O mangá deve ser feito para o sentido ocidental?

MangaOcidental

Yo!

Saiu no Crunchyroll. Post de Scott Green, do Ain’t it Cool News. Bora ver!

Em uma discussão no Twitter com Kota Hirano (Hellsing) e Masami Yuki (Patlabor), o editor e palestrante Kentaro Takekuma, do Even a Monkey Can Draw Manga (Saru Demo Kakeru Manga Kyoshitsu – Curso de Mangá que até um Macaco Pode Fazer – sempre achei a tradução gringa polêmica…) soltou essa afirmação. Os mangás japoneses deveriam começar a pensar em fazer suas narrativas no sentido ocidental, da esquerda para a direita, para serem mais convidativos aos leitores no mundo todo. Ele cita que o inglês e o chinês, duas das línguas mais faladas hoje em dia, são línguas que seguem essa orientação e que se os japoneses se mantiverem teimosos e apegados à seus modos, perderão os leitores do mercado internacional. Com a expansão do conhecimento em criação de mangá, é questão de tempo até autores estrangeiros começarem a mimetizar com maestria a técnica dos autores japoneses, mas com uma afinidade cultural muito mais próxima do que os leitores querem ler em seu país. E enquanto os japoneses ficarem concentrados em tarados pela cultura japonesa, eles não verão um crescimento em sua difusão e aceitação.

Os dois autores convidados se mostraram relutantes. Apesar de Yuki achar a ideia interessante, Hirano achou tudo uma grande besteira. No entanto, ele fez um mangá para o mercado digital já com a orientação ocidental de começo.

Atualmente, o mangá é considerado um dos maiores produtos de exportação cultural do Japão, movimentando um dinheiro difícil de se ignorar pelos países que o consomem.

230px-Even_a_Monkey_Can_Draw_Manga

A versão americana do livro de Takekura

O que eu acho? Takekuma é meio polêmico. É o tipo de tiozinho que bate o pau na mesa e curte falar coisas que doem no peito de alguns. O que ele propõe é mudar um sistema de anos de sucesso, que os autores ficam estudando muito até chegar a um nível de maestria. Para um público consumidor, isso seria apenas uma questão de espelhar as páginas, mas muito da narrativa e indicatividade seriam afetados. Alguns autores refizeram suas páginas para o sentido ocidental, acertando detalhes das páginas para que a narrativa fluisse melhor, um trabalho bem maior do que só espelhar, já que envolve praticamente todos os processos de criação, que significa que o autor refaz a página do zero.

Isso pode parecer interessante pensando em mercado externo mas no mercado interno japonês, que ainda vende muito mais que qualquer país, isso pode ser um tiro no próprio pé.

Eu, pessoalmente, defendo que no Brasil, mangá precisa ser feito no sentido ocidental. Mas que o original japonês não pode ser espelhado, exatamente porque vai destruir algumas cenas e consequentemente, toda a experiência de leitura. Se isso pegar, deve levar ainda dezenas de anos até o Japão abandonar de vez o seu sentido de leitura. Mas pro Brasil e outros países que seguem o sentido, seria muito bom, acabando com um preconceito de mercado que acaba afetando a aceitação dos mangás como um todo. E você? O que acha?

15 ideias sobre “O mangá deve ser feito para o sentido ocidental?”

  1. Os mangás demoram pra saírem do Japão justamente pelo sentido de leitura. O mundo achou que nós leitores éramos incapazes de aceitar ou entender isso. Quando a febre começou pra valer o mundo se rendeu, e hoje temos mangás nas bancas. Não somos idiotas e entendemos que existem culturas diferentes das nossas.
    Não vejo motivo para o povo japonês se adaptar ao mundo, mas eles podem fazer se quiserem. Afinal, o mundo é livre e a arte também. Se eles acharem que é uma boa, não sou contra, mas se é uma ambição de vender mais, pode não dar certo. Pela minha própria experiência, um mangá não vende mais pelo sentido de leitura. O mangá nacional tem muitos exemplos disso. Muitos que desenharam no sentido ocidental fracassaram e não vendem mais que os que são no sentido oriental. Isso realmente, ao meu ver não influencia em nada nas vendas e nem na arte em si. Quem gosta de mangá simplesmente gosta do jeito que é. E eu duvido um pouco que os japoneses mudem o mangá por causa do mundo, eles são um povo que raramente muda algo. Eles são tradicionalistas demais.

  2. véio, mudar a orientação do manga é totalmente desnecessária para uma adaptação para o ocidente.
    o traço é mais relevante numa suavização e incorporação de traços de comics do que mudar a direção que se lê um manga ou uma comic.
    seria o mesmo que dizer para mudar o manga/hq da turma da monica, as comics da marvel e da dc ao contrario só pra fazer mais sentido pros japoneses.
    nao tem necessidade.
    ou mudar a lingua japonesa pros brasileiros entenderem, ou mudar o portugues e ingles pros japoneses entenderem.

  3. eu acho que cada um tem que ficar com a sua cultura e hábitos, não acho que os japoneses devam mudar isso, mas a questão de adaptar o modo de leitura para o ocidental, poderia realmente ampliar o público, mas seria 2x mais trabalho para uma profissão que já é muito desgastante!

  4. Pra mim iria tirar o chame… Tem coisas mais importantes como originalidade sem heróis Shinji ou Goku que não pegar a gostosa que daria até as orelhas por maluco e ele diz: só depois de casar. AFF ….

  5. Acho essa proposta meio complicada. Do ponto de vista prático, bem inviável, pois os japoneses não iriam aceitar fácil essa mudança. Só para quesito de comparação, os coreanos empregam a leitura no sentido ocidental em seus manwhas, mas quando estes são publicados no Japão, as páginas são refeitas no sentido oriental. Ao menos era assim um tempo atrás, quando os manwhas começaram a ser visados. E se os autores começarem a fazer no sentido ocidental, pode acabar gerando uma perda de público interno, que é o maior.
    Além disso, acho que a leitura em sentido oriental não é uma barreira tão difícil de superar para um novo leitor. Quando comprei meu primeiro mangá, bastou poucas páginas de leitura para acostumar com a diferença, e olha que sou leitor convicto, não passo um dia sem ler de livros a quadrinhos, e mesmo habituado com a leitura ocidental, não me vi tão perdido assim ao ler mangás. É mais uma resistência a diferenças mesmos que uma barreira de fato. Com o perdão de talvez estar sendo arrogante ou estúpido, mas é preguiça das pessoas, que preferem que outros se adaptem a seus hábitos a tentar algo diferente. Então deve um povo mudar sua cultura para agradar aos estrangeiros, pois eles não compram os produtos em sentido oriental? O que vem depois, mudar a forma como os escritores narram suas histórias? Me soa prepotente demais isso, e puxa, é mesmo tão difícil aprender a ler no sentido oriental a ponto de pessoas não comprarem por esse fato? Para mim ao menos foi mai um charme da coisa toda quando comprei meu primeiro mangá, ler “de trás para frente” era algo novo e estimulante.
    Enfim, acredito que se deve sim publicar as obras brasileiras em sentido ocidental, pois são brasileiras, e não por “facilitar para o leitor”. Os desenhistas e escritores estão habituados a usar esse sentido. Mas esperar que os japoneses mudem o jeito deles é exagero, e espelhar fica ruim, já vi obras espelhadas, perde muito da qualidade visual. Ou vão exigir que o autor refaça a obra, ou já a produza nos dois formatos, ocidental e oriental?
    Se é para melhorar as vendas no ocidente, que invistam em marketing e difusão, oras! Nada melhor que um bom “merchan” para fazer vender, e é mais plausível que mudar a cultura de um povo tão tradicional como o japonês. Se estivéssemos falando do Brasil eu até compreenderia, veja a reforma ortográfica e o exclusão de um dos fuso-horários nacionais, mas isso é outra história e já escrevi demais aqui…

    1. Não seria dificil pros japoneses, já que muita coisa já é publicada no sentido ocidental lá. Bem, um dia eu penso em voltar no assunto e falar disso, mas é bom essa discussão.

  6. Bobagem completa . Não faz o menor sentido pensar q o sentido da leitura possa atrair mais leitores de mangás ou não . Além disso tem q manda essa bixa pra merda pq ele tá tentando destruir uma cultura secular japonesa . E também quem compra mangás no ocidente provavelmente é otaku e que não se importa de ter os mangás no sentido oriental , e esse mercado nem se compara com o mercado de mangás do Japão . Então , eles devem tentar agradar os japoneses e essa opinião d bosta desse cara só serve pra fazer polemica e não dar resultado .

  7. Isso aê Xil! Essa é polêmica das boas!

    Tenho opiniões mistas!

    – Se eu pensar em “retorno financeiro direto”, é um baita tiro no pé lançar mangá em sentido ocidental. O Japão ainda é o país que mais vende/compra mangá, e a proposta é justamente sacrificar esse público. Somando a venda de mangás do resto do mundo, não chegaria às vendas do Japão… claro, que a proposta é reverter isso, mas temo que as perdas, e o impacto interno seriam grandes demais… talvez até fatal!

    – Se pensar em “Possibilidades”, fantástico! Pensem nas possibilidades, tu tem aquele sobrinho que não gosta de ler, e tu mostra um mangá onde ele pode ler direto!

    Não apenas isso, quantas pessoas achariam a revista na banca e comprariam de vontade própria e sem recomendação?

    ==============

    Numa nota extra… Mangá NÃO DEVE SER ESPELHADO…. espelhar e desenhar no outro sentido é completemante diferente!
    Pode parecer bobagem pra quem não desenha, mas faz muita diferença!

    Eu como ainda quero publicar minhas histórias aqui, já desenho em sentido ocidental, pois acho ridículo desenhar no sentido de uma cultura que não é nossa.

  8. Realmente seria uma ideia boa. Quantas são as pessoas que conheço que possuem a grande dificuldade de ler de trás pra frente ?
    O negócio é vender, e pra vender tem que facilitar, ser mais convidativo, isso ajudaria a novos leitores, sem dúvida.
    Concordo em deixar esse tipo de leitura para nós ocidentais, e de preservar o original no Japão.

  9. É engraçado isso, porque mexe na questão cultural do povo japonês. Uma vez comprei um mangá do Star Wars, que era espelhado, e me senti um pouco esquisito lendo. Não sei se por uma questão de costume ou porque esse espelhamento realmente prejudica, e muito, a arte do autor.

    Bem, eu julgo desnecessário estragar com uma característica tão interessante do mangá. Agora, produzir quadrinho no sentindo oriental em países ocidentais é meio esquisito mesmo.

  10. Comentei algumas vezes isso e tenho acompanhado as notícias. Quem sabe mais pra frente eu não volte no assunto? Dá um search e busca as anteriores por enquanto, espero que curta!

  11. Acho uma péssima ideia, perderia muito do charme de se ler mangá japonês aqui no ocidente. E como também acho que mangá no Brasil tem que ser feito com leitura ocidental não vejo sentido nos japoneses mudando algo tão característico deles.

  12. Ótimo post ! Sinceramente, penso que tentar implantar algo do gênero do nada, acabaria afastando um nicho mais fiel. Mas,não nego que a unificação dessa arte sequencial é algo a se pensar e de fato uma reformulação desse nível trará um reboliço a cultural oriental . Como fã de mangás e quadrinhos em geral, sempre pensei em tal mídia oriental como uma forma de leitura um pouco mais diferenciada, por assim dizer, por me fazer tentar conhecer e entender como é o seu sistema, sendo assim, ” por que ela não tenta me conhecer ?! “, isto é, (isso é uma super viajada aqui) ficaria feliz em saber que o público existente lá, se esforçaria em começar a entender os costumes ocidentais, mesmo que ainda de uma maneira muito crua .

Deixe uma resposta