Análise – hq Aokigahara

Hoje vou falar de uma história em quadrinhos que descobri por acaso durante o último Fest Comix e que depois de ler acabei gostando bastante, estou falando de Aokigahara.

Para quem não sabe, assim como eu não sabia até me explicarem lá no evento, Aokigahara é uma floresta que realmente existe no Japão e é famosa por ter vários casos de suicídios acontecendo dentro dela (sim, a galera curti ir lá para se matar….tenso né). Usando essa folclórica floresta como base os autores André Turtelli, roteiro, e Renato Quirino, nos desenhos, resolveram escrever uma história sobre a rotina e os questionamentos de dois jovens japoneses.

Um detalhe interessante é que para tentar ajudar com os custos de produção os dois inscrevem o projeto no catarse e obtiveram bastante sucesso, arrecadando 3 vezes o que eles precisavam para finalizar o quadrinho com qualidade.

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Mar de árvores

A história de Aokigahara gira em torno de um homem e uma mulher que por motivos distintos se sentem solitários e andam em uma fase da vida onde começam a se questionar bastante sobre o lugar deles na sociedade em que vivem. Não é dito muito sobre a vida dos dois, nem o nome deles são informados, a única coisa que fica clara durante a HQ é que os imprevistos e problemas que surgem ao longo da vida foram cruciais para eles chegarem ao ponto de pensar seriamente em se matar.

Toda essa história é contado de forma bem simples e de maneira anacrônica, intercalando cenas entre os dois personagens principais, o que eu achei bem ousado para uma primeira obra diga-se de passagem. O final da trama fica dentro do contexto de simplicidade imposto desde o começo e com certeza vai agradar quem ler.

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Hachura de qualidade

O que me fez querem levar a HQ, sem conhecer sua história inicialmente, foi sem dúvida nenhuma o visual empregado pelo Renato Quirino na capa e páginas de Aokigahara. O traço dele me lembrou em muitos momentos os trabalhos do quadrinista brasileiro Rafael Grampá, de quem sou muito fã, mas sem parecer uma cópia e tendo bastante autenticidade. Muito da narrativa da história é contada pelo seu traço, sem uso de falas, como na ótima sacada dos portas retratos que evidenciam um drama pessoal da personagem feminina.

É interessante também como ele trabalhou as placas e outros objetos de cena na história, todos utilizando ideogramas japoneses e sem tradução para o leitor, deixando esses elementos muito mais como um reforço visual, puramente estético, sem necessidade do leitor entender o que está sendo dito ali (mesmo em alguns casos quando a informação parece ser relevante).

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Considerações finais

Ótimo primeiro trabalho dessa dupla que não tenta ser pretensiosa demais, entregando um material simples mas comovente. Só fica a dica para não ler esperando por uma história macabra e que reverencie os grandes mangakás de terror japonês, algo que eu achei que fosse ocorrer em um primeiro momento, Aokigahara prefere explorar a falta de empatia da sociedade moderna.

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Ficha Técnica

Total de Edições: 1
Formato: 18 x 25,5 cm
Páginas: 32
Preço: R$ 20,00
Onde comprar: CLIQUE AQUI

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*OBS:. As imagens foram retiradas da página do projeto no Catarse.

 

Sobre Wagner

Wagner é o manda chuva do Troca Equivalente. Formando em algo sem relação alguma com o universo dos animes e mangás, está sempre por aqui dando seus pitacos. Pelo nome do blog já dá para imaginar qual é o seu mangá/anime favorito.

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One thought on “Análise – hq Aokigahara”

  1. Um projeto bem interessante e ainda ousado pois é acredito que seja bem trabalhoso criar uma história no contexto cultural de outra cultura.É preciso pesquisar bastante. Gostei.

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