Yo!

Não sei se isso vai virar uma coluna fixa, mas sempre que eu tiver ideia, pretendo fazer posts como esse. Nele, vou falar de figuras e peculiaridades japonesas que você pode gostar de saber. Hoje, sobre a carreira e vida otaku de uma precursora.

Kawori Manabe, bonitinha, com esse sorriso lindo, simpática, e com tudo em cima, começou sua carreira como modelo fotográfica quando foi convidada enquanto passeava pela primeira vez na vida em Shibuya, o bairro fashion japonês. Ela fez fotos de biquini, campanhas publicitárias e foi um dos nomes mais fortes no mercado competitivo das “Gravure Idols” (como eles chamam no Japão as meninas que fazem carreira só em ensaios fotográficos, como os que vêm no começo de algumas revistas de mangá).

Mas ela tinha algo mais por baixo de sua lata, que convenhamos, já vale sozinha. Quando foi para Tóquio pela primeira vez, foi para fazer sua faculdade de Ciências Humanas. Só fazer isso pode não surpreender, mas em um país como o Japão, onde o ensino superior é caríssimo (famílias começam a juntar dinheiro desde o nascimento da criança), só vai pra uma universidade quem realmente não tá pra brincadeira. E ela não estava. Em sua carreira, ela além de usar de sua beleza, já foi comentarista de notícias em telejornal, apresentou documentários, fez uso do cérebro dentro do corpo (que, vale lembrar, que corpo!). Ela foi uma das precursoras das “Inteli Idols“, as Idols que esbanjam inteligência como um tempero apimentado na receita.

Agora, se você é nerd ou otaku, vai gostar de saber que ela também é. E não só, ela foi uma das primeiras Idols a mostrar publicamente que era otaku e falar disso abertamente numa época em que ainda havia um certo receio. Claro, houveram outras antes, mas eram naquelas de “ai, eu adoro coisa bonitinha, tipo Hello Kitty” e Manabe falava de se disfarçar pra não ser reconhecida quando estava na fila pra comprar Dragon Quest! Antes das Idols de óculos, ela foi flagrada muitas vezes em momentos pessoais sem lentes de contato, outro tabu da época. Hoje, ela apresenta programas de óculos, sem problema.

Manabe Kawori não é apenas otaku, ela é completamente doida. Em um especial sobre Dragon Ball, reunindo fãs famosos da série de Akira Toriyama, ela se destacou, usando citações e se empolgando a ponto de dizer que casaria fácil se a proposta fosse como a do Goku para Chichi. Aliás, casamento e relacionamentos também afloravam seu lado nerd. Quem quisesse ter alguma coisa com Kawori tinha que ganhar dela no fighting game que ela estivesse jogando na época. Dizia que criou essa condição depois de brigar com um namorado que só perdia pra ela. Não tinha graça, e estar com alguém que não te empolga não é legal mesmo quando o que você faz com ele é jogar videogame, certo?

Sabe aquelas fotos do Facebook “A namorada Gamer?” Essa é real.

Quantas idols podem aparecer com naturalidade numa capa que tem “Star Wars” e “Final Fantasy” nas chamadas?

Duas coisas que ela gosta muito são queijo e álcool. Gosta tanto que ela tem certificado de provadora profissional de queijos e bebe bem, quase toda semana posta fotos de encontros com outras celebridades, com amigas…

Kawori também é geek, entende e curte tecnologia e tinha um blog muito antes do boom de blogs de celebridades que teve no Japão. É até hoje um dos mais frequentados e você pode ver fotos dela indo beber com as amigas e fazendo piadas com referências pop, de TV japa a Luta Livre, games, animes e tudo que você imaginar.

Suas pequenas peculiaridades tornaram ela uma idol que ia tão além do que o termo significa que logo ela se desvincilhou dele e passou a atuar como personalidade de TV, apresentando, participando de quadros de comédia, algumas participações atuando, como em Water Boys, e como dubladora, em um filme de Pokémon e sendo Keira Knithley na cópia japa de Domino.

Depois dela, as idols precisaram ser mais do que bonequinhas de carne e osso.

Bonita, inteligente, gente boa, sabe beber, curte animes, curte filmes, curte queijo e joga videogame melhor do que você. Casa ou não casa?