Crunchyroll e o ataque aos titãs do mangá

Yo!

Faz um tempo que eu estava vendo esses ventos soprarem pra cá. Bora ver!

É oficial! O site de streaming de animes Crunchyroll anunciou que seu serviço de mangás, antes só disponível para os gringos, agora vai estar presente em outros países de sua atuação. Incluindo o Brasil.

Veja a notícia no Gyabbo!

CRUNCHYROLL MANGA AGORA DISPONÍVEL NO BRASIL E EM PORTUGAL /Gyabbo!

De começo, isso não significa um ataque formal às editoras, já que o material será exatamente o mesmo que é publicado pelos anglófonos, ou seja, só quem sabe ler inglês irá se beneficiar disso. Mas a ideia é que no futuro, todo o material seja traduzido para as línguas nativas. O que isso significa? Que teremos mangás publicados simultaneamente no Brasil, oficialmente, pela primeira vez na história. Sim, porque o Crunchyroll tem várias séries em simulpub, que é uma versão do simulcast deles, que significa que a série sai no mesmo dia que os japas colocam suas mãos fétidas e calejadas de cumprimentar idols nelas.

E o que isso mudaria no Brasil?

É sabido que o mercado ocidental não se adaptou bem ao formato magazine que é a lei no Japão. A própria Shonen Jump americana fechou sua edição impressa. A forma que eles descobriram funcionar melhor é a publicação virtual simultânea, de baixo custo, maior agilidade e competitivo com as versões não oficiais, os scans. Eles recebem o material ao mesmo tempo que as editoras japonesas e trabalham em tradução e adaptação no mesmo período em que a edição japonesa é trabalhada. Talvez a única forma de levar vantagem em velocidade, é porque o sistema de distribuição japa envia as edições com dias de antecedência e manda a ordem de soltar só no dia de lançamento, coisa que quem lê scans sabe que muito cara não respeita.

No Brasil, apesar de muitos mangás até estarem bem perto da edição japonesa ou até estarem paradas no mesmo ponto, ainda é em relação aos tankohons, encadernações que juntam os capítulos periódicos. Como essas edições saem, na melhor hipótese, em três meses, com alguns com um ano de diferença (caso de séries mensais), não tem como dizer que é “publicação simultânea” mesmo em casos como o volume final de Evangelion e Resident Evil, que foi lançamento internacional simultâneo. Os capítulos em si já haviam sido publicados muito tempo atrás.

Portanto, depois do anime oficialmente lançado no mesmo dia que no Japão, agora teremos mangás. E da mesma forma que fizeram lobby aos fansubs na época, agora fazem aos scans. “Não vai ter qualidade, você vai ver!” “Muito caro, muito caro! Eu vejo tudo de graça!” e outras espertezas. Amigo, não é nem 20 reais, pra ver mais animes do que você consegue assistir e ainda ler mais mangás do que você consegue ler! E a qualidade? Bem, eu tenho algumas ressalvas contra algumas traduções do Crunchyroll anime, mas nenhuma grave ou que mude a compreensão. O trabalho tá de parabéns.

Fala OTAKU 36 – Tradução e Adaptação

E o que será das editoras? De começo, acho que muitas delas terão dor de cabeça. Vou explicar. No contrato de cessão de direito, você especifica todas as formas de publicação que você deseja. Isso não impede, por exemplo, de alguém negociar os direitos para publicar em papiro ou alguma mídia nova. Por isso, o ideal atualmente é especificar direitos totais de publicação ou colocar todas as mídias possíveis e imagináveis, mesmo que elas sejam inviáveis hoje, pois podem ser realidade amanhã. Se não fizeram um bom contrato, a Crunchyroll pode ter esmagado no rolo compressor (hein? hein?) e se apropriado da permissão pra publicação digital.

Mas isso é apenas o começo. A verdade é que tudo pode ser negociado e o mercado pode absorver isso de forma positiva (ou não, muito pelo contrário). Porque eu acredito que praticamente todos que compram mangás físicos hoje sabem que podem ler por scan em português por aí, mas tem seus motivos para querer ter os volumes em papel. Eu, por exemplo, gosto de papel, simplesmente. Fulano pode querer ter uma prateleira bonita.

Mesmo trabalhando para o meio editorial, eu vejo com bons olhos a mudança. Ela traz um sistema ao leitor que facilita tudo pra ele e pode ajudar a trazer mais e mais público, que vai assistir animes e pode se interessar em algum mangá e então vai atrás e descobre outro e outro… O vício sempre começa com uma dose amiga!

Vamos ver o que o Crunchyroll vai fazer nos próximos meses. Ah, e se precisar de um tradutor, estamos ae! (jamais perco um merchan ou uma oportunidade!)

 

23 ideias sobre “Crunchyroll e o ataque aos titãs do mangá”

  1. Eles trouxeram já alguns títulos que eu duvido que aparecessem por aqui em publicação normal, o que pra mim já foi uma maravilha, já que tem mangá que eu não achava em scan daqui.
    Os únicos mangás que me esforço pra ler virtualmente, porque não gosto nada de ler mangá online, são shoujos, então enquanto o crunchy trouxer shoujos bons eles tem o meu total apoio.

    O único lado ruim é que eles colocaram os doramas junto com o premium de mangá, e eu com minha reles assinatura anime tenho que esperar uma semana a mais pelos meus doramas.

  2. mas sera q o crunchroll so vai ficar no mainstream . so pra se garantir ou vai arriscar outros titulo menos conhecido. ou ficar so na shueisha kadokawa e shogakukan. eis minha duvida………………..nossa eis , to ficando velho

    1. Olha, tem umas paradas lá que já não podem se encaixar no que conhecemos como mainstream, então acho que eles vão investir em ambas as frentes.

  3. Espero que os mangas no Crunchyroll derem certo pois poderá abri os olhos de nossas editoras a mídia virtual e para certos títulos que eles menosprezam com shoujos em geral

  4. Eu queria ver mais mangás antigos sendo publicados (Que não fossem só Tezuka e CLAMP), como por exemplo classicos como Kinnikuman, Touch, Urusei Yatsura, Doraemon já que nem scans nem editoras trazem quero acreditar que o CR possa trazer.

      1. Mas eu só gosto de ver animes e mangás já finalizados, não gosto de ficar acompanhando os novos, então Crunchyroll não funciona pra mim não…

        1. Funciona, sim!
          Os episódios não são retirados de lá. Por isso, você pode ver, e rever, animes e mangás finalizados, a vontade lá.

          1. Apenas para cita alguns títulos do acervo em Pt que não são moezinhos da temporada, Daiya no A, Fate/Zero, Gatchaman Crowds,Gintama,Hayate no Gotoku!,Jinrui wa Suitai Shimashita,Hunter x Hunter,Kaiji,Kokoro Connect, Kyousougiga, Little Busters!,Little Witch Academia,Log Horizon, Magi,Tonari no Kaibutsu-kun,Natsume Yuujinchou,Shin Sekai Yori ,Gin no Saji,Uchuu Kyoudai,Eve no Jikan,Tonari no Seki-kun,Senyu.
            Ninguém está ter mandado gosta do Crunchyroll e usa-lo mas busque conhece seu acervo um pouco mais ter vários títulos bons ou ótimo no CR

          2. Só pra deixar claro, meu problema não é pagar o Crunchyroll, eu sei que 20 conto é uma mixaria. (e eu ganho bem, obrigado.)

            mas obrigado pelas sugestões!! o/

          3. Eu entendi seu motivo deste o inicio, basicamente é que o acervo em geral não ter atrai, por isso que indiquei alguns títulos que considerei que você poderia se interessa. Em momento algum mencionei que a razão que poderia fazer você não assina o Crunchyroll fosse a financeira, isso pois você em um dos seus comentários menciona que no acervo de mangas não tem títulos de seu interesse, sendo assim é fácil ver que está é a razão com os animes também.

  5. Eu acho que o Crunchy não irá tornar-se adversário das editoras de papel… Eu acho que inclusive torna-se um aliado. Normalmente quem compra encadernado, é porque quer ter coleção, e pessoas que conhecerem um mangá pela leitura online podem se interessar em colecionar.

    Prova disso está em One Punch-man que publica online e vende muito, ou até mesmo o Ledd como exêmplo nacional.

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