Mangá: Vitamin, e um mea culpa

Este vai ser o primeiro post de uma série de textos que esperamos produzir sobre assuntos diversos. Sempre que algo interessante surgir, postaremos aqui, neste, digamos, Off-Topic do Video Quest. Fiquem de olho!

Vitamin é um mangá de autoria de Keiko Suenobu, publicado na Bessatsu Friend em 2001. Li este mangá por recomendação da fã (já posso chamar de fã?) Luisa Carvalho, que citou o mangá num e-mail após assistir o Video Quest sobre Kimi ni Todoke, pois ambos têm um tema em comum, mas abordagens diametralmente opostas: bullying.

É um mangá curto (principal motivo de eu tê-lo conferido antes das recomendações de outros espectadores), apenas três capítulos, de leitura rápida, mas impactante. Conta a história da garota Sawako (irônica coincidência) Yarimizu, estudante de 15 anos, que se vê num relacionamento claramente unilateral, sem forças para barrar os avanços do namorado: enquanto ela tem uma certa aversão ao sexo, seu namorado Kouta insiste em forçá-la a transar nos mais inusitados lugares, como, por exemplo, a escadaria de entrada de sua própria casa. Num desses avanços, eles são pegos, no ato, por um dos colegas de classe de Sawako. O rumor se espalha, toda a classe (e logo, a escola) se volta contra a garota, e assim acompanhamos o caminho de Sawako rumo a depressão, a fuga, o medo, e as suas tentativas de recuperação.

Toda leitura é um processo bilateral. Uma obra só se torna relevante para o leitor a partir do momento que há uma conexão entre o leitor e o que se lê (seja por experiência de vida, por gosto, por pesquisa, o que for). Eu não assisto animês ou leio mangás apenas por puro entretenimento; eu gosto de pensar sobre o que vejo, e tentar achar significados maiores naquilo, nem que seja sobre o próprio meio (assistir um animê para entender o universo dos animês, por exemplo). O Video Quest é resultado disso; não sou daqueles otakus que já assistiram centenas de animês, mas acredito ter senso crítico suficiente para avaliar o que vejo, e o Video Quest é a minha tentativa de compartilhar meus pensamentos com vocês.

Mas existem os casos de identificação pessoal. Muitas vezes uma obra só se torna importante para a pessoa porque lembra algo em sua vida.Não costuma acontecer comigo, mas em Vitamin aconteceu, e de forma impactante (o que me levou a escrever este texto). Neste caso, não foi com a personagem Sawako pois, por mais que eu tenha sido “zoado” na escola, eu não considero que fui mais vítima que qualquer outro, e essa nunca chegou a ser uma grande questão na minha vida. Mas Vitamin me fez, sim, refletir sobre a minha vida, pois, infelizmente, eu me vi do outro lado da agressão.

Eu percebi que eu fui o agressor. Eu fui o bully.

Já havia percebido isso, de certa forma, há algum tempo. Logo que terminei o ensino médio, há cerca de 6 anos, olhei para trás e pensei “eu realmente fui muito babaca…” Quem me conhece sabe que eu vivo dizendo que, hoje, eu me considero razoavelmente menos idiota do que fui como adolescente. E tenho orgulho disso, do meu crescimento pessoal, do meu (modesto) amadurecimento. Mas o amadurecimento não apaga as imaturidades cometidas previamente.

Lembro-me que algo bastante parecido ocorreu na escola em que eu estudava. Dois garotos e uma menina transaram na escola, filmaram, e passaram o vídeo para alguns colegas via MSN. O vídeo obviamente vazou, e logo a escola toda ficou sabendo. Meu grupo de amigos costumava ficar sentado numa escada de frente para o pátio da escola, com visão ampla para toda a movimentação dos outros alunos, durante o intervalo. Logo que soubemos, a prática foi gritarmos xingamentos em voz alta (que reverberava por todo o pátio), claramente voltados para a garota do vídeo. Logo essa “brincadeira” se estendeu para outros, digamos, desafetos do nosso grupo, e passamos a ser conhecidos por isso, por sermos o grupo de caras que xingavam tudo e todos no intervalo. E achávamos isso o máximo. Essa era a nossa identidade, a marca do nosso grupo.

É importante ressaltar que não houve, em momento algum, nem a intenção de agressão física. A obra de Suenobu retrata o sofrimento da personagem Sawako nas mãos de seus colegas de classe de forma bastante gráfica, talvez até exagerada (quero ser otimista e acreditar que essas coisas não aconteceram de fato; mas esse mundo anda mesmo muito estranho, então…): ela é despida em público, agredida, espancada, afogada na privada, entre outras coisas; nada disso foi cometido por mim, nem pelo meu grupo de amigos.

Mas o terror psicológico, sim. E esse machuca tanto, ou até mais, que a agressão física.

A pressão do grupo explica, mas não justifica, uma atiude como essa. Esforços para fazer parte de um grupo vão desde coisas pequenas (como, digamos, assistir animê), até babaquices como essa. Todos querem ser legais, e eu tenho como convicção que ninguém é alheio às pessoas à sua volta, e ninguém se isola por escolha própria. O que fiz foi simples: “o pessoal tá fazendo, deve ser legal, vou fazer o mesmo”. E antes que se diga “mas você tinha a opção de não concordar”, eu digo que isso é uma meia verdade. Sawako, no mangá, também “tinha a opção” de não transar com seu namorado; vítimas de bullying em geral também “têm a opção” de resistir, de lutar; mas nem sempre estamos em posição de fazer escolhas. A vida adolescente tem pressões de todos os lados. Existem, sim, adolescentes com um pouco mais de discernimento, que entendem essas relações de poder mais cedo e escolhem não corroborar com práticas mais radicais, mas mesmo esses submetem-se à pressões, nem que seja se vestindo como o grupo se veste. É natural.

Mas infelizmente eu não tinha essa consciência na época. E ver o sofrimento da personagem, retratado no mangá de forma crua, real, intensa, me mostrou que eu posso, sim, ter sido um dos causadores de uma dor que raramente tem uma solução e um final feliz. Eu disse que já havia percebido antes o quão babaca eu era, mas o peso das minhas ações não tinha sido jogado na minha cara dessa forma ainda. Não fazia idéia da dimensão do que havia feito. Naqueles tempos, o termo “bullying” não estava em evidência, e o que eu fazia passava por brincadeira; e brincadeiras só são de “mau gosto” quando você é a vítima.

Eu acredito que esse é o papel que uma obra pode ter, seja mangá, filme, literatura, o que for. As grandes obras são sempre aquelas que se conectam ao zeitgeist de seu tempo, que são relevantes para a conjuntura histórico-social em que estão inseridas. Não faço idéia da repercussão que Vitamin teve na época do lançamento, mas se não é uma obra respeitada, com certeza deveria ser: tratou de um tema sério e relevante, com a seriedade devida, e de uma maneira tão gráfica, forte e direta, que é capaz até de atingir aqueles que estão do lado oposto ao da heroína da história. E nos faz pensar, nos faz sair do mangá e pensar em algo maior; um mérito do qual poucos mangás podem se gabar.

Este texto é um mea culpa. Meus atos inconsequentes, como já disse, têm explicação, mas não justificativa. Com a clareza com a qual vejo aqueles acontecimentos hoje, e com tudo que Vitamin me mostrou, digo que me arrependo profundamente do que fiz, e se pudesse, apagaria tudo aquilo.

Mas não posso. O máximo que posso fazer é pedir desculpas (que pouco adiantam), e oferecer àqueles que sofrem com essas práticas abusivas o ponto de vista do outro lado. Assim como Vitamin nos mostra que há, sim, formas de se desvencilhar desse sofrimento, e dar a volta por cima, quero dizer que nem todos os que praticam o bullying o fazem por ódio pessoal, ou por acharem “legal”; e que essas mesmas pessoas, esses bullies, podem perceber um dia o quanto estavam erradas.

É uma pena que, na maioria das vezes, nós percebamos tarde demais.

Este vai ser o primeiro post de uma série de […]

33 thoughts on “Mangá: Vitamin, e um mea culpa”

  1. Trágico,porém verdade… e é raro os que se arrependem do Bulyling e.e'Cara,mas no mangá tem até privada? =O wow! Já sofri bullying mas ainda bem que nunca me fizeram isso…só tacaram ovos podres,lixo e cadeiras xD kkkk trágico…mas fazer o que né? Bullying é um assunto sério e devia ser mais retratado mesmo…=/ talvez eu faça algo sobre isso =P

  2. Ok Leo, você conseguiu me fazer baixar o mangá para ler depois. A Lulu me forçou aqui. tscSe bem que não tenho nenhuma memória de que eu tenha feito algo parecido com bully, mas também muitos bullys sequer devem lembrar de todas as pessoas que fizeram sofrer, então não é improvável que eu tenha feito algo parecido.Sei que essa deve parecer apenas uma recomendaçãozinha no mar de recomendações que mandam para vocês, mas se tem um mangá que me fez pensar sériamente sobre bully/culpa/se achar superior por suas ações/perdão, foi Onani Master Kurosawa, que repele leitores por sua sinopse e surpreende quem lê pelo seu resultado.Não é tão pequeno quanto Vitamin e por isso vocês devem ignorar por um tempo, mas caso queira baixar para algum dia ler: http://fuji-scan.blogspot.com/2009/11/onani-master-kurosawa_09.htmlAdorei do post.

  3. Todos já sofremos bullying, porque a definição dessa palavra ficou absurdamente extensa. Acho que devemos pensar no que fazer com as pessoas que sofrem bullying, não meramente defende-las, mas dar alguma forma repertorio diferente, porque acho que estamos vivendo em uma epoca que não oferece nenhum recurso para o ego do sujeito aprender a lhe dar com isso. Quem faz nunca acha que realmente está fazendo algo tão ruim.Se serve de algum consolo, eu também já estive do outro lado, como quem faz o bullying, o fiz até o dia em que a vitima acabou por desabar em prantos, sinto-me culpado até hoje e nunca tive coragem de me desculpar, morri de vergonha. Depois disso passei a ser uma espécie de defensor de vitimas de bullyngs…Nunca se arrependa da experiência que teve, porque esse tipo de coisa que nos faz crescer.

  4. nem forcei u.uapenas recomendeipois acho uma obra muito boatambem me indentifiquei, porque sofria bullyng quando mais nova, e isso afetou boa parte da minha infância, mas o mundo dá voltas…e hoje, acho que já superei o fato.

  5. Panina desu,poxa, nem li ainda, perdi a vontade. Adoro esse mangá, li ele a décadas e foi algo especial. Não que eu tenha passado por aquela situação retratada, mas… chato que tinha pensado mais de uma vez em escrever algo sobre ele mas agora fico com a sensação de ser copiona.Tem outras histórias no estilo também interessantes, ajudarei na divulgação e parabéns adiantado pela séries de textos sérios.

  6. Quer saber, esquece. Li e seu texto é muito mais relevante que qualquer coisa que eu pudesse escrever. Nunca estive do lado do agressor, que eu tenha conhecimento. Muito interessantes suas palavras.Mas para tudo é assim mesmo. Depois de passado o tempo, você para para pensar nas suas atitudes e percebe o quanto seu pensamento mudou.

  7. Aprecio suas palavras evidentemente sinceras, mas, se você me permitir, discordo somente do final do texto. Pedir desculpas realmente de nada adianta, mas tão pouco seria "o máximo que você pode fazer". Digo isso porque, caso não tenha percebido, você já está contribuindo muito nos parágrafos anteriores, abordando e refletindo suas experiências publicamente. Para mim o caminho é por aí, pois acredito que sempre temos um mínimo de amadurecimento social quando se debate abertamente sobre um tema tão importante, que implica diretamente no bem-estar.Não seria mais digno pensar dessa forma do que simplesmente abstrair ou viver pautado em arrependimentos?

  8. Ts, que estranho. Eu "lacrimejei" lendo esse post.Não sei, acho que me identifiquei um pouco com o texto. Já estive dos dois lados. Fui vítima de bullying e, para parar com a chateação, me uni aos bully's. Hoje, vejo como fui mais idiota que qualquer um deles, pois eu sabia como era ruim, e mesmo sofrido, ser vítima de piadas e chacota, mas, mesmo assim, fiz com que outra pessoa sofresse o mesmo que eu.Enfim, é passado e, esse é um carma que eu irei carregar para sempre. O importante é que aprendi com o erro, tarde, mas aprendi.Com certeza eu irei conferir esse mangá.

  9. Ola galera.. depois de muito relutar acaei lendo esse manga tambem…e me foi surpreendente a forma com que o assunto foi aboradado….Só estou postando pra falar da importancia do papael do pai,apesar do manga focar no relacinamento de mãe e filha e o pai não ter recebido destaque, ele foi fundamental no desenrolar da historia, pra mim foi o personagem mais importante na recuperação surpreendente da protagonista…as vezes podemos nem estar prejudicando, nem mesmo vendo pelo q outra pessoa passa, mas um pouco de atenção e solidariedade faz toda diferença….

  10. xD Kkkk Li o mangá… engraçado…ela queria ser mangaka (Detalhe: também estou tentando trilhar este árduo caminho =O xD) mas cara,ela foi bem burrinha…Tanto pelo namorado tanto por não contar o que estava acontecendo… se fosse eu tinha falado já de inicio pros meus pais…=O Pelo menos foi o que eu fiz quando sofri Bullying…embora não tenha adiantado de nada xD hehe

  11. Bom, sobre esse assunto gostaria de reportar outra visão diferente que fica como um aviso para quem faz bullying:Sempre fiz artes-marciais e convivi com as mais exóticas pessoas possíveis. Notando portanto uma história parecida contada por quase todos os praticantes de lutas: A tentativa de bullying acabando de uma maneira meio feia.Explico: Muitos dos lutadores são quietos por natureza e algumas pessoas confundem isso com timidez e outras coisas, além de quê a pessoa não fica anunciando que faz luta para todo mundo. Então algumas tentativas de bullying à essas pessoas que pareciam inofensivas acabavam com uma cena triste de um zombador sendo arrebentado literalmente.E o alerta vai aqui: Nunca! Nunca mesmo! Tente nada parecido com bullying em uma pessoa muio quieta. Ele pode ser um ninja! E meu amigo, ninjas fazem coisas que nem posso escrever aqui, só digo que pessoas saem no mínimo direto para o hospital (e não importa o quanto o camarada ninja parecia fraco ou magrelo, pois o resultado é o mesmo).Além disso, tem umas pessoas que ficam zoando quando descobre que o camarada é um ninja. O último que vi, vamos dizer que além das costelas quebradas, ele não vai poder usar mais a perna dele.Posso dizer também que: Lutadores são meio justiceiros, e se alguém fizer bullying em uma pessoa que ele conhece ou se ele tiver por perto, pode ser pior que fazer nele próprio (pois não vai ter o período da paciência ir se desgastando, vai ser instantâneo). Pessoas vão se machucar.Conclusão meio estranha: Quem faz bullying corre um risco muito sério, então preste atenção e seja uma pessoa que distribua coisas boas e não coisas ruins.[]sDaniel Ribeirohttp://danielbr-news.blogspot.com (português)http://danielbr-dev.blogspot.com (inglês)

  12. Primeiramente, parabéns pelo site, e gostei muito da nova sessão "Off-Topic", pois me parece que aqui estarão as postagens mais críticas sobre alguns temas.Li esse mangá há anos, mas me recordo muito bem dele justamente pela abordagem agressiva do bullying, que eu também achei meio exagerada, mas que não duvido que aconteça.Bem, sou estudante da área da saúde e já tive algumas matérias sobre saúde psicológica que em seu decorrer abordou o bullying, e a prática dele pode acarretar muito mais problemas do que os retratados pela mídia, tanto para quem sofre quanto para quem pratica."Eu concordo meio que discordando" com o post pois acredito que a inclusão em um grupo leva adolescentes a praticarem o bullying, porém todos eles tem a opção de o fazer ou não, já que é fato um adolescente saber muito bem as consequências de seus atos. E discordo plenamente de quando você diz que as vítimas também "têm a opção", já que na maioria das vezes, no caso do bullying, existe uma relação de poder. O agressor, 99,9% das vezes, tem uma relação de dominância, seja física, verbal, emocional, e assim vai; que faz com que a vítima se sinta coagida e não revide, ou como você disse, lute, resista à agressão.De qualquer forma, parabéns pelo post mais uma vez, e apesar de ter uma opinião oposta a sua, achei bem legal seus momentos de reflexão e que sirvam para os bullies, de alguma forma, para que parem com esta prática, que na minha humilde opinião, é completamente estúpida.*momento otaku* Dá para fazer um video quest sobre Ghost in the Shell ou Ego Proxy, por favor? Adoro o trabalho de vocês, menos nesses pontos levantados ^^(sem ressentimento, por favor). Beijo beijo.

  13. Oi, Maíra!Na verdade eu quis dizer, justamente, que as vítimas , apesar de "terem a opção" de resistir, na prática elas não têm (daí as aspas).Em qualquer situação de bullying a pessoa pode simplesmente revidar, ignorar, reportar para alguém, o que for. A não ser que seja uma situação de sequestro, nada impede que a pessoa vá a diretoria da escola ou fale com seus pais.Mas as relações de poder e dominância impedem que a pessoa o faça, mesmo "podendo" fazer.Por isso que eu digo no texto que "ter a opção de resistir e discordar" é uma meia verdade.

  14. Não imagino que o Bully… pode evoluir para algo que acontece nesse mangá ainda mais com uma garota, nas escolas só não existem babacas, tem pessoas como eu(pessoas legais xP),ficar na agressão verbal ate um certo ponto ate da para relevar, mais quando ultrapassa os limites ou ate passa para agressão física é outra historia, não imagino que tenham tantas pessoas ruins compondo um colegio que nao interfiram nesses atos de agressão física a um colega, eu ja sofri bully mais so ate eu achar que estava aceitavel, quando me irrito três socos na FACE do individuo fez ele parar, eu ja estive do lado do agressor(verbal) mais nunca estrapolava os limites nunca gostei disso as vezes fazia porque meu colegas tambem faziam coisa de criança, mais isso de agressão física despir a pessoa em público é muito exagerado, se eu tivesse em um colegio que alguem sofresse isso( de prefêrencia menina riaria)ou a manolada parava ou eu arrebentava todos( ou era arrebentado por todos xP) ate eles pararem, ainda não li o mangá mais ao acabar esse comentario irei ler e comento denovo o/.

  15. Boa Kitsune, concordo com o meia verdade.Hoje o mundo vive nos extremos nesse sentido. Por um lado, o projeto moderno joga nas costas do homem 100% do peso das escolhas e responsabilidades, ignorando outras determinantes que muitas vezes tem um peso muito maior do que a própria personalidade do indivíduo (como nos mostra a Psicologia Social). É a era da auto-ajuda, onde, se você não fez o que deveria, ou não fez bem o bastante, a culpa é toda sua, o que alimenta essa ansiedade dos nossos tempos.Por outro lado, uma ala elimina completamente a culpa do indivíduo, achando mil e uma justificativas externas e ignoram a individualidade e capacidade de agir do ser.A real se encontra num meio termo…Só vi essa seção agora. Não vai rolar mais texto?

    1. Claro que rola! Tínhamos parado com os textos pra focar nos vídeos, e agora que os vídeos estão num bom ritmo de produção (ainda não o ideal), dá pra voltar a escrever. Queremos textos toda semana.
      Esse texto aqui foi um pouco diferente dos que escreveremos agora, porque não costumo me atrever a escrever sobre sociedade (em conversas informais até vai, mas prefiro não falar besteira em “vias oficiais”), mas fico muito orgulhoso de você ter gostado! (os SEUS textos é que são foda! – considerando que você seja mesmo o Kauê do Otakismo, hehe)

  16. Achei muito bom o texto em geral, e achei muito inspirador(na falta de um termo melhor que esse) não só a idéia de se tratar seriamente de bullying de uma forma tão facilmente repercutida ( porque venhamos, os otakus estão se multiplicando), como a coragem do próprio autor do texto- no caso Leonardo Kitsuke- em admitir os próprios erros. Não acho também que, pedir desculpa não adiante de nada. Talvez não adiante para quem sofreu aquele bullying, mas com certeza quando se pede desculpa você acaba repensando o que fez e decidindo, de uma vez por todas, que não quer mais ser assim. Na verdade, além do crescimento pessoal, qualquer um que seja aconselhado agora vai poder aprender pelos erros de quem pediu perdão.
    Quanto a pressão, infelizmente é verdade. Ano passado fui uma das excluídas- nunca fui realmente uma das populares, nunca também quis me aproximar do tipo de pessoa que me olhava de cima a baixo como se fosse superior – porém logo apareceram mais alguns e se juntaram ao grupo- quase um esquadrão losers, mas como eu adoro meu esquedrão rs. Todavia… um dos garotos era zoado e não era do nosso grupo, ele achava bonita a atenção, desde que falassem dele estarem falando dele. Só que teve uma vez que ele não entendia algo mt arcaico de porcentagem- algo tipo, se você tira dez por cento de 100, você não tem mais cem- e os meninos berravam, zoando e rindo. Eu e minha amiga não rimos- mas também, não fizemos o certo, não nos opomos, por medo de ter que aguentar mais do que a gente ja aguentava. A pressão existiu aquela hora, e a gente não conseguiu nem se opor totalmente, nem se deixar se levar. Acabamos optando pelo menos errado, em vez do certo… Bom, mas parabens pelo trabalho, continue escrevendo
    Boa tarde

  17. O mangá LIFE, da mesma autora, trata do memso tema, só que com um ullying mais fodido que VItamin, emora eu já tenha prsenciado.
    Legal Kitsune, q vc pelo menos se arrepende e percebe que foi errado e talz, eu espero que os FDPs da minha época estejam concientes disso agora, e não estejam fazendo as mesmas babakices em seus locais de traalho ou com suas famílias.
    Se o povo q vc zuou souer de sua visão agora, e pensarem como eu, acho que não guardarão mais rancor. EH isso…

  18. Li essa resenha pouco depois de você a te-lá postado mas só agora venho comentar.
    A princípio não dei muita importância, acho que é algo que foi comentado em uns postes e por você, aquele que comete o bullying acaba se esquecendo do que fez.
    A uns dias atrás fui ler um mangá que foi recomendado logo no 2º post que é Onani Master Kurosawa, e algumas das situações dele me lembrou de alguns atos que fiz junto de amigos nos meus tempos de escola(nada relacionado com isso do onanismo, claro), num tempo que também não era comum essa ideia de bullying e hoje vejo com mais clareza o quão estúpido e arrogante já fui com outras pessoas só por serem diferentes. Vitamin também me deu esse mesmo sentimento de repudio, de raiva pelo que fiz e de mim, acho que se tivesse a oportunidade de apagar meus erros tudo que fiz a essas pessoas eu apagaria por elas, apagar a dor que elas sentiram, mas não apagaria por mim. Tudo isso vai me ajudar a nunca mais cometer o mesmos erros, e o minimo que pessoas como eu que cometeram esses atos e levar essa culpa o resto da vida.
    Faço, Kitsune, sua palavras minhas, faço esse também um mea culpa.

  19. Kitsune, não tenho palavras pra expressar meu agradecimento por vc recomendar esse mangá, sério!
    Acabei de ler aqui e chorei muito mesmo pq me identifico com a protagonista e até minha mãe tem a personalidade parecida com a mãe da Sawako, passei por coisas semelhantes e deixei de ir a escola no final, mas consegui me formar e estou no caminho… Se tornou um dos meus favoritos, PERFEITO!
    Adorei o texto também, parabéns!

  20. Kitsune, se vc apagasse tudo isso vc n aprenderia o que aprendeu e tbm não amadureceria como vc disse… tente ver por esse lado, vc n pode apagar, mas isso é bom pq se vc apagasse vc n seria a pessoa q vc é hj e nem veria tudo isso dessa forma ^^
    Valeu pela recomendação, vou conferir a obra hahaha

  21. Muito boa a tua análise, Leo. E reconhecer as merdas que fez realmente mostra crescimento. Todos nós fizemos uma porrada de coisas retardadas e idiotas na adolescência, todos nós já praticamos algum tipo de bullying. Acho legal lançar um mangá sobre esta temática sexual, pois estamos vivendo um momento de “vazamento” de privacidades, e a mulher acaba sendo SEMPRE o alvo, SEMPRE a culpada. É um debate muito necessário! E parabéns pelas tuas colocações!

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