo dele trabalhar como assistente de alguém. No ano seguinte, mais uma. E na sequência, uma série. Gintama estreou em 2004, um número após Death Note. Mas ao contrário deste, Gintama nasceu como um fracasso.

Tão raro quanto a subida meteórica de alguém que nem sabia desenhar para um autor da Shonen Jump, é a falta de popularidade nos primeiros números. A série de Gintoki foi recebida com frieza pelos leitores da revista, que a colocaram logo de começo nas posições mais baixas da tabela de popularidade. Foram dez semanas na corda bamba, esperando para ser cancelado.

Mas aos poucos, a partir da 11ª história, Gintama começou a atrair um público ainda tímido. Também acompanhando Death Note, saiu o primeiro encadernado de Gintama. A tiragem inicial era ridícula para os padrões da Jump: 30 mil cópias. Os editores diziam que Gintama tinha um tipo de piada difícil e a arte não ajudava. Era tudo muito feio e o timing das piadas não encaixava. Mas assim como foi no começo de sua carreira, as vendas vieram como mágica, esgotando em poucos dias.

Gintama continuou a escalar posições e se tornou um título forte dentro da revista.

Sorachi não conhece muito sobre mangá, ele só leu os mais óbvios, como Dragon Ball. Sua linha de criação de história é mais próxima do manzai, a comédia stand-up japonesa. Ele é fã dos comediantes de palco e diz que sua maior influência vem de gente como a dupla Down Town. O sistema boke-tsukomi, em que um fala besteira e o outro enfia uma resposta, muitas vezes seguida de um golpe na cabeça, é típico do manzai.

Os aliens de Gintama, chamados de Amanto, apareciam com frequência no começo da série, mas hoje eles são bem raros. Na verdade, quase não aparecem e quando aparecem, estão com formas mais humanas do que antigamente.

Sorachi é péssimo desenhista. Hoje ele só faz os personagens, todo o resto é feito por assistentes.

A série começou como uma paródia da novela de época Shinsengumi!, da rede NHK, com Goro Inagaki, do SMAP.

Sorachi sempre se retrata como um gorila e até tem um personagem inspirado nele mesmo, Hideaki Amachi, um gorila de verdade. O próprio fez algumas aparições em capítulos soltos e tirinhas. No entanto, na pesquisa de popularidade de personagens da série, ele sempre aparece, e quase na lista de dez melhores.

FujisakiRyu

Ryu Fujisaki é um geek programador, apaixonado pela engenharia da computação. No colegial, ele se propôs um teste: queria saber se suas ideias funcionavam no mundo do mangá. Em 1990, ele ganhou um dos prêmios de novos talentos da Shonen Jump. Mas ao contrário da maioria dos autores da revista, sua meta era criar títulos racionais. Por isso, ele se vê mais como um produtor do que um diretor em seus trabalhos, alguém que se foca em resultados além da visão artística.

Em sua posição de produtor, vender seu peixe é sagrado. Ele nunca fala de seu trabalho a não ser em entrevistas e eventos oficiais que gerem marketing ou qualquer resultado para seu trabalho.

No começo de sua carreira, achavam que era uma mulher. Isso por causa de seu traço mais delicado e detalhista, com um estilo que não se via muito nos mangás. Aos poucos, foi mudando para algo mais próximo do shonen mangá. Mas enquanto fazia apenas one-shots, seu traço e até suas histórias variavam muito. Em Houshin Engi, ele acertou os dois.

Na série, ele pintava em cima de páginas feitas no computador, usando Copics. Mas com o aperfeiçoamento da técnica, ele abandonou de vez o analógico e passou a pintar no computador.

Ele diz que lê muito sobre história e curiosidades e isso afeta seu trabalho. Cada leitura é uma nova ideia desesperada pra virar história.

Fujisaki não é vegetariano, mas sua dieta estranha envolve muitos legumes e a comida que não gosta é peixes e carnes. Mas gosta de comida processada, como salsichas, bacon e hamburguer. É viciado em McDonald’s.

Ele ainda é um fumante, mas se justifica. Diz que o cigarro afeta seu cérebro de forma positiva, evitando de pensar demais e perder o foco. Quando tentava parar de fumar, perdia meses sem conseguir fechar uma história por excesso de atividade. Com o cigarro, seu cérebro relaxa e ele se concentra melhor em uma única ideia. Não tente isso em casa, crianças!

Seus amigos dentro do mercado são Yasuhiro Kano (Mx0) e Munenori Michimoto (A-O-N). Os três apareceram na Shonen Jump na mesma época e têm a mesma idade.

Em 1996, ele criou Houshin Engi, seu maior sucesso, baseado em teorias polêmicas de história, como a Teoria dos Deuses Astronautas. A história é inspirada no romance chinês de mesmo nome, conhecido no Ocidente como Fengshen Yan’yi ou A Criação dos Deuses, com várias narrativas da tradição taoista. Mas ainda recebe influência de outras teorias de civilizações antigas.

Houshin Engi virou Soul Hunter em inglês. Mais genérico impossível.

O anime é de uma época meio sombria da indústria. Ele é tão diferente do mangá que o autor chama o anime de “Meta meta Houshin Engi”. Várias coisas mudam, personagens são limados e adicionados e tudo é repaginado para algo “mais popular” pelo estúdio Deen. Essa época foi estranha, muitos animes pegavam apenas o nome e algumas características de mangás para desenvolver material completamente diferente. A Jump teve ainda Black Cat e I”s nessa linha, entre outros.

Para piorar, os games da série recebem o nome da série na TV, “TV Animation Senkai Den Houshin Engi”, mas usam a história e personagens do mangá. E a produtora, a Bandai, ainda criou personagens exclusivos. Três cronologias diferentes existindo para uma série.

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Yusei Matsui é visto como a nova cara do lado reverso da Shonen Jump. Autor de Majin Tantei Nougami Neuro (Detetive Demoníaco Neuro Nougami) e do hit Ansatsu Kyoshitsu (Assassination Classroom no Ocidente), seu traço estranho e suas histórias carregadas com um lado obscuro sempre lhe deram um estigma de autor underground. Mas ele se considera um autor mainstream até a medula e tudo o que faz é para vender.

Sempre que entra em uma série, ele pensa nela como um produto e pesa sua relevância no mercado do começo ao fim. Pra isso, ele já leva em conta coisas como cancelamento e até os pedidos de extensão da obra, planejando suas histórias com vários finais, cada um para uma situação.

Matsui admite que não gosta muito de desenhar, sempre errando detalhes simples, como o lado de portas e janelas, as mãos, a quantidade de dedos, etc. Depois, todos os erros são corrigidos no tankohon.

Ele é amigo de Yoshio Sawai, autor de Bobobo Bo Bo Bobo. Matsui foi assistente de Sawai, comprovado por uma arte sua no espaço para assistentes nos volumes da série. Anos depois, um dos criminosos de Neuro apareceram na série de Sawai.

Em Neuro, a história que saiu na Shonen Jump e as que foram encadernadas são ligeiramente diferentes. Detalhes de leitura, algumas coisas da arte e até correções acabam tornando a obra algo um pouco estranho para quem já a leu. Na última história, por exemplo, uma página foi incluída no final.

 

Fechando com o maior acervo de curiosidades.

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Osamu Akimoto é um dos autores que melhor representa a história da Shonen Jump. De família pobre, Akimoto foi criado pela mãe depois que seu pai faleceu quando ele ainda era criança. Com gosto pelo mangá, ele diz que aprendeu a base do ofício de mangaká no livro de Shotaro Ishinomori chamado Manga Nyumon (Entrada para o Mangá). No colegial, ele sonhava em se tornar animador e ao se formar, foi bater a porta do estúdio de Osamu Tezuka, o Mushi Production. Acabou não passando pelos testes mas foi apresentado para um pequeno estúdio de um dos assistentes de Tezuka na animação, Tatsuo Yoshida. Era o estúdio Tatsunoko Production. Nesse estúdio, Akimoto participou de animações como Kagaku Sentai Gatchaman e Kaiketsu Tamagon.

Para agravar sua situação, Akimoto precisou largar a animação quando sua mãe ficou muito doente. Ele voltou para casa e passou a cuidar dela. Desenhava somente nas poucas horas de descanso. Somente depois que sua mãe faleceu, Akimoto decidiu fazer seu primeiro mangá para concorrer a um concurso. Nascia Kochira Katsushikaku Kameari Kouen MaeHasshutsujo (Aqui é o Posto Policial da Frente do Parque Kameari, Distrito de Katsushika), ou Kochikame , a abreviação pela qual ficou mais famoso.

Ele assinou Iwanomori Shotaro aratame Yamadome Tatsuhiko, uma brincadeira com os nomes de Shotaro Ishinomori (de Cyborg 009) e Tatsuhiko Yamagami, autor do mangá Gaki Deka, onde algum detalhe separa os nomes. O significado do nome adotado é algo como “Shotaro Iwanomori, ou melhor, Tatsuhiko Yamadome”. Sua explicação é que ele queria que os nomes fizessem os editores pararem em seu trabalho, para ele se destacar no meio de milhares de outros. Por isso, “fingiu” ser algum autor famoso na época. Seria o equivalente a assinar como Eijiro Oda hoje.

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Ishinomori Shotaro, Yamagami Tatsuhiko e Oda Eiichiro, com suas respectivas versões piratas.

Detalhe é que ele não mandou para a Shonen Jump, e sim para a Young Jump. Mas foi transferido de editoria depois de vencer.

Quando seu material foi escolhido, ele manteve o título enorme e abreviou apenas o nome de autor para Tatsuhiko Yamadome, como assinou até o capítulo 100. Na verdade, ninguém achava que a série duraria muito tempo quando ela estreou na Shonen Jump. Mas pouco a pouco ela foi escalando os degraus e indo para os postos altos da revista. Com isso, sua “contraparte” verdadeira, Tatsuhiko Yamagami, entrou em contato com a revista e reclamou da brincadeira. Osamu Akimoto passou a usar seu nome real e em declaração oficial, pediu desculpas publicamente ao autor, extremamente envergonhado por sua brincadeira inconsequente tomar essa proporção.

Fã de séries de ação, Akimoto queria fazer um mangá policial, recheado de cenas de tiroteio, mulheres voluptuosas… mas acabou fazendo uma série de um policial de subúrbio que quase não atira (no Japão, muitos policiais sequer portam arma) e é um solteirão convicto.

Kochikame é a história de vida de Akimoto. Ela, na verdade, alcançou metade do tempo de vida do autor em 2000, quando aos 48 anos, ele mantinha a mesma série por 24 anos. E ainda não terminou, com capítulos toda semana.

Kochikame completou trinta anos em 2006 e ganhou da cidade de Tóquio duas estátuas na estação de Kameari, palco das histórias. Também comemorava 150 volumes e 1450 capítulos da série. Em 2008, outra estátua do protagonista da série foi colocada no distrito de Kameari. Kankichi Ryotsu foi retratado em sua infância no parque da entrada de uma via comercial da região. Em 2010, o distrito de Asakusa recebeu 8 estátuas de personagens da série, cinco delas do protagonista, inclusive uma com Ryotsu dançando samba, em referência ao Carnaval de Asakusa, o maior Carnaval fora do Brasil. Com 35 anos de série e a estreia do filme, Ryotsu agora apareceu em uma estátua sentada em um banco. No famoso templo de Asakusa, uma placa comemora seu “filho”. Está escrito “Nasceu e cresceu em Asakusa, Kankichi Ryotsu” na placa que comemora os 130 milhões de cópias vendidas da série.

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A série está no livro de recordes, o Guiness Book, como a série em quadrinhos mais longeva da história. E continua aumentando seu recorde.

Kochikame já fez eventos especiais em outros formatos. Esteve nas revistas femininas Margaret, The Margaret, Bessatsu Margaret, Ribon, You, Chorus e Cookie, como parte de uma campanha especial durante o lançamento do filme em Setembro de 2011, quando invadiu treze revistas de mangá da Shueisha. As outras eram da linha Jump: Business Jump, Super Jump, Ultra Jump, VJump, Jump SQ e Young Jump. Também já virou tirinha por cinco dias no final de 2011, nas páginas do jornal Yomiuri, de Tóquio. Na Young Jump, ele recebeu uma homenagem das meninas do grupo pop AKB48, com o Team Kameari. Foi a primeira vez que Kochikame foi publicado na revista, que era o objetivo do autor no início. Esses eventos comemoraram os 35 anos da série.

Entre os crossovers, a série já teve vários. Encontrou com Dragon Ball, One Piece, Bobobo Bo Bo Bobo, entre outros. Fora da linha da Jump, ele ainda enfrentou Golgo 13, de quem Akimoto é fã e até parodia com um personagem de Kochikame. Também fez crossover com Deka Wanko, série de Kozueko Morimoto, como parte de suas comemorações em 2011 (parágrafo acima).

Na edição 42 de 2006 da Shonen Jump, todas as vinte séries da revista colocaram o protagonista de Kochikame em algum lugar de suas histórias. Como resposta, na edição 45, Kochikame teve participação de personagens de todas as séries. Esse evento comemorava os 30 anos.

Existe mesmo um “hasshutsujo” (posto policial) em Kameari, mas não na frente da praça, como é no mangá. Porém, até hoje os correios recebem cartas com esse endereço e elas são redirecionadas para o estúdio do autor.

Outro detalhe que não batia com a realidade, a delegacia de Kameari, foi alterada durante um período político conturbado, em 1992, quando engravatados decidiram que mangás e outros produtos culturais não deviam passar informações erradas. A delegacia fictícia teve o nome corrigido inclusive nos encadernados antigos (quando reimpressos), passando a ser representada pela real delegacia de Katsushika. Nessa mesma época, o mangá sofreu diversas alterações por causa de suas informações falsas.

Vários locais reais são usados nas histórias e existem pessoas que rodam por todo o Japão em busca dos locais exatos usados em imagens do mangá.

O mangá é dividido em duas partes distintas que coexistem e são publicadas alternadamente. Uma é a normal, onde o protagonista tem lá pelos 30 anos. A outra volta para sua infância em Asakusa e retrata o Japão do passado, do mesmo período da infância do autor. Mas, assim como a história principal, com o tempo esse passado foi avançando pouco a pouco.

Essa fase da infância foi introduzida no volume 20, da década de 80. A história Asakusa Monogatari, que iniciou tudo isso, é votada até hoje como a melhor história da série.

Para se manter longevo, existem várias séries de histórias, que são reutilizadas com frequência, como o personagem super poderoso que acorda somente nas Olimpíadas, os credores atrás do bônus de fim de ano, entre outras. Também é um mangá que usa muito o que está em alta na sociedade, como eventos, casos, modas, etc.

Vários famosos, como Takeshi Kitano, AKB48 e PUFFY, já apareceram no mangá com seus nomes e imagens cedidos. Séries de fora foram parodiadas/homenageadas também, como K-ON!, Hatsune Miku, Pokemon, Golgo 13, Sailor Moon, etc.

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Os volumes de Kochikame mantém uma tradição. A Shonen Jump, na década de 70, começo de sua atuação, sempre colocava uma coluna de comentários de outros autores de mangá. Kochikame mantém isso até hoje, mas já teve escritores, atores, músicos, modelos e inclusive fãs da série.

Os volumes de Kochikame, com o tempo, sofreram algumas alterações. A primeira é a foto do autor. Até o volume 44, vinha uma foto atual de Akimoto. Depois, foi trocado por um desenho. Na ocasião, as edições anteriores também sofreram revisão e passaram a ter ilustração. A partir da edição 141 até a 170, os volumes passaram a ter um visual retrô, remetendo aos primeiros volumes da série. E, da mesma forma, passaram a ter fotos de Akiyama, mas em preto e branco.

Não bastasse a quantidade imensa de volumes, Kochikame ainda tem várias versões, como a Aizouban (uma categoria acima até da kanzenban – edição definitiva), bunkoban (versão de bolso), coletâneas por assunto, por época, livros de arte, de personagens, comemorativos… Também já foi para várias mídias. No ano seguinte à estreia do mangá, virou filme. Em 1985, virou anime pela primeira vez no Jump Festival (atual Jump Festa). Depois, ganhou uma série mais longa em 1996, no horário de animes da Fuji TV, dividindo tempo com Sazae-san, Chibi Maruko e, dependendo do ano, Dr. Slump, Dragon Ball ou One Piece. Virou peça de teatro também, quatro vezes. Teve uma série de TV em 2009. Essa série virou filme em 2011. Esteve em várias plataformas de games, como no Playstation, Sega Saturn, Nintendo DS… Foi um dos personagens do game Famicon Jump, no Nintendinho. E estará no J-Star Victory Versus, para PS3, como personagem controlável.

Antitabagista, Akimoto só fez uma história sobre cigarro, sendo irônico e carregando na crítica ao cigarro. Depois dela, ele declarou que nunca mais nenhum cigarro iria aparecer em suas histórias.

O estúdio de Akimoto, Atelier Bidama, é tocado como empresa. Todos os artistas são empregados, ao contrário do que acontece normalmente, onde são autores temporários fazendo bico ajudando autores consolidados. Akimoto faz pouco além do roteiro e personagens, tendo equipe para cenários, máquinas, pesquisa, etc. Eles entram com hora certa e saem também no horário marcado, batendo ponto. Por isso mesmo, a série é tocada como um produto que mantém o sustento de diversos empregados.

Apesar de nunca ter sido publicada no Brasil, Kochikame tem versão em português. Foi publicado em Portugal. Também foi para a Índia, Espanha, França, Taiwan, Hong Kong, Coreia do Sul e China.

 

Por fim…

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A Shonen Jump nasceu como uma revista de mangá ousada, mas por necessidade. Sem ter autores, já publicou o que pudesse. Foi a primeira a apostar em novatos e fez disso sua marca, como a revista que está mais próxima de seus leitores. Foi ao céu das publicações quando conseguiu a maior tiragem de revista no mundo, maior até do que a TIME, People… Criou os maiores autores e as maiores obras de ficção que o Japão já mandou para o mundo nas últimas décadas e a resposta disso é a força da marca. O mangá no mundo é a Shonen Jump. Uma busca pelo termo mangá em qualquer língua do mundo resulta em alguma referência à Shonen Jump ou alguma de suas séries.

Mas ela também já viu o outro lado da moeda. Quanto mais subimos, mais podemos cair. Depois de uma era de sucessos que reluziam como ouro, vieram as trevas. Mas no exemplo da Shonen Jump, ficou mais do que claro o papel que uma grande liderança desempenha na revista. Desde o gênio prodígio de Tetsuo Oga até o visionário Tadasu Nagano, a Shonen Jump teve homens além de seu tempo antes mesmo de existir. E com Kazuhiko Torishima, a revista perdeu as rivais de vista, indo para um nível completamente diferente para dizer que compete com elas. O mesmo Torishima que salvou ela depois. Com braços fortes.

O papel da revista para o mercado de mangás é inestimável. Sem o sucesso e a coragem que ela teve desde seu projeto, os mangás talvez nunca tivessem ido além do mercado japonês, sendo apenas curiosidade para uns e outros excêntricos amantes de cultura japonesa. Mesmo sem a rivalidade com outras revistas, a Shonen Jump sempre manteve aquele ambiente desafiante entre os próprios autores da casa, que se amam como companheiros e se odeiam como rivais. E sem tudo isso, muitas obras talvez não fossem o que são hoje.

Podemos criticar a forma agressiva de fazer mangá que a Shonen Jump faz apologia, e como tudo isso cria posturas extremas nos autores. Mas depois de estudar tanto a história de uma única publicação, o que me vem aos olhos é sempre algo maior que tudo isso. Maior que sua reputação, que seus autores, seus títulos. A Shonen Jump sozinha é uma instituição, é sinônimo de mangá.

E após um início conturbado, um sucesso meteórico, uma Era de Ouro, uma queda maior do que a maior parte das revistas do mundo, e uma calmaria aterrorizante, a revista chegou a um ponto de segurança. Depois de ser dependente de editores brilhantes e de títulos que batem seus próprios recordes, acho que a Shonen Jump está hoje em uma Era de Aço. Que não reluz como o ouro, mas é sólido e resistente, além de poder ser moldado para o formato que for necessário. Ela se prepara para os novos tempos, com autores criadores de sucessos, transposição em outras plataformas e presença onde seu público estiver, e apesar de ter uma tiragem muito menor que nos tempos dourados, é uma tiragem que dobra a do segundo lugar, seja que revista estiver lá. E um número distante da fantasia. Se uma queda repentina for causada, por exemplo, pelo fim de Naruto e One Piece, hoje, a Shonen Jump é mais sólida e pode aguentar melhor o tranco.

Por isso, a história curiosa da maior revista do mundo não acaba por aqui. As páginas continuam a farfalhar no tempo e ainda vão trazer a matéria-prima dos sonhos de muita gente.

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Capa de 45 anos da revista, com a volta de Akira Toriyama com Jako.

Obrigado por acompanhar até aqui! Espero que tenha gostado (e se gostou, espero que tenha apertado os botões aqui embaixo). Este artigo especial acaba aqui, mas ainda tem muita coisa interessante sobre a Shonen Jump no Genkidama!

 

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No Troca Equivalente

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22 ideias sobre “Shonen Jump – Curiosidades Level Master – Parte 4 – Final”

  1. Achei o artigo por acaso por conta do curso de mangá que ministro em uma escola, foi como desvendar um pouco da minha infância e adolescência em São Paulo. Muito obrigado por todas as informações. Agora posso mostrar um histórico sólido da Jump para meus alunos que estão começando a ler Bakuman.

  2. parabens sakuda belo trabalho, o cara quem sou pra pedi alguma coisa ae mas se vc pudesse nos traser um curiosidade level master sobre slam dunk poxa eu ficaria super agradecido vei pq essa obra pra mim e a melhor da historia da jump

  3. Sakuda, parabéns velho. Trouxe um conteúdo que poderia estar em um lviro. Porque não? A história da Jump – Do Ouro ao Aço. Precisamos de algo assim no Brasil. Bem, simplesmente parabéns, um dos melhores artigos que já li na internet *-*

    Se One Piece e Naruto terminarem, eles podem descansar em paz sem se preocupar. Eu já vejo o futuro da Jump. Ansatsu e Shokugeki, são os dois primeiro da linha. Impressionante, eu começei ler Shokugeki e a cada capítulo ele subia um degrau no meu ‘gosto pessoal’. Ele é um segundo mangá que mais tenho apresso. Fairy Tail é o primeiro, mesmo com o mundo atacando, mesmo comigo concordando com todos os problemas, Fairy Tail me arrepia sei lá porque. Shokugeki (Fora da Jump, tem One Punch-Man) foi o único a fazer isso além de FT em mim, o último capítulo, no final, faltou lacrimejar de emoção, lendo um mangá. Eu quero que a Magazine destrone a Jump, mas na verdade quero ver as duas se degladiando. Cada uma delas carrega um mangá que pode fazer eu torrar meu salário. Comigo foi com FT e Shokugeki, mas acredito que todos tenham um mangá que criaram um apreço ‘romantico’ com ele, hehe (Independente da qualidade). E com certeza a Jump é uma das responsaveis por essa cultura ter crescido tanto. Acho que os mangás são a midia onde tem mais amor envolvido no trabalho feito. Mais que livros ou músicas, o mangá exije muito mais do artista/autor e por isso acaba tendo um cuidado muito maior com a obra.

    Depois que eu li todas essas curiosidades, eu consegui desligar meu ‘ponto critico’ que ganhei conforme cresci, e retornei as primeiras vezes que li um mangá ou assiste um anime, sem ficar apontando dedo ‘a roteiro’, ‘a fanservice’, ‘a não sei oque’. Era apenas diversão. Ver a história por trás de tudo isso, é realmente algo nostálgico.

    Chega de momentos refletivos, simplesmente, parabéns Sakuda o/

    Esperando a continuação e o mundo além da Jump!

  4. Mandou muito bem, Sakuda. Série de postagens épicas! Que venha mais e sobre outras revistas. Eu só fiquei na curiosidade sobre o porquê de Kochikame ser “intocável” na Jump, tipo, quando isso realmente começou.

    1. Podia até incluir, quem sabe em uma futura revisão, né? Seguinte… A Jump tem duas formas de acabar a série: ou o público não dá bola ou o autor decide acabar, seja lá o motivo. Com Kochikame, nenhuma dessas coisas aconteceu. Daí, final da década de oitenta, começou esse movimento de instituir a série como marco da revista. One Piece já tem mais volumes do que a série tinha na época, mas One Piece é uma série que um dia vai ter que ter fim, Kochikame pode continuar mesmo quando o autor morrer, pelo que ele preparou. Hoje, ele é o autor principal e presidente do estúdio, mas não o único escritor nem o único que sabe desenhar os personagens. E o estúdio funciona como empresa, e empresas tem o dever de sobreviver mesmo com a morte do presidente. Daí tem o recorde também. Todos esses fatores contaram.

      1. Akimoto é quase um Maurício de Sousa, então, haha. Saquei. Valeu pela informação extra e, mais uma vez, parabéns pelos posts (:

  5. Excelente artigo! O mais completo e interessante que vi até agora.
    Parabéns Sakuda!
    Pretende fazer isso com outras antologias?

  6. otimo trabalho! foi muito informativo e aprendemos mais um pouco sobre essa revista que todos nós amamos e odiamos

  7. NOSSA CARA QUE TRABALHO INCRIVEL PARABENS E QUE VENHA MAIS OTIMOS POSTS COMO ESSE….SERÁ POSSÍVEL VIR ALGUM RELACIONADO A OUTRAS REVISTAS COMO A GANGAN?!!
    RESPONDA POR FAVOR.
    VALEU.

  8. Fantástico, li todas as curiosidades, muito bom, e muito obrigado por todo o trabalho!

    Pra finalizar, quero parabenizar também pelo imenso destaque a Kochikame pra “encerrar” a seção de mangás da Jump. Kochikame é como uma prova de que os tempos passados existem, é um elo do presente e do passado.

    Prova disso, foi quando achei num sebo uma revista antiga da Jump, e Kochikame estava lá. Não importa se eu entendo ou não o que está escrito, mas ver a série lá deu um calafrio.

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