Primeiras Impressões – Kotoura-san

PIKotourasan

Yo!

Hora de aprender uma nova palavra do japonês. “Mousouzoku”.

Mousouzoku é uma brincadeira de palavras. Mousou é imaginar, fantasiar. O resto, deriva de Bousouzoku, os motoqueiros baderneiros característicos do Japão. Mousouzoku é aquele cara com uma imaginação rebelde, que vê rabo e imagina a criatura, dez vezes maior do que é. Ele sai pelas ruas da criatividade, correndo livremente por pensamentos insanos e muitas vezes, eróticos. Born to be Wild.

KotouraMousouzoku

Em Kotoura-san, temos Haruka Kotoura, uma menina que nasceu com um dom especial: ela lê mentes. Mas ao contrário das fantasias mais íntimas que temos de poder saber o que as pessoas escondem em seus pensamentos, Haruka sofre com isso. Ela não diferencia pensamentos da voz normal e comete algumas gafes que a tornam uma pária na sociedade. Até mesmo seus pais sofrem com isso, a ponto de abandonar a menina sozinha com o avô.

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Completamente fechada pelo trauma social, ela se torna seca, indiferente em relação ao mundo. Até mudar de colégio e sentar ao lado de Yoshihisa Manabe, um garoto que simplesmente não tem segredos e não se importa com o que as pessoas dizem. Ele é sem-vergonha, em todos os sentidos que isso possa ter. Mas mesmo quando Kotoura consegue ver seus pensamentos mais sujos sobre ela, Manabe não fica impressionado. Não como os outros, pelo menos. Ele se apaixona pela menina e passa a querer ajudar ela. No segundo capítulo, eles ainda recebem mais um apoio, o dos dois membros do Clube de Paranormais de seu colégio, Mifune e Muroto. Além deles, temos Hiyori Moritani, herdeira de um dojo de artes marciais e vivendo uma paixão unilateral por Manabe, que a leva a ter inveja de Kotoura.

O anime é bem pesado nas horas mais dramáticas. Às vezes, beira o exagero, já que a situação é bem delicada. A animação, só competente, mas feita a toque de caixa, não faz feio para a história. A trama tem momentos interessantes, apesar do tom ser claramente o dos animes “para otaku, mas com vergonha”, onde muitos elementos remetem a referências otaku, mas parece que ele quer parecer “normal”. A sensação que tive é como quando assisti Midori no Hibi (é…) ou em uma hipótese melhor, Tenshi na Konamaiki, que também carregam esse negócio de elementos otaku sendo disfarçados por personagens aparentemente “comuns” (detalhe para as aspas, hein?).

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O personagem de Manabe é a personificação do nerd dando certo. Ele não é bonitão, não é inteligente, vive só pensando besteira mas não é completamente descartado pela sociedade. É um mundo onde ele pode ser otaku e ainda ter as menininhas o desejando. Melhor, ele pode esnobar elas! Sua principal habilidade é sua imaginação erótica, sempre imaginando besteiras que envolvem Kotoura.

E a protagonista, Kotoura, é uma certa fantasia para alguém como Manabe. Ela é bonitinha mas não é popular. Aliás, ela é o contrário disso, sendo até visivelmente carente e fragilizada. E ele parece ser o único que a entende, o único que pode proteger a princesa do mundo do bullying e da incompreensão. Ela dá alguns chiliques moe, tem um ar de tsunderê, é baixinha, magrinha e tem voz de menininha.

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O grande Mousouzoku da história não é Manabe. E sim o autor. Kotoura-san é como um date-sim, aqueles jogos de simulação de encontros. Um grande conto erótico suavizado, disfarçado de romance adolescente. Sua razão de ser é a criação de uma fantasia e um objeto para ela, para que o autor e os leitores liguem o Mousou, a imaginação, pra ter um mundo onde as peças se encaixam tão convenientemente que parece um presente divino, culminando em um romance açucarado com uma menina idealizada demais. Da mesma forma que um soft porn, onde “por acaso”, uma menina está louca para fazer sexo ardente.

Então, acho que teremos pessoas que vão adorar Kotoura-san. Porque tem um empenho em ser eficiente no que faz. Mas o que faz não é exatamente algo interessante para todo mundo. Acho que nem vou lembrar de ver mais capítulos.

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Ponto positivo: simpático. Existe algum esforço em criar um background dramático. A cena do grito silencioso é muito boa!

Ponto negativo: a imaginação é tão fértil quanto a de um garoto na puberdade, só pensando naquilo. Mas com uma timidez virginal, claro!

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