Análise – Rurouni Kenshin: O Filme

rurouniKenshin_img_0005_Layer 1

Entre acertos e erros Rurouni Kenshin (ou Samurai X para os brasileiros) não faz feio em sua versão para os cinemas e mesmo cheio de mudanças na história consegue ser uma bela homenagem ao mangá de Nobuhiro Watsuki.

A história e suas diferenças em relação ao mangá

Para esse começo nos cinemas a Warner Bros. optou corretamente por fazer um filme de origem, a história mistura diversos acontecimentos dos primeiros volumes do mangá. O principal deles é o arco do Kanryuu Takeda, um empresário ganancioso que usa o talento da jovem e bela médica Megumi para fazê-la produzir ópio para ele vender em larga escala por todo o Japão. Paralelo a isso temos o romance entre Kenshin e Kaoru, o começo da amizade dele com Sanosuke e um samurai misterioso que usa o nome de Battousai o Retalhador para tentar atrair a atenção do verdadeiro Kenshin.

rurouniKenshin_img_0004_Layer 2

Um dos pontos mais bem equilibrados do filme é justamente sua história, ele não tenta seguir a risca o que vemos no inicio do mangá e como em toda boa adaptação que se preze a trama foi modificada para funcionar em um longa-metragem com pouco mais de 2 horas. No começo dos quadrinhos temos uma breve passagem de uma página explicando quem foi o temido battousai, no filme eles preferiram dar mais ênfase nesses acontecimentos do passado de Kenshin a fim de aprofundar mais o personagem logo de cara, algo que nos quadrinhos o autor pode levar mais tempo para fazer. Isso pode incomodar os fãs antigos que gostam da maneira como o Watsuki trabalhou o passado de kenshin bem aos poucos, mas para o cinema funcionou bem explorarem de forma mais enfática essa passagem da vida dele.

rurouniKenshin_img_0003_Layer 3

Outra mudança, essa já mais significativa, foi a de como abordaram o arco de Kanryuu Takeda. No mangá esse arco envolve o grupo Oniwabanshuu de Aoshi (eles são os seguranças de Kanryuu) e no filme envolveu os vilões Jin-E Udou, Gein e Banjin Inoue. Se no mangá primeiro conhecemos a Kaoru, depois o Kenshin brigou com Sanosuke, depois veio o vilão Jin-E Udou para só depois entrar no arco de Kanryuu Takeda, no filme isso foi feito de maneira simultânea. Gostei muito dessa saída que o estúdio encontrou para poder apresentar personagens do começo do mangá e ao mesmo tempo já abordar uma trama mais longa. A aparição do Sanosuke e a motivação de Jin-E Udou no mangá são fracas, forçadas e no filme ganharam um pano de fundo mais interessante já que foram relacionadas ao inimigo principal.

rurouniKenshin_img_0002_Layer 4

Ambientação fiel, atores nem tão fieis assim

Se por um lado a adaptação foi inteligente por outro falhou na escolha dos atores e suas caracterizações. O Sanosuke do filme não chega nem aos pés do personagem nos quadrinhos, a Kaoru interpretada pela até competente Emi Takei é sem graça, não consegue entregar a mistura de doçura e raiva pela qual a personagem é tão conhecida (além de a atriz ser feinha). A atriz Yuu Aoi até tenta ser sensual, mas acaba interpretando uma Megumi “meiguinha” demais também. Os únicos destaques vão para Yosuke Eguchi que conseguiu fazer um Saitou respeitável e para Takeru Satoh que realmente pegou todos os trejeitos de Kenshin e mandou bem nas cenas de lutas. No geral não é um filme com grandes atuações ou personagens carismáticos, mas o roteiro convincente e ambientação incrível que fizeram da era Meiji (detalhes para a fotografia, muito bonita) ajudam a esconder a limitação dos atores.

rurouniKenshin_img_0001_Layer 5

Lutas ao estilo Hiten Mitsurugi

Rurouni Kenshin é um mangá originalmente publicado na revista Shonen Jump a mais famosa coletânea de mangás para garotos do Japão. A maioria dos títulos da revista possuem muitas cenas de lutas e com Kenshin isso não era diferente. Nessa adaptação para tela grande ficou evidente que o público que eles queriam alcançar ainda era esses leitores da Jump, o filme não fica muito tempo sem cenas de luta, todas muito bem coreografadas. Levando em conta que é um filme com orçamento limitado, não um blockbuster americano, não da pra falar que no quesito ação o filme falhe, eu esperava cenas de luta mais plásticas e forçadas como as do mangá, mas no geral elas tendem ao realismo e empolgam. O destaque aqui vai para a luta final que tem Kenshin dando um dos seus golpes mais famosos.

rurouniKenshin_img_0000_Layer 6

Considerações finais

Quando as primeiras imagens e vídeos sobre o filme saíram fiquei com o pé atrás, não achei os atores parecidos com os personagens, não gostei também que fosse uma adaptação feita no Japão, já que muitos dos filmes japoneses que adaptam mangás conhecidos sempre me passaram a impressão de mal acabados, até meio tosco às vezes. Tudo isso e o meu carinho pelo mangá original me fizeram esperar bem pouco do filme e talvez por isso o saldo final para mim tenha sido positivo. O filme não é o Rurouni Kenshin que eu gostei de ler, mas em diversos momentos honra tudo aquilo que o mangá representa para os fãs. Outro detalhe bacana é que não foi feito só para os fãs, o filme é bem didático e conseguirá agradar também espadachins de primeira viagem.

Sobre Wagner

Wagner é o manda chuva do Troca Equivalente. Formando em algo sem relação alguma com o universo dos animes e mangás, está sempre por aqui dando seus pitacos. Pelo nome do blog já dá para imaginar qual é o seu mangá/anime favorito.

Entre acertos e erros Rurouni Kenshin (ou Samurai X para […]

One thought on “Análise – Rurouni Kenshin: O Filme”

  1. Talvez a interpretação em si não seja tanto um problema. Muitas vezes a problema na hora de se transpor um personagem para os cinemas é a mudança (desnecessária) que o próprio roteirista faz na personalidade. O maior exemplo disso nesse filme, claramente, é o Sano. No mangá, ele é muito mais motherfucker. Mesmo assim, tem uma seriedade, e talvez até mesmo uma maturidade, muito maior que nesse filme.

    *Neste momento estou imaginando o Capitão Nascimento metendo o dedo na cara do Sanosuke e falando: Seu 02, o senhor é um fanfarrão!”

    Outro personagem que me incomodou bastante foi o Takeda. Tudo bem que ele já é não é o cara mais carismático do mundo no mangá, mas nem de longe é pé-no-saco babaca desse filme.

    De resto, acho que não tenho o que reclamar. Me diverti assistindo e o filme foi relativamente bem feito. Nota 07/10.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *