Boletim do Dragão – 1 – A Origem de Dragon Quest

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Estreando minha nova empreitada no XIL, Boletim do Dragão, onde trarei diversos assuntos relacionados à Dragon Quest!

Já fazia um tempo que eu queria redigir este artigo e fiquei satisfeito com o resultado final que obtive. Ainda há muitas coisas que eu preciso saber sobre Dragon Queste e games em geral, mas continuarei buscando essas informações ao longo do percurso da vida. Agradeço sinceramente ao Fabio por acreditar no que faço e espero que meus textos melhorem cada vez mais. Boa leitura.

Para que não fiquem pontas soltas nessa história, voltemos alguns anos antes do lançamento de Dragon Quest em 1986 no Japão, mais precisamente, em 1982 quando a Enix sua publisher, tinha começado a dar seus primeiros passos na indústria dos jogos eletrônicos. A fim de se tornar uma referência no mercado de jogos para computadores pessoais daquela época, a Enix promoveu naquele mesmo ano o First Game Hobby Program Contest, uma competição saudável entre desenvolvedores anônimos de games.

Esse foi um dos campeões do concurso e chama-se, Love Match Tennis, de Yuji Horii.

O objetivo da Enix através do concurso era revelar futuros nomes da indústria e com eles formar o time inicial de desenvolvedores com quem trabalhariam. Ao final da competição o resultado não podia ter sido melhor: foram 13 games adquiridos, dos quais, dois venderam acima de 10 mil cópias cada, enquanto outros três títulos alcançaram três mil cópias vendidas. Para os padrões de venda dos jogos de hoje, talvez, soe estranho 10 mil cópias vendidas causarem tanto alarde, mas considerando que ainda estávamos no inicio da popularização dos videogames em 1982, os números são, de fato, impressionantes.

Yuji Horii

Yuji Horii – o pai de dragon quest

Mas não foi só em números que a Enix se beneficiou por meio da competição, ela conseguiu o que mais queria e o que precisava: desenvolvedores novatos com grandes aspirações. Do seleto grupo contratado pela empresa, vale destacar dois nomes chaves na criação de Dragon Quest, Yuji Horii e Koichi Nakamura. Horii que tem formação em literatura atuou por algum tempo como escritor freelancer em jornais, quadrinhos e revistas, sendo seu trabalho mais notável uma coluna sobre games que mantinha no periódico Shounen Jump, da editora Shueisha. E, Nakamura era considerado um prodígio da programação ainda nos tempos de colégio, quando trabalhava em diversos projetos amadores.

Antecedendo o trabalho que ambos viriam a fazer juntos em Dragon Quest, Horii lançou no mercado em 1983, um adventure chamado Portopia Renzoku Satsujin Jiken, para NEC PC-6001, tendo ganhado ports para diferentes computadores algum tempo depois. Mas foi em 1984, um ano depois de sua chegada aos PCs, que em um trabalho conjunto Horii e Nakamura levaram Portopia ao Famicom (Nintendo Family Computer). Por mais cansativa que toda essa história possa ser, se faz necessário falar desses detalhes, já que em 1986 anos depois deste primeiro trabalho em dupla, Horii e Nakamura voltariam a unir forças, dessa vez, para criar a galinha dos ovos de ouro da Enix e o xodó dos gamers japoneses, Dragon Quest.

Tela do gampelay de Portopia.

Tela do gampelay de Portopia.

Inspirados pelos RPGs ocidentais como Ultima (1981) e Wizardry (1891), Horii e Nakamura, desejavam transpor o sistema complexo de ambos os títulos e usá-los de forma mais simplificada para atingirem um número maior de jogadores. Eis que, Horii começava a encaminhar os detalhes desse novo projeto, enquanto Nakamura cuidava da programação em sua própria desenvolvedora, a Chunsoft (fundada em 1984). Portopia Renzoku Satsujin Jiken, de Yuji Horii, foi mais do que um tiro certeiro, além das boas vendas, ele introduziu o público japonês ao sistema de escolhas (opções) e exploração típicos de um RPG, o que deixou o compositor Koichi Sugiyama bastante impressionado, tanto é que ele mandou uma carta endereçada a Enix para elogiar o jogo.

Mas quem é esse tal de Sugiyama? Koichi Sugiyama é um dos maiores nomes do cenário fonográfico japonês, costando em seu currículo muitas canções de animes famosos (Cyborg 009, Gatchman) e seriados televisivos. Agradecida pela carta recheada de elogios, a empresa não perdeu tempo e convidou Sugiyama para participar do projeto que Horii e Nakamura desenvolviam. Entretanto, ainda restava um nome, um membro, a ingressar na equipe que se formava, e caberia à Horii convidá-lo. O leitor mais atento deve-se lembrar que Yuji Horii trabalhou como colunista de games na popular antologia de mangás para garotos Shounen Jump, pois bem, naquele período o mangaká Akira Toriyama publicava Dragon Ball sua obra de maior sucesso, o que chamou a atenção de Horii, que fez questão de convidá-lo para desenhar os monstros e os personagens de Dragon Quest, por conta de seu traço único e caricato.

No vídeo acima vocês conferem o tema principal de Dragon Quest por Koichi Sugiyama.

O grosso do enredo e as ideia do jogo em si vieram da cabeça do próprio Horii. A programação ficou a cargo de Nakamura e sua desenvolvedora (a Chunsoft). A trilha sonora foi composta por Koichi Sugiyama. E, por fim, mas não menos importante, os desenhos de personagens e também de monstros ficaram sob a batuta de Toriyama. Na verdade todos os monstros são da autoria de Horii, que passava a Toriyama uma ideia de como os queria ilustrados, só pra deixar bem claro. Com o time ideal formado nada podia impedir que Dragon Quest visse a luz em 1986 no Famicom (Nintendo) e no MSX (um computador criado pelo vice-presidente da Microsoft Japan, Kazuhiko Nishi, em 1983) e fizesse um estrondoso sucesso no Japão.

Ilustração usada na caixa do primeiro Dragon Quest

Ilustração usada na caixa do primeiro Dragon Quest

Os três primeiros capítulos da saga Dragon Quest formam uma tríade importantíssima não só pelo fato de estabelecerem a série num patamar elevado com uma legião de fãs fervorosos, mas por completar  o primeiro arco da saga. Isso mesmo. Dragon Quest I, II, III narram acontecimentos conexos com a lenda do guerreiro Roto (Erdrick’s na versão americana) que havia no passado derrotado as forças das trevas e voltara vitorioso com a sagrada Esfera da Luz, em mãos, trazendo paz aos aldeões e prosperidade ao Reino. Muito tempo se passou e Roto partiu sem dar notícias, nunca mais se ouviu falar dele, até que… Um certo alguém que não andava feliz com o jeito que as coisas iam, encontrara acidentalmente em uma caverna das montanhas de Radatome, um Dragão, que descobriu ele poder adestrar e usar para seus fins malignos.

A partir daí vocês já devem imaginar o caos que se iniciou: pessoas foram mortas, aldeias inteiras foram destruídas e monstros surgiram por toda parte! Ah, sem falar que, a princesa bobona do reino local foi raptada – tá vendo, princesas raptadas não é uma exclusivdade dos jogos de Super Mario Bros e The Legend of Zelda. Mas tenham calma caros leitores, pois no papel do herói (sem nome, o que é tradição na série) descendente do guerreiro Roto vocês deverão salvar a princesa e restaurar a paz do reino, isso é se vocês conseguirem… Não me levem a mal, mas quem já jogou os primeiros Dragon Quest e os primeiros Final Fantasy (1987) sabem o nível de dificuldade alarmantes que são propostos ao jogador de RPGs da era 8 bits.

Parte de trás da caixa de Dragon Quest II

Parte de trás da caixa de Dragon Quest II

Parte da frente da caixa de Dragon Quest II

Parte da frente da caixa de Dragon Quest II

Seguindo o raciocínio em torno do primeiro arco do jogo, vou abordar as polêmicas que marcam o lançamento dos três primeiros capítulos no ocidente. Eles chegaram aos EUA entre 1989 e 1992 com o nome de Dragon Warrior (situação que só veio a mudar em DQ VIII em 2004, quando passou a ser chamado internacionalmente pelo nome original) e teve suas artes originais feitas por Toriyama na caixa dos jogos trocadas por ilustrações que lembram mais cartas de Magic e Senhor dos Anéis, do que Dragon Quest. Por outro lado, apesar de alguns nomes trocados, houve consideráveis melhorias da versão americana para japonesa no caso do primeiro Dragon Quest, como gráficos mais detalhados e o não uso de password para salvar o progresso e, sim, uma bateria de backup que fazia o serviço. Infelizmente, a saga nunca vingou no ocidente e durante muito tempo, alguns capítulos da saga principal, spin-off e remakes ficaram restritos ao público japonês.

A versão americana de Dragon Quest

A versão americana de Dragon Quest

No total a saga principal de DQ (sem contar os remakes e spin-off que são muitos) apresenta 10 capítulos, sendo que, do IV ao VI inicia-se e finaliza-se um arco, eles foram lançados entre 1990 e 1995 todos com exclusividade para os consoles da Nintendo (até serem feitos os remakes) e só anos (bota anos nisso) depois em 2000, a Enix lançava no Playstation, Dragon Quest VII (o game mais vendido do Playstation em abril daquele ano) que é o grande motivo de eu ter feito este artigo, já que no dia 7 desse mês de Fevereiro, o jogo ganhou um remake lindaço no Nintendo 3DS. Como fã da saga criada por Yuji Horii, Koichi Nakamura, Koichi Sugiyama e Akira Toriyama quero que este artigo sirva como porta de entrada para muitos de vocês no universo de DQ e também como uma homenagem ao trabalho deles.

(vídeo removido… sad but true.)

Acho que chutando por alto nem falei metade do que Dragon Quest tem de história pra contar, poxa, também pudera né? Foram 25 anos de franquia comemorados em 2011, ou seja, é muita coisa mesmo. Justamente por saber disso que eu pensei num jeito de continuar falando desse assunto sem ter de fazê-los ler um testamento, farei esporadicamente artigos e breves textos com bastante informação a cerca do tema, espero que gostem da ideia e comentem se querem ou não, obrigado.

Parte de trás da caixa de Dragon Quest III

Parte de trás da caixa de Dragon Quest III

Parte da frente da caixa de Dragon Quest III

Parte da frente da caixa de Dragon Quest III

Até a próxima pessoal.

Não se esqueçam de curtir e compartilhar com os amigos.

 

4 ideias sobre “Boletim do Dragão – 1 – A Origem de Dragon Quest”

  1. Atom,

    Os Dragon Quest I, II, III ganharam remakes na década de 90 para o Super Nintendo.

    Concordo com você! O tema de DQ é muito lindo.

    1. Não sabia…. Quando disse fazer um remake, queria que fosse para as novas plataformas como foi feito com o IV, V e VI para o DS.

  2. Não têm como não se empolgar ao ouvir a música tema de DQ.

    Acho que eles deveriam fazer um remake do DQ I,II e III. Joguei o IV, V e o VI para o DS e fiquei muito feliz em saber que o VII será lançado para o meu 3DS.

    Vida longa a Dragon Quest.

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