Como a Niantic criou Pokémon GO

Pokémon GO é realmente o jogo da moda e nada mais oportuno do que poder falar sobre uma franquia japonesa que conquistou milhares de fãs.

Já fazia muito tempo que não escrevia textos para o blog aqui. Não pensem que eu me esqueci de vocês. Em breve, estarei trazendo novos textos. Estou com algumas ideias de trazer um conteúdo diferente do que a maioria dos blogs costuma fazer. Fiquem no aguardo, pois está chegando coisa nova.

Grande impacto social

Pokémon Go
Se me perguntassem a principal diferença entre as pessoas que se formaram comigo e os recém-alunos ingressantes na minha universidade, eu responderia: empreendedorismo.

Diferente da minha época de estudante da USP, a maioria dos alunos já conhece o termo empreender antes mesmo de entrar na faculdade. Muitos deles já sonham em abrir seus próprios negócios. Isso pode ser apenas um evento passageiro, mas é inegável o incremento de jovens se arriscando em empreendimentos nos últimos tempos.

Eventos de empreendedorismo universitários, palestras de startups de tecnologia e até surgimento de cursos sobre o assunto aumentaram. Eu acabei pegando a transição disso quando estava na graduação e fico feliz que isso tende a aumentar. Considerando as dificuldades que o Brasil tem nesse aspecto, acaba sendo surpreendente o crescimento desse assunto.

Mas o que isso tem a ver com Pokémon GO?

Muita coisa!

Em primeiro lugar, é que eu vi muitos projetos que tentam replicar o mesmo impacto social causado pelo Pokémon GO, mas eu não costumo botar fé neles. Normalmente, os idealizadores dessas empresas costuma achar que o consumidor irá se auto motivar para ficar saindo e conhecendo lugares. Sabemos que não funciona bem assim.

E por último, pelo fato da Niantic, empresa que desenvolveu o jogo, ser relativamente nova. Ela tem apenas seis anos o que é um período pequeno considerando as outras desenvolvedoras do mercado. Outro fato interessante é que ela surgiu como uma startup interna do Google.

Da noite pro dia, o jogo tornou-se um belo exemplo de empreendedorismo social e de como alguns produtos e serviços podem impactar o aspecto social positivamente.

Em economia, existe o termo externalidades que são os efeitos laterais de uma decisão sobre terceiros que não participaram dela. Elas podem ser positivas ou negativas. Um exemplo de negativa seria o aumento da poluição decorrente da fabricação de algum produto; e de positiva seria a revitalização de um bairro decorrente da abertura de novas lojas.

Embora tenham ocorrido notícias estranhas envolvendo jogadores de Pokémon GO encontrando corpos de gente morta, por outro lado tivemos coisas boas acontecendo ao mesmo tempo como o uso do aplicativo para reabilitar pacientes. Creio que nesse caso as externalidades positivas superam as negativas no caso desse jogo.

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Estive jogando nessas semanas e pude ver como um jogo mudou a rotina de uma cidade impactando até no trabalho.

Nos parques que visitei, um dos comentários mais frequentes era de como o jogo ajudou na revitalização desses pontos. Notei também o surgimento de negócios noturnos como food trucks devido ao movimento de pessoas indo atrás de PokéStops. Acabei vendo esculturas e obras de arte públicas que antes passavam despercebidas por mim. Fique sabendo até de uma sorveteria que escapou da falência, pois acabou virando um point para jogadores.

Mas será que isso foi uma tacada de sorte por parte da Niantic?


Pode parecer estranho, mas não é a primeira vez que a Niantic tenta fazer um app para que as pessoas frequentem locais turísticos. Talvez muitos dos leitores daqui desconheçam o tal do Field Trip criado pela mesma empresa. Basicamente é um aplicativo que faz sugestões para se visitar quando a pessoa está próxima de determinado local.

Esse não foi o único jogo que a Niantic tentou lançar para visitar locais turísticos. Existiram outros como o Ingress e Endgame: Proving Ground que usam geolocalização e realidade aumentada, mas não preciso ir longe para dizer que nenhum deles implacou tanto como Pokémon GO.

Reaproveitando ideias

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O que Skyrim e Pokémon GO têm em comum?

Soa estranha essa pergunta e à primeira vista ninguém encontraria alguma semelhança. Mas não estou falando de similaridades no estilo de jogo ou gameplay. Estou me referindo à estrutura de negócios em que foram criados e pensados.

Skyrim não foi eleito o jogo do ano por acaso. Muito das mecânicas dele vieram do Fallout 3 e The Elder Scrolls IV: Oblivion. Os próprios desenvolvedores chegaram a considera-lo como o sucessor espiritual desses dois últimos. O game foi pensado para reaproveitar a base de conhecimento gerada por Oblivion e Fallout.

Pokémon GO assim como Skyrim foi criado a partir de outros jogos que essas empresas criaram. Isso é uma prática bem comum, mas muitos pensam que foram criados a partir do zero.

Vamos agora fazer uma comparação de Pokémon GO com os outros produtos que a Niantic criou.

Se observarmos Pokémon GO, veremos mecânicas idênticas ao jogo Ingress. Nesse jogo existem portais que curiosamente coincidem com esculturas, pontos turísticos, grafites na parede, prédios famosos e etc. Existem duas facções: a Resistance e a Enlightned. As facções disputam os portais e podem colocar até oito resonators defendendo o local. Existe também a possibilidade de conseguir itens de batalha hackeando portais.

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Achou similar ao Pokémon GO?

Basta trocar: portais por ginásios e pokéstops, facções pelos times, resonators por pokémons e etc. Pronto! Voilà! Pokémon GO está criado.

Veja o vídeo do Ingress para ilustrar as similaridades.

Outro jogo da Niantic que usa elementos parecidos com Ingress e também recursos de realidade aumentada é o Endgame: Proving Ground. O jogo nunca chegou a ser lançado oficialmente embora tivesse uma proposta interessante. Já dá pra ver de onde surgiu a ideia de usar realidade aumentada no Pokémon GO.

Não preciso nem dizer que as imagens das pokéstops foram reaproveitadas do Field Trip.

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Note que a maioria dos produtos da Niantic tenta criar um ambiente de exploração no mundo real. Nenhum deles fez o sucesso estrondoso de Pokémon GO. A grande verdade é que é difícil motivar a saída das pessoas sem um motivo muito forte. A grande sacada da empresa foi reaproveitar a tecnologia dos produtos dela com uma franquia da Nintendo que estava bem consolidada.

Considerações Finais

Devo dizer que gostei bastante do jogo. Fazia muito tempo que não jogava nada da franquia Pokémon. Acabei me divertindo muito com pessoas que encontrei nos últimos dias. Eu não sei até quando vai durar a moda, mas espero que dure bastante tempo.

 

Sobre Wesley Chen

Wesley é um tinker por emoção, programador sem noção e escritor de coração. Amante da cultura nerd, geek e otaku; está sempre buscando alguma história nova ou desconhecida.

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