Olá pessoas, como estão?
Depois de algum tempo sem fazer resenhas de filmes aqui no Mithril. (o último foi GANTZ: Pt. 1), volto para falar de um Live-Action que assisti há algum tempo por recomendação de uma amiga: Fujoshi Kanojo. A história, que nasceu de uma Light Novel escrita por Pentabu em 2006 e já havia ganhado adaptação para mangá em 2007 antes de virar filme, conta a história de um universitário que se apaixona por uma mulher mais velha que, ao confessar seus sentimentos, revela para o rapaz que é uma Fujoshi, mulheres que gostam de BL (Boys Love), ou seja, histórias onde o foco principal é o romance entre dois homens. Hinata, interpretado pelo ator Shunsuke Daito, sem saber o que o termo significava, aceita namorar com Yoriko (Wakana Matsumoto) tranquilamente, porém mal sabia ele que a relação entre os dois iria se transformar numa verdadeira montanha russa de surtos em um mundo onde Hinata nunca havia se aventurado. Neste review irei falar apenas sobre o que vi no filme, mas sei que provavelmente deve haver muito mais história do que foi mostrado na produção tanto no mangá quanto na light novel.
Fujoshi Kanojo é, acima de tudo, uma história de romance tipicamente slice of life onde um casal com interesses e vidas diferentes começam a namorar e em função disso, o ambiente onde cada um vive vai se misturando com o passar do tempo. Há diversos filmes e séries neste estilo. A diferença aqui é que o foco principal da relação é na maneira como Hinata irá lidar com o fato de sua nova namorada ser viciada em animes, mangás e filmes voltados para um público feminino que tem crescido não só no Japão, mas também no resto do mundo e que gosta de Yaoi, Shounen-Ai e coisas relacionadas a isso. O cara é mega careta e logo no primeiro encontro com Yoriko e suas amigas, é levado para um Café voltado exclusivamente para o público Fujoshi: Há mordomos, cartazes e tudo o que um Maid Café tem, mas ao contrário. Lá ele tem basicamente o primeiro contato com essa subcultura otaku e é lá onde as amigas de Yoriko mostram as primeiras noções do que é uma Fujoshi para Hinata, que por sua vez fica bastante surpreso.
A maneira como Hinata e Yoriko se relacionam é bastante interessante porque o rapaz, aceitando o gosto da namorada, acompanha a moça em lugares que ele jamais pensaria que fosse. Essa relação causa uma mudança muito grande em Hinata, pois ele começa a ter uma mente mais aberta, apesar de ainda achar diversas coisas que Yoriko faz bastante estranhas. Para se socializar ainda mais com Yoriko e a cultura que sua namorada sempre esteve a costumada a viver, Hinata começa a entrar no mundo otaku lendo mangás e outras coisas, como se precisasse de alguma coisa que pudesse ter em comum com Yoriko, algo que o filme mostra forma muito natural, pois é possível ver certa evolução na maneira como Hinata se comporta diante do comportamento Fujoshi de Yoriko. Ela, vendo que tem mais liberdade para conversar e interagir com Hinata sobre certos assuntos, proporciona situações hilárias que deixam o filme bastante engraçado.
Assim como Densha Otoko, onde um otaku se relaciona com uma mulher que não tem absolutamente nada a ver com o tipo de cultura que ele gosta, Fujoshi Kanojo consegue seguir o mesmo rumo, porém com alguns detalhes que deixaram a história de do filme um pouco mais dramática, de forma até meio súbita, pela história estar comprimida em um filme. Yoriko, sendo fujoshi ou não, tem a sua vida profissional muito bem estruturada, vive relativamente e tem o seu fandom, não deixando que as duas coisas se misturem. Por ser uma mulher mais velha, ela é mais responsável e em uma parte do filme, isso se torna bastante evidente pelo rumo que a história começa a tomar. O drama aqui é muito bem retratado, pois há a fase de aceitação de ambos pelo namoro e as consequências que ele poderia ter no futuro. É um filme que pode muito bem acontecer com qualquer pessoa que está relacionada a cultura pop japonesa e a qualquer tipo de fandom onde uma das partes não está diretamente relacionada.
Acho que o único problema do filme é ser refém da sua própria duração. A história tem um potencial absurdamente grande e que não consegue ser mostrada com a liberdade que deveria em apenas uma hora e meia. É um filme que seria perfeitamente bem executado se fosse transformado em um dorama, se mantivesse a mesma linha de pensamento do filme. É um filme divertido e que tem piadas e situações que tenho certeza que muita gente já passou. As atuações são ótimas e o enredo muito bem pensado, pois dá vontade de procurar mais material sobre a série principalmente pelo relacionamento entre os dois personagens ser tão bem construído.
