Os quadrinhos do futuro

iPad0001 Yo!

Dessa vez, eu pretendo entrar num assunto importante pra todo mundo que curte quadrinhos em geral. Tanto pra quem quer trabalhar com isso como pra quem quer somente ler sossegado.

Todo mundo acompanhou o lancamento do iPad, a nova ferramenta nerd da Apple. Mas uma ferramenta que pode vir a revolucionar o mercado impresso.

Isso por que muitas empresas cresceram os olhos para o produto, que mescla um iPod Touch/iPhone com um note book, num peso razoavelmente leve e que tornaria possivel aposentar os velhos livros de papel.

Talvez? Mas num futuro, que pode nao ser muito proximo.

O iPad eh leve. Mais que um livro, menos que um gibi. Tem uma tela grande e, por nao ser impresso, torna possivel novas alternativas para publicidade e tambem para o proprio conteudo do livro.

Hoje, nos ainda temos a familiaridade com o papel. Esse problema pode ser burlado facilmente com o tempo, mesmo tendo os velhos ranzinzas de sempre. Afinal, eles vao morrer, a nova geracao pode vir a aceitar esse formato (ou outro futuro) e a lembranca que tinhamos do papel vai morrendo aos poucos.

Eucalipto_Galicia Afinal, papel eh feito da madeira do eucalipto, mesmo reciclando, replantando, nao eh um meio tao ecologico. O proprio preco do papel, o preco das tintas e processos, pesa para os nossos bolsos e para as empresas. Da mesma forma que aos poucos, os eletronicos estao se voltando a modos mais economicos, os carros estao buscando solucoes para a falta do petroleo, a propria energia estah buscando meios ecologicos, vai chegar o dia em que a producao impressa vai ter que se renovar e migrar para um formato de acordo com os novos tempos.

Mas por que eu nao acredito tanto no iPad e similares como substituto do papel?

Eu tive a chance de tocar em um iPad demonstrativo, nos ultimos dias antes de voltar para o Brasil, e ele nao eh tao leve a ponto de voce ler ele como le um jornal ou um livro. A experiencia vai mudar, e nao pra algo mais pratico. No caso dos quadrinhos, isso serah ainda pior.

Enquanto na tela, nos temos a total liberdade de espaco, fora dela, nos temos um aparelho solido, com componentes e textura imutavel, enquanto os livros tem formatos diversos. Temos os livros de bolso, gibis, o formato tankohon, magazine… Ou seja, a liberdade do espaco eh na verdade tao aprisionante quanto o formato solido e real dos livros, soh que de outra forma.

page03_pic03 A NTT-Docomo, empresa de telefonia celular japonesa, apresentou recentemente, o resultado de seu projeto que envolvia AR (augmeted reality) e uma nova interface que basicamente, nao necessitaria nada mais que um oculos e uma imagem pequena. A imagem vira um guia, que visto pela camera do oculos, se transforma em uma interface 3D. O simbolo pode ser um adesivo, colado em uma placa de papel ou mesmo nas costas de alguem. Essa base soh servira para abrigar a area de trabalho, que seria sensivel ao toque, num nivel bem diferente ao de uma tela de iPad.

O projeto pretende levar ao virtual toda a sensacao do real, no nosso caso, o movimento de virar paginas, trazer e afastar o “livro” a vontade. Por enquanto, o que falta eh tornar o oculos mais portatil. O ideal eh ele ser exatamente como um oculos de leitura. O proprio soft a ser usado ainda estah longe do idealizado.

Abaixo, o comercial que mostra a tecnologia no estado atual. Talvez nao seja ainda nada de surpreendente (o iPhone tem um aplicativo que usa AR e o PS3 tambem tem jogos que usam a camera e AR) mas futuramente, pode ser mais pratico que usar o ainda trambolho iPad.

http://answer.nttdocomo.co.jp/report/tvcm/future03.html

Meu ponto no assunto eh que o iPad nao apresenta ainda uma alternativa aos livros, e sim uma nova midia, com uma linguagem e uma recepcao muito diferente da que temos dos livros, assim como eh ler numa tela de computador. Alias, o iPad nos aproxima mais dos computadores do que dos livros por enquanto.

280532292_847057026a Portanto, acho que ainda estamos um pouco distantes de qualquer revolucao das comunicacoes impressas. Os livros ainda vao existir. Os gibis ainda vao ser impressos. E ainda vamos ter que arcar com nossas pilhas, desastradas, mas ao mesmo tempo, orgulhos de nossa vida literaria.

Mas nao custa nada ficar de olho e experimentar essa nova praia e as possibilidades que ela proporciona. Ainda com um peh pra tras, pronto pra fugir antes do castelo de areia ruir, claro.

3 ideias sobre “Os quadrinhos do futuro”

  1. não é a mesma coisa, por exemplo, o sentimento do colecionado ‘ eu tenho tal coisa’ se perderia. O fato de poder tocar, mexer do jeito que eu quiser, o cuidado que vc tem com o papel para que ele não rasgue, nem amasse e prejudique sua coleção. Digamos que, o fabricante do papel tem uma área X, ele divide essa área pelo número de anos que a árvore demora para nascer, aproximadamente 6-7 anos, geralmente, e, digamos que ele planta na área 1 ( que é extensa então não dá para ficar plantando,em várias áreas ao mesmo tempo), no ano seguinte na área 2, e assim até a área 7, quando esta ficar pronta, a área 1 terá crescido, então ele removerá todas as árvores desse local, deixando, assim, a terra descansar por esse tempo, e utilizará essas árvores para fazer papel. Até recomeçar o ciclo.
    Isso é uma lógica capitalista de ‘não deixar o ouro acabar’
    Acredite, eu assisti uma palestra sobre isso.

    1. Aaron, vamos imaginar que isso realmente acontece. Em países em que o governo é monitorado, esse tipo de coisa não passa facilmente. Mas é pra isso que servem as importações.

      O Brasil é um dos maiores fornecedores de celulose do mundo. Agora, você vê o ciclo de replantamento acontecendo no Brasil? Quer dizer, a produção de toda essa celulose realmente acontece dessa forma?

      Eu gosto de papel, tu gostas de papel, nós gostamos de papel. E não vai ser hoje, mas um dia, o papel vai ter um papel secundário. Depois, vai ser um luxo. Quem sabe até sumir de vez. E isso também é um ciclo.

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