Análise – filme Berserk: The Golden Age Arc I

O aguardado começo da trilogia de filmes baseados no mangá Berserk foi finalmente lançado em DVD e Blu-ray no Japão! Será que era tudo isso mesmo?

Primeiro vamos pontuar as coisas, Berserk é um mangá de Kentaro Miura que começou a ser publicado no ano de 1990 no Japão. Atualmente está no volume 36 e como deu para perceber sua periodicidade é bem irregular, o autor lança novos capítulos apenas quando dá na telha dele. Mas mesmo assim seu trabalho ganhou muito reconhecimento e todo novo volume é aguardado com ansiedade pelos fãs.

Sua história vai mais para o lado da fantasia/horror e acontece em um mundo fictício que lembra muito a Europa em seus tempos medievais, ou seja, temos muitos cavaleiros, muitos mercenários e algumas donzelas em perigo. E apesar de ter esses elementos conhecidos dos fãs de fantasia e histórias medievais Miura prefere concentrar seus esforços em mostrar a dualidade do ser humano entre o bem e o mal, o melhor e o pior da humanidade são explorados aqui.

A história

Os longas-metragens irão abordar apenas o arco de história intitulado “a era de ouro” no mangá. Esse arco é conhecido por mostrar como Gatts, o protagonista, entra para o Bando do Falcão liderado pelo futuro antagonista Griffith. Nessa época as nações de Tudor e Midland travavam uma ferrenha guerra e mercenários como Gatts e Griffith lutavam por esses povos a fim de conseguirem dinheiro e prestigio.

No começo do filme vemos Gatts em uma dura batalha junto de vários outros mercenários que estão defendendo o reino de Midland. Após conseguir vencer um gigantesco guerreiro com um machado Gatts fica em evidência já que ninguém além dele teve coragem de enfrentar o inimigo. Em meio a isso o “Bando do Falcão” liderado por Griffith apenas acompanha a luta de Gatts e após verem que as habilidades dele são muito superiores a todos os outros mercenários presentes naquele momento decidem recrutá-lo para se juntar ao bando.

Ao longo do restante do filme vamos vendo a relação de Gatts e Griffith se aprofundar. No começo ele não queria entrar para o “Bando do Falcão” e só aceitou fazer parte do mesmo após um duelo com Griffith onde acabou perdendo. O interessante é que apesar desse começo de relação conturbado ele vai começando a criar laços com Griffith e algo parecido com uma amizade vai surgindo.

O grande problema é que Griffith esconde muitas coisas de sua vida, como o seu amuleto com um behelit vermelho (“O Ovo do Conquistador”) que em determinado momento faz um grande demônio que ele e Gatts estavam enfrentando fugir deles apenas por olhar o amuleto. É óbvio que o behelit não é um simples amuleto, mas pelo menos nesse primeiro filme eles não explicam mais nada sobre esse artefato.

O que fica evidente é que Griffith usa seu jeito calmo e educado para conseguir conquistar as pessoas e assim às faz cumprir tudo que almeja. O final do filme é bem interessante e começa a mostrar outro lado tanto de Gatts quanto de Griffith.

Uma estética de filme 3D

O grande problema do filme de Berserk fica na parte visual, nas escolhas técnicas do Studio 4°C e da produtora Warner Bros. A animação usa de modo excessivo cenas com personagens em 3D emulando a animação tradicional (o famoso cel shading) e isso estraga muito da graça do filme. Por mais que o cel shading empregado tenha ficado de boa qualidade é gritante a diferença entre as cenas 2D e 3D.

E isso é uma pena vindo do Studio 4°C onde sempre esperamos algo de qualidade, como já vimos eles fazerem em Memories e Tekkon Kinkreet por exemplo. Parece mesmo que foi falta de capricho, que eles usaram a saída mais fácil e barata.

Sons e dublagem acima da média

A trilha sonora do filme cumpriu bem o seu papel, ajuda a tornar épicas as cenas épicas e o mais importante de tudo não tenta se sobressair em relação ao filme o que é muito comum em produções com temas medievais.

Os dubladores estão muito bem também, apesar de que poucos personagens tem tempo de tela suficiente para repararmos nas suas vozes. O dublador de Gatts consegue passar a irritação e a personalidade explosiva do personagem, já o de Griffith consegue ser sereno e mostrar que ele é confiante em suas habilidades.

Potencial desperdiçado

O filme pode ser visto por dois pontos de vistas bem distintos. Se por um lado a animação deixou a desejar e realmente estragou muito da graça do filme (por mais que os ângulos filmados estejam incríveis graças ao uso do 3D) por outro temos uma história muito interessante e um universo ficcional muito rico. Não acompanho o mangá de Berserk, mas devo admitir que após assistir ao filme fiquei com curiosidade de conhecer melhor essa história.

É pouco convencional a tensão criada entre Gatts e Griffith, os dois personagens possuem muito em comum e ao mesmo tempo possuem muitos pontos divergentes. Você enxerga eles se ajudando, um tentando ser amigo do outro, mas é evidente que isso não dará certo, que algum em momento eles irão seguir caminhos opostos.

Também gostei que não tentaram mostrar nenhum deles como mocinho, são dois anti-heróis buscando sobreviver naquele mundo da maneira que acham melhor, por mais que seus ideais não tenham sido mostrados plenamente no primeiro filme fica bem claro que a personalidade dos dois aquela altura do campeonato já estava bem moldada.

Continuarei acompanhando os filmes simplesmente por ter gostado da história, já que como filme mesmo essa produção tem pouco a acrescentar e acredito que as continuações devam ir pelo mesmo caminho. Outra possibilidade sou eu criar vergonha na cara e desencanar logo disso e passar a ler o mangá. Acredito que ele vai me dar uma experiência muito mais completa, só da uma preguiça por serem 36 volumes (71 se acompanhar pela versão da Panini no Brasil).

O aguardado começo da trilogia de filmes baseados no mangá […]

One thought on “Análise – filme Berserk: The Golden Age Arc I”

  1. O filme é bom,mais acho que não o recomendaria para quem não lê o mangá e não conhece a história direito,já que no filme eles cortam partes afim de deixar a história mais rápida.Enfim,sem exageros,eu considero berserk o melhor mangá de todos os tempos.Teno certeza que você vai gostar da história.

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