Estreia aqui o meu amigo Pedro Henrique Corujeira, amigo que conheci na Bahia, apaixonado por mangás e games e agora colaborador aqui no XIL! É engajado nos games, divulgando em eventos em sua terra o lado positivo dos jogadores de videogame.

Aqui, em sua primeiro artigo, ele vai falar da Enix, onde nasceu Dragon Quest, jogo que eu já tirei folga pra comprar no dia do lançamento. Primeira parte de 3!

Fique por dentro de como veio ao mundo a casa de Dragon Quest.

Por incrível que pareça a Enix, mais conhecida pelos fãs de RPGs japoneses como a casa de Dragon Quest não nasceu uma empresa de games, e sim uma de imóveis… Ou quase isso. Permita que eu explique melhor.

A empresa que um dia conheceríamos como Enix foi fundada em 1975 e chamava-se naquela época “Eidansha Boshu Service Center” uma empresa especializada no mercado imobiliário. Ela trabalhava através de uma revista para anuncio de imóveis, uma proposta distante dos games, não é mesmo?

“Então, como raios a ‘Eidansha Boshu Service Center’ se tornara a Enix? A final as duas empresas possuem focos completamente diferentes!”

Calma, que eu respondo.

O presidente da Eidansha, o senhor Yasuhiro Fukushima havia alcançado relativo sucesso com sua revista, entretanto, não enxergava crescimento no setor. Fukushima havia chegado a um calabouço do qual não poderia escapar, a menos que… voltasse seus olhos a outros mercados, de preferência aqueles que ainda estavam “engatinhando”.

Pois bem, foi isso o que fez o destemido empresário. Fukushima apostou todas as suas moedas no mercado de jogos eletrônicos para computador – um dos mercados que “estavam engatinhando” na década de 80.

Para celebrar a mudança de ares que sofrera a Eidansha, seu presidente em 1982, a renomeara como “ENIX” passando então a produzir jogos exclusivamente para computadores japoneses (a exemplo do MSX).

O nome ENIX é a junção de duas palavras: Eniac (o primeiro computador) e Fênix (a ave mitológica capaz de ressurgir de suas próprias cinzas).

Ainda em 1982, a Enix de Fukushima realizara um grande feito para indústria dos jogos eletrônicos com seu concurso “First Game Hobby Program Contest” uma competição saudável entre desenvolvedores novatos para revelar grandes talentos. Com o sucesso do concurso a empresa obtivera 13 novos títulos, dois quais dois alcançaram a marca de 10 mil cópias vendidas (número bastante elevado para época).

Os dois best-sellers pertenciam a Yuji Horii (com Love Match Tennis) e Koichi Nakamura (com Door Door). Mais tarde ambos ocupariam dentro da empresa posições altíssimas e de suma importância.

Após anos trabalhando, exclusivamente, com o desenvolvimento de games para PCs, a Enix conseguiu ainda na década de 80 um contrato valioso com a Nintendo para criar jogos exclusivos na plataforma Famicom (como é chamado o Nintendo, no Japão) o console mais badalado da época.

Um ano depois de formada, a parceria entre Nintendo e Enix daria o maior fruto de sua relação: o incontestável sucesso dos RPGs eletrônicos, Dragon Quest! Criado por Yuji Horii, o game de RPG divergia completamente de seus trabalhos anteriores que em sua maioria eram visual novels e adventures. Trabalhado em cima de uma proposta simples: “seja o guerreiro escolhido e derrote o rei das trevas”, DQ criou sua própria legião de fãs, apaixonados pelo seu enredo digno de um mangá shonen e seu sistema de combate diferenciado.

Contudo, é importante ressaltar que Horii não estava sozinho no desenvolvimento de DQ. Ao seu lado, encontravam-se mais três heroicos personagens que consolidaram o sucesso do jogo: Koichi Nakamura (o segundo colocado no “First Game Hobby Program Contest” e atual presidente da Chunsoft) na direção do game, Akira Toriyama (o mundialmente conhecido mangaká, responsável pela saga de Dragon Ball) no desenho de personagens, e por último, Koichi Sugiyama (renomado compositor na indústria dos jogos eletrônicos e também dos animes, tendo trabalhado com séries do calibre, de Cyborg 009 e Gatchaman) cuidando da banda sonora.

Juntos esses grandes nomes da indústria fizeram da Enix um polo invejável no setor de desenvolvimento de games. Sem contar que com o sucesso alcançado por Dragon Quest a empresa do visionário Fukushima iniciava uma era de prosperidade financeira e criativa da qual irei falar mais aprofundadamente, na segunda parte deste artigo.

Este artigo não seria possível se não fosse por: Revista EGW, a Nintendo World e a super entrevista da Juliana Isabelle do GameTV com Yasuhiro Fukushima em sua visita ao Brasil.

EXTRA LIFE  Curiosidades do admirável mundo gamer! A mais popular adventure de Yuji Horii foi “Portopia Renzoku Satsujin Jiken” o game lançado originalmente para computadores entre 1983 e 1985 ganhou também um port em 1985 para o Famicom (Nintendo, no ocidente). Seu enredo gira em torno de um detetive (no caso o próprio jogador) que através de quebra-cabeças e outros desafios deve desvendar os mistérios por trás de um assassinato. O trabalho de Horii influenciou drasticamente Hideo Kojima – o pai da série Metal Gear – de forma que este ingressara na indústria dos games por conta de Portopia.