Hayao Miyazaki, otaku e mal-entendidos

Yo!

“Não, filho da puta, só falei que peidei, não tem nenhum sentido além disso”. Bora ver!

A polêmica da semana. “Diretor Hayao Miyazaki diz que o problema da indústria é ela ser cheia de otakus”. Oh! Mas esse velhinho, mesmo depois de aposentado não fecha a matraca! Quem ele pensa que é pra falar mal de quem lhe idolatra? Quem ele pensa que é? Hayao Miyazaki?!

A notícia foi alardeada no Rocket News 24, replicada de forma menos eloquente pelo Anime News Network, mas saiu originalmente de um post monossilábico de um blog japonês chamado Golden News. Mas foi um equívoco de tradução que causou toda a polêmica (que aliás, é bem tardia).

Na referida, telas capturadas de um vídeo mostravam Miyazaki no trabalho, animando uma cena e comentando em tempo real. Como no Japão é costume colocar legenda, principalmente quando o som é capturado de microfone ambiente, só as imagens já bastavam pra saber o que ele dizia.

E ele começa falando que quando faz uma sequência de animação, ele toma certos cuidados. Miyazaki diz:

“Nisso aqui, o que conta é se você consegue puxar de memória as nuances de uma criança. Você não consegue desenhar isso sem observar pessoas. Pessoas que não fazem isso… que não observam… Só sabem se gabar ou se expor. Vivem esse cotidiano”

(PERGUNTA DO REPÓRTER, CORTADA NA NOTÍCIA TRADUZIDA) “E isso se conecta com o fato de gostar ou não de pessoas?”

“Sabe, a animação japonesa não se baseia na observação das pessoas, praticamente. Está sendo feito quase que apenas por pessoas que não gostam de ver pessoas. É por isso que vira um ninho de otakus”.

-Otaku, aqui, pelos termos de compreensão japoneses, que não se refere apenas à fãs de animação, mas à todo bitolado, fanático.

O vídeo em questão parece ser um dos vários documentários de produção que a Nihon TV, parceira da Ghibli, faz sempre que Miyazaki se envolve em uma nova produção. Alguns viraram DVD, outros somente passaram na TV japonesa, mas muitos deles estão pelo Youtube e outros sites de compartilhamento de vídeo. Como não foi especificado, eu acho que seja da época de Ponyo, pelos designs de personagens colados na mesa. Ou seja, lá se foram uns bons seis anos, sete ou mais se levarmos em conta que quando ele foi gravado, ainda estava no meio da criação. Por que só agora, né?

Miyazaki sempre foi rabugento! Na época de Nausicaa, quando ele foi alardeado como diretor de Cagliostro no Shiro, o único filme de Lupin Sansei que é mais conhecido pelo subtítulo, Miyazaki foi o primeiro diretor queridinho dos otakus, que acabavam de ser criados. O fenômeno de fãs ardorosos de animação e mangá começou com Yamato (Patrulha Estelar), Cagliostro no Shiro e Gundam, quando o anime passou a ser uma religião, e por isso, o diretor recebe o cargo de pai dos otakus. Gostando ou não disso, até onde eu sei, ele nunca negou e até já comentou o assunto.

 

Mas a verdade é que o que o blog japonês viu como uma espécie de meme engraçadinho sobre os animes de hoje em dia (o autor parece ter essa inclinação, pelos posts), o RN24 transformou em um tablóide e o ANN transformou o da RN24 em uma notícia genérica, sabiamente tirando toda a gordura do texto. Não sei se é e nem quero ver isso como de má fé do Rocket News, mas a tradução muito livre e a omissão de um quadro transformou tudo aquilo em outra coisa.

Pelo contexto, eu leio aquilo como uma crítica aberta ao que se tornou o mercado de animes no Japão, uma indústria parasitada por um grupo de fãs, em um círculo fechado e finito. O que não é mentira, todo mundo sabe que as empresas de anime estão se rendendo às tendências do mercado de nicho e cada vez menos se produz animações para um público amplo. Para o velho Miyazaki, o motivo disso são criadores, que não se interessam por pessoas e, por isso, afastam as pessoas e aproximam somente outros como eles. Você já viu (ou está em) um grupo introvertido de otakus, não? Eles têm dificuldade de criar empatia com outras pessoas e por isso se fecham entre pessoas parecidas com eles. No mercado, isso está acontecendo na relação entre criadores e público.

Acho que o grande problema aqui foi de compreensão (apesar de o fato de cortar um quadro chave não ter descido muito bem…).

Se quiser, considera que acabou aqui.

Links

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(vai ser longo, PRE-PA-RA)

Eu gosto muito do Miyazaki porque ele é um diretor detalhista e cuidadoso. Ele cria uma arquitetura natural pros seus roteiros, pra cada cena, cada fala… e, como animador, para cada movimento. É como um teatro Kabuki, com movimentos mínimos, como o de dedos, coreografados à perfeição. Esse zelo extremo por minúcias é que torna o trabalho dele tão acessível e apaixonante. Porque os cuidados que ele tem são no sentido de tornar as coisas cada vez mais naturais, mais próximas do que realmente aconteceriam no nosso mundo. E assim, mais próximas das pessoas.

Existe uma regra pra criadores que é a do desprendimento da realidade. Você que vai criar algo fantástico, precisa entender que existe um nível de tolerância para cada público, um nível que define, inconscientemente, até onde as pessoas vão relevar a falta de regras. É aquilo de você aceitar que um homem pode voar na história, mas não aceitar que um homem pode voar porque ele tem asinhas nos calcanhares (acontece).

Namor_O_Principe_Submarino

As crianças têm um nível de tolerância alto, porque ainda desconhecem muito da realidade. Você não precisa explicar pra uma criança por que o Luffy se estica, ela ainda não faz ideia que os seres humanos não poderiam fazer isso! Ela aceita mais fácil. Um jovem não. Um jovem aprende a perguntar “por quê?” e começa a fazer associações mais complexas. Por isso, para jovens, o Luffy comeu uma fruta mágica que lhe deu os poderes. Existe um motivo. Mas não para um adulto. Um adulto é chato e diz que essa fruta não existe e não é cientificamente possível que o Luffy sopre seu dedo como um balão. Então, os adultos enxergam alegorias à sociedade e uma luta contra a desigualdade escondidas em uma aventura fantasiosa, em um engenhoso plano de subleitura. Esse é o brilhantismo de One Piece, poder ser lido por várias idades porque seu desprendimento da realidade funciona em níveis.

Existe uma outra categoria, que seria um desvio entre o jovem e o adulto. O adulto transformou os questionamentos do jovem em relação às referências de seu próprio cotidiano. Por isso, filmes, mangás, livros para adultos costumam ter pessoas normais fazendo coisas aceitáveis, como espiões, politicagem, romance, etc. Muitas vezes, usamos até uma espécie de “adultômetro” que distancia James Bond de Jason Bourne e de Edgar Hoover. Inconscientemente, fica cada vez mais difícil aceitar as mentiras bonitas da fantasia, mesmo quando queremos. E é isso que criou a crise do mangá (e dos comics, por coincidência) na década de setenta. Épocas com proporção menor de crianças e ainda em períodos de contestação, costumam dar menos atenção à histórias fantasiosas.

No mangá, isso gerou o gekigá, que tinha como filosofia cortar as asas da fantasia e deixar o quadrinho japonês mais sério e realista. Nos EUA, isso alterou diretamente os heróis, que passaram a lidar com problemas reais e a terem poderes e motivações mais bem explicadas. Não bastava o herói querer fazer o que é certo, agora ele tinha que ter uma motivação pessoal. Porque as referências de vida de um leitor adulto não aceita que uma pessoa possa arriscar sua vida por desconhecidos a troco de nada.

E é essa referência de vida que cria a nova categoria. Ela é feita de pessoas que foram da juventude para um caminho diferente. Não viveram uma vida adulta plena e não tiveram realizações de vida de um adulto comum. Não se frustraram no trabalho ou se apaixonaram pela mulher errada. De certa forma, ainda vivem sua juventude, mas de forma distorcida. Suas referências não são de vida, mas tiradas de mangás, livros, games e filmes.

Mas se esse referencial existe no entretenimento, qual o problema de receber através dele e não do convívio? É exatamente o filtro fantástico. Seus exemplos passam a ser a interpretação de alguém para a realidade e seu discurso passa a ser o resumo do discurso alheio. Ou seja, a realidade desse tipo de pessoa é insossa. E ainda pode estar cheia de equívocos, pois depende da interpretação da pessoa e da capacidade de se expressar da primeira. É ter como referência de vida as páginas de um livro qualquer. É ser otaku, pelo sentido mais pejorativo possível.

Agora imagine o que faz esse tipo de pessoa quando cria algo… Suas histórias são baseadas em outras histórias. Ele não tem o que contar porque ele não viveu, não viu, não sentiu. Mesmo que ele tenha a intenção de fazer uma história realista, o máximo que ele poderá fazer é uma história baseada no que ele considera ser a realidade, algo como narrar um jogo de futebol através do que você ouviu pelo rádio. E a tolerância de desprendimento do público em geral não bate com o nível das pessoas, mesmo em níveis mais baixos de um público adulto. E levando em conta que estamos em uma era de baixa natalidade, o público infantil e juvenil não vai manter um mercado como no passado.

É por isso que muitos editores pedem que autoras de mangá de romance vivam romances. Porque o público, mesmo que não entenda por quê, vai negar uma história que não pareça ser possível, vai fazer associações com experiências pessoais e com histórias de amigos. E se lhe parecer estranho, o público vai cortar, sem dúvidas.

UFA!

Agora volta à o que o Miyazaki disse.

Ao ser perguntado sobre como ele faz seu trabalho, ele explica que sua animação causa uma impressão diferente por causa de seus cuidados, observando nuances das pessoas reais e memorizando seus movimentos. Não sei o que eles conversaram antes, mas logo depois, o diretor faz um desabafo bem discreto. “As pessoas não fazem isso. Elas me perguntam como eu faço, mas elas não querem fazer o que eu faço”.

A pergunta do repórter dá a entender que eles já estavam conversando sobre algo, ou ele tentou forçar uma situação e conseguiu. A declaração dele sobre o mercado de anime, ao mesmo tempo que é um complemento ao desabafo anterior, é uma resposta ao repórter, falando sobre “pessoas que não gostam de pessoas”. A temática de Miyazaki, de pessoas que se conectam com pessoas, está em todos os seus filmes. É tema central de Sen to Chihiro no Kamikakushi (A Viagem de Chihiro), que de acordo com o diretor, é para as crianças de hoje em dia, que não sabem falar com outras pessoas e não sabem se portar em sociedade, dependentes de pais preguiçosos como porcos gordos. O próprio Kaonashi, o fantasma preto de máscara, é uma alegoria ao otaku, uma versão ainda mais preocupante de criança introvertida. Aliás, fica indefinido se o Kaonashi é realmente uma criança ou um adulto que não cresceu.

Mas para mim, a resposta do Miyazaki, assim como a resolução de Sen to Chihiro, é a de um pai preocupado, não a de um crítico ácido. Nas imagens, ele foca seu olhar em seu trabalho e fala sobre o que ele mesmo criou, com a desaprovação que vem do amor pela profissão a qual ele devotou sua vida, como um pai prestes a se aposentar que chega do trabalho e encontra o filho quarentão lendo mangá de cueca, deitado no sofá, com um prato sujo do almoço deixado por horas em cima da mesa. Os animes estão assim, fechados dentro de casa, mimados e que quando querem fazer algo significativo, acabam se voltando ao passado. E no final das contas, ainda estão sendo sustentados por gerações passadas.

A resposta ele já deu. Mas a indústria realmente quer mudar?

37 ideias sobre “Hayao Miyazaki, otaku e mal-entendidos”

  1. Excelente texto Sakuda! Gosto do seu estilo de escrever justamente por ele convidar o leitor a interessantes reflexões!

  2. Ótimo post! Toda temporada nova eu procuro por um anime bom que fuja desse ”nicho”, que não se importe muito com fan service, mas quase sempre eu me frustro… não querendo generalizar, mas as vezes falta um pouco de originalidade dos autores pra sairem desse ”ciclo”.

  3. Concordo plenamente o que o Miyazaki falou, isso reafirma o meu respeito que tenho por esse diretor, o maior problema da indústria de animes e mangás japoneses é girar em volta de obras vazias e alienatórias invés de girar em volta de obras com qualidade que tragam uma mensagem bonita ou útil (Que nem na discussão desse assunto no EMD, a indústria deveria girar em volta de obras que mexem com o coração e a mente das pessoas, não com suas genitálias). Não que seja errado fazer obras bobas girando em torno de fanservice, moe, irmãzinhas e peitos, o problema surge quando a indústria fica só nisso, ofuscando as obras realmente boas. Mesmo com o foco no dinheiro, porque não ganhar dinheiro fazendo algo de qualidade, como por exemplo a Jump dos anos 90?
    Acho que a função principal desse tipo de mídia deveria ser entreter ou gerar uma reflexão, e não isolar e alienar.

    Com relação ao realismo nas obras, não vejo problemas em ler obras com elementos fantásticos desde que estes sejam bem fundamentados. E referindo-se ao gênero seinen voltado para adultos, embora o realismo da história seja algo que atrai mais essa faixa etária, a mensagem, o detalhamento e a profundidade da obra também são elementos importantes, tanto é que existem obras de fantasia adultas, como por exemplo Berserk. Ouro exemplo bom é Hoshi no Samidare (que teve Manga² e review minha) que usa uma temática battle shounen para passar uma mensagem diferente voltada para pessoas que estão entrando na idade adulta.

  4. Se a gente gosta de uma coisa, quem é você para julgar?
    E ele não pode falar nada, todo ser Humano tem um gosto diferente, tem gente que gosta de Ação, tem gente que gosta de Drama, tem gente que gosta de Todos. eu por exemplo Gosto muito de Drama e todos os outros gêneros, menos Mecha.
    Meus Animes favoritos é Ano Hana e Ao no Exorcist. Isso não tem nada de vergonhoso e errado.

  5. nunca pensei muito sobre esse assunto,mas realmente anime é um nicho que dificilmente atrai quem nao conhece do assunto. dificilmente gosto de animes mais novos ,sempre assisto obras mais velhas. pra um psycho pass que realmente foi um otimo anime recente, aparecem outros 20 sem conteudo ou só no esquema ecchi/moe.

  6. E triste mas e verdade, a analogia do pai encontrando o filho quarentão e perfeita, o animes seguem nichos do passado e isso cria um ciclo vicioso de Otakus que se prendem a tendencias, eu não vejo mais animes (algumas exceções) por que não gosto dessas tendencia supérfluas e superficiais.

  7. Muito bom o texto, Sakuda. Isso que o Miyazaki falou é uma coisa que eu já tinha notado há um certo tempo, mangás (ou animes) baseados em outros mangás do mesmo tipo, feitos somente pra agradar o nicho otaku, cheio de fanservice e todas aquelas coisas que enchem o saco.
    As vezes me deprimo com o nivel a que certos animes chegam ( e o nível a que certos otakus chegam também, cada situação q eu já vi por aí ¬¬’). Pois é, tem que chegar uns corajosos no Japão pra quebrar esse ciclo, até lá, esperemos pra que não piore mais.

      1. 3
        Sobre otaku nunca gostei dessa definição boba, eu pelo menos curto anime como um programa de entretenimento qualquer (jogo, flme, programa etc)!
        Eu vejo pq me agrada e não pq é anime!
        As pessoas deviam lembrar disso as vzs, fora com os fanatismos e rotulos bobos!

  8. Ótimo testo Sakuda! Está de parabéns! A indústria precisa de mais pessoas como Miyazaki esses dias…

  9. Nunca gostei, do termo otaku,
    Mesmo sabendo que hoje esta um pouco diferente, ainda sim acho meio chato.

    Porque eu não tenho certeza, mas depois de que eu fui em um evento de anime que não vou dizer o nome, eu fiquei assustado com o comportamento de alguns, pareciam retardados, se fosse crianças eu não ligaria, mas era homens barbados heauwhu e mulheres já feitas se comportando como malucos.Fiquei com vergonha, fiquei no evento fazendo compras e depois fui embora, me senti meio bobo junto a eles.

    Coleciono Mangas, adoro Animes e vivo acompanhando as séries que mais gosto. mas nada que seja considerado vicio, acho que tudo que vira vicio acaba sendo algo prejudicial a vida.

    Pessoal o que eu disse foi só uma opinião. ehauw não tenho pre-conceito nem nada de quem gosta de se comportar como um personagem de anime 24 horas por dia. ehawuh

    1. Têm coisa equivalente a ser otaku.
      Já ouviu falar nos “fanboys” e “fangirls”? São denominações usadas nos EUA e que têkm o mesmo peso do termo “otaku”, e é usado para dizer que alguém é fissurado/a por comics americanos, cartoons e séries da TV. Eles também podem ser tão desagradáveis como os “otakus”. E quem sofre com isso é a indústria dos comics americanos, refém dos ditos “fanboys” e “fangirls”.
      E se você acha que não há coisa mais desagradável do que “otakus” ou “fanboys/fangirls”, então é por que você ainda não ouviu falar dos “bronies”, como são conhecidos os fãs (a maioria adultos barbados) de uma obscura série infantil chamada My Little Pony. Veja no link abaixo:
      http://revistaepoca.globo.com/Mente-aberta/noticia/2012/02/por-que-marmanjos-gostam-de-poneis.html
      E por falar nessa série, parece que “bronies” e “otakus” têm algo em comum, a julgar pela matéria abaixo:
      http://www.sankakucomplex.com/2014/02/04/finally-my-little-pony-moe-anime-surfaces/

      Depois de tudo isso, o que dizer?

    2. Pois é, eu na verdade nem fui em um evento de animes pois eu sei o tipo de pessoas que frequentam esse local. Como vc, eu sou bastante controlado em relação a animes, é apenas um dos meu Hobbies e não um estilo de vida como é para alguns. Eu também odeio o termo Otaku, para mim ele soa pejorativamente. O FODA é de vez em quando se comparado com os Otakus só porque vejo animes, não pelos meus amigos, eles sabem que eu vejo animes e até me zoam de leve(sabe, aquelas zuaçõe que até mesmo quem ta sendo zuado acha engraçado), mas são super gente boa. O problema mesmo é com a minha mãe que fica falando: “Ah! Você tem que parar de ver esses desenhos, já tem 17 anos na cara. Vai acabar ficando igual o filho do Carlinhos q tem 28 anos na cara e parece um retardado” É como se automaticamente o fato de ver desenhos me tornasse um retardado, mesmo q eu aja de forma mais madura que muita gente mas velha do eu ¬¬

    3. Pra mim, o termo “otaku” é superestimado por quem se considera um; e subestimado por quem insiste em dizer que não é, que ao invés disso é “cool” e “underground”.

      Na boa? Retardado é aquele que está em qualquer um desses extremos. Exemplos? Conheço muito “otaku retardado” que paga as contas de casa; e muito superior intelectual que tem esses mesmos 28 anos citados pelo camarada aí em cima, mas que ainda mora com o pais e nem tem previsão CONCRETA de sair de casa.

      Sinceramente, eu sou fã de animes e mangás, curto bastante. Gosto dessa mídia. Tenho coleção de mangas e alguns action figures. Se me perguntam se sou otaku, digo que sim sem o menor problema; se não perguntam, não digo nada e pronto. Vivo a vida sem julgar ou me preocupar em ser julgado.

      “Otaku” pra mim (e deveria ser para todos os não-japoneses) é apenas uma palavra, não há nela anos e anos de preconceito embutido que há para o japonês. Se preocupar com isso ou ficar cagando regras na definição de uma palavra que nem existe no nosso vocabulário é, na minha opinião, estar no segundo extremo, retardadice.

      Quanto aos eventos, eu já tive essa mesma percepção de vocês, mas eu cresci, hoje vejo de forma diferente, acredito que seja apenas um dia onde todos “podem ser retardados e ponto”. Sou bem tranquilo em eventos, assim como você, mas não me preocupo com o público de lá, tem públicos piores, basta ir a uma balada ou barzinho e reparar a quantidade de gente retardada ao seu redor, não precisa ir a um evento de anime, aliás, pelo menos lá não tem ninguém fumando ou vomitando litros de cerveja no banheiro. E cá entre nós, 90% do público de eventos de anime HOJE é molecadinha de 12 a 17 anos. É até bom eles serem “retardados” agora, porque sabemos que quando chegarem aos 28 anos o que não vai faltar é gente pra te apontar os dedos e dizer o que você deveria ser, tipo que nem a mãe desse cara aí que postou acima de mim.

      1. Entendo o seu ponto de vista Lucas, muito interessante a forma que você analisa a situação, mas ainda sim não gosto do termo “Otaku”, assim como muitos homens sexuais não gostam do termo “Gay” eu particularmente não gosto de ser chamado de Otaku.
        Apenas a minha opinião.Eu queria pedir desculpa se o ofendi de alguma forma no comentário acima. Até mais.

        1. Ah, tranquilo. O que quis demonstrar é que não acho o termo “otaku” um big deal. Tipo, é apenas uma palavra, sabe? Igual o comportamento da galerinha em eventos, não é um big deal/grande problema, é apenas um pessoalzinho away se divertindo do seu jeito. Público problema pra mim é o que frequenta estádios de futebol, baladas, bar… no final, os “retardados” otaku é o menor dos problemas do “mundo otaku”, não é big deal.

  10. Muito bom o texto, Sakuda xD Até agora, o unico filme q vi do Miyazaki foi Chihiro, se o tempo permitir quero ver todos, já que tenho Nausicaa, Laputa, Gendo Senki etc baixados aqui

      1. Serio? como n assisti nem sabia, é q eh do Ghibli, então…
        Acredito que o correto seria dizer que quero assistir todos os filme do Studio Ghibli, não exclusivamente os do Hayao Miyazaki

  11. sempre culpei os Otakus pela rejeição que algumas pessoas tem por mangá/anime ou cultura japonesa no geral, no brasil eles se chamam de Otaku e nem sabem o que É Otaku, aqui se vc perguntar o que é Otaku vão responder ”é quem gosta de anime/mangá”, mas no Japão que eles veneram isso é praticamente um insulto a pessoa, fanatismo é algo terrível em qualquer área, mesmo no entretenimento

    1. Não, hoje em dia é um termo muito mais abrangente, por isso não é nada tão pejorativo assim. É mais ou menos como nerd, começou como insulto, mas hoje tem até orgulho nerd. E otaku não se refere apenas à anime e mangá, mas qualquer coisa que você seja fanático a ponto de não sair de casa, como futebol, bolsas de marca, Hello Kitty, musculação… Qualquer coisa mesmo.

  12. Em outras palavras, “O moe está matando a indústria”. Engraçado que a entrevista é de tempos atrás, mas esse assunto da “decadência” da indústria é sempre debatido, e acho que passou a ser mais discutido depois que SnK estreou, por ser algo que agradou além do nicho.

  13. Otimo post , senti que foi direcionado pra min eu ainda to na faze jovem,mesmo que ja devia estar na faze adulta, estou cada vez achando que me tornei um Otaku no sentido real da coisa la no Japão ,mas como sou burro e preguiçoso vou aprender com a vida profissional , vou levar muito esporro do patrão ainda …

    Respondendo a pergunta : Não, a industria não quer mudar o publico não aguenta essa mudança é a mesma coisa das novelas na globo sempre seguindo a mesma formula por que faz sucesso , as crianças aprendem com os pais a gostar daquilo e quando crescem vão passar para os filhos e assim vai …

    Ate a próxima … fuii o/

      1. pera ai vc está em uma ”Faze”?? o que é isso? é que nem “Fase” só que com estilo Otaku? EUAHUEHAUHEUAHUEHAUH Sakuda seu cavalo fulero

      2. Os noveleiros tem filhos… :D

        Vai que tem um Otaku por filhos ae ele sai pegando as mulheres e tendo filho com elas… :D

        1. Noveleiro tem o Antonio Fagundes como exemplo. Ele na última novela fez filho até na parede! Aliás, o exemplo de promiscuidade das novelas incentiva os fãs a terem filhos com todo mundo. Já os animes…

          1. “Noveleiro tem o Antonio Fagundes como exemplo. Ele na última novela fez filho até na parede! Aliás, o exemplo de promiscuidade das novelas incentiva os fãs a terem filhos com todo mundo.”
            Isso prova que as novelas brasileiras são mais perniciosas (como diriam os puritanos de plantão) à formação da infância e da juventude do que muito anime por aí, apesar das cenas de violência, sexo, etc. que porventura hajam neles. Porque será?
            Provavelmente, porque ver pessoas de carne e osso em cenas de sexo e violência influenciam mais as pessoas, em especial, as crianças e adolescentes, do que ver tais cenas sendo protagonizadas por personagens animados ou de quadrinhos. E, no entanto, têm pais que não só permitem, mas também incentivam os filhos a gostar dessas novelas. Os mesmos pais que não querem que os seus filhos assistam animes na TV, dizendo que é violento, deseduca, erotiza, etc.
            Falando em promiscuidade, talvez as novelas brasileiras possam incentivar os japoneses a transarem mais e a terem mais filhos, revertendo a tendência atual.
            Não que seja uma solução isolada, entenda-se, mas poderia, juntamente com mudanças fundamentais na economia, na previdência social, no mercado de trabalho, na política de imigração (com a abertura do país para a entrada de imigrantes não-japoneses que queiram trabalhar e se estabelecer no país), no sistema educacional, no sistema tributário e na oferta de imóveis residenciais (mais imóveis espaçosos para se criar uma família de forma mais adequada, ao invés dos minúsculos espaços nos quais os casais japoneses vivem atualmente), ajudar a aumentar as taxas de natalidade no arquipélago.
            Se bem que, há aqueles, dentro e fora do Japão que já não acreditam mais numa reversão das tendências atuais. Para eles, a única saída para o povo japonês (incluindo os ainus e okinawanos) é mudar-se para um país de dimensões continentais.
            E, lá no fundo, o governo americano pode estar desejando transferir a população do arquipélago para os EUA para, em seguida, transformar o Japão (do extremo norte ao extremo sul) numa imensa base militar americana (sob controle da Marinha e da Aeronáutica), por causa de sua posição geográfica estratégica, entre a China, Coréia do Norte e Rússia e os EUA. Se isso acontecer, é bem provável que os militares instalem os mísseis nucleares ao longo do território japonês, uma vez tendo relocado a população japonesa (além de suas empresas, fábricas, estúdios de cinema e animação, etc., o que será interessante para aumentar a hegemonia econômica, industrial e cultural dos americanos). Não será surpresa nenhuma se tudo isso vier a acontecer futuramente.

          2. Cara, na zuera mesmo, teu comentário foi igual Samurai Flamenco. De novela vc foi pra militarismo.

    1. A diferença é que novelas são cultura de massa, o espelho escapista de um público maior; os clichês (para o bem ou para o mal) fazem parte da fórmula de entretenimento que dá sucesso, ainda que às vezes (muito raras) se permitam “””ousar””” um pouco. A indústria criticada na matéria alimenta um perfil bem mais específico (o recluso, consumista, saudosista e autoindulgente em sua Terra do Nunca repleta de idealizações = otaku), porque é menos arriscado e, portanto, o lucro é certeiro.

      1. “…novelas são cultura de massa, o espelho escapista de um público maior,…”
        É por esse motivo que o nosso povo continua na merda em que está. Enquanto buscam refúgio no escapismo das novelas, onde no final os bandidos se dão mal, lá fora, no mundo real, o crime, a corrupção, o descaso com o povo em suas várias formas, as irregularidades e outros problemas que assolam o nosso país continuam deitando e rolando sem que nada seja feito para pôr um paradeiro em tudo isso.
        Depois, o povo reclama de todos esses problemas e não sabe o porquê da situação continuar do jeito em que está.
        Se querem mudar, MESMO, alguma coisa, o povo têm que fazer mais do que apenas reclamar ou fazer protestos nas ruas, como no ano passado.
        Têm que aprender a votar certo, encarar as eleições de forma mais séria, deixar de brincadeira com o voto, deixar de ver eleição como se fosse um concurso de beleza ou de popularidade (vide o caso do Tiririrca, que foi eleito mesmo sem saber nada sobre o cargo a que se candidatou, tanto é que acabou saindo da política mais tarde), pesquisar cuidadosamente cada candidato, inclusive o passado político dos candidatos.
        E, é claro, fazer a sua parte como cidadão: não aceitar suborno, não pagar propina não subornar o guarda de trânsito, não jogar lixo onde não se deve, não depredar propriedade pública ou particular e não permitir tais coisas, denunciar irregularidades, pedir sempre a nota fiscal nas compras em estabelecimentos comerciais, por menor que seja o valor, etc.
        Se todos fizerem a sua parte e cobrarem das autoridades e dos representantes eleitos o que o povo espera deles, um dia esse país será como as nações desenvolvidas, como os EUA, por exemplo.

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