Koshonin – A negociadora

Um bom trailer vende um filme ruim. O mesmo se pode dizer para uma boa sinopse. Ao ler sobre “KoshoninThe Negotiator” fiquei muito empolgado. Lembrei do filme “A negociação” com Kevin Spacey e Samuel L. Jackson, um ótimo filme com o mesmo tema da série e fiquei imaginando o que esse dorama poderia me proporcionar. Mas a expectativa é a pior coisa que pode nos atrapalhar, quando é alta demais, qualquer deslize se torna imperdoável e baixo demais, muitos erros passam despercebidos. No meu caso, a expectativa para “Koshonin – The Negotiator”  foi alta demais…

A sinopse que li do site doramafanssociety foi a seguinte: “Em uma sociedade moderna onde crimes violentos aumentam a cada dia, há uma equipe que tenta resolver os casos sem o derramamento de sangue. É a Equipe de Investigação Especial, conhecida como SIT (Special Investigation Team), um serviço de inteligência que comanda investigações e negociações dos crimes ocorridos em Tóquio. Por causa da rígida hierarquia da polícia, a SIT é um mundo dominado por homens. Mas surge uma mulher, Reiko Usagi, a primeira negociadora do Japão, que não tem medo do perigo. Ela terá de enfrentar, além dos crimes, o preconceito de seus colegas de trabalho.

Com isso, imaginei várias situações tensas em que a série poderia abordar, o preconceito dela no trabalho etc, mas infelizmente o que eu ví não agradou. Não que a série seja ruim, não é isso, o problema é que me apeguei a detalhes que poderiam muito bem ser esquecidos, mas não adiantou, a cada novo episódio os mesmos problemas se repetiam e isso me frustrava. Confesso que só assisti 3 episódios e vou dar o meu veredito com base nisso.

O maior problema da série para mim é a Equipe de Investigação Especial (atentem-se a palavra Especial) ser composta por incompetentes. Todos os integrantes são rasos: o cara do computador só olha para o monitor e chama o “chefe” quando surge uma informação nova. O capitão da equipe de resgate é burro que nem uma porta e fica toda hora perguntando o que tem que fazer, o “parceiro camelo” da protagonista vive fazendo cara de tonto e bebendo uma garrafa de água que nunca acaba (numa tentativa fraca de dar alguma identidade ao personagem), o chefe é machista ao extremo e vive ofendendo a única mulher da equipe e é claro que não poderia faltar um velho tarado que tenta passar a mão nela, e por ai vai.

É claro que essa “diminuição das capacidades mentais” do restante da equipe foi feita propositalmente para a protagonista Usagi Reiko ser vista como a mais inteligente, a melhor negociadora, e ser idolatrada por nós ao assistirmos os episódios, mas a falta de cuidado da produção, tanto no roteiro quanto em algumas cenas, acaba estragando. Um exemplo claro ocorre logo no primeiro episódio onde ela é destacada a negociar com o sequestrador. Na ocasião ela estava de saia e, numa cena ridícula de puro machismo, o chefe dela a obriga a colocar uma calça de outro policial. Na cena seguinte ela esta com uma calça apertada (em câmera lenta), andando em direção à escada. Agora, o policial usava uma calça feminina para trabalhar?

Ok, eu ignorei essa cena e segui adiante, mas nas cenas seguintes a incompetência da equipe me irritava. Em determinada cena a protagonista afirma que a intenção do sequestrador é se suicidar, por isso ele quer que a polícia atire nele (porque ele fica pendurado na janela, gritando e ameaçando todo mundo e deu um prazo de 5 minutos para conseguir atender as exigências dele senão ia matar sua refém), mas um outro policial diz que não e o único argumento dele é: “O sequestrador esta com pressa. Só isso”. Outra cena no mínimo esquisita é um diálogo dela com o “parceiro camelo” em que ele pergunta se ela vai para o Zoologico para treinar suas técnicas de negociação com um leão (De onde ele tirou isso?!).

Se eu não fosse tão detalhista eu conseguiria assistir essa série (que surpreendente mente possui uma segunda temporada), pois existem algumas coisas interessantes, como a relação não explicada dela com, aparentemente, um Serial Killer perigoso. (O roteiro tenta colocar uma profundidade nos diálogos deles, mas no final se resume a ele provocando a Usagi e ela se esquivando e saindo correndo do lugar). Existe um repórter que esta investigando a relação dela com esse criminoso e já deu para sacar que ela possui alguma ferida emocional que vai ser revelada no final dessa temporada. As ocorrências e o suspense empregados no resgate e na negociação também convencem.

Infelizmente eu comparei a série com um dos melhores filmes do mesmo tema muito antes de assistir. Se você gosta de um thriller policial leve (como eu), sem roteiros complexo e não liga para personagens estereotipados, pode assistir. Mas se você valoriza o seu tempo, o C.S.I. reprisado da Record é melhor.

Um bom trailer vende um filme ruim. O mesmo se […]

10 thoughts on “Koshonin – A negociadora”

  1. não foi culpa de você ser detalhista não
    pelo que li esse seriado é bem ruim mesmo ”ele pergunta se ela vai para o Zoologico para treinar suas técnicas de negociação com um leão ” isso foi foda ahuahuah mas teve um power ranger que eu vi que o cara falo eu pico como uma abelha e sou frio como a antártica WTH ? personagens fracos e eu não acho interessante ela ter um caso com o serial killer ou um reporter investigando ela ou uma unica pessoa que é machista que é o chefe pois foge totalmente da sinopse esse seriado é uma bosta mesmo recomendo bones xD

    nunca assisti um dorama mas quem sabe você não faça eu assisti um dia xD

    1. Olha cara, tem muita coisa boa em J-dramas e K-dramas, de todos os tipos, como comédia (My boss My Hero – Papa no Musume e Yanke-kun to Megane Chan), drama (Good Luck e Koizora) e até policial (Ressurection).

      O problema é que infelizmente as séries acabam, na sua maioria, sendo estereótipos dos roteiros e trejeitos dos mangás, tornando um pouco esquisito de assistir. Mas é uma questão de relevar os pormenores e seguir em frente.

  2. Eu nunca assisti um Dorama, eu tava lendo sobre esse mas pelo oq vc falou nem vale a pena assistir!, um tempo atrás eu estava assistindo stand-up mas não terminei…talvez eu volte a assisti…eu tava querendo assistir Densha Otoko mas infelizmente eu não achei!, densha Otoko foi o Único Dorama que eu realmente me interessei, se vc já assistiu seria legal vc fazer um post sobre =D

  3. É realmente triste que eles não tenham aproveitado um bom enredo, mas o Japão ainda não tem esta questão do machismo resolvida. Eles são um país de primeiro mundo, mas tradicionalistas, o que cria muitos conflitos de moral.
    As interpretações mesmo sendo para TV ou cinema, levam muito do teatro kabuki. Eles tem um pessimo curriculo cinematografico, mas muito bom quando se trata de palcos, mesmo os italianos.

    Querem um boa dica para seriado, MPD Psycho, mesmo com os poucos erros de produção, ainda é interessante, apesar da história ter um sinopse dramatica e de suspense, é mais psicodelico, leva muito para o visual, a mim agradou muito. Pois é uma adaptação do mangá e não do animê.

  4. Grande Danilo Kaneda! Pega leve com com essa obra. Ela é bame mais realista para o Brasil do quê C.S.I. dos EUA. Pense em cargos comissionados arranjos de políticos, nepotismo cruzado de 3 níveis para cima, treta e mais treta, acaba que a minoria sabe trabalhar e o resto está lá só para pegar o dinheiro e esbanjar do statos do cargo. E infelizmente nesse ponto o Japão é mais parecido com o Brasil do quê os EUA. E no Japão eles tem um costume de “humilhar” (eles não veem como humilhação e sim como algo natural de quem está acima de você) os funcionários mais fracos que é pior que aqui. Portanto, a obra se mostra mais realista.

  5. Acho que estereotipar os personagens não é a melhor maneira de representar uma mulher em uma força policial,sempre há outras formas de se expor esse preconceito em uma obra,dessa forma pelo menos para min não foi boa.E quando que ele pergunta se ´´ela vai para o Zoológico para treinar suas técnicas de negociação com um leão´´ não seria uma tradução errada,talvez seja um trocadilho.

    1. Muito bom Arthur Traferi! Já ganhou mais um joinha e mais um inscrito. Vídeos direcionados para mangá, junto com o conhecimento que você tem deles, junto com a cultura do brasileiro de evitar ler as coisas (poucos conhecem o bom de ler mangá), resultou em algo fantástico, pois veio no momento certo. Sempre esperei por algo assim. Estarei torcendo por você.

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