Otakus preferem namoradas virtuais e a mídia que não fala nossa língua

Otakusexless

Yo!

A polêmica nossa de cada dia. Bora ver!

A BBC soltou recentemente uma matéria que “investiga” os otakus, uma “nova” tribo japonesa que prefere a vida no 2D. Isso se espalhou rapidamente no Brasil depois do Portal G1, da Rede Globo, espalhar o conteúdo.

Leia na íntegra aqui.

Leia em inglês, mais completo e com vídeo.

Com conteúdo digno de tablóide, a jornalista responsável, Anita Rani, despeja uma imagem culposa na cultura otaku, a grande vilã de mais uma crise que assola o Japão nesse século, o medo de filhos. Talvez seja difícil para a inglesa de origem hindu perceber que o Japão passa por um problema muito maior do que a falta que o sexo de uma juventude criada por mangás. E talvez exatamente por criar um texto tendencioso, que aponta dedos em quem quiser, é que a maioria nem tenha notado que o texto não é da sempre criticada equipe de jornalismo da Globo.

Difícil é tirar a culpa dos otakus, principalmente os mais hardcore. Mas o problema não é de uma cultura, mas de toda a cultura japonesa. Engraçado é ver um resquício de lucidez no texto só no final, após já ter apontado um dedo acusatório, onde finalmente se fala sobre a falta de confiança na economia do país e a falta de perspectiva que a geração de hoje tem em relação à outras. E isso em um país que já estava em queda de natalidade desde o fim do Baby Boom pós-guerra!

Mas essa não é uma característica simplesmente japonesa, mas mundial. Mais do que nunca, temos jovens adultos que sonham, que anseiam e que desejam muito além da vida a dois. Mulheres querem manter a juventude, fazer viagens, comprar roupas. Homens querem beber com os amigos, comprar um PS4 (no Brasil, um parto por sí só), jogar bola. Existe um consenso de que o conceito de família não convive com a liberdade individual, ou em termos mais moderados, que ter filhos acaba com a vida de jovem e inicia uma jornada de velhice. Isso só é mais agravado pela situação econômica mundial e o excesso de objetos de desejo. Como você vai trocar de celular todo ano se precisar comprar material escolar para três filhos? Onde você vai ter tempo para zerar um jogo se você tiver um bebê que precisa sempre de atenção?

No Japão, pela atual instabilidade, muitos jovens não se sentem à vontade para ter filhos, pois o impacto econômico disso em suas vidas obrigaria eles a largar mão de comprar alguma coisa que gosta, de comer em um restaurante bacana toda semana… Isso não assola somente esse aspecto básico. Os japoneses também estão se distanciando dos carros. Jovens japoneses hoje, sequer pensam em tirar a carta de motorista e não se importam mais com carros. Porque ter um carro é um custo alto no Japão e traz pouco benefício já que o transporte público, apesar de mais caro que o nosso, é de qualidade excelente. E tudo isso vai além do otaku, pega principalmente as pessoas em empregos mais instáveis, como temporários e em fábricas.

Dito isso, vamos ao óbvio da crítica ao texto. A jornalista sequer pesquisou o que significa otaku em um contexto ocidental para seu público, e depois em um contexto japonês.

Ler esse nível de texto em não apenas uma, mas duas grandes marcas do jornalismo no mundo só me faz pensar no quanto as grandes e pesadas agências de jornalismo ficaram para trás em tempos de internet, onde elas não pautam mais as opiniões do mundo. Nesses novos tempos, a tendência é termos cada vez mais “especialistas” de qualquer assunto sentados do outro lado, prontos para dar suas opiniões em blogs, como esse aqui.

Ainda voltando no texto, o final tensiona opinião sobre a política engessada de imigração do Japão, que ao contrário da Inglaterra, que sofre do mesmo problema de natalidade do Japão, não abriu suas portas aos estrangeiros, em um sinal de que ainda se lembra da época dos “kuro bune”, os cargueiros estrangeiros que simbolizavam a invasão indesejada que culminou em uma guerra civil. Para um país de variedade tão grande de raças como o Brasil, é até estranho ver um país que somente nas últimas décadas começou a ter mestiços em quantidades notáveis no país. O Japão ainda é predominantemente japonês. Mas nos dias de hoje, não tem como evitar alguns pingos de café nesse chá verde.

Engraçado é que a Alemanha, outro país que sofre com a baixa natalidade do povo local, a pouco tempo também declarou estar incomodada com o excesso de muçulmanos no país, que pode se tornar mais um país onde a maioria de seu povo é islâmico.

Propositalmente ou não, a notícia parece querer jogar na cabeça dos leitores a ideia política de que o Japão precisa abrir as portas. E talvez precise mesmo. Mas acho que pega muito mal isso partir de alguém de fora, ainda mais de alguém que se prova, linhas acima, ignorante quanto à cultura local.

Claro que um texto como esse dá vergonha de ler para qualquer um que tenha um pouco de senso crítico. Como pode uma cultura de gueto, um nicho tão específico de uma sociedade, afetar de forma tão alarmante o futuro de um país? A não ser que o Japão tenha um volume muito grande de otakus que vivem do 2D e são herbívoros, sem o menor apetite pela carne feminina, o título dessa tal matéria só pode ser piada. E eu li o link, procurei a fonte, tentei ver se não era falso. E não é. Não é piada. E exatamente por isso, se tornou uma.

BBC, deixe as piadas sem graça pra mim, ok?

31 ideias sobre “Otakus preferem namoradas virtuais e a mídia que não fala nossa língua”

  1. Imagina a galera preferindo jogar pokemon do que assistir futebol e assistir novela da globo, nem precisa ler uma matéria dessa pra saber que a globo tem birrinha com o crescimento de otakus. Mas a única coisa que a globo não percebe é que quanto mais ela fala mau da cultura Otaku, mais eu me torno Otaku e mais pessoas faço questão de trazer para o mundo Otaku

    1. Femifascismo é nova pra mim. PQP… quanto mais eu rezo, mais assombração aparece… e tem gente que acha que é fácil ser homem.

      As mulheres que realmente lutaram pelos direitos femininos (as que “construíram”) não fazem parte dessa geração de mulheres que está na ativa atualmente. Essas não fazem a menor ideia do que as antecessoras falavam e pq lutaram, então o discurso acaba sendo corrompido. A geração atual é das que “usufruem”, que se aproveitam da montanha de privilégios que conseguiram.

      Nesse ritmo falta pouquíssimo pra chegar na geração das que “destroem”… das que vão elevar as expectativas, exigências, privilégios, leis e direitos femininos até um ponto em que vai ser impossível ter qualquer tipo de relação com elas (principalmente do tipo em que o Estado e as leis se envolvam). Aí cada vez + os homens vão ser mesmo forçados a se tornarem “herbívoros” (como já tá rolando em massa no Japão) e se negarem a casar e ter filhos, a natalidade despenca, a economia para…

      …E AÍ É QUE EU QUERO VER!

  2. Sakuda, gostei bastante do seu texto (e do “diálogo” com o Otakismo) por favor continue produzindo material de resposta a outras pautas da grande mídia (mesmo com um ou outro comentário mais “inconveniente”), e que a grande aprenda com blogs como o seu.

    Quando me enviaram essa noticia dei risada, sendo do G1, mas quando
    percebi que era da BBC (que agora não consigo mais não ler como babaca)
    fiquei em certa medida preocupado com uma matéria tão tendenciosa ( e em
    alguns momentos preconceituosa) de um portal mundial, que possui(a)
    certa credibilidade.

    Bem, espero que seja mais uma dessas notícias eferemas que logo desaparecem.

      1. Hahaha Verdade, aparecerei em breve, talvez com coragem (e após o ganbaru) eua té me aventure num otakubar.

        Lembro de ter avistado você lááááaaa no show da Oreskaband, naquela empolgação.

    1. A BBC, que é uma empresa estatal britânica de imprensa, está até parecendo um desses tablóides britânicos de imprensa sensacionalista.
      Sinal dos tempos…

  3. A Otakaiada tá revoltadinha porque o cara falou a verdade? Mas que falta de ter oque fazer na vida. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    1. Vá tomar no cu doente mental, não passa de um imbecil que se mete a anti-otaku só pra aparecer, deve ser mais um hipócrita que odeia a dublagem de Big Bang Theory mas ama falar mal de otaku.

  4. Tem altos fatores envolvidos na raiz do problema, fatores DEMAIS mesmo… mas ninguém tem as caras de falar do maldito feminismo (só lembrando que feminismo é a versão feminina do machismo, e os 2 são coisas completamente diferentes do “igualitarismo”).

    Anda caro demais fazer qualquer coisa em qualquer lugar do mundo (em alguns, bem mais caro que em outros), mas dizem as lendas que a mulher japonesa é uma das mais exigentes do mundo: só dão moral se o sujeito ganhar no mínimo uma pequena fortuna num emprego estável e tiver aquele jeitão belo e andrógino de astro de J-pop. Some a isso a influência do feminismo nas maiores potências capitalistas: o risco de divórcio é altíssimo, a probabilidade da fulana levar quase tudo que vc tem ao divorciar é enorme… e o seu filho com certeza vai acabar ficando com ela tbm.

    É uma conta simples e ao calcular vc só chega a uma resposta: homens heteros do mundo, PRA QUE CASAR??? Casar, só se vc for louco ou tiver encontrado uma santa.

    Só lembrando que essa coisa de ser “herbívoro” não diz respeito só ao desejo pela “carne” feminina, mas tbm uma postura não-agressiva quanto á carreira profissional e ao acúmulo de bens. Os caras preferem ganhar pouco mas gastar tudo que eles ganham com eles mesmos do que trabalhar 29hs por dia num emprego estressante, acumular uma riqueza usada pra sustentar mulher e filhos e perder todos os 3 (mulher, dinheiro e filhos) num divórcio que muito provavelmente vai vir.

    Passar uma vida inteira sem sexo e casando com personagens fictícios e objetos inanimados é absurdo demais, claro… mas o mundo capitalista está estragado por essa praga que é o feminismo, e acho válido caras que não estejam dispostos a serem engolidos por essa m**** fazerem “greve de casamentos e filhos”. Se o cara quiser uma família, que adote uma criança, pronto! Está cheio de crianças abandonadas por aí. O cara não deve ficar preso nessa coisa antiga de que “filho de sangue é que é filho de verdade”, e muito menos ficar dependendo de mulher alguma pra ser pai.

    Além do mais, já tem gente demais nesse mundo… o planeta já tem quase o dobro da capacidade máxima, não cabe mais ninguém aqui. Quem me dera os povos de “certos países” adotassem esse comportamento tbm.

    1. *SUSPIRO GIGANTE*…Eu estou sem tempo para gastar o meu latim agora, mas sugiro que você dê uma lida nos artigos contidos nesse guia:

      http://papodehomem.com.br/feminismo/

      Sugiro, em especial, a leitura do item 2 desse guia que eu passei. Feminismo não é, nem nunca foi, o equivalente do machismo. E não sei se você percebeu, mas ao botar a maior parte da culpa dos problemas do Japão nos ombros das mulheres, você está cometendo EXATAMENTE o mesmo erro que a jornalista da BBC que escreveu aquela matéria infeliz.

      1. …Pelo jeito gastou todo o seu escasso tempo bocejando exageradamente, ao invés de prestar atenção no que “acha que leu”. E, se continua tão sem tempo e com visão tão limitada, aconselho não ler este texto tbm, pq ele ficou BEM mais longo. Deixe para quando for mais estudada, mais crescidinha.

        Entendo que esteja sem tempo pra gastar seu latim… afinal, pra que tentar justificar a montanha de privilégios que a mulherada da civilização capitalista tem? Cada minuto gasto explicando essas mamatas é um minuto que poderia ter sido usado usufruindo-as… assim sendo é melhor se comportarem como isso se fosse a coisa mais normal do mundo e esnobar do topo do pedestal quem questiona a coisa toda, como a senhorinha fez…

        Só lamento que, mesmo sendo versada em latim, não tenha a capacidade pra (ou simplesmente não queira) procurar entender textos escritos pelos outros em línguas ainda vigentes, como o português. Vc é como a maioria, que acha que “feminismo = direitos iguais para ambos os sexos” e que “anti-feminismo = machismo”. Provavelmente já torceu o nariz quando leu essa palavra e mal passou os olhos no resto do que escrevi. Vc, como a maioria, entende O QUE e COMO quer.

        Li o texto que vc tão carinhosamente recomendou, mas ele todo se baseia na ideia totalmente errada de que “feminismo = igualitarismo”. Então, apesar de bem-intencionado, não dá pra aproveitar muita coisa dele… pois se vc comete um erro logo no início de um cálculo, o resultado final fatalmente vai estar errado tbm.

        Feminismo É, SIM, a dominação do sexo feminino, quer vc use a palavra da maneira correta, quer não… É, SIM, um grande problema (pra homens e algumas vezes até pras próprias mulheres, por incrível que pareça), façam pessoas como vc vista grossa ou não… e nenhum texto politicamente correto escrito por homenzinhos demagogos, sem culhões, de personalidade diluída e escondido no site mais obscuro da internet (e cheio de propagandas) vai convencer um proprietário de mais de 2 neurônios, um mínimo de esclarecimento e pelo menos um pingo de vergonha na cara (seja homem ou mulher) de que não é.

        Igualitarismo (direitos e deveres iguais para ambos os sexos) SIM, é uma coisa legal… mas temo que a humanidade acabe antes de evoluir o suficiente pra chegar ao ponto de emprega-lo (e achar que “feminismo = igualitarismo” realmente não vai ajudar em nada). O feminismo chegou de tal forma em países do 1º mundo (principalmente em países anglófonos) que tornou impossível o relacionamento homem-mulher, por dar poderes e privilégios excessivos a uma das partes. E se acha que o feminismo nunca foi “anti-homem”, como diz o texto… então sinto, mas vc está totalmente por fora. O “anti-homem” está vivo, mais forte do que nunca e mandou beijos, só que ninguém dá bola.

        E como bocejos são seu forte, e não a leitura… eu não disse que a maior parte dos problemas do japão era culpa das mulheres, e sim que UM DOS FATORES que levaram a problemas como esse era o FEMINISMO (e não “as mulheres”, como vc disse que eu disse) que assola potências do 1º mundo. Ao distorcer minhas palavras a esse ponto, foi vc quem cometeu o mesmo erro que uma certa jornalista infeliz.

        Ou leia direito, ou não leia. Simples assim. Em qualquer dos casos aconselho permanecer calada pra evitar falar bobagem, e em hipótese alguma coloque palavras na boca dos outros. Além de isso ser MUITO feio, demonstra baixa capacidade de argumentação.

        E também sugiro que assista um certo vídeo disponível no youtube sobre dominação feminista na Europa… não está em latim, mas tem legenda em inglês e gostaria que fizesse um esforço pra compreender. Veja quando tiver tempo pra (e se quiser) aprender mais sobre o que está falando: watch?v=VBx677GwhWU

        Não me leve a mal, eu sei que no fundo, no fundo seu problema é só uma compreensão incorreta de certos termos (pelo menos, eu espero que seja), mas tente entender o que falei. Leia textos sobre anti-feminismo (mas textos SÉRIOS, e não bloguinhos machistas) e tente ver a coisa de uma perspectiva imparcial, e não de alguém que se faz de coitadinho mesmo estando soterrado de privilégios e sendo amparado por todas as esferas da sociedade. AÍ SIM vc vai poder ver o problema, entender a dimensão dele e falar sobre ele.

        Ah… e não adianta falar que “machismo é um problema, burca pra lá, apedrejamento pra cá, altos tráfico de mulher e extirpação de clitóris rolando nas quebrada X” e etc. Já estamos carecas de saber que o machismo existe e é um problema enorme SIM, mas a existência dele não deixa o feminismo aceitável.

        …E foi mal mesmo pelo sarcasmo, mas ao ser sarcástica vc abriu precedente para que eu fosse tbm.

        1. Ah, a velha tática de pisar no seu interlocutor com ironias finas, para sair da discussão sentindo-se superior, enquanto reduz seu “oponente” a um retardado mental sem, no entanto, dizer isso claramente, para que possa torcer e retorcer suas palavras o quanto quiser em uma próxima resposta… Sinto muito, mas eu não gosto dessa brincadeira virulenta e venenosa.

          Eu NÃO sou desinformada, nem enganada. Também não creio estar interpretando nada da maneira errada. Tenho minha opinião formada, e acredito firmemente nela, goste você ou não.

          Minha opinião e a sua são completos opostos, mas eu não me sinto superior a você por causa dela – e muito menos inferior. São pontos de vista diferentes sobre um mesmo assunto, ponto.

          Se você se ofendeu com o meu comentário anterior, sinto muito, não foi a intenção. Interprete tudo o que eu disse ao pé da letra; não gosto de ironias, meias palavras e verdades veladas. Quando eu quero dizer algo eu o faço com todas as letras e pingos nos “i”s.

          Não concordo com a sua opinião, nem com a sua definição de feminismo. Eu concordo plenamente com aquele apanhado de matérias escrito por “homens sem colhões”, como diz você, e não tenho a menor vergonha disso. Se quiser saber minhas opiniões sobre feminismo, leia-o; tudo o que eu poderia dizer aqui sobre o assunto seria apenas uma versão das mesmas ideias, só que com outras palavras.

          Encerro a minha participação nesta discussão aqui. Eu não acho que valha a pena duas pessoas com opiniões tão radicalmente distintas, e que claramente não pretendem mudar de ponto de vista, ficarem se embrenhando em discussões virulentas para ver quem é o melhor. Além do mais, não foi para isso que o Sakuda criou esse post. Sinta-se à vontade para responder, se quiser, mas eu paro por aqui.

          1. …Então, sua majestade finalmente desce do trono pra desperdiçar seu latim com um plebeu.

            “Ironias finas” são bem mais requintadas e menos agressivas que dar um BOCEJO GIGANTE BEM NO INÍCIO DA CONVERSA como qualquer chimpanzé seria capaz, não concorda (se bem que pelo tipo de pessoa que parece ser, provavelmente ainda vai ter a cara de discordar…)? A brincadeira de “menosprezar e ofender o oponente já de cara” é bem mais fácil e parece ser mais seu estilo.

            Vc me pareceu se achar bem superior nesse primeiro momento em que bocejou e disse “não mereceis meu belo e portentoso latim, reles plebeu… contentai-vos com minha exagerada expressão de tédio enquanto lê o texto X, que fora escrito por homens de bem. Minhas estimas”.

            …Bom, claro que vc não usou exatamente essas palavras, mas tô aplicando minha “ironia fina” pra tentar dar uma enfeitada na sua “arrogância sincera” (e tbm pra me divertir um pouco, pq não?). Bom saber (só agora…) que vc não estava se fazendo de superior, pois se não me dissesse eu não descobriria nunca, pois vc dá novo significado ao termo “latim vulgar”.

            E quanto a chamar alguém de… hã… “retardado mental”… bem, sabe o que falam sobre a carapuça… pois alguém que acha que mulheres não tem poderes excessivos e que nenhuma cai na tentação de dar uma de espertalhona e abusar dessa montanha de privilégios pra se dar bem, só pode estar devendo neurônios. Ou ter acabado de acordar dum coma ou sono criogênico de décadas, mas isso é improvável. E pra que eu iria distorcer minhas palavras, se vc já me poupa esse trabalho?

            Sarcasmos á parte… olha, eu meio que já esperava tudo o que vc disse (é a respostinha “anti-anti-feminismo” padrão de sempre, e não esperava nada além), mas o lance do bocejo e do latim me ofenderam um bocado, sim. Nessa hora, vc simplesmente me considerou um troll que não merecia uma resposta decente. Me acusa de me fazer de superior, mas bem antes disso foi VC quem me tratou como insignificante. Vai negar…?

            Não acha injusto acusar alguém de “querer ser o melhor” só por defender um ponto de vista? Se fosse assim, não conversaríamos uns com os outros nunca… EU não tô a fim de pagar de melhor. Vc está?

            Sejamos francos… “tenho minha opinião formada” significa que não está aberta a discussões, estando certa ou errada. Mas quem no mundo reconheceria que é desinformado e que está enganado? É como ter uma religião… “qual é a ‘verdadeira’? Mas é claro que é a ‘minha’! Mas vc nem conhece as outras! Não preciso, já sei que a ‘minha’ é a melhor”… ou como alguém dizer “sou uma boa pessoa”: não tem valor nenhum saído da boca da própria. Mas isso é o usual de qualquer um: ele alcança uma resposta confortável e satisfatória, e daí por diante ele vira um pedaço de durepoxi que secou e não aceita mais ser moldado. Não precisa se envergonhar, mas definitivamente não dá pra se orgulhar.

            Eu posso ter a opinião de que vitamina de abacate é a comida mais gostosa que existe (não é o caso, é só um exemplo), e vc ter uma opinião completamente diferente. Os 2 estamos certos, pois alguns assuntos tem infinitas respostas e variam de pessoa pra pessoa. MAS… existem outros que TEM SIM uma resposta certa e ponto final, e cabe a nós enxergar isso. Algumas delas passamos a vida inteira procurando, e outras estão bem diante da gente… uns aceitam essa resposta, outros tapam os ouvidos e cantam ”lalalalala”.

            O legal dos fatos é que não importa se vc os aceita ou não… eles continuam sendo fatos. Falar “eu estou certo e vc, errado” é a coisa mais arrogante que alguém pode dizer, mas em alguns pontos da vida temos que estar certos… e sobre o feminismo ser um (não o único nem o maior, mas certamente um) câncer na sociedade, estou plenamente convencido. Como já disseram, “feminismo é a teoria de que vc pode alcançar a igualdade entre os sexos se focando só nos problemas de um deles”. Diferente de vc, eu mudaria minha opinião se alguém apresentasse argumentos consistentes (e sem se desviar do assunto), mas até hoje infelizmente não ocorreu.

            Aliás… li seu texto, mas duvido muito que tenha assistido ao vídeo que recomendei. Quem vc acha que é o mais receptivo de nós 2…?

            Falando no seu texto… é um texto inocente, fantasioso, açucarado demais, escrito pra fazer média com a mulherada por machos beta que tem medinho de serem xingados e/ou processados e que dependem de likes pra se sentirem amados. Pode até ser bonitinho… só que “de boas intenções o inferno tá cheio”. Mas e daí? Vc concorda plenamente com ele, não é? Tanto faz se é realista ou não, vc gostou dele e ponto final. “Porque sim” e “sua opinião não me interessa” não são exatamente as linhas de argumentação mais maduras que existem, MAS… é o ápice para alguns.

            Sinto um quê de orgulho em vc quando diz que “diz o que quer”… mas assim como um negro tem bandeira branca (sem trocadilhos) pra falar o que quiser de negros, vc está numa posição de conforto e tem a vantagem numa discussão sobre qualquer coisa (e principalmente, feminismo), e é esse o problema. Vc pode falar tudo que quiser sem meias-palavras, pq é, sei lá, uma “vítima em potencial”. Um homem tem que se cercar de cuidados e pensar 1000x nas palavras que vai usar, pois tudo que ele disser pode e será usado contra ele. É como uma conhecida minha, que participou das manifestações e chegou toda orgulhosa, contando que o policial não bateu nela quando se cobriu com a bandeira. De cara eu já disse “isso pq vc é mulher, bonitinha e tals. Se vc fosse homem, ele teria descido a borracha sem dó”. Ela não gostou muito dessa verdade que diluía a coragem dela, mas fazer o que? Mulher tem privilégio, faz o que quer. Falar o que quer sem medo de ser feliz é normal pra vc, mas na pele de “alguém que oficialmente não sofre preconceitos” é tudo bem mais complicado.

            Vc diz que não tem pq pessoas com pontos de vista tão opostos discutirem… mas é exatamente disso que uma discussão é feita! O moderador fez esse post pra discutir a qualidade da informação que chega a nós, a questão dos “herbívoros” e da sociedade japonesa como um todo. Mas é muito fácil falar dessas coisas se todo mundo tem a mesma opinião e aponta os mesmos culpados, não é? Isso não pode ser considerado uma discussão, uma coisa assim parece mais reafirmação coletiva com toques de bajulação… mas uma hora aparece alguém pra apontar algo incômodo demais para ser mencionado. Esse cara pode não ser um troll… pode ser só alguém genuinamente contestando algo. Discutimos pq temos pontos de vista diferentes, pq fingir que um problema não existe não faz ele deixar de existir.

          2. cara, fiquei impressionado com seus argumentos e o texto em geral, tem um belo senso crítico e tem argumentos diretos e persuasivos até, melhor texto-reposta que já lí.
            numa discussão existe dois tipos de pessoa, a desinformada e a informada, você fica com a ultima opção.

          3. Valeu mesmo, Wendell. É muito bom saber que eu não tava “falando com as paredes”, que é como eu estava me sentindo antes de ler seu post… não que eu seja um “paladino da verdade” nem nada assim, coitado de mim. Mas tem coisas que são tão incômodas que a galera prefere nem falar, né? Coisas que ALGUÉM tem que querer discutir, nem que seja só uns gatos-pingados tipo eu.

            Falar de um mal pra pessoas que são beneficiadas por esse mal é muito difícil, pois é mais confortável pra elas continuarem acreditando que “merecem aquela situação, merecem aqueles privilégios” sem sentirem culpa. Por isso é especialmente complicado falar de anti-feminismo com mulheres. Mas tô até aliviado, pois ela podia ter baixado infinitamente o nível trazendo o machismo e “as dificuldades de ser mulher”. Estudo num lugar que tem muito mais mulheres do que homens, e como boa parte delas são feministinhas (no diminutivo, pois a maioria absoluta não faz a menor ideia do que tá falando), obviamente papo feminazista é coisa do cotidiano. Quando ouço uma bobagem muito grande lá e resolvo retrucar, me sinto como um gato que caiu no canil.

            Lembro de uma vez ter lido que “a coisa mais difícil que existe é viver sem sofrer preconceito, pois todos que sofrem preconceito tem preconceito com quem oficialmente não sofre”. Oh, como é bom ter o aval da sociedade e da lei pra abusar da situação e ainda poder dizer “estamos certas”…

            Estamos numa época em que é arriscado demais pra um cara hetero entrar num casamento, e vc não pode nem falar o nome de um dos maiores motivos disso acontecer, pois não é politicamente correto falar mal do “Grande F”. Vi esse documentário russo sobre feminismo na Europa e me deu medo pensar que o Brasil um dia pode chegar a ser engolido por ele até esse ponto… por isso achei muito massa o que aqueles caras do vídeo estão fazendo.

  5. sinceramente estamos em um pais onde existem meninas de 12 anos q ja são mães. se eu fosse pai preferiria meu filho chegando em casa depois da aula e fosse ler um mangá, não cuidar do meu neto.

      1. A sociedade japonesa pode ateé ser machista, mas pelo menos lá o aborto é legalizado. Já no Brasil…

  6. O Japão tem um problema de natalidade alinhado com a realidade global que você explicou, européia principalmente, mas há fatores agravantes como a ausência de uma religião que valoriza o valor da família, a exemplo dos monoteísmos. No ocidente as pessoas estão tentando atrasar ao máximo a formação dela e o nascimento dos filhos, mas muitos depois de certos anos de curtição, entendem que deixar a poeira cair e formar uma família é um caminho saudável. No Japão, me parece, existem mais pessoas decididas a nunca casar, mesmo quando a velhice começar a bater na porta. E em nenhum lugar a velhice dura tanto quanto lá.

    Nesse sentido, a reportagem é irresponsável e tola ao creditar a um nicho pequeno um problema estrutural de toda uma sociedade que, válido lembrar, rejeita o estilo de vida otaku em termos gerais. Tabloidão mesmo.

    Mas é preciso tomar cuidado também para não jogar o Japão no mesmo saco da Itália ou Suécia e esquecer que ele tem problemas peculiares não compartilhados com o resto do mundo. A Itália tem problema de natalidade, mas não de socialização. No Japão existem problemas graves de relacionamento mesmo, em volumes maiores do que em outras partes do planeta. Gente que não constróis vida afetiva, casais que não transam há anos/década e etc. Sei que você sabe disso melhor do que eu, mas é só um cuidado que todos devem ter ao pensar esse assunto. O Japão tem sim peculiaridades.

    Sobre abrir ou não o país, é complicado pedir para um povo de cultura uniforme e segurança pública impecável abrir as fronteiras, mas tem muita gente lá dentro que compartilha dessa opinião. Principalmente entre os CEOs das companhias japonesas que pensam, além da própria vida, no futuro dos negócios. Trazer as mulheres pro mercado de trabalho só vai acentuar o problema de natalidade, há um lobby crescente pela flexibilização das fronteiras e utilização de mão-de-obra estrangeira. A indústria do Japão já tá levando cacete em várias frentes e o futuro nesse ritmo não é muito animador. Vão deixar colapsar?

    1. Fala, Otakismo! Hehe!

      Então, acho que a maior birra que tenho com esse texto é a visão bitolada, mirada em uma direção. Pra mim, dizer que qualquer aspecto cultural de uma nação inteira pode ser resolvida com uma única medida é um erro. Os problemas de socialização e as fronteiras fechadas são dois outros problemas, peculiares do Japão mas compensados por outros na Inglaterra e Alemanha, por exemplo. A Alemanha simplesmente compensou abrindo as portas e hoje periga perder as raízes, pois é um país de imigrantes. Os nativos fazem, quando fazem, um filho. Os imigrantes fazem cinco, que inevitavelmente, vão se casar com nativos uma hora.

      Essa questão da imigração é complicada no país. Tem um pedaço do texto que eu tirei porque era mais experiência pessoal do que alguma coisa que valha, mas um dos motivos que me fizeram voltar pro Brasil foi a política xenófoba japonesa. Depois da crise econômica de 2008, o Japão escolheu seu bode expiatório e descontou neles. E eram os estrangeiros. Não é como se viessem com tochas na minha porta, mas aquela coisa sutil, como se da noite pro dia, tirassem o tapete de boas vindas da porta. Obrigado por fazer o trabalho que os japoneses não queriam fazer, mas agora que não precisamos de vocês, pode ir embora.

      E olha que eu quase casei lá! Mas apesar da minha experiência pessoal, sei que o Japão tem que defender outros interesses e tá pensando muito além do imediatismo, porque abrir as fronteiras é um passo sem volta. Se tomarem essa decisão, vai ser uma vez para sempre.

    2. “fatores agravantes como a ausência de uma religião que valoriza o valor da família”
      “trazer as mulheres pro mercado de trabalho só vai acentuar o problema de natalidade”

      Cara, para de falar besteira….sua resposta estava até bem interessante até aparecer preconceito religioso e sexismo, o problema do Japão não tem absolutamente NADA a ver com religião, e o sexismo é um dos MAIORES PROBLEMAS que assola aquela terra, a mulher sofre de um preconceito monstruoso, além de todos os problemas citados no texto. Enfim, só quis me pronunciar porque fiquei abismado com a resposta, mas o Sakuda mandou muito bem no artigo.

      1. Luiz, e o fato de a mulher não estar em condição de igualdade na sociedade japonesa anula o fato de que a presença dela no mercado de trabalho está intimamente ligada à diminuição das taxas médias de fecundidade e natalidade de um país?

        Eu não falei que eu acho isso certo nem que eu não quero que elas trabalhem, mas existem consequências lógicas quando se opta por isso. O Japão já tem uma das mais baixas médias do mundo, sendo que as mulheres estão pouco integradas no mercado de trabalho. É legal que elas diminuam esse gap, óbvio, por outro lado é péssimo que um número ainda maior delas abra mão de ter filhos.

        O imigrante, além da força de trabalho, também conseguiria aumentar o número de crianças no país (futuros contribuintes e braços). A Coreia do Sul permitiu a entrada de muitos vietnamitas nos últimos anos, foi uma escolha estratégica do governo deles. Uma opção com vários pontos negativos também. Eu nem tenho opinião formada sobre qual a melhor estratégia, apenas fiz o contraponto ao texto do Sakuda pra saber a opinião dele, que está informado e viveu lá. Até acho que o Japão deve evitar isso ao máximo.

        Não to aqui pra falar o que é bonitinho, to falando de realidade, se os japoneses não se renovarem, de uma forma ou de outra, todos, incluindo essas mulheres, não serão protegidos pelo sistema previdenciário na terceira idade, pois a conta jamais irá fechar. Se o mercado de trabalho e os cérebros não se globalizarem, as corporações perderão ainda mais competitividade. Se a população diminuir em 1/3 como projetado, o mercado interno vai minguar e deixar de ser referência. O Japão vai inteiro pro saco, mas aí dane-se né… pode hipotecar o futuro do país, mas com um selo de sustentabilidade.

        Fora que cedo ou tarde chegará o Grande Terremoto de Tóquio. Segundo o governo japonês, 70% de chances de acontecer nos próximos 30 anos, com prejuízo estimado em mais de UM TRILHÃO de dólares, quantia quase equivalente a todo o PIB anual dos sul-coreanos. Na conta do país que já tem hoje uma dívida pública calculada em 245% do PIB nacional e não sabe o que fazer com Fukushima. Tá fácil a contabilidade do Japão?

  7. Verdade seja dita: As pessoas gostam de respostas fáceis. O leitor de tabloides, principalmente. É natural do ser humano querer compreender totalmente aquilo que o cerca; o desconhecido é desconcertante, e muitas vezes assustador. Se não há uma resposta clara, inventamos uma, em nome da paz de espírito da população.
    Nesse caso, dá para dizer que juntaram a fome com a vontade de comer. O distante (tanto física como culturalmente) Japão tem um problema de natalidade. Como explicar isso para os nossos leitores ocidentais, que não conhecem bulhufas da cultura nipônica mas querem uma justificativa? Simples: vamos pegar um gueto cultural, e botar toda a culpa nele! Assim nosso leitor ficará satisfeito com sua resposta, e poderá guardar essa valiosa definição sobre “as origens do Mal no Japão” para discutir com os amigos, quando surgir a oportunidade. Daqui a dois dias a matéria desaparecerá de sua memória recente, e todos viverão felizes para sempre, amém.
    Verdade triste: a mídia está mais interessada em nos enfiar respostas goela a baixo do que em nos fazer pensar. Verdade AINDA mais triste: é a própria população, de forma consciente ou não, que cria a demanda por essa mídia alienante.
    Ótimo texto, Sakuda; esse sim seria digno de ir para o jornal, hehe.

    1. Pois é, Angélica. Tem muitas questões por trás da mídia alienante e a nossa forma de receber um texto. Por exemplo, acho que raras exceções, ninguém leu esse meu texto inteiro, fez a degustação e pensou nele. Não fiz jornalismo, mas estudei muito sobre escrita e sei, e acho que a autora do texto original também deve saber, que um texto, para muitas pessoas, é um título e quatro linhas iniciais, o resto nem é lido ou é lido na inércia.

      Mas para o jornalismo SÉRIO, os problemas do receptor são problema do transmissor. É o redator quem precisa lembrar que do outro lado temos um público que não vai ler tudo. Mas em geral, o jornalismo acaba preferindo pensar nisso não como desafio, mas como arma pra vender. Um bom exemplo disso é o negócio da Sandy com sexo anal. Ninguém leu a entrevista, mas todo mundo conhece a frase que estampou a capa da Playboy.

      E pra falar a verdade, eu também brinco com isso. Mas eu sempre tento deixar claro quando uso um título fishing. Nessa matéria, a BBC não fez isso.

      Vale lembrar que com esse título safado, a matéria estampou a capa entre os sub-destaques no veículo. Ou seja, teve acesso pra caramba!

      1. Hehe, verdade. Dá para perceber bem isso nos grandes jornais, que se dizem “sérios e imparciais”. A matéria pode até aparentar ser imparcial, mas as palavras usadas na manchete, a escolha dos termos usados na matéria, o uso de aspas e citações, a localização do artigo, tudo isso já entrega o posicionamento da publicação e/ou da pessoa que escreveu.
        No mais, adoro seus títulos fishing, dou muita risada, rss.

  8. ótima matéria sakuda, realmente tem muitos de comunicação que só vê a superfície e não se preocupante em ir fundo e ver a vdd causa do problema, eu duvido que os otakus no japão são a causa do problema ja que ele são uma pequena parcela da sociedade, mais eu me lembro que um jornal da globo tbm ter feito uma matéria sobre isso falando dos homens herbívoros eles não chegam a citar os otakus, não me lembro bem.

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